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sábado, 16 de outubro de 2021

Estudos genéticos e comportamentais têm favorecido o diagnóstico e a inclusão de pessoas com autismo


Avanços na área foram apresentados em seminário on-line organizado pela FAPESP e pelo Instituto do Legislativo Paulista. Para especialistas que participaram do evento, é preciso oferecer assistência mais abrangente às famílias afetadas pelo transtorno (foto: Pixabay)

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A pesquisa genética tem proporcionado avanços na busca de possíveis causas do autismo, bem como na detecção precoce da doença e nos cuidados com a saúde dos indivíduos afetados. E os estudos comportamentais têm auxiliado na inclusão social, na convivência familiar e na educação de crianças com transtorno do espectro autista (TEA). Mas ainda há muito a ser conquistado.

Estudo realizado pela Rede Latino-Americana pelo Autismo identificou grande falta de assistência às famílias de pessoas com TEA, por exemplo. “Das 3 mil famílias pesquisadas – sendo mil do Brasil –, 37% não recebiam nenhum tipo de atenção. Isso é bastante preocupante, pois essa população merece e requer assistência abrangente nos diferentes setores do seu desenvolvimento, que vão além de saúde e educação. O estudo também revelou os altos custos sociais e financeiros com os quais essas famílias precisam arcar e que se refletem na sociedade. Por isso, o objetivo tem de ser a inclusão total dessa população”, disse Cristiane Silvestre de Paula, professora da pós-graduação em Distúrbios do Desenvolvimento da Universidade Presbiteriana Mackenzie e pesquisadora do Departamento de Psiquiatria da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), durante um seminário on-line realizado em setembro.

Com o tema “A Ciência e o Autismo”, o debate integrou a programação do Ciclo ILP-FAPESP de Ciência e Inovação e teve o objetivo de mostrar avanços na pesquisa genética e comportamental na área, além de discutir as principais necessidades dessa população.

Entre as descobertas apresentadas no evento estão três genes possivelmente relacionados com o desenvolvimento de TEA – TRPC6RBM14 e PRPF8 –, que foram identificados por pesquisadores do Centro de Estudos do Genoma Humano e Células-Tronco (CEGH-CEL) – um Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPID) da FAPESP sediado no Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (IB-USP).

“Hoje já está bem estabelecida a importância da predisposição genética em relação ao autismo, contudo, ainda temos muitas questões em aberto. Existem múltiplos fatores genéticos e ambientais envolvidos. Além disso, a integração desses componentes genéticos e ambientais também é importante como fator de risco”, explicou Maria Rita Passos Bueno, professora do IB-USP e pesquisadora do CEGH-CEL.

De acordo com Passos-Bueno, até agora existem mais de 800 genes candidatos para o autismo. No entanto, as formas monogênicas (que dependem de um único gene) são as menos comuns. “Geralmente, os casos de autismo se encaixam em um modelo em que os pais têm fatores de risco que se acumulam nas crianças e, quando é ultrapassado o que os pesquisadores chamam de limiar, manifesta-se o quadro de autismo.”

O laboratório liderado por Passos-Bueno atende mais de 1.500 famílias de pessoas com TEA e algumas têm sido incluídas nos estudos de genética. Foi a partir da análise de 33 trios (pai, mãe e um descendente com autismo) que os pesquisadores descobriram dois novos genes candidatos (PPRF8 e RBM14) e conseguiram fechar o diagnóstico de autismo para as crianças participantes do estudo.

Em outro projeto, a equipe analisou os cromossomos de 200 indivíduos com autismo. “Decidimos investigar mais a fundo o gene TRPC6, que é importante para a entrada de cálcio nos neurônios, fator essencial para o funcionamento dessas células”, disse.

Após uma pesquisa em banco de dados, o grupo observou que nos indivíduos com TEA havia uma frequência maior de mutação nesse gene do que a encontrada na população em geral, sugerindo que essas variantes do TRPC6 devem contribuir para o risco de autismo.

Estudos in vitro feitos com neurônios derivados de células de polpa dentária revelaram diferenças no funcionamento dos neurônios analisados. “Observamos que quando utilizamos hiperforina – substância que ativa especificamente esse canal de cálcio formado pelo TRPC6 – ocorre o resgate da morfologia e do funcionamento normal dos neurônios derivados desses pacientes”, contou.

Para Passos-Bueno, além de propiciar descobertas cientificamente relevantes, a importância dos estudos genômicos está em dar retorno para as famílias. “São de extrema importância os investimentos para que se continuem os estudos de caracterização da arquitetura genética do autismo. Com eles esperamos aprimorar o diagnóstico. Atualmente, conseguimos concluir diagnósticos genéticos em pelo menos 10% dos casos. Outras perspectivas desses estudos estão em entender melhor a patofisiologia do transtorno. E, o que todos nos desejamos, é um dia poder desenvolver estratégias terapêuticas”, afirmou.


Fada do dente

Em outro projeto conduzido na USP, que contou com mais de 400 dentes de leite doados por pacientes de todo o país, os pesquisadores conseguiram avançar no entendimento de como o TEA pode se manifestar em células cerebrais, como neurônios e astrócitos. A análise foi feita em células cerebrais derivadas da polpa dentária de crianças com autismo grau 3 e que não tinham nenhum gene relacionado ao TEA.

“Os neurônios derivados de pacientes autistas tinham menos sinapses químicas e elétricas, ou seja, funcionavam de maneira alterada. Também observamos que um dos principais neurotransmissores [glutamato, um dos mensageiros químicos liberados pelos neurônios], secretado em abundância no cérebro, era liberado em menor quantidade pelas células dos indivíduos com autismo”, afirma Patrícia Beltrão Braga, professora e pesquisadora do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB-USP) e da Plataforma Científica Pasteur-USP.

