Populismo é política aparentemente correta. Os excluídos recebem
determinados apoios que os tornarão incluídos. O governante sabe que as
políticas alardeadas não tem base estrutural. Portanto, têm prazo certo. Um dia
seu desabamento dará lugar a frustrações.
Não é projeto de assentamento da coisa pública em terreno sólido,
duradouro. Regra geral, vem acompanhado de nacionalismo xenófobo
e pretensa superioridade dos naturais da terra sobre outros povos. Sua essência
são discursos demagógicos. Seu corolário é a facilidade de soluções de
problemas complexos, simplificados e atribuídos à "falta de vontade
política". O populismo é conservador, porquanto não enfrenta as
estruturas que devem ser modificadas. A mentira é sua ferramenta diária.
Tende, consequentemente, a implodir.
"Como soa falso na libré de Petain um socialismo dirigido por
Laval, como é ridícula a "história proletária" de Mussolini",
disse Oswald de Andrade.
Pode, pois, provir dos rótulos de esquerda e de direita. No caso
do lulopetismo, veio de um partido dito de esquerda, nascido no chão da
fábrica, mas cuja maioria dos eleitores tinha - e tem - pensamentos típicos de
direita, como o de se equiparar às "elites" que os
oprimem.
Valeu-se o metalúrgico e a sucessora de um momento
mundial propício à nossa geopolítica. Políticas assistencialistas
como o bolsa família e minha casa minha vida, levaram muitos de seus
adeptos e o povo a crer numa libertadora política assistencialista. As
liberalidades escolares foram disponibilizadas, em ordem a se crer que um
número muito maior de jovens era educado, inclusive por cursos superiores.
Estes foram criados sob uma visão estritamente quantitativa, o que, é
última análise, uma das mentiras institucionais do populismo.
Cursa-se uma faculdade e ganha-se um diploma, que não expressa a verdade dos
conhecimentos necessários, o que é simplesmente trágico. O povo não receberá
serviços adequados desses profissionais e os pseudo doutores, em
muito pouco tempo, verão que foram metidos numa enrascada. Dá-se valor
superior a considerações ideológicas em contraste com a meritocracia. Sem
compromisso com o conhecimento profundo e meritório, não há pais que possa
crescer e ser considerado no plano mundial.
O populismo no Brasil, acima posto em apertada síntese, já vazou
suas águas. A queda no real, sorte inevitável de todos os populismos, teve um
impacto mortífero: a jamais vista crise generalizada da sociedade brasileira
Mas, como é de regra dialética da história, o populismo não mata. É
cíclico e capaz de fomentar uma estrela nova, destinada a substituir a estrela
anã, que brilhou intensamente ao anunciar sua morte.
Às avessas, vem o populismo de direita de Trump, que, num país bem
edificado, já em seu início tromba com um judiciário muito bem preparado e
sério. Pela segunda vez já recebe um "chega pra lá" na política
relativa aos imigrantes.
Imigrantes não fazem e não farão parte de seu
povo, foi sua última declaração.
É hilário quanto à questão do homem e do
cidadão nacional. Aquele desmerece qualquer consideração. Ele foi eleito para
cuidar de seus cidadãos, e toda política democrática que ultrapasse suas
fronteiras é inimiga. Valoriza mais a Otan que a ONU, conforme anunciou,
com sua hilaridade e criancice próprias de um mal psíquico a ser diagnosticado.
Como se, quando a globalização já se consolidou, os Estados Unidos
pudessem ficar isolados, em poder de mando, num altiplano inacessível. O mesmo
raciocínio dos imperadores romanos, que caminharam para seu declínio e queda do
império, tão bem descritos por Edward Gibbon. O populismo oriundo da
direita.
Cremos, em conclusão, na superação dos populismos e de suas
consequentes crises, neste século que não tem mais lugar a guerras
mundiais, com sofrimentos inevitáveis dos povos nesses contextos, mas,
pela experiência do contrário, em aperfeiçoamento da política, que a torne
instrumento eficiente e capaz de organizar convenientemente as sociedades.
Amadeu Roberto
Garrido de Paula - Advogado e sócio do Escritório
Garrido de Paula Advogados, com uma ampla visão sobre política, economia,
cenário sindical e assuntos internacionais.
Nenhum comentário:
Postar um comentário