Especialista destaca
terapia de sinais pulsados como tecnologia não invasiva que traz alívio
prolongado
Dor no joelho é o tipo de incômodo que afeta
milhões de pessoas a cada dia, em todos os cantos do planeta. De acordo com o
ortopedista Riccardo Gobbi, a dor no
joelho – que é a segunda mais recorrente, perdendo apenas para a dor nas costas
– é desencadeada principalmente em quatro situações: excesso de peso,
lesões no esporte, desgaste natural da cartilagem que reveste a patela
(relacionado ao envelhecimento), e lesões por esforço repetitivo
durante atividades físicas. Com essa
informação sobre o que agride demais os joelhos, parece simples prevenir essa
dor. Mas não é bem assim.
O médico afirma que, exceto quando a dor é
muito aguda, as pessoas normalmente demoram a buscar ajuda especializada – o
que é um erro. “A superfície articular da patela (rótula) é revestida por uma
grossa camada de cartilagem (hialina) que normalmente desliza sem atrito
durante as flexões da articulação do joelho. Mas em pessoas com problemas de desalinhamento,
fraqueza muscular, atletas e obesos essa cartilagem trabalha sob sobrecarga,
podendo apresentar fissuras, lesões e degeneração que resultam em dores muitas
vezes intensas, crepitação e insegurança ao se movimentar”.
Gobbi explica que em muitos casos a dor no
joelho é sintoma de condromalácia patelar,
podendo ocorrer em atletas de alto desempenho, que forçam muito os
joelhos nos treinos em academias (agachamento, step etc.). “Esportes de
impacto, com desaceleração e mudanças de direção constantes, exigem muito da
cartilagem patelar. Sendo assim, corredores, jogadores de futebol, vôlei,
basquete e tênis são muito vulneráveis ao comprometimento da cartilagem que
reveste a patela – especialmente quando há desequilíbrio muscular e anatômico
dos joelhos”.
O especialista afirma que as mulheres
estão no grupo de risco da condromalácia patelar por conta de sua anatomia.
“Como a pelve é mais larga que a dos homens, geralmente seus joelhos são mais
projetados para dentro, formando um X (valgo dos joelhos). Isso altera a
dinâmica da articulação femoropatelar e gera uma sobrecarga relevante na região
lateral da articulação. Além disso, outros fatores predisponentes – como
alterações no encaixe da patela com o fêmur – são muito mais comuns em
mulheres”.
Estudo divulgado no jornal da Associação
Canadense de Radiologistas estabeleceu uma clara relação, a partir de
exames de ressonância magnética, entre a gordura subcutânea do joelho e a
presença, às vezes em estágio avançado, de condromalácia patelar. Sendo assim,
o sobrepeso e a obesidade – que atingiram números epidêmicos no Brasil –
devem ser evitados com uma dieta equilibrada, a fim de manter ossos e
cartilagens em boa forma. “O controle de peso e o fortalecimento muscular são
ações preventivas muito importantes”, diz o médico.
Uma avaliação dos fatores relacionados à sobrecarga
– quer sejam anatômicos, quer sejam de exercícios mal realizados – também é
fundamental para uma readequação individualizada das atividades, que pode ser
temporária ou definitiva. Já com relação ao tratamento, mais do que
apenas descansar e fazer compressas, a ciência vem desenvolvendo alguns métodos
muito eficientes para restituir ao paciente a qualidade de vida perdida – já
que esse tipo de dor é incapacitante e progressiva. Em casos mais graves,
inclusive, a pessoa não consegue subir escadas ou entrar num automóvel sem
reclamar de dor.
A novidade mais bem-vinda, segundo Gobbi, é a
PST – Pulsed Signal Therapy (Terapia de Sinais Pulsáteis), um
tratamento não invasivo bastante eficiente. Neste caso, o joelho afetado
é submetido a pulsos eletromagnéticos para estimular ossos e tecidos moles. Ao
todo, são nove sessões diárias que proporcionam ao paciente melhora progressiva
da dor e dos testes funcionais. “Esse tratamento, inclusive, foi tema de um
estudo do Grupo de Joelho do Instituto de Traumatologia e Ortopedia da
Faculdade de Medicina da USP, do qual faço parte. Nas avaliações
pós-tratamento, que ocorreram três, seis e doze meses depois, os pacientes
submetidos ao estudo apresentaram melhora progressiva. Outro aspecto positivo é
que a PST algumas vezes pode evitar que o paciente faça uma terapia
medicamentosa agressiva, dispensa fisioterapia, por exemplo, além de evitar ou
adiar cirurgia”.
Fonte:
Dr. Riccardo Gobbi - médico
ortopedista, especialista em joelho.
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