Braga também analisou os astrócitos, células cerebrais que, além de comporem a barreira hematoencefálica (que protege o cérebro de toxinas e patógenos), são responsáveis pela comunicação de todo o sistema nervoso com o sangue.

“Os astrócitos não tinham sido muito estudados no contexto do autismo até então. Na nossa pesquisa, realizada em cultura celular, vimos que os astrócitos de indivíduos com TEA funcionavam de maneira tóxica, produzindo uma quantidade aumentada do que chamamos de espécies reativas de oxigênio. Ou seja, essas células não eram capazes de fazer a limpeza do sistema nervoso como normalmente fazem em indivíduos neurotípicos", relatou.

Segundo a pesquisadora, outra função dos astrócitos é remover o excesso de glutamato do cérebro. No estudo, os pesquisadores observaram que esse papel também estava comprometido nas células das crianças com TEA.

O grupo analisou ainda quais moléculas inflamatórias estavam sendo produzidas pelos astrócitos desses pacientes. “Nesses casos, havia no cérebro grande produção de uma citocina pró-inflamatória chamada interleucina-6. Essa foi a primeira vez que alguém mostrou que poderia estar acontecendo um perfil de neuroinflamação no cérebro de crianças com autismo e que isso poderia ser compatível com todas as alterações que a gente estava vendo até então”, afirmou.

Na fase seguinte do estudo, os pesquisadores misturaram in vitro neurônios e astrócitos derivados de um indivíduo neurotípico com os de um indivíduo com TEA e observaram que isso fazia com que o número de sinapses aumentasse, passando para uma quantidade próxima à observada em pessoas sem o transtorno.

Treinando a atenção

Em um estudo apoiado pela FAPESP, pesquisadores do Mackenzie e colaboradores demonstraram como o treinamento com jogos computacionais pode fazer com que questões ligadas à atenção progridam em crianças com TEA.

O projeto envolveu 26 crianças entre 8 e 14 anos, submetidas a um treino computadorizado progressivo para atenção. O modelo, denominado CPAT, foi desenvolvido por pesquisadores da Universidade de Tel Aviv (Israel), em parceria com psicólogos e pesquisadores da Universidade de Birmingham (Reino Unido), e tem foco em três tipos de atenção: sustentada, seletiva e executiva.

Por meio de jogos de computador e valorizando o lúdico, o programa vai sendo regulado de acordo com o avanço de cada criança. “A ideia é que ela prossiga nas atividades de acordo com suas necessidades”, disse de Paula.

As crianças passaram por um protocolo vasto de avaliação e depois, durante dois meses, receberam durante 45 minutos o treinamento do CPAT ou uma intervenção controle. Ao final de dois meses, as crianças foram reavaliadas. Uma terceira avaliação foi conduzida três meses após a conclusão das interações. Além da atenção, houve melhora em questões correlacionadas, como desempenho escolar (matemática, leitura e escrita) e inteligência (teste de QI), em relação ao grupo controle.

“É um resultado que nos deixa muito contentes, pois é difícil encontrar uma intervenção de baixo custo, lúdica, capaz de trazer bons resultados e de ser aplicada em larga escala nas escolas”, afirmou de Paula.

Como destacou a professora do Mackenzie, não existe um tratamento único para os sintomas centrais do autismo, que envolvem déficits relacionados a habilidades sociais e de comunicação, bem como comportamentos estereotipados e repetitivos. “Por isso é tão importante trabalhar a inclusão social, escolar, de saúde e na sociedade como um todo, por meio de diferentes áreas de tratamento e cuidado. Nesse sentido, essa população necessita de auxílio não apenas no que se refere aos sintomas centrais do autismo, mas também em aspectos como a atenção”, afirmou de Paula.

A pesquisadora ressaltou ainda que pelo menos 50% dos indivíduos com TEA têm déficit, dificuldades ou questões relacionadas com a atenção. “Estudos mostram que 30% dessas pessoas tinham diagnóstico de transtorno de déficit de atenção (TDAH) e nesses casos há maior prejuízo funcional”, disse.

O seminário “A Ciência e o Autismo” pode ser conferido na íntegra em: www.youtube.com/watch?v=cji0ST055eU.

 

 

Maria Fernanda Ziegler

Agência FAPESP

https://agencia.fapesp.br/estudos-geneticos-e-comportamentais-tem-favorecido-o-diagnostico-e-a-inclusao-de-pessoas-com-autismo/37066/


Dor mista afeta 6 em cada 10 pessoas que apresentam algum tipo de dor no corpo1

Dor é uma queixa presente em 70% das consultas médicas, sendo a dor mista o tipo mais comum2

No dia 17 de outubro é comemorado o Dia Mundial Contra a Dor e a data tem o objetivo de conscientizar sobre a importância de aliviar qualquer tipo de dor para melhorar a qualidade de vida das pessoas que a sentem. A Associação Internacional para o Estudo da Dor (cuja sigla em inglês é IASP), define dor como uma experiência sensorial e emocional desagradável, com potencial para causar danos reais ao tecido3. Essa é uma das queixas mais comuns nas consultas médicas e estima-se que esteja presente em 70% delas2.

Podem ser classificadas em diferentes tipos, como a dor nociceptiva ou muscular - quando envolve os receptores de dor - chamados de nociceptores - localizados principalmente nos tecidos moles e nas articulações. Podem ser causadas por uma lesão traumática como um golpe ou uma torção. Outro tipo é a neuropática, que surge a partir do sistema nervoso central como, por exemplo, dor de um membro fantasma ou no sistema nervoso periférico, como a neuropatia4.

