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sexta-feira, 16 de junho de 2017

Depressão: saiba mais sobre essa doença incapacitante



O problema de saúde pode acabar com a vontade de viver, mas tem tratamento que pode amenizar sintomas e a cura na maior parte das vezes

De vez em quando é normal ficar desanimado ou triste. Mas quando a tristeza se intensifica e atrapalha as atividades do dia a dia pode ser um transtorno cerebral bastante conhecido: a depressão. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), aproximadamente 322 milhões de pessoas no mundo têm depressão. E no Brasil estima-se que esse número chegue a 11,5 milhões de brasileiros. Em 2020 será a doença que mais impactará as pessoas.

 “O diagnóstico precoce é importante para que o tratamento ocorra o quanto antes. Infelizmente, muitas pessoas levam anos para procurar um especialista e sofrem com os sintomas que podem ser incapacitantes”, explica Dr. Rafael Brandes Lourenço, especialista em psicogeriatria pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP e psiquiatra pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP).

Os sintomas variam bastante, mas os principais são: tristeza, perda de prazer e interesse por atividades que gostava, falta de disposição, alterações no sono, sentimentos de desesperança, falta de libido, mudanças no apetite, pensamentos relacionados à morte e até tentativa de suicídio. “Na consulta com um psiquiatra, o paciente e seus familiares contarão os sintomas que vem ocorrendo. O médico investigará quando começaram esses sinais, qual a intensidade e como atrapalham a rotina do paciente”.

O tratamento costuma ser realizado com antidepressivos. Há uma variedade muito grande de medicamentos e todos visam reduzir ou aliviar os sintomas da depressão. “Os medicamentos podem ser utilizados em quadros de depressão leve, mas são usados nas depressões moderadas e graves. A fase aguda (quando o paciente tem mais sintomas) do tratamento dura entre 6 e 12 semanas. Depois da melhora, mantemos o remédio por mais 4 a 9 meses, o que é chamado fase de continuação, e por um ano ou mais, o que é chamado de fase de manutenção. 

O especialista lembra que, em todos os casos, nos primeiros meses existe alto risco de recaída do quadro depressivo, por isso, existe a orientação de continuar o uso da medicação após a remissão dos sintomas. “O correto é que sejam reduzidos de forma gradual e suspensos com supervisão médica, para diminuir o risco de ter um novo episódio depressivo".

Além do tratamento com medicação, a pessoa que está deprimida pode precisar de psicoterapia para ajudá-la a identificar e trabalhar fatores que possam causar a doença. As questões emocionais (ligadas ao estresse) podem se unir a questões genéticas e a desequilíbrios químicos cerebrais. “Outra questão bastante importante é em relação à dependência de medicamentos antidepressivos. Isso não ocorre em pesquisas ou na prática clínica. Apesar disso, os remédios agem no Sistema Nervoso Central e são vendidos com receitas de controle especial. Há diversos medicamentos disponíveis no mercado e apenas o especialista consegue definir qual é indicado em cada caso, e se existe algum risco a ser monitorado”, afirma.

A boa notícia é que o tratamento para depressão não costuma ser para a vida toda. Dr. Rafael destaca que cerca de 70% dos casos não são complicados. "Quando é o primeiro episódio depressivo a fase de continuação dura por um ano. O tratamento torna-se mais extenso quando é o segundo episódio depressivo ou mais. Costumeiramente, os casos difíceis são aqueles que demoram a procurar ajuda, avançando em gravidade ou são complicados do ponto de vista neurobiológico".  

Há ainda preconceito em relação ao uso de medicamentos, mas a depressão é um transtorno cerebral que deve ser tratado. “Não há porque se envergonhar, é um problema de saúde que ocorre por vários fatores atingindo homens e mulheres de todas as idades. Procurar ajuda de um médico é o primeiro passo para voltar a ser feliz”, finaliza Dr. Rafael.






Dr. Rafael Brandes Lourenço - psiquiatra do Hospital Estadual Mário Covas e especialista em medicina do sono e psicogeriatria pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP).




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