Mulheres
têm o dobro da doença. Saiba como proteger seus olhos.
A previsão do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais) é de até final de setembro a baixa umidade do ar vai predominar na
maior parte do país com probabilidade de chuva em nível normal só no sudeste de
São Paulo e sul de Mato Grosso do Sul neste período. Segundo o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto
do Instituto Penido Burnier em Campinas significa que a população deve redobrar
a atenção com a lubrificação dos olhos. Isso porque, explica, a produção do
filme lacrimal sofre influência da umidade do ar e tende a diminuir nos
períodos de seca. O olho seco, observa, predispõe a quadros de alergia ocular,
conjuntivite, inflamação na córnea e até aberrações na sua superfície que
comprometem a qualidade da visão.
O oftalmologista afirma que a lágrima alimenta,
protege, oxigena e limpa a superfície dos olhos, além de manter lisa a córnea,
lente externa do olho responsável pela refração. Para se ter uma ideia da
influência da estiagem na lubrificação ocular, o especialista conta que os
prontuários do pronto socorro do hospital mostram que nos últimos 40 dias os
diagnósticos de síndrome do olho seco saltaram de 10% para 15% das consultas.
“Isso acontece porque o tempo seco facilita a
evaporação da camada aquosa da lágrima que também tem uma camada de gordura e
outra de muco ou proteína”, afirma. Os sintomas da síndrome são coceira,
queimação, olhos vermelhos e irritados, visão borrada que melhora com o piscar,
lacrimejamento excessivo, sensibilidade à luz, desconforto após ver televisão,
ler ou trabalhar em computador.
Outros
fatores de risco
Queiroz Neto destaca que outros fatores ambientais como
o excesso de uso do computador, ar condicionado e a poluição, além de fatores
fisiológicos e outras doenças contribuem com o aparecimento do olho seco. Isso
explica porque o relatório de um workshop internacional que acaba de reunir
pesquisas de 50 especialista classifica o olho seco como uma doença
multifatorial. Os pesquisadores afirmam que a síndrome pode estar relacionada a
muitas doenças. Entre elas, as disfunções na glândula de Meibômio que causam
terçol ou calázio quando sofrem obstrução, ou a presença de doenças autoimunes
como a síndrome de Sjögren, síndrome de Stevens Johnson, lúpus e até as
alergias.
O
dobro em mulheres
De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde) a
mulher tem o dobro de olho seco que o homem. Entre elas a prevalência é de 6,6% contra 2,8% entre
eles. Queiroz Neto explica que os hormônios sexuais femininos são o principal
motivo dessa diferença. Isso porque, durante o ciclo menstrual, gravidez e
menopausa ocorrem várias alterações na córnea. As principais são: variações de espessura, hidratação,
curvatura, sensibilidade, pigmentação endotelial, tolerância à lente de contato
e flutuações na acuidade visual.
Além disso, comenta, o estrogênio e a progesterona
fazem o corpo da mulher produzir mais
anticorpo. Isso explica a maior prevalência de doenças autoimunes que facilitam
o aparecimento do olho seco entre elas.
Lente
de contato
O oftalmologista ressalta que o uso mais frequente de
lente de contato pela população feminina também contribui para que a
prevalência do olho seco seja maior entre elas. Isso porque, o desgaste da
lente aumenta em até três vezes o risco de desenvolver olho seco por abreviar o
tempo de ruptura do filme lagrimal, aumentar a evaporação da lágrima e a
degradação da camada de mucina.
Diagnóstico
e tratamento
O especialista afirma que 4 em cada 10 brasileiros só
procuram por atendimento médico depois de usar o primeiro colírio que encontram
para aliviar o desconforto nos olhos. É um erro porque pode mascarar problemas
graves. O diagnóstico do olho seco não é invasivo. Pode ser é feito através da
contagem da produção lacrimal com um papel milimetrado e pelo teste de rosa
bengala ou lissamina verde. O tratamento é feito com colírio lubrificante. A
dica é dar preferência aos medicamentos sem conservante ou com conservante
virtual que evapora em contato com o olho para evitar irritação. Para aumentar
a estabilidade doa lágrima e diminuir a evaporação a recomendação é incluir na
dieta alimentos ricos em ômega 3 como a sardinha, bacalhau e nozes, ou tomar uma cápsula de semente de linhaça
diariamente.
Prevenção
Por se tratar de uma doença multifatorial, dificilmente
é possível prevenir todos os fatores de risco. As principais dicas do
oftalmologista para evitar o ressecamento dos olhos são:
·
Quem usa lente deve ter também um par de óculos
para descansar os olhos.
·
Procure piscar na frente do computador e coloca
ruma vasilha de água no ambiente
·
Avise seu médico sobre medicamentos e colírios em
uso. Todo remédio tem efeitos colaterais e pode ser que você precise se
proteger mais.
·
Procure dormir de 6 a 8 horas/dia
·
Evite fazer reposição hormonal por conta própria
·
Nas atividades externas proteja os olhos com
óculos escuros.
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