Existe também a chamada dor mista, que atinge 6 em cada 10 pessoas que apresentam algum tipo de dor no corpo. Esse tipo afeta as fibras musculares e nervosas ao mesmo tempo e no mesmo local e pode ser acompanhada de sintomas como ardor, formigamento, pontadas e dormência, além de apresentar distúrbios no sono, ansiedade, depressão, queimação , sensação de frio, choque elétrico e sensação de pontadas1.

É importante buscar o diagnóstico correto e um tratamento adequado para qualquer tipo de desconforto, no entanto, vale ressaltar que ainda não existem protocolos ou exames diagnósticos para identificar a dor mista, o que se tornou um desafio para os médicos. Atualmente o diagnóstico desse tipo de dor se dá por meio da revisão do histórico clínico do paciente, além de um exame físico completo, realizado por um médico.

Embora se saiba que não existe uma pergunta mágica para identificar a dor mista, o Dr. Rainer Freynhagen, juntamente com outros autores, propôs em seu artigo "Quando considerar a dor mista?", alguns questionamentos que podem fazer a diferença e que podem servir como uma estrutura básica para ajudar a identificar o tipo predominante de dor5:

1. Onde exatamente é sentida a dor?
2. Com que palavras ela pode ser descrita?
3. Há quanto tempo ela é sentida?
4. Em uma escala de 0 a 10, qual é a intensidade da dor em repouso e durante o
movimento?
5. A dor é constante? Aumenta durante o repouso ou movimento?
6. Está relacionada a uma causa identificável? Como começou e como evoluiu?
7. Foi tratada com alguma coisa?
8. Causa sofrimento psicológico?
9. Além da dor, existem outros sintomas ou alterações que causam preocupação?

O tratamento da dor mista geralmente depende do histórico médico do paciente e da intensidade, mas uma das opções para tratá-la farmacologicamente é a combinação de diclofenaco, que ajuda a reduzir a dor e a inflamação6,7, e vitaminas B (B1, B6 e B12), que atuam nas fibras nervosas8,9. Essa combinação age na origem do problema e proporciona alívio também no caso de dor mista6,7.

É sempre recomendável que um especialista em saúde avalie o seu caso. Consulte seu
médico.

 

 

P&G Health
Vaporub®, Bion®3, Cebion® e Metamucil®

 

Referências

1 Ibor PJ, Sánchez - Maro I, Villoreia J, et. Al. Mixed Pain can be discerned in the primary care and orthopedic settings in Spain: a large cross -sectional study. Clin J Pain 2018;33(12):1100.1108

2 Miranda, J.P., et. Al., Revisión Sistemática: Epidemiología de Dolor Crónico No Oncológico en Chile. Revista el Dolor 59. 10-17;2013.

3 International Association for the Study of Pain. Facts Sheets. Prevention of Pain 2020. Disponível em:
https://www.iasp-pain.org/resources/fact-sheets/. Acesso em 06-10-2021.

4 Paice JA. Understanding nociceptive pain. Nursing. 2002;32(3):74-75.

5 Freynhagen R., et. Al., (2020): When to consider "mixed pain"? The right questions can make a difference! Current Medical Research and Opinion, DOI: 10.1080/03007995.2020.1832058

6 Mibielli MA, Geller M, Cohen JC, et al. Diclofenac plus B vitamins versus diclofenac monotherapy in lumbago: the DOLOR study. Curr Med Res Opin. 2009;25(11):2589-2599.

7 Calderón-Ospina CA, Nava-Mesa MO, Arbeláez Ariza CE. Effect of Combined Diclofenac and B Vitamins (Thiamine, Pyridoxine, and Cyanocobalamin) for Low Back Pain Management: Systematic Review and Meta-analysis. Pain Med. 2020;21(4):766-781.

8 Calderón-Ospina CA, Nava-Mesa M. B Vitamins in the Nervous System: Current Knowledge of the Biochemical Modes of Action and Synergies of Thiamine, Pyridoxine, and Cobalamin. CNS Neurosci Ther. 2020;26(1):5-13.

9 Geller M, Oliveira L, Nigri R, et al. B Vitamins for Neuropathy and Neuropathic Pain. Vitam Miner. 2017;6:2.


Obesidade pode contribuir para o aparecimento do câncer de mama

Reposição hormonal e anticoncepcional devem ser usados com orientação do especialista

#outubrorosa


Segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA), em 2021, estimam-se 66.280 casos novos de câncer de mama, o que equivale a uma taxa de incidência de 43,74 casos por 100.000 mulheres. A incidência do câncer de mama tende a crescer progressivamente a partir dos 40 anos. O sintoma mais comum é o aparecimento de nódulo, geralmente indolor, duro e irregular, mas há tumores que são de consistência mais macia, globosos e bem definidos. Por isso é fundamental que a mulher realize todos os exames de rotina e fique atenta a qualquer sinal: 95% dos casos diagnosticados no início têm possibilidade de cura.

 

O câncer de mama, além da oncologia, também está ligado à endocrinologia, isso porque muitas comorbidades como diabetes e obesidade podem contribuir para o aparecimento da doença. A obesidade pode ser considerada uma das causas do câncer de mama porque um dos principais hormônios produzidos pelo tecido adiposo é o estrógeno, que está intimamente ligado a alguns tipos de câncer de mama. Durante a vida fértil, o hormônio tem sua produção pelos ovários. Já na menopausa, há uma queda nos níveis do estrógeno, que param de ser produzidos nos órgãos sexuais femininos.

