O fato de estarem sendo vendidas belezas
inexistentes e/ou que cobram muito da vida de alguém é preocupante, não apenas
porque a pessoa sempre se achará feia e/ou inferior ao que deveria ser, mas que
esperará o mesmo das pessoas com quem se relaciona.
Em uma foto ou vídeo, existem pelo menos três níveis de
máscaras: a maquiagem inicial (que pinta o rosto com traços e cores irreais,
incluindo fazer acrobacias com o cabelo), as luzes (que tiram mais traços ou
"defeitos" do rosto) e os programas que alteram a imagem e vídeo como
quiserem. Resumindo, quando vemos uma dessas imagens, estamos vendo máscaras ou
"avatares", mas não corpos e rostos reais. Para adicionar à coisa das
maquiagens e suas manobras, há ainda a "exigência" de ser magro,
jovem e "fitness".
Essa é uma situação preocupante. Por isso, me faz
questionar algumas coisas:
- Quando um homem ou uma mulher conseguirá olhar no espelho
e achar que atingiu um nível de beleza similar ao que viu de alguém da
televisão ou revista? (Sim, muitos acreditam que aquela beleza é “nata”, que os
artistas acordam daquele jeito, e sentem-se feios por não alcançarem o mesmo
“feito”)
- Com que facilidade um homem ou mulher comparará o que viu
na revista ou numa mulher bem maquiada e achará que o respectivo
namorado/namorada/esposo/esposa está "caído" demais?
- Quanto do sentimento é alterado quando amantes pensam
"ele é feio!" sobre quem amam?
- Qual o mínimo de tempo diário de preparação é necessário
para atingir a estética da beleza maquiada, magra, jovem, "fitness" e
bem vestida?
Sou a favor de um cuidado razoável com a aparência e nunca
vi alguém que realmente se preocupasse zero com isso. Mas o fato de estarem
sendo vendidas belezas inexistentes e/ou que cobram muito da vida de alguém é
preocupante, não apenas porque a pessoa sempre se achará feia e/ou inferior ao
que deveria ser, mas que esperará o mesmo das pessoas com quem se relaciona,
gerando problemas contínuos pouco falados (pois seriam considerados superficiais),
mas muito sentidos.
Ter uma boa autoestima na área da estética é um dos
aspectos mais naturais que existe, mas tornar as próprias emoções acerca de si
e de outros reféns dessa estética desumana, aleija a si e as relações.
E no Templo de Delfos está escrito melhor: "Nada em
excesso".
BAYARD GALVÃO -
Psicólogo Clínico formado pela PUC-SP, Hipnoterapeuta e Palestrante.
Especialista em Psicoterapia Breve, Hipnoterapia e Psiconcologia, Bayard é
autor de cinco livros, criador do conceito de Hipnoterapia Educativa e
Presidente do Instituto Milton H. Erickson de São Paulo. Ministra palestras,
treinamentos e atendimentos individuais utilizando esses conceitos. www.institutobayardgalvao.com.br
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