Se as startups têm muito a aprender com as bem-sucedidas e consolidadas
empresas do mercado de tecnologia, num mundo globalizado e competitivo, as
empresas tradicionais estão percebendo que também podem, e devem, se inspirar
na dinâmica de operação e negócio dessas pequenas organizações. Em um mercado
em constante mudança, e que exige recorrente inovação, com recursos semelhantes
disponíveis a todos, as startups se tornam, cada vez mais, modelos de
negócio a serem observados, especialmente pela flexibilidade do padrão de
atuação em que se estabelecem. Há,
nesse sentido, um movimento de inspiração das empresas em relação ao modelo
adotado nesses inovadores negócios em vários âmbitos, especialmente no que
concerne ao uso de novas ferramentas de administração, digitalização de
processos e gestão de recursos humanos.
Inspiração
em Ferramentas de Administração
Entre
as ferramentas de Administração e Marketing que vem inspirando as empresas
tradicionais estão: OKRs, Design Thinking, Inbond Marketing, entre outras. As
OKRs (Objectives and Key Results ou Objetivos e Resultados Chaves), por
exemplo, foram popularizadas na década de 2000, devido à simplicidade e
adaptabilidade a diferentes realidades. Trata-se de uma metodologia que visa
evitar gastos desnecessários de energia e recursos. Só se efetiva se a empresa
estiver disposta a criar objetivos transparentes e com o auxílio dos
colaboradores.
Por
meio de uma cultura de gestão colaborativa, busca-se elevar a produtividade,
reduzir o estresse no ambiente de trabalho e aumentar a autoestima da equipe,
bem como a motivação dos colaboradores. As OKRs são validadas em ciclos mais
curtos que outros métodos de administração: variam de 1 a 6 meses. “Estamos
inspirados por esse processo que é bottom up, ou seja, de baixo para
cima”, José Francisco Braga, Diretor de Operações da Leucotron.
O design
thinking também tem sido incorporando ao dia a dia de empresas, como a
Leucotron Telecom, situada no Vale da Eletrônica, em Minas Gerais. A
prática consiste em mergulhar no problema do cliente, analisar, conceber uma
solução e prototipar, sempre de forma colaborativa, vislumbrando a eficiência.
No DT, pensa-se em toda a experiência de consumo para só depois idealizar o
produto ou serviço. É uma filosofia para empreendedores em geral e visa criar
uma experiência mais efetiva para os clientes ou consumidores.
Na Leucotron Telecom, segundo o executivo, essas mudanças já vêm fazendo parte
do dia a dia do time da organização nos últimos anos. “Hoje, não temos mais os
olhos voltados apenas para o desenvolvimento de produtos e serviços, mas de
soluções. Repartimos essa responsabilidade com nossos clientes, pois
queremos entregar a eles soluções economicamente sustentáveis, em curto espaço
de tempo, sem desperdício de recursos e um dos exemplos concretos foi a
viabilização do To.Do Hotel. Integrado ao software hoteleiro PMS, o sistema,
permite que a governanta, com apenas um clique no tablet, distribua
automaticamente as atividades de limpeza para as camareiras”, explica.
Há
na empresa outros exemplos bem sucedidos dentro dessa dinâmica de preocupação
em buscar alternativas para os clientes, no menor prazo, de forma criativa,
colaborativa e sustentável. A solução Leucotron de Call Center que foi
totalmente concebida pensando na necessidade de pequenas e médias empresas é
outro exemplo de sucesso, criada para que organizações de menor porte possam
usufruir apenas do que é relevante da tecnologia um investimento viável.
Na
mesma proposta há ainda o LeucoBot Hotel, chatbot da Leucotron, que opera
como canal de relacionamento com o hóspede, tornando a comunicação muito mais
ágil e dinâmica; e o Flux IP, plataforma de comunicação PABX, que apresenta
várias versões customizadas com aplicações para diversos negócios: hospitais,
hotéis, escolas, condomínios, entre outros.
O fato é que antes as empresas se voltavam para a perspectiva de criação de uma
necessidade, que muitas vezes não era percebida pelos consumidores e clientes.
Hoje, percebe-se que é muito mais efetivo focar numa solução para uma real
necessidade do público, uma demanda emergente. Esse aprendizado tem levado as
empresas a entender o consumidor de forma ágil, entregando produtos e serviços
que agregam soluções práticas ao mercado, o que, segundo a Leucotron, tem sido
feito com muitas inovações que a empresa tem levado ao mercado.
A
forma de realizar o marketing também mudou. Hoje, quem rouba a cena é o Inbound
Marketing. Conhecido como “marketing de atração”, é uma estratégia
que visa atrair e converter clientes voluntariamente. Baseia-se no
relacionamento com o consumidor por meio de estratégias de marketing de
conteúdo e automação de marketing. Nessa perspectiva de comunicação, quem
procura a empresa é o cliente, e não o contrário. A empresa torna-se referência
em determinado assunto em seu segmento, a fim de influenciar na decisão de
compra. “Oferecemos diversas conexões, ferramentas que demonstram o uso de
nossos produtos, e-books, um blog bastante interativo, treinamentos gratuitos,
entre outros canais de relacionamento”, conta Carlos Henrique Vilela, Head de
Marketing e Inovação da Leucotron Telecom.
Além
disso, Vilela ressalta como aprendizado decorrente da relação com startups o
uso de técnicas de analytics, a fim de identificar e buscar o entendimento de
gostos, hábitos de navegação, preferências dos clientes. “Fomos ampliando
nossas oportunidades e aprendizado”, esclarece. Segundo o executivo, as novas
ferramentas de marketing permitiram traçar relevantes insights para o negócio.
Digitalização
de processos, colaboração e relacionamento
Além
da apropriação de ferramentas diversas utilizadas e implementadas pelas
startups, em termos de administração e marketing, no tocante à tecnologia da
informação e comunicação, a forma de operação das organizações tradicionais tem
também se tornado extremamente digital, cooperativa e horizontal. Para
melhorar processos de mobilidade, big data analytics, comunicação unificada, a
computação em nuvem tem sido adotada como modelo crescente nas empresas. A
assinatura digital tornou-se uma realidade. A digitalização de documentos deu
lugar aos amontoados de papeis e pastas.
O
pensamento dos colaboradores e a forma de se relacionar também acompanha a nova
era e passa a ser colaborativo, em rede e mais dinâmico, horizontal, menos
hierarquizado. Hoje, fazer parte de um projeto de inovação, sentir-se integrado
em um propósito. “Percebemos que a abertura para que as pessoas demonstrassem
seu potencial de inovação e criatividade era vital para o sucesso de ambos:
empregador e empregado, pois somos todos membros de uma engrenagem”, ressalta
Braga.
Os
executivos da Leucotron contam, por fim, que houve a ampliação da compreensão
de que o erro faz parte do processo de criação. A disseminação do temor do
erro, segundo, Braga, inibia a inovação. “Devemos, esse aprendizado à
proximidade com as startups. Hoje sabemos que o importante é enxergar e
corrigir problemas em tempo hábil, mas não podemos reprimir a criatividade e a
inovação por medo de errar”, salienta. Segundo o executivo, uma questão não
deixa dúvida: o trabalho colaborativo, ágil e inovador é hoje um dos grandes
ensinamentos que essas ágeis organizações têm sinalizado para as empresas
tradicionais, seja no âmbito das relações externas ou internas das corporações.
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