 

A endocrinologista Dra. Lorena Lima Amato explica que quando a mulher está acima do peso na menopausa, o tecido adiposo se encarrega de produzir o estrógeno, que, em excesso, pode provocar a multiplicação celular do tecido mamário, causando o câncer. “Por esse motivo, estima-se que as mulheres obesas têm mais chances de desenvolver o câncer de mama, principalmente no período logo após a menopausa, quando comparadas com as que se encontram com o peso ideal”, esclarece a especialista.

 

Vale lembrar que o câncer de mama não tem uma causa única. Diversos fatores estão relacionados ao aumento do risco de desenvolver a doença, como idade, fatores endócrinos, comportamentais, ambientais, fatores genéticos e hereditários.

 

Reposição Hormonal - De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), a terapia de reposição hormonal (TRH), principalmente a terapia combinada de estrogênio e progesterona, aumenta o risco do câncer de mama e deve ser realizada sempre com a supervisão de um médico. Ainda segundo o Instituto, o aumento de risco de desenvolver a doença diminui progressivamente após a suspensão do tratamento.

 

“Atualmente, a TRH é contraindicada nas mulheres que já tiveram câncer de mama. Os riscos do uso de hormônios bioidênticos (substâncias hormonais que possuem a mesma estrutura química e molecular encontrada nos hormônios produzidos no corpo humano) permanecem incertos. Nas mulheres sem fatores de risco associados, a terapia hormonal pode ser feita com tranquilidade, se a mulher mantiver o seguimento médico de perto, realizando os exames de rotina necessários”, explica Dra. Lorena.

 

Anticoncepcional - Recentemente, um estudo publicado no New England Jornal of Medicine, uma das mais conhecidas publicações científicas do mundo, revelou que o risco de câncer de mama é maior para as usuárias de anticoncepcionais em relação àquelas que nunca recorreram ao medicamento. Os pesquisadores revelaram que o uso do anticoncepcional produziu um caso extra de câncer de mama para cada 7.690 mulheres por ano, considerando que cerca de 140 milhões usam o anticoncepcional em todo o mundo.

 

“No entanto, não há necessidade de as mulheres interromperem o uso do anticoncepcional que já utilizam. O ideal é que cada paciente avalie ou discuta com seu médico sobre os riscos e os benefícios da pílula, que além de ter alta eficácia contra a gravidez, também pode regular o ciclo menstrual, diminuir cólicas e TPM e melhorar a pele”, comenta a médica.

 

Diagnóstico Precoce - O rastreamento por meio da mamografia diminui a mortalidade em cerca de 20% nas pacientes entre 50 e 69 anos, de acordo com dados do INCA. Quanto maior for o percentual de mulheres na faixa de 50 a 69 anos que realizam a mamografia de rastreamento a cada dois anos, maior será a chance de detectar a doença na fase inicial, diminuindo a taxa de mortalidade.

 

A qualidade da mamografia é indispensável para a detecção precoce do câncer de mama. Hoje em dia, a qualidade dos aparelhos (mamógrafos) garante imagens radiográficas de alto padrão com doses mínimas de radiação. O rastreamento contribui para reduzir a mortalidade por câncer de mama, mas também traz riscos. 

 

Prevenção - Conhecer os fatores de risco é a chave para a prevenção do câncer mamário, que pode ser feita de duas maneiras: a prevenção primária, isto é, reduzir ou evitar o risco não se expondo a determinados agentes, e a prevenção secundária, através de exames dirigidos, como é o caso da mamografia e do Papanicolau nas mulheres.

 

Os principais fatores de risco para câncer, conforme explica Dra. Lorena, são exposição solar repetida e sem proteção, dieta inadequada (excesso de gorduras, carnes, embutidos, alimentos ultraprocessados), consumo de tabaco e de bebidas alcoólicas em excesso, sedentarismo, e algumas infecções (HPV e hepatite, por exemplo). 

“Ter um estilo de vida saudável ajuda, e muito, a prevenir o câncer de mama e outros tipos de câncer. Como eu sempre comento e repito para minhas pacientes: uma alimentação rica em vegetais como frutas, legumes, verduras, cereais integrais, leguminosas, tirando os alimentos industrializados do cardápio, ajuda a diminuir consideravelmente os riscos de ter a doença”, conta a especialista.

 


Dra. Lorena Lima Amato - A especialista é endocrinologista pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), com título da Sociedade Brasileira de Endocrinologia (SBEM) e endocrinopediatra pela Sociedade Brasileira de Pediatria. É doutora pela USP e professora na Universidade Nove de Julho.

https://endocrino.pro/

www.amato.com.br

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Perda de 15% do peso ou mais é nova aliada para remissão do diabetes tipo 2

Estudo publicado no The Lancet é o primeiro da América Latina a apresentar resultados positivos no tratamento conjunto do diabetes tipo 2 e da obesidade


A perda de peso de 15% ou mais deve se tornar um foco central de gerenciamento do diabetes tipo 2 (T2D), uma vez que pode reverter as anormalidades metabólicas da doença e, como tal, melhorar o controle da glicemia. A estratégia proposta, publicada no The Lancet, foi apresentada na Reunião Anual da Associação Europeia para o Estudo do Diabetes (EASD).

"Propomos que, para a maioria dos pacientes com diabetes tipo 2 sem doenças cardiovasculares, o foco principal do tratamento seja o gerenciamento do principal condutor da doença: a gordura corporal", afirma o Dr. Ricardo Cohen, Coordenador do Centro Especializado em Obesidade e Diabetes do Hospital Alemão Oswaldo Cruz e um dos autores do estudo.

