Apesar de todo o
esforço para combater os criadouros do Aedes aegypti, a dengue continua
sendo um grande problema de saúde pública. Em 2016, foram registrados 1.399.480
casos prováveis de dengue no país até o mês de julho; 900.163 dessas foram
confirmadas e 419 pessoas morreram por conta da doença.
O vírus tem quatro
sorotipos e quem tem a doença fica imune contra o sorotipo que a infectou. Há
alguns anos, os cientistas vêm pesquisando vacinas para a doença, e
recentemente a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) liberou a
comercialização de uma vacina para a doença. Fabricada pela Sanofi Pasteur,
embora a vacina tenha eficácia demonstrada por estudos, seria de no máximo 80%
para um dos quatro sorotipos. Os estudos demonstram também, diminuição de 11% do
número de internações. Custa cerca de R$ 138 reais, dependendo dos impostos e
pode chegar a 250 reais em serviços particulares. O esquema de vacinação
consiste em três doses, sendo assim, o tratamento completo deve custar cerca de
R$ 750 reais. O uso é recomendado na faixa etária de 9 a 45 anos de
idade.
Há o benefício da
porcentagem de imunidade prometida e do número de internações. Porém, devemos
alertar para alguns questionamentos. A Organização Mundial da Saúde (OMS) ainda
não recomenda o uso a não ser em países de alta endemicidade. Sabe-se que um
dos grupos de risco para complicações pela dengue são os idosos, bem como as
crianças pequenas. Essa faixa etária não é inserida como indicativa de
vacinação, tendo em vista os riscos da mesma.
Outra situação é sem
dúvida o valor do esquema completo. Fica bem claro na bula fornecida pelo
fabricante que a imunidade prometida só é atingida após o esquema de três
doses. É um valor bastante alto pensando que não atinge a população de risco
para complicações pela doença, além disso, ao longo do tempo de espera entre as
doses, a pessoa segue propensa a ser infectada pelo vírus ao ser picada pelo
mosquito Aedes aegypit.
Sem dúvida, a dengue
é um problema de saúde pública. Porém, o investimento em saneamento, limpeza
dos espaços públicos e uma atenção primária acessível e qualificada
(contratação de profissionais capacitados, estrutura adequada para assistência
e prevenção) sendo as ações custo efetivas para resolução de tal problema.
Ana Paula Marcolino
e Antônio Modesto - médicos de família e comunidade, membros da Sociedade
Brasileira de Medicina de Família e Comunidade
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