O psiquiatra Dr Diego Tavares do Hospital das
Clínica de SP comenta o tema.
Toda vez que pensamos em bipolaridade temos
em mente a imagem de uma pessoa que oscila de humor entre dois polos: euforia e
depressão, certo? Aí que muita gente se engana. Essa é apenas na forma
mais grave e rara (apenas 1%) de transtorno bipolar em que os pacientes
apresentam quadros maníacos graves a ponto das pessoas à sua volta perceberem
que está fora da realidade e com comportamentos bizarros, a antiga psicose
maníaco-depressiva (PMD).
Pacientes com bipolaridade leve quando
estão na fase de cima da doença não ficam eufóricos como os bipolares graves.
Na verdade, o humor elevado na bipolaridade leve será de entusiasmo e mais
desinibição, ficam mais corajosos para fazerem o que desejam e agem muitas
vezes impulsivamente, sem prever os riscos e consequências de seus
comportamentos. “E entre os sintomas de aumento de impulsos cada paciente pode
expressar isso de uma maneira diferente: alguns aumentam o consumo de jogos,
outros aumentam o consumo de bebidas e drogas, outros de comportamentos
compulsivos de gastos e assim por diante”, explica o médico psiquiatra e pesquisador do Programa
de Transtornos afetivos (GRUDA) do Hospital das Clínicas da USP.
Além destes, existem os pacientes cujos
sintomas de impulsividade aparecem na esfera sexual. “São pacientes com
histórico longo de depressões e que entre as crises depressivas ou mesmo em
vigência da depressão (quando na depressão clássica a libido cai
vertiginosamente) apresentam aumento de libido, pensam em sexo, buscam sexo
arriscado e perigoso, se masturbam excessivamente e durante os picos ficam com
comportamentos compulsivos por sexo, um verdadeiro vício e busca pelo prazer”,
fala o especialista que acrescenta “toda vez que um comportamento sexual
excessivo for observado, é importante entender como o humor oscila e qual o
histórico familiar do paciente. Pessoas com transtorno bipolar leve normalmente
possuem muitos familiares com depressão, com história de suicídio, de
dependências químicas e de instabilidade e agressividade”.
As formas leves de transtorno bipolar são
muito comuns e podem chegar a 10% de prevalência em estudos populacionais. Se
pensarmos que a depressão é uma doença que tem uma prevalência na população de
20%, seria algo como que dizer que cerca da metade dos deprimidos possam
pertencer a uma outra doença que também tem depressão, a bipolaridade”,
completa o psiquiatra e
pesquisador Dr. Diego Tavares.
FONTE: Dr. Diego Tavares - Graduado em medicina
pela Faculdade de Medicina de Botucatu - Universidade Estadual Paulista Júlio
de Mesquita Filho (FMB-UNESP) em 2010 e residência médica em Psiquiatria pelo
Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da
Universidade de São Paulo (IPQ-HC-FMUSP) em 2013. Psiquiatra Pesquisador do
Programa de Transtornos Afetivos (GRUDA) e do Serviço Interdisciplinar de
Neuromodulação e Estimulação Magnética Transcraniana (SIN-EMT) do Instituto de
Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de
São Paulo (IPQ-HC-FMUSP) e coordenador do Ambulatório do Programa de
Transtornos Afetivos do ABC (PRTOAB).
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