Dormir não significa apenas esquecer a correria do dia a
dia, os problemas e o estresse. É mais do que isso. É um processo de
relaxamento do corpo e da mente, inerente ao funcionamento do organismo, que
envolve, inclusive, a liberação de importantes hormônios. No entanto, o que
deveria ser uma regra, para muita gente é uma exceção. Isso porque nem todo
mundo consegue ter um sono tranquilo. Uma pesquisa recente do Ministério da
Saúde revela que aproximadamente 50% dos brasileiros afirmam ter problemas para
dormir.
Existe um
distúrbio do sono que atinge cerca da metade dos brasileiros na fase adulta.
Chama-se Síndrome Obstrutiva do Sono ou Apneia do Sono, como também é
conhecida. Quer saber mais sobre isso? As causas, os sintomas e o tratamento?
Seguem algumas informações fundamentais para entender e tirar as dúvidas a
respeito do assunto. Os esclarecimentos são do otorrinolaringologista Dr. Diego
Silva Wanderley, da Clínica Otonorte, no Distrito Federal.
Definição da Síndrome Obstrutiva do Sono
Trata-se de uma
doença crônica caracterizada pela obstrução parcial ou total das vias
respiratórias. Essa falha impede que o ar chegue aos pulmões. Para entender
melhor: várias vezes, durante o sono, essas pausas podem ser superiores a 10
segundos. Existem casos em que a pessoa percebe e acorda com a sensação de
sufocamento e há situações em que ela não nota, porém, a apneia ocorre.
Há três tipos: a
Apneia Obstrutiva do Sono (AOS), a mais comum, a Apneia Central do Sono (ACS) e
a Apneia Mista do Sono (ASM), que resulta de uma combinação das anteriores. O
Instituto do Sono de São Paulo aponta que 33% dos brasileiros sofrem dessa
patologia.
Principais sintomas
O ronco é um dos
principais sinais. Isso não significa que todo mundo que ronca,
necessariamente, tenha apneia do sono. Fora isso há outros sintomas como: falta
de ar, sonolência diurna, dor no peito ou um grande desconforto na região do
tórax, dificuldade de atenção e de aprendizagem, boca seca e irritabilidade.
Principais causas
São vários os
fatores que podem provocar a doença. Entre eles estão: desvio de septo,
hipertrofia das adenoides e amigdalas, obesidade, relaxamento dos músculos da
garganta além do normal e alteração no formato da cabeça e do pescoço.
Diagnóstico
Uma conversa
detalhada no consultório permite ao médico ter uma ideia do histórico do
paciente. Além dessa investigação, o profissional solicita a polissonografia,
exame que testa, por meio de sensores, todos os aspectos do sono. Os
equipamentos permitem, por exemplo, verificar os movimentos dos olhos, do corpo
e os batimentos cardíacos. Esse procedimento deve ser feito por profissional
devidamente capacitado.
Agora, preste bem
atenção no seguinte dado: entre 85% e 90% das pessoas que têm apneia lidam com
isso ao longo da vida e não têm um diagnóstico. Há quem nem suspeite de ter um
problema que requer tratamento o quanto antes. “Daí a importância de procurar o
médico a qualquer sinal de dificuldade para dormir. Uma coisa é ter problemas
um dia ou outro para pegar no sono. Outra coisa é conviver com isso todos os
dias e lidar com frequência com a obstrução das vias respiratórias. Isso é um
perigo”, alerta o Dr. Diego Silva Wanderley.
Formas de tratamento
As causas do
distúrbio são diversas. Da mesma forma ocorre com o tratamento. O médico, antes
de decidir, verifica os fatores que originaram a apneia e o nível em que se
encontra a doença. Nas situações mais simples, o especialista pode recomendar
alguns cuidados que podem fazer a diferença e dar mais tranquilidade. Entre
eles: fazer dieta alimentar (para reduzir o peso), procurar não dormir de
barriga para cima e dar preferência para a posição de lado, evitar o uso do
cigarro e do álcool.
Nas situações mais
complexas, o médico poderá optar por prescrever o equipamento (CPAP), que evita
a obstrução.
Há ainda o
tratamento cirúrgico. Importante destacar que o otorrinolaringologista é o
único especialista habilitado a indicar a cirurgia como uma possibilidade de
solução para o paciente.
Perigos da Síndrome Obstrutiva do Sono
Conviver com a
apneia do sono e achar que uma hora vai passar ou que não representa perigo é
um erro. A patologia pode resultar em outros problemas graves como hipertensão
arterial, acidente vascular cerebral – conhecido como derrame – infarto e
arritmias cardíacas.
E os riscos não
param por aí. Uma pesquisa da Academia Brasileira do Ronco e Apneia, realizada
em 2007, revelou que quase 30% dos motoristas de transporte de cargas (grupo de
100 mil) apresentaram alto risco para desenvolver a doença. O cenário não é
exclusivo do Brasil. A Comissão Nacional sobre Distúrbios do Sono (USA) fez um
estudo e comprovou que 100 mil acidentes, por ano, nos Estados Unidos, são
provocados pela sonolência e boa parte tem como causa a apneia.
Dr. Diego Silva Wanderley -
Formou-se em Medicina, em 2008. Logo em
seguida veio o título de Especialista em otorrinolaringologia, pela Associação
Médica Brasileira e Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia
Cérvico-Facial. O currículo traz também especialização em Cirurgia Plástica de
Face, pelo Instituto Brasileiro de Pós-Graduação, em São Paulo. O Dr. Diego,
atualmente, integra o corpo médico da Clínica de Otorrinolaringologia Otonorte,
no Distrito Federal. A carreira inclui o magistério. Ele é professor da
disciplina de Otorrinolaringologia da Faculdade de Medicina do Planalto
Central/Faculdades Integradas da União Educacional do Planalto Central.
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