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quinta-feira, 1 de junho de 2017

Estresse, má alimentação e privação de sono podem desencadear crises epilépticas




·         Pesquisa mostra que fatores estressantes aumentam o risco de repetição de crises epilépticas de duas a três vezes 

·         Médica neurologista esclarece dúvidas e dá dicas sobre como prevenir esses e outros fatores que aumentam a ocorrência de crises em pessoas com epilepsia


A epilepsia é uma doença crônica caracterizada por crises epilépticas recorrentes. Essas crises, por sua vez, acontecem devido a descargas elétricas anormais e excessivas no cérebro e podem se manifestar de diversas formas, como convulsões, crises de ausência, entre outras. Entretanto, existem também alguns fatores externos capazes de as desencadear, influenciando diretamente em sua frequência. O problema é que muitas pessoas desconhecem esses fatores e, por isso, não são capazes de se prevenir.

Para que esse assunto se torne mais claro e conhecido, a Dra. Elza Márcia Yacubian, neurologista, professora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e secretária da Liga Brasileira de Epilepsia (LBE), dá dicas sobre o tema. Confira abaixo!


·         Quais são os fatores que favorecem a ocorrência de crises epilépticas? A idade, de alguma maneira, tem relação?

Os fatores desencadeantes de crises epilépticas são dependentes da idade. Por exemplo, em crianças de até 6 anos, destacam-se as crises febris, que ocorrem principalmente com a elevação súbita da temperatura. Já na adolescência, as crises generalizadas (como ausências, mioclonias e convulsões) começam a aparecer e tendem a se manifestar pela manhã, até duas horas após o despertar, ou no momento de cansaço excessivo, quando acontece o relaxamento do final do dia. 

Na vida adulta, as crises podem acontecer mais comumente durante o sono, principalmente as crises focais, que comprometem áreas mais restritas do cérebro. Além disso, privação de sono, ingestão alcoólica, estresse, hábitos de vida não saudáveis, como sedentarismo e consumo excessivo de alimentos ricos em gordura, processos infecciosos, menstruação, desidratação e uso de alguns medicamentos como antidepressivos em doses elevadas (ou a retirada deles) também podem aumentar a frequência de crises.


·         O que pode ser feito para evitá-los e/ou combatê-los?

Ao entender o que pode influenciar a ocorrência de crises, a pessoa com epilepsia deve se policiar para evitar maus hábitos e situações frequentes no dia a dia, como dormir poucas horas por noite, alimentar-se mal e passar por momentos de estresse.

Importante lembrar que, entre aquelas que fazem uso de medicamentos para a prevenção de crises, a perda de uma dose é um fator desencadeante muito comum. Então, nesses casos, é importante que haja um cuidado para não esquecer de tomar o remédio nos momentos certos. Familiares e pessoas próximas tem um papel importante no auxílio e apoio aos pacientes nessas situações.

A identificação de fatores desencadeantes e consciência sobre essas questões é parte integral do tratamento. Muitas vezes, apenas o uso adequado dos fármacos, responsáveis pelo controle das crises, é insuficiente. Paraquem tem epilepsia, evitar os fatores externos pode ser  igualmente importante para a estabilidade do quadro clínico.


·         Existe relação entre estresse,  ansiedade e as manifestações da epilepsia? Se sim, o que as pessoas com epilepsia podem fazer para evitá-los?

Há poucos dados na literatura sobre as relações entre as causas que envolvem o ambiente, em relação ao estresse, depressão e ansiedade, quando se fala em epilepsia. Porém, uma recente pesquisa, realizada no Norte de Manhattan e no Harlem, mostrou que fatores estressantes, como dificuldade de integração social, depressão e transtorno de ansiedade generalizada, aumentavam o risco de repetição de crises em duas a três vezes. Esses números corroboram a  importância do acompanhamento psicológico, representado, por exemplo, por meio da terapia de relaxamento, terapia cognitivo-comportamental (abordagem mais específica, breve e focada no problema atualda pessoa com epilepsia), biofeedback (técnica que ensina a prestar atenção no funcionamento do corpo) e educação sobre a doença.