A maioria dos pacientes, de 40 a 70%, com diabetes tipo 2 terá uma ou mais características de resistência à insulina, o que significa que a doença é provavelmente impulsionada pelo aumento da gordura corporal, como a presença de adiposidade ao redor da cintura, múltiplas marcas de pele, pressão alta e doença hepática gordurosa.

O estudo avaliou uma intervenção intensiva de estilo de vida em pacientes com sobrepeso ou obesidade e que desenvolveram o diabetes tipo 2 há menos de 6 anos. Como resultado, foi identificada a remissão da doença em 70% daqueles que perderam 15kg ou mais (com peso médio de 100 kg).

Além de ajudar no controle de açúcar no sangue, o protocolo traz alguns benefícios adicionais em outras complicações relacionadas à obesidade, como fígado gorduroso, febre obstrutiva do sono, osteoartrite, pressão alta e perfil elevado de gorduras no sangue, tendo assim um impacto muito maior na saúde geral da pessoa.

O uso de remédios e cirurgias para a perda de peso são apontados pelos autores como complementos para o tratamento da doença. De acordo com o Dr. Ricardo Cohen, a cirurgia bariátrica tem mostrado benefícios imediatos e sustentados para pacientes com diabetes tipo 2 e obesidade, diminuindo a necessidade de redução de glicose em poucos dias de cirurgia e melhorando múltiplos indicadores de saúde a longo prazo.

Apesar de seus benefícios consideráveis, o procedimento cirúrgico complexo não é viável para uma intervenção em toda a população, ao contrário da farmacoterapia, que ajuda na perda de peso em aproximadamente 5%. No entanto, mesmo com as medicações disponíveis, apenas uma minoria de pessoas sustenta a perda de peso necessária para alterar materialmente o curso do diabetes tipo 2, mesmo com as mudanças no estilo de vida, que como indica o estudo, são particularmente difíceis de manter fora de um ambiente de ensaio clínico.


Diretrizes de tratamento

Dentre as considerações indicadas pelos autores para a definição de metas de tratamento para pacientes com diabetes tipo 2, está a atualização das diretrizes, tendo como alvo primário a perda de peso. Os sistemas de saúde devem focar nos benefícios da redução da obesidade na prevenção ou controle do diabetes tipo 2, em vez dos custos mais elevados de tratar alguém com o avanço da doença e o conjunto de complicações que podem vir com a condição.

"É o momento certo para considerar a perda de peso substancial, de mais de 15%, como principal alvo para o tratamento de muitos pacientes com diabetes tipo 2. Tal mudança nas metas de tratamento reconheceria a obesidade como uma doença com complicações reversíveis e exigiria uma mudança no atendimento clínico", finaliza Dr. Ricardo Cohen.

 


Hospital Alemão Oswaldo Cruz

https://www.hospitaloswaldocruz.org.br/


Vitamina D auxilia na melhora da performance de atividades físicas, de acordo com estudo internacional

Pró-hormônio também reduz dano muscular pós-exercício, apontam pesquisadores espanhóis em análise publicada pelo periódico científico Nutrients

 

Independente se uma pessoa é atleta profissional ou amadora, para obter um bom desempenho esportivo é imprescindível manter uma nutrição adequada, composta por carboidratos, proteínas, gorduras, vitaminas, minerais e água. O que talvez não seja de conhecimento são os benefícios que a vitamina D traz para a saúde e performance de atletas. Além de contribuir para o ganho muscular, a vitamina ainda ajuda a melhorar a recuperação pós-exercício e reduzir os riscos de fraturas. Já a falta dela, a hipovitaminose D, que ocorre quando os níveis de vitamina D estão abaixo de 30 ng/ml, o que prejudica a função muscular e a capacidade de regeneração do músculo. A condição também impede uma boa função imunológica e afeta a saúde óssea.

Para o endocrinologista Michael Holick, da Universidade de Boston e um dos maiores pesquisadores sobre o tema, os atletas devem manter níveis de vitamina D no sangue superiores a 40 ng/ml, para melhor performance e recuperação, além de reduzir os riscos de lesões, em especial, os que praticam atividades esportivas "indoor" ou exercícios de alta intensidade. Este também é o posicionamento atual da Associação Brasileira de Nutrologia (Abran). Já a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), Sociedade Brasileira de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial (SBP-ML) considera adequados para a população geral valores entre 20-60 ng/ml.

Corroborando a afirmação do especialista, uma análise de estudos sobre o tema, feita por pesquisadores espanhóis e publicada este ano no periódico Nutrients¹ traz mais dados sobre os benefícios: Vitamin D, Its Role in Recovery after Muscular Damage Following Exercise (Vitamina D, seu papel na recuperação após dano muscular seguido de exercício, em tradução livre).

A função mais estudada dessa vitamina diz respeito ao metabolismo ósseo e à homeostase do cálcio. No entanto, a vitamina D desempenha um papel fundamental na modulação da função de muitos outros tipos de células e tecidos que são fundamentais em um contexto esportivo, incluindo imunológicas e fibra musculares esqueléticas. Devido esse papel imunorregulador, a vitamina D se apresenta como um fator significativo para reduzir o dano muscular pós-exercício", escreveram os pesquisadores.

