As recentes histórias de corrupção no
país como a que envolve, por exemplo, a estatal Petrobras, estão despertando a
reação pública como poucas vezes se viu nos últimos anos, talvez desde o
movimento dos cara-pintadas, que resultou no impeachment do
ex-presidente Fernando Collor de Melo, em setembro de 1992. Mas, além de toda a
repercussão entre a população brasileira, percebida especialmente nas redes
sociais, casos como este têm despertado também cada vez mais a atenção das
empresas, que buscam meios de se proteger de casos de fraudes.
“Pesquisas apontam que, em períodos de economia mais fraca, com queda na
arrecadação tributária, as empresas ficam mais suscetíveis a processos de
fiscalização. Como o cenário econômico atual não é o dos mais animadores, é
preciso ficar atento para reduzir o risco ou até mesmo acabar com qualquer
chance de haver certas irregularidades. Por isso, o controle interno deve ser
redobrado, utilizando-se de todos os meios possíveis que possam ser utilizados
para evitar qualquer irregularidade na gestão de uma empresa”, alerta Enio De
Biasi, sócio-diretor da De Biasi Auditores Independentes.
Para o especialista, além de contar com profissionais capacitados para
auditar as contas da empresa e também fazer uma gestão de risco dos negócios, o
compliance digital aparece como uma
ferramenta cada vez mais indispensável para o controle administrativo e
financeiro das organizações. “A redução da multa, inicialmente de 20%, para as
empresas que forem enquadradas na Lei Anticorrupção, mas que já possuem algum
programa de compliance, é sem dúvida um
estímulo a mais”, diz o sócio diretor da De Biasi.
No entanto, ele acredita que o interesse pelo compliance
digital esteja além disso. “Percebo
que em muitos casos há uma preocupação cada vez maior de as empresas buscarem
estratégias que garantam maior eficiência administrativa, oferecendo melhores
condições à saúde financeira da empresa, além de transparência nos negócios.
Isso faz com que aumente a sua credibilidade”, aponta.
Por fim, ele ressalta que os executivos não devem encarar o compliance digital exclusivamente
como uma ferramenta anticorrupção. “Em primeiro lugar, o programa é utilizado
essencialmente para auxiliar e verificar se as empresas estão cumprindo todas
as normas legais e regulamentares, se estão funcionando em conformidade com as
políticas e diretrizes estabelecidas para o negócio e para as atividades da
instituição. Detectar qualquer desvio ou inconformidade até faz parte do
processo, mas não é exatamente essa a sua função”, conclui o especialista.
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