No Dia Mundial do Câncer (04/02), o Conselho Regional
de Odontologia de São Paulo (CROSP) ressalta que o cirurgião-dentista pode
amenizar os efeitos colaterais da quimioterapia e radioterapia colaborando para
o bem-estar físico e emocional do paciente
O bem-estar físico e emocional pode elevar a
autoestima. Por isso, uma pessoa em tratamento de câncer precisa de amplo
amparo da família, amigos e profissionais da saúde. São vários desafios
enfrentados nessa fase, uma vez que a indicação da quimioterapia e radioterapia
resulta em efeitos colaterais bastante incômodos e até mesmo dolorosos.
Alguns deles afetam diretamente a boca e por
isso o acompanhamento com o profissional da saúde bucal é fundamental. “O
tratamento com quimioterápicos e radioterápicos acaba desestruturando algumas
células da mucosa bucal, provocando lesões chamadas de mucosite. É importante
que elas sejam tratadas pelo cirurgião-dentista, com uso de medicamentos
específicos e liberados pelo oncologista, pois causam diversos incômodos
interferindo até na alimentação”, explica a cirurgiã-dentista e membro da
Câmara Técnica de Estomatologia, Fabiana Quaglio.
Por ser um dos efeitos colaterais mais
comuns, a mucosite pode ser tratada antes do surgimento das primeiras lesões.
“Ao iniciar a quimioterapia, a recomendação é também começar o tratamento com o
cirurgião-dentista que utilizará um laser para minimizar o aparecimento dos
ferimentos”, diz Fabiana.
Ela acrescenta que o laser também pode ser
usado após o surgimento das lesões, bem como outros produtos como o óleo de
vitamina E. “O chá de camomila também tem uma ação anti-inflamatória, o soro
fisiológico pode diminuir a quantidade de bactérias na boca. Existem diversos
recursos”.
Por conta do grande incômodo, essas lesões
inibem a vontade do paciente em fazer a higienização da boca da forma correta,
mas a prática nunca deve ser abandonada. Para tanto, a cirurgiã-dentista avisa
que podem ser recomendados produtos especiais que facilitem a escovação.
“Podemos prescrever, por exemplo, cremes dentais sem o lauril sulfato de sódio,
responsável por criar a espuma, mas que também provoca certo ardor. Outra
medida é fazer os bochechos com enxaguantes sem álcool”, aponta ela.
As consultas regulares ao profissional também
contribuirão para o controle de outros problemas em decorrência do tratamento
de câncer, como inflamação na gengiva e sangramentos. “É importante que o
paciente faça o controle da placa bacteriana no consultório. Isso evita a
gengivite que pode evoluir para uma periodontite e até mesmo causar a perda
dental em casos mais extremos”, conta Fabiana.
É nesses encontros com o cirurgião-dentista
que o paciente também recebe um remédio bastante eficaz para o tratamento do
câncer: a compreensão. “Nesse processo o profissional também deve estar ali
para ouvir, apoiar, pois a nossa função não é somente devolver um sorriso
bonito, mas ajudar a eliminar as dores, passar segurança, contribuindo para a
autoestima e o bem-estar”, avisa Fabiana.
Prevenir é sempre a melhor medida
Algumas práticas podem ser importantes na
prevenção do câncer, como adotar hábitos alimentares saudáveis e praticar
exercício físico. Evitar o consumo excessivo de álcool e não fazer o uso do
cigarro também farão a diferença.
No caso específico do câncer de boca, a
adoção de outras medidas como a higienização da forma correta, com o uso de
creme, escova e fio dental, usar preservativo na prática do sexo oral, bem como
realizar visitas regulares ao cirurgião-dentista podem ser determinantes para
evitar a doença.
CROSP –Conselho Regional de Odontologia de São Paulo