Sociedade está ciente que o contrabando
financia o crime organizado e o tráfico de drogas e armas e pede por revisão
tributária
Metade da sociedade brasileira acredita o governo federal é
o principal responsável pela entrada de produtos contrabandeados no país e 75%
sabem que o comércio dessas mercadorias ilegais, como o cigarro, favorece o
crescimento da violência e da criminalidade. O resultado é da pesquisa
Datafolha, encomendada pelo Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial (ETCO)
e realizada em todo o território nacional com mais de duas mil pessoas.
Para 87% dos entrevistados as altas taxas de impostos sobre
produtos fabricados no Brasil favorecem o aumento de produtos contrabandeados
no território nacional, principalmente advindo do Paraguai. Ciente dessa
realidade, praticamente a totalidade dos brasileiros é a favor da revisão de
impostos sobre os produtos legais para tornar o seu preço mais acessível e mais
competitivo em relação aos ilegais.
Consciente de que o contrabando de cigarros do Paraguai,
principal produto contrabandeado, é quem abastece o caixa e financia as
atividades das facções criminosas, como o PCC, 75% da sociedade concorda que a
redução de impostos sobre os cigarros fabricados no Brasil contribuiria para o
combate ao crime organizado.
Questionados sobre o consumo de produtos contrabandeados,
26% dos entrevistados admitem o hábito de comprar produtos ilegais, como
eletrônicos, roupas, calçados, DVD’s de jogos e filmes e cigarros. Esse índice
é ainda maior entre os brasileiros de 25 a 34 anos e entre as classes D e E,
que ultrapassam os 30%. No entanto, mesmo cientes que o contrabando favorece a
violência, 46% afirmam que continuam a comprar produtos ilegais.
“O levantamento evidencia que o principal estímulo ao
contrabando é a diferença entre o preço, resultado da vantagem financeira que
os criminosos têm em função da disparidade tributária entre o Brasil e o
Paraguai. Ou seja, é necessária uma revisão dos impostos sobre os produtos
nacionais para que tenhamos plena legalidade do mercado interno e mais
segurança, pondera Evandro Guimarães, presidente do Instituto Brasileiro
de Ética Concorrencial.
“A sociedade também está ciente da omissão do Governo
Federal e de outras autoridades na entrada de produtos contrabandeados no
Brasil e, consequentemente, do aumento da criminalidade, com o tráfico de
drogas e de armas”, conclui Guimarães.
Além da violência e o tráfico de drogas, o desemprego e a
evasão fiscal também são rastros que o contrabando de produtos ilegais deixa
por onde passa. Por ano, o Brasil perde cerca de R$ 115 bilhões com o comércio
de mercadorias ilegais, montante suficiente para construir 974 hospitais, ou 57
mil creches ou ainda 22 mil escolas públicas.
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