·         Quais as dicas que você dá para os familiares e amigos próximosde pessoas com epilepsia, para que ajudem a evitar situações de desequilíbrio emocional?

É essencial que as pessoas que estão por perto, como os cuidadores, familiares e conhecidos, não excluam a pessoa com epilepsia e convivam com ela com naturalidade. A inclusão social é importante para que ela saiba lidar melhor com a própria doença e não se sinta sozinha em sua jornada.


CURIOSIDADE

É verdade que alguns tipos de imagens, encontradas em materiais físicos ou na internet, que tenham diferentes efeitos (como aquelas que causam tontura) podem ser indutores de crises?

Estímulos luminosos intermitentes, como as luzes de danceterias, padrões visuais como os presentes em jogos de videogame, formas geométricas, barulho, música e leitura podem provocar crises em casos de epilepsia reflexa que representa menos de 2% dos casos de epilepsia.
No Japão, já houve uma epidemia de convulsões na qual 700 crianças que assistiam ao desenho Pokemon convulsionaram no mesmo dia, devido a um acentuado contraste nas cores azul e vermelha em uma das cenas. Porém, somente as pessoas que têm o tipo de epilepsia mencionado apresentam risco com estas atividades. Deve ser lembrado que o cansaço excessivo e a privação de sono, condições comuns às pessoas que passam muitas horas nestas atividades, também podem estar por trás das crises que os pais, por exemplo, podem atribuir à exposição excessiva ao vídeo-game ou ao computador.





Fonte:  UCB Biopharma





Demência: o problema de saúde que afeta cada vez mais a população




Diversas doenças provocam o declínio progressivo da função cerebral e atrapalham a qualidade de vida de muitas pessoas


Perder a memória, a capacidade intelectual, o raciocínio, as competências sociais e as reações emocionais são alguns dos sintomas de uma pessoa que sofre de demência. Esse termo é utilizado para descrever diversas doenças que provocam o declínio progressivo da função cerebral. “Essa condição afeta diretamente a qualidade de vida da pessoa, podendo afetar a linguagem, o comportamento e alterando até a personalidade e o convívio social”, afirma Dr. Rafael Brandes Lourenço,  especialista em psicogeriatria pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP e Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP).

As demências costumam ser irreversíveis e  neurodegenerativas, ou seja, pioram com o passar do tempo, apesar do tratamento, quando ele existe. A mais conhecida delas é a doença de Alzheimer que causa danos ao cérebro que não podem ser interrompidos ou revertidos. Há outros tipos como a demência com corpos de Lewy, que possui sintomas similares aos do Alzheimer, a demência vascular, que ocorre devido a pequenas ou grandes lesões vasculares cerebrais (AVC) e a demência frontotemporal, cujo tipo mais comum é uma degeneração do lobo frontal do cérebro. 

Existem ainda outras causas da doença, como as priônicas causadas por agentes infecciosos (como a doença de Creutzfeldt-Jakob, conhecida como doença da vaca louca), demência associada a outras doenças neurodegenerativas como a doença de Parkinson, a atrofia de múltiplos sistemas, paralisia supranuclear progressiva,  degeneração corticobasal, doença de Huntington. Ainda existem causas potencialmente reversíveis de demência como as causadas por deficiência de vitamina B12, hipotireoidismo, sífilis ou HIV, que melhoram com o tratamento das doenças de base.

Estima-se que em 2050, os idosos alcancem 22% da população mundial. E com o envelhecimento da população, há um grande aumento das doenças degenerativas. “É importante destacar que muitos fatores podem levar à demência. A idade avançada é a principal delas, pois o risco aumenta consideravelmente especialmente a partir dos 60 anos, mas também pode ocorrer em pessoas mais novas. O histórico familiar também contribui para o surgimento da doença”, explica Dr. Rafael.

Os sintomas variam bastante. Além da perda de memória, há dificuldade para se comunicar e realizar atividades complexas, alteração nas funções de coordenação e motoras, além de problemas na organização, planejamento e na linguagem.  "A pessoa às vezes tem algumas alterações nas funções mentais, mas ainda realiza as suas atividades do cotidiano. A demência só é diagnosticada quando começa a existir um prejuízo na funcionalidade, ou seja, esta pessoa passa a precisar de ajuda em muitos aspectos da vida, e isto costuma  aumentar com o tempo", ressalta o psicogeriatra. Em alguns casos, a pessoa afetada pelademência pode ter alterações de comportamento, inadequação social, paranoia, alucinações, agitação.

Para diagnosticar a demência, o médico realiza uma consulta e diversas perguntas sobre o histórico clínico, sintomas e realiza o exame físico e neurológico. Com a avaliação neurológica, avalia-se o movimento, os sentidos, equilíbrio e reflexos. Com exames cognitivos e neuropsicológicos, é possível identificar as habilidades de linguagem, memória e orientação, e com a ajuda de exames de imagem do cérebro, é possível saber quais partes do órgão foram afetadas. Também podem ser solicitados exames de sangue para descartar causas reversíveis de demência.

O diagnóstico precoce é a melhor forma de lidar com a demência, pois ajuda a pessoa e a família a lidarem com esse problema. Ainda não existe cura, mas no caso do Alzheimer, por exemplo, o tratamento pode retardar a evolução do processo. “Um especialista deve ser procurado logo após os primeiros sintomas para ser avaliado e acompanhado. Existem casos que ficam bastante estáveis com o tempo, e outros evoluem para a demência. Além disso, o papel dos familiares é fundamental, pois são eles que acompanham o uso da medicação, além de lidarem com as dificuldades do dia a dia garantindo o bem-estar do paciente”, afirma Dr. Rafael.






Dr. Rafael Brandes Lourenço - psiquiatra do Hospital Estadual Mário Covas e especialista em medicina do sono e psicogeriatria pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP).




As mudanças na Educação de 20 anos para cá!



Nos últimos dias ao conversar com um amigo sobre a Educação de anos atrás e suas disciplinas como Educação Moral e Cívica, dentre outras, ficou uma pergunta: Será que estas disciplinas não podem retornar as escolas com outra perspectiva, contemplando os direitos e deveres do cidadão, a coletividade e outros fatores? Ou temos esta abordagem com um contexto diferenciado?

Na trajetória deste amigo e na minha também, algumas disciplinas eram norteadoras de uma formação de respeito, valores, limites e de cidadania. Não sei, mas me parece que antigamente a escola tinha um amparo, um conhecimento ou um interesse mais enfático nestas perspectivas, talvez de sujeitos esclarecidos, com opinião própria.

Nossa reflexão estava centrada nesta preocupação diária em abordarmos conteúdos e mais conteúdos com as crianças do Ensino Fundamental e principalmente do Ensino Médio, por vezes, deixando-as com uma lacuna nas relações interpessoais. Desta forma, continuamos o questionamento: Será que já sabemos quem são estas crianças? A que vieram e como podemos direcioná-las enquanto educadores, pais/responsáveis?

A criança está no processo para se tornar adulto, é um ser em potencial. Logo, o processo na jornada de realizações é justamente indicado pela aquisição de habilidades e o cumprimento de tal estágio. A criança, tempos atrás era vista como uma tábula rasa, mas hoje elas chegam à sociedade com um grande número de informações e conhecimento, além de sempre abertas as coisas novas que lhe serão apresentadas. Nós como educadores precisamos motivar seu crescimento intelectual de maneira eficaz, com princípios e valores que transformem um pouco o mundo atual com suas ações.

Na Educação Infantil, as atividades precisam ter um peso avaliativo, de produção, ou seja, que mostre aos pais o conteúdo contemplado. No Ensino Fundamental, as matérias se multiplicam e a criança já sente esta responsabilidade, em dar conta dos conteúdos, caso contrário os pais ou responsáveis não consideram seu desenvolvimento. No Ensino Médio a “enxurrada” de conteúdo é sem limites. A criança, muitas vezes assimila, armazena tudo isto para os primeiros minutos do vestibular ou para a realização de uma prova.

Bingo! Agora este aluno é um universitário e eu fico pensando: Esta criança não sai da escola como um depósito de informações, conteúdos automatizados que nesta nova fase não saberão mais como utilizá-las?  E se ao invés de traçarmos toda esta luta diária com os conteúdos, também abrirmos um espaço para