Hoje a vitamina D é considerada um pró-hormônio com múltiplas ações no corpo. Que é produzida na pele exposta a radiação solar (raios UVB) a partir 7-dehidrocolesterol (7DHC), ingerida pela alimentação ou em suplementos, em doses adequadas, na forma de cápsulas ou comprimidos. Devido ao seu papel de destaque o Dr. Odair Albano médico e consultor de saúde listou três maneiras de manter o nutriente em dia:


Exponha-se ao sol diariamente, mas de maneira segura

A principal fonte de vitamina D é a exposição solar. A produção na pele é autolimitada por diversos fatores: tempo/intensidade de exposição, pigmentação e integridade da pele, barreira (roupa, protetor solar). A intensidade da radiação é influenciada: localização (latitude), altitude, estação, clima, poluição ambiental. Uma pesquisa nacional em diversas capitais mostrou níveis vitamina D abaixo 30 ng/ml: Salvador 49%; Recife 56,7; RJ 68 %; SP 71,5%; Curitiba 77% e Porto Alegre 83% da população avaliada. Queda de cerca 0,4 ng/ml vitamina D para cada latitude ao sul.

Para produção de vitamina D na pele de forma adequada e segura é necessária uma exposição diária, por 15-30 minutos, entre 10-16 horas, sem protetor solar. Mas, atenção, a exposição ao sol de forma desprotegida, ou seja, sem filtro solar, pode apresentar riscos para a pele.


Mantenha uma alimentação rica em vitamina D

A alimentação é considerada uma fonte secundária de vitamina D e está presente em peixes gordurosos, como salmão, atum, sardinha; mas também no óleo de fígado de bacalhau, fígado, cogumelos cultivados no sol e ovos. Alguns produtos industrializados também são fortificados com vitamina D. Contudo, é difícil manter uma ingestão regular e em quantidades suficientes desses alimentos para atender as necessidades diárias.


Suplemente a vitamina quando necessário

Na rotina agitada das grandes cidades, nem sempre a exposição ao sol ou a alimentação são suficientes para manter o nível adequado de vitamina D no organismo e a suplementação é recomenda. "É importante consultar o médico para uma avaliação clínica, laboratorial, orientação e tratamento. E lembrar que cápsulas e comprimidos de até 2.000 UI de vitamina D para uso diário" afirma o especialista.



Referência consultada

Alberto Caballero-García, Alfredo Córdova-Martínez, Néstor Vicente-Salar, Enrique Roche, Daniel Pérez-Valdecantos; Vitamin D, Its Role in Recovery after Muscular Damage Following Exercise. Jul, 2021. Disponível: https://www.mdpi.com/2072-6643/13/7/2336/htm

Arantes HP et al. Correlation between 25-hidroxyvitamin D levels and latitude in Brazilian postmenopausal women: from the Arzoxifene Generations Trial Osteoporosis Int 2013 Oct;24(10):2707-12.

Tabagismo responde por até 70% dos casos de câncer de bexiga, afirma médico da Unifesp

Parar de fumar, beber água e ter alimentação saudável são algumas das recomendações do oncologista Ramon de Mello


Entre 50% a 70% dos registros de câncer de bexiga estão diretamente relacionados com o tabagismo. "Fumar aumenta consideravelmente os riscos para todos os tipos de tumores cancerígenos. Neste caso, as substâncias do cigarro agridem as paredes que revestem o interior da bexiga, ampliando a possibilidade da doença", explica o oncologista Ramon Andrade de Mello, professor da disciplina de oncologia clínica da Unifesp, da Uninove e da Escola de Medicina da Universidade do Algarve (Portugal).

O médico explica que, entre os sintomas, o paciente pode apresentar dor ao urinar ou vontade frequente, além de sentir vontade, mas não conseguir urinar. "Assim como outros tumores cancerígenos, o diagnóstico precoce é fundamental para alcançarmos resultados positivos no tratamento", ressalta Ramon de Mello.

A maioria dos casos de câncer da bexiga é diagnosticada em homens brancos, acima de 55 anos. "O especialista vai poder definir a melhor estratégia de tratamento, de acordo com o grau de evolução do tumor", explica o pesquisador da Unifesp.

Para evitar esse tumor, a melhor medida é parar de fumar. "Manter uma dieta saudável, rica em frutas e vegetais, e a ingestão frequente de água durante o dia também são recomendações para evitar a doença. Além disso, a prática regular de exercícios físicos", complementa o oncologista.



Ramon Andrade de Mello - Oncologista clínico e professor adjunto de Oncologia Clínica da Escola Paulista de Medicina, Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Ramon Andrade de Mello tem pós-doutorado em Pesquisa Clínica no Royal Marsden NHS Foundation Trust (Inglaterra) e doutorado (PhD) em Oncologia Molecular pela Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (Portugal). O médico tem título de especialista em Oncologia Clínica, Ministério da Saúde de Portugal e Sociedade Europeia de Oncologia Médica (ESMO). Além disso, Ramon tem título de Fellow of the American College of Physician (EUA) e é Coordenador Nacional de Oncologia Clínica da Sociedade Brasileira de Cancerologia, membro da Royal Society of Medicine, London, UK, do Comitê Educacional de Tumores Gastrointestinal (ESMO GI Faculty) da Sociedade Europeia de Oncologia Médica (European Society for Medical Oncology - ESMO), Membro do Conselho Consultivo (Advisory Board Member) da Escola Europeia de Oncologia (European School of Oncology - ESO) e ex-membro do Comitê Educacional de Tumores do Gastrointestinal Alto (mandato 2016-2019) da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (American Society of Clinical Oncology - ASCO). Dr. Ramon de Mello é oncologista do Hospital 9 de Julho e da High Clinic Brazil, em São Paulo, SP.
https://ramondemello.com.br/


Malária: estudo revela redução drástica de casos graves e de mortes entre crianças africanas

Combinação de vacina e remédio reduziu em 70% as mortes por malária em ensaio clínico

 

Um ensaio randomizado descobriu que a vacinação sazonal e a combinação de medicamentos preventivos reduzem as hospitalizações e as mortes de crianças por malária em aproximadamente 70%. Os resultados do ensaio clínico de fase 3 foram publicados no New England Journal of Medicine. Intitulado “Seasonal Malaria Vaccination with or without Seasonal Malaria Chemoprevention”, o estudo acompanhou quase 6 mil crianças entre 5 e 17 meses em Burkina Faso e Mali – dois países com carga muito alta da doença –, e onde a quimioprofilaxia sazonal é o esquema terapêutico vigente.

