Doença é comum no verão
O
que atualmente as pessoas conhecem como “virose”, os especialistas reconhecem
como doença, pois pode ser ocasionada por um rotavírus, principal causador de
diarreias graves (gastroenterite) na infância, principalmente em crianças
menores de cinco anos. Mais diagnosticado no verão, atualmente o
rotavírus tem se manifestado em todas as estações e é responsável por mais de
400 mil óbitos por ano nos países considerados em desenvolvimento, como o
Brasil.
Segundo
e Ludmila Coutinho de Aguiar, pediatra do Hospital de Clínicas Padre Miguel
(HCPM), o rotavírus é encontrado em alta concentração nas fezes de crianças
infectadas e pode ser transmitido via fecal-oral, contato pessoa-a-pessoa ou
por meio da ingestão de água ou alimentos contaminados. O período de incubação
é curto e varia de 24 a 48 horas.
Após
o contágio, os principais sintomas são a presença de vômitos que, geralmente,
antecedem as diarreias, febre e dor abdominal, que podem durar de quatro a oito
dias. “A doença se caracteriza por fezes normalmente líquidas, abundantes e
frequentemente explosivas, e pode apresentar sinais gripais como coriza ou
tosse”, comenta a médica.
Qualquer
pessoa está sujeita a contrair o rotavírus, mas as crianças, em especial as
menores de dois anos de idade (quando ainda não se desenvolveram todas as
defesas do organismo) e aquelas que frequentam escolas ou berçários, são as
mais acometidas. Em adultos a doença é mais rara, mas são registrados surtos em
espaços fechados como ambientes de trabalho, hospitais e escolas. A melhor
maneira de prevenir o rotavírus e os sintomas acarretados por ele é a vacina,
que pode ser ministrada em todas as idades e não tem contraindicação.
Ludmila
afirma que um dos principais riscos ocasionados pelos sintomas do rotavírus é a
desidratação, caracterizada por boca seca, olhos encovados, prostração ou
irritabilidade. “Em um estágio mais grave de desidratação, a pessoa pode até
‘parar’ de urinar por várias horas e ficar sonolenta. Esses sintomas devem
servir de alerta, pois quanto mais precoce a intervenção médica, menor a chance
de hospitalização”, acrescenta.
O
diagnóstico é clínico, realizado por meio da presença de sintomas e, se
necessário, pelo resultado da coleta de fezes, que em crianças menores pode ser
executada diretamente nas fraldas que não estejam contaminadas por urina.
A
médica explica que não existe nenhum tratamento específico para o rotavírus. A
desidratação deve ser combatida com a ingestão de líquidos, sempre de forma
progressiva para não piorar os vômitos, e tratar os sintomas, em especial a
febre por meio da utilização de antipiréticos. “Em caso de desidratação leve ou
moderada, a hidratação pode ser feita por meio da oferta de soro oral (caseiro
ou farmacêutico), que deve ser ministrado enquanto houver a presença de vômitos
e de diarreia. Já na presença de desidratação mais grave está indicada, a critério
do médico assistente, a internação hospitalar para hidratação venosa. Porém,
medicações constipantes não estão indicadas na infecção pelo rotavírus”, diz
Ludmila.
Além das medidas
tradicionais de higiene e saneamento básico para a prevenção da contaminação
pelo rotavírus, existem vacinas administradas por via oral, eficazes e seguras.
A vacina indicada no calendário infantil e aplicada gratuitamente nos postos de
saúde é eficaz, mas protege contra apenas um sorotipo do rotavírus. Tratá-se da
vacina monovalente, que são apenas duas doses, sendo a primeira aos 2 meses e a
segunda aos 4 meses de idade.
Já
a vacina pentavalente protege contra 5 sorotipos diferentes do rotavírus,
responsáveis por quase 90% da doença causada por esse vírus no mundo. O esquema
da vacina oral pentavalente recomendado é de 3 doses, aos 2 meses de idade
(idade mínima de 6 semanas e máxima de 12 semanas), 4 meses de idade (idade
mínima de 10 semanas e máxima de 14 semanas) e 6 meses de idade (idade mínima
de 14 semanas e máxima de 32 semanas). Essa vacina deverá ser aplicada
simultaneamente com as vacinas contra difteria, tétano, caxumba, hemófilo
influenza e poliomielite. O intervalo mínimo entra as doses é de 4 semanas.
Contudo, é importante seguir as recomendações dos profissionais da saúde para
cada aplicação.
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