Segundo pesquisa do Instituto do Casal, o medo de
ficar viúvo (a) é o segundo maior medo dos casais brasileiros.
A morte é um assunto do qual ninguém gosta de falar, mas é um fato
inevitável do ciclo vital e também dentro de um relacionamento afetivo. A
viuvez é tão assustadora que na pesquisa feita ano passado pelo Instituto
do Casal, ocupou o segundo lugar no ranking dos principais
medos das pessoas que são casadas ou têm um relacionamento estável.
Segundo Denise Miranda de Figueiredo, psicóloga, terapeuta de casal e cofundadora do Instituto do Casal, a viuvez pode representar, para muitas pessoas, a perda de um grande amor, de um bom amigo, do suporte financeiro, de um pai ou de uma mãe, de um confidente, enfim, da pessoa que foi escolhida para compartilhar a vida.
“Isso leva ao sofrimento, ao luto e a emoções ligadas ao distanciamento e à sensação de separação. “Além disso, ficar viúvo (a) representa, de certa forma, perder parte de si mesmo, daí os sentimentos de solidão e vazio, que são comuns em quem passa por isso. Mas, é justamente esse processo de lidar com a perda que dá a sensação de ser capaz de recomeçar ou de continuar a viver”, comenta a psicóloga.
Viuvez precoce x tardia
Um ponto que chama a atenção é a diferença na vivência de uma viuvez precoce, ainda na juventude, e uma viuvez mais tardia. Ambas são experiências difíceis, mas cada uma tem suas particularidades. Para Marina Simas de Lima,psicóloga, terapeuta de casal e cofundadora do Instituto do Casal, a viuvez que atinge pessoas mais novas, com filhos ainda pequenos, pode ser muito desafiadora.
“Quem fica vai precisar lidar com várias situações ao mesmo tempo: a perda do (a) parceiro (a), a criação dos filhos, o sustento da casa, a vida profissional e a própria saúde física e mental para lidar com tudo isso. Por outro lado, quem fica viúvo mais tarde tem mais tempo para se recuperar, mas pode se sentir muito mais sozinho e fragilizado, já que em muitos casos os filhos já saíram de casa e vivem suas próprias vidas”, explica Marina.
Em uma idade mais avançada nem sempre é fácil investir em um novo relacionamento, por exemplo. Com isso, o isolamento social é mais comum e acarreta em uma piora do estado de saúde em pessoas que enviúvam mais tarde.
Viver o luto é fundamental
Independente da idade em que se ficou viúvo (a), o luto precisa ser vivenciado para ressignificar a vida. Viver o luto é importante para reconstruir a vida sem o (a) parceiro (a). Não há um período pré-definido. Cada pessoa terá seu próprio tempo para gerenciar suas emoções e aceitar a perda. É um tempo para se reorganizar e se reestruturar, para chorar, para ficar triste, para recordar e para dar um novo significado a essa nova fase da vida.
Seguindo em frente
“Gosto muito de pensar que perdemos coisas e não pessoas. As pessoas partem, mas as memórias ficam. A morte faz parte da vida, é inevitável. A viuvez é um convite a repensarmos nossas escolhas, para criarmos novas realidades e testarmos nossa capacidade de resiliência. As lembranças devem sim permanecer de forma saudável para honrar a pessoa que se foi, mas quem fica precisa continuar. Não é um processo fácil, por isso a psicoterapia é muito importante para ajudar a superar esse tipo de acontecimento”, diz Denise.
“A verdade é que ninguém
está preparado para a morte e em geral o assunto ainda é um tabu. Cada um vai
lidar de uma maneira particular com a viuvez. O importante é viver cada momento
de nossas vidas como se fossem os últimos, isso ajuda a superar a perda, pois
há menos chance de arrependimentos ou culpa. Sabe aquela frase: não deixe pra
amanhã o que você pode fazer hoje? Precisamos pensar mais em ser do que ter,
precisamos dedicar mais tempo ao nosso (a) parceiro (a), cultivar os
sentimentos e viver bons momentos ao lado de quem amamos, isso é o que
realmente importa”, finalizam as psicólogas.
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