É comum que meio a notícias envolvem
morte e possível falta de empatia e até frieza sempre vem à mente a hipótese da
psicopatia: um transtorno da personalidade em que o indivíduo apresenta falta
de remorso e empatia como traço inerente à personalidade, isso é: ao jeito de
ser e se desenvolver de alguém. Para Dr. Diego não existe psicopata que ficou
ou se tornou psicopata na vida adulta ou depois de ter virado médico ou depois
de ter se tornado rico ou depois de ter se casado ou várias outras situações
que vemos por aí com o intuito de dizer que alguém que passou a emitir
comportamento anti-sociais ao longo da vida teria se tornado um psicopata.
“O termo psicopata ou antissocial é
a designação atribuída a uma pessoa com um padrão comportamental recorrente,
devido a um transtorno na personalidade, caracterizado por insensibilidade,
frieza, diminuição da capacidade de empatia/remorso e pela presença de uma
atitude de dominância desmedida. Esse tipo de comportamento pode, mas nem
sempre, acabar levando a ocorrência de crimes, mas em casos socialmente
adaptados também se relaciona a cargos de chefia e liderança com alguns traços
de tirania e exigência desmedida”, fala.
Dr Diego afirma que o psicopata apresenta
o comportamento antissocial desde o início da adolescência e que se torna mais
estável e evidente na vida adulta, não existem fases de personalidade mais fria
e em outras mais empática, para o médico, o psicopata é assim o tempo todo.
O
espectro dos transtornos bipolares, por outro lado, é um conjunto de doenças
caracterizadas por oscilação de humor, energia e impulsos em que pode
predominar fases depressivas ou fases maníacas (períodos de ativação) a
depender de como o cérebro do indivíduo oscila mais para um lado ou o outro. “A
grande questão é que quanto mais leve o transtorno bipolar mais os sintomas se
misturam com comportamentos menos problemáticos e que são confundidos com
traços da personalidade da pessoa”, alerta o especialista.
Entretanto,
uma dica importante e que permite a diferenciação é que traços de personalidade
são constantes, estáveis e não oscilam de tempos em tempos. Em portadores de
transtorno bipolar mais suave é comum a pessoa conseguir manter atividade
social e até mesmo profissional sem que haja prejuízo de maneira mais evidente
- pelo menos em curto prazo.
“Quem
convive e observa o comportamento, pode notar características que oscilam e
recorrem de tempos em tempos que são sintomas leves de bipolaridade como
mudanças de humor para depressão, euforia ou agressividade (pavio-curto,
insensível, frio, exigente, autoritário, tirano, maldoso, cruel, irônico,
sarcástico, briguento); comportamentos impulsivos; grandiosidade (senso de
razão aumentado, empáfia, arrogância, destemido, ameaçador, onipotente, não
mede os atos e consequências, etc); aumento de energia e redução da necessidade
de sono (dormem pouco, ficam workhahoolics, etc); se tornam agitados,
hiperativos, ansiosos e acelerados”, explica.
Por
isso, Dr Diego afirma que os diagnósticos de transtornos psiquiátricos devem
ser avaliados à luz de toda história de vida e traços comportamentais e dos
conjuntos de sintomas que cada indivíduo apresenta pois muitas vezes um
comportamento que pode ser sugestivo de algo na personalidade pode na realidade
fazer parte de um outro transtorno mais complexo que abarca outras alterações.
“E
isso tem importância porque transtornos que envolvem agressividade e crimes
como o transtorno bipolar e o transtorno de personalidade antissocial se
encaixam na lei naquilo que chamamos de crime semi-imputável em que a pessoa
teria consciência do que está cometendo, mas há um transtorno cerebral de fundo
impulsionando e direcionando o comportamento”, ressalta o médico acrescentado
que “não avaliamos o colega médico em questão e não poderíamos emitir um
diagnóstico sem uma correta avaliação clínica, mas temos que ter cuidado ao
chamarmos de psicopata quem comete crimes pelo simples fato de um comportamento
nos parecer assim”.
FONTE: Dr. Diego Tavares - Graduado em medicina pela Faculdade de
Medicina de Botucatu - Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho
(FMB-UNESP) em 2010 e residência médica em Psiquiatria pelo Instituto de
Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade
de São Paulo (IPQ-HC-FMUSP) em 2013. Psiquiatra Pesquisador do Programa de
Transtornos Afetivos (GRUDA) e do Serviço Interdisciplinar de Neuromodulação e
Estimulação Magnética Transcraniana (SIN-EMT) do Instituto de Psiquiatria do
Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
(IPQ-HC-FMUSP) e coordenador do Ambulatório do Programa de Transtornos Afetivos
do ABC (PRTOAB). https://drdiegotavarespsiquiatra.com/
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