Coordenado por pesquisadores da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres (LSHTM) em parceria com Institut de Recherche en Sciences de la Santé (Burkina Faso); Malaria Research and Training Center (Mali) e Universidade de Ciência, Tecnologia e Técnicas de Bamako (Mali), o estudo que envolveu a primeira vacina (RTS,S/AS01) contra malária do mundo descobriu que a administração associada, em vez de isolada, da vacina e do medicamento antimalárico antes da estação das chuvas poderia reduzir substancialmente os casos com risco de vida no Sahel (grande faixa Subsaariana que cruza a África), região em que o aumento da transmissão da malária é sazonal. Após três anos, a combinação de administração sazonal de antimaláricos, conhecida como quimioprevenção sazonal da malária (SMC) e vacinação diminuiu os episódios clínicos, as internações hospitalares com malária grave definida pela Organização Mundial da Saúde (OMS), bem como as mortes provocadas pela doença. A SMC é a abordagem usada atualmente em Burkina Faso e Mali. “Esta é a primeira vez que uma combinação de quimioprevenção e vacinação demonstrou ser sinérgica na redução da incidência de malária não complicada e grave”, destaca o professor da LSHTM e membro da equipe de pesquisa e Dr. Daniel Chandramohan.

Para este estudo duplo-cego, randomizado e controlado, as crianças foram divididas em três grupos de intervenção, sendo que um deles recebeu a vacina RTS,S / AS01E sozinha; outro recebeu a quimioprevenção sazonal da malária sozinha, e o terceiro grupo recebeu uma combinação de vacina e SMC. Com isso, a equipe descobriu que uma combinação da vacina RTS,S / AS01E e SMC foi mais eficaz do que a vacina ou a SMC sozinha. A associação com a vacina reduziu a incidência de casos de infecção em 62%, de malária grave em 70% e de morte pela doença em 73%.

O Dr. Chandramohan explica que as crianças receberam três doses da vacina antes da estação de transmissão da malária no primeiro ano e, em seguida, uma dose de reforço antes da estação das chuvas nos anos subsequentes. Questionado se houve alguma evidência de que a eficácia da intervenção combinada contra a malária clínica foi maior nos poucos meses após a série primária de vacinações do que após as doses de reforço, o Dr. Chandramohan confirma e diz que o efeito após as doses primárias da vacina foi maior do que as doses de reforço no ano 2 e no ano 3. “No entanto, o efeito da combinação da vacina e quimioprevenção foi significativamente maior do que a SMC isolada. Estamos acompanhando as crianças do estudo para avaliar o efeito das doses de reforço 3 e 4. Os resultados estarão disponíveis em 2022”, acrescenta.

Para o pesquisador, esta combinação, com resultados surpreendentes, tem o potencial de prevenir a malária em grandes partes da África, onde os casos permanecem altos e onde a doença é transmitida sazonalmente. “a vacinação sazonal com quimioprevenção sazonal será uma nova abordagem para reduzir o fardo da malária nas áreas de transmissão sazonal”, ressalta. Ainda segundo o o Dr. Chandramohan, se a resistência aos medicamentos usados atualmente para SMC aumentar, a vacinação sazonal com RTS,S / AS01 pode ser uma solução potencial. “Se a resistência a Sulfadoxina-pirimetamina + amodiaquina (SP + AQ) se tornar alta e se não houver uma combinação alternativa de medicamentos, a vacinação sazonal por si só é uma opção”, aponta.

A quimioprevenção sazonal com a vacina tem um impacto positivo ao reduzir o efeito da doença nas crianças. Entretanto, as atividades de prevenção devem ser uma prioridade para o apoio internacional. “Esperançosamente, a reunião do Grupo Assessor Estratégico de Expertos (SAGE, na sigla em inglês) da OMS / Grupo Consultivo de Políticas de Malária (MPAG, na sigla em inglês) em outubro recomendará o aumento da vacinação contra a malária e possivelmente a combinação de quimioprevenção associada à vacinação sazonal”, comemora.

Por fim, o professor detalha que está sendo avaliada a possibilidade de malária “rebote ou retardada” em sua coorte de estudo. Também estão modelando e planejando realizar estudos para avaliar diferentes abordagens para fornecer a combinação de vacinação sazonal e quimioprevenção. Ambas as intervenções podem ser entregues no modo de Programa Expandido de Imunização (EPI) ou em campanhas ou uma combinação dessas duas abordagens. Além disso, um estudo de custo-benefício está em andamento para estimar quantos dólares foram gastos por criança/ ano. “Ainda não sabemos o preço exato da vacina por dose, mas teremos ideia em alguns meses”, enfatiza.

Uma solução econômica

De acordo com o estudo “Effectiveness of seasonal malaria chemoprevention at scale in west and central Africa: an observational study“, o tratamento com a SMC foi associado a uma eficácia protetora de 88,2%, com custo econômico médio de US $ 3.63 por criança/ano. O estudo intitulado “Cost-effectiveness of district-wide seasonal malaria chemoprevention when implemented through routine malaria control programme in Kita, Mali using fixed point distribution“ ratifica a informação.

Sobre a malária


Doença febril aguda, a malária é causada por protozoários do gênero Plasmodium e transmitida pela picada do mosquito Anopheles sp, popularmente conhecido como mosquito-prego. A doença, que provoca uma série de sintomas, incluindo dores de cabeça, mal-estar, problemas gastrointestinais, dores nas costas, tosse e problemas neurológicos, desde tonturas e convulsões e até coma, está presente em 87 países. Em 2019, foram 229 milhões de pessoas infectadas no mundo, e 409 mil mortes. Crianças com menos de 5 anos na África Subsaariana representam aproximadamente dois terços desses óbitos. Em 2000, foram reportados 238 milhões de infecções. Para saber mais, clique aqui. Há cinco espécies de parasitas que causam malária e duas dessas – P. falciparum e P. vivax – são as maiores ameaças.


Sobre a vacina

RTS,S / AS01 (nome comercial Mosquirix) é uma vacina recombinante à base de proteína. Aprovada para uso pelos reguladores europeus em julho de 2015, é a primeira vacina licenciada contra malária do mundo e também a primeira licenciada para uso contra qualquer doença parasitária humana de qualquer tipo. A RTS,S / AS01 foi concebida e criada no final dos anos 80 por cientistas que trabalhavam nos laboratórios SmithKline Beecham Biologicals (hoje GlaxoSmithKline Vaccines) na Bélgica. Ela foi desenvolvida através de uma colaboração entre a GSK e o Instituto de Pesquisa do Exército Walter Reed e foi financiada em parte pela Iniciativa de Vacinas contra a Malária PATH e pela Fundação Bill e Melinda Gates. Sua eficácia varia de 26 a 50% em bebês e crianças pequenas. Em 23 de outubro de 2015, o Grupo Consultivo Estratégico da OMS para a Imunização (SAGE) e o Comitê Consultivo para Políticas da Malária (MPAC) recomendaram em conjunto uma implementação piloto da vacina na África. Este projeto-piloto de vacinação foi lançado em 23 de abril de 2019 no Malawi, em 30 de abril de 2019 no Gana e em 13 de setembro de 2019 no Quênia.



Fonte: https://www.sbmt.org.br/portal/malaria-estudo-revela-reducao-drastica-de-casos-graves-e-de-mortes-entre-criancas-africanas/?locale=pt-BR&utm_source=Mailee&utm_medium=email&utm_campaign=Newsletter+123+-+Mal%C3%A1ria%3A+estudo+revela+redu%C3%A7%C3%A3o+dr%C3%A1stica+de+casos+graves+e+de+mortes+entre+crian%C3%A7as+africanas&utm_term=&utm_content=Newsletter+123+-+Mal%C3%A1ria%3A+estudo+revela+redu%C3%A7%C3%A3o+dr%C3%A1stica+de+casos+graves+e+de+mortes+entre+crian%C3%A7as+africanas


Efeito colateral da pandemia, as cirurgias eletivas adiadas causam sofrimento a pacientes ortopédicos

Estudo britânico avalia impacto na qualidade de vida dos pacientes que adiaram procedimentos nos quadris e joelhos 


Um efeito perverso da pandemia da Covid-19 e que poucos têm se dado conta é o grande número de procedimentos cirúrgicos que têm sido adiados ou retardados desde o início do confinamento até os últimos meses. Artigo publicado da revista The Lancet Regional Health – Americas em colaboração com o Programa de Cirurgia Global e Mudança Social da Harvard Medical School, diz que mais de 1 milhão de cirurgias eletivas e emergenciais foram acumuladas no Brasil apenas no ano passado.  

 

O estudo foi feito com base no DATASUS e abrangeu o período de março a dezembro de 2020. Segundo os autores do artigo, esse padrão é similar ao observado em outros países que contam com grandes volumes de intervenções cirúrgicas. 

 

“Dentre as muitas especialidades médicas, a ortopedia está naturalmente entre as que acabam sendo classificadas como as que têm os casos ‘menos urgentes’ na hora de se agendar um procedimento cirúrgico”, lembra o Dr. Marco Aurélio Silvério Neves, um dos mais renomados ortopedistas do país e especialista em técnicas minimamente invasivas, como a AMIS, nos quadris. “Isso acontece porque esse tipo de condição física normalmente não afeta diretamente a saúde global dos pacientes, mas a limitação e a dor são aspectos importantes e devem, sim, ser levados em conta”, lembra o ortopedista. 

 

Estudo feito pela publicação britânica “The Bone & Joint Journal” avaliou o impacto do adiamento de cirurgias na qualidade de vida dos pacientes precisando de próteses de quadril e joelhos. “Para se ter uma ideia do nível de sofrimento de que estamos falando, a revista trata os pacientes mais graves como se vivessem em um estado “worse than death”, ou seja, pior que a morte”, diz o dr. Marco Aurélio. 

 

Mais de um terço dos pacientes esperando por uma cirurgia de quadris e quase um quarto esperando por uma prótese de joelho estavam em um estado “pior que a morte”. Esse índice é quase o dobro do observado antes da pandemia. “Isso deixa bem claro o quanto o retardo dos procedimentos afeta a qualidade de vida dos pacientes”, afirma o ortopedista. 

 

“É compreensível que nos piores momentos da pandemia alguns procedimentos tenham sido adiados em nome da segurança sanitária, mas precisamos de políticas públicas eficientes para diminuir essa fila”, diz o médico. “O sofrimento desses pacientes é muito grande e precisa terminar.” 

 

Dr. Marco Aurélio

Instagran @drmarcoaurelio.ortopedia 

drmarcoaurelio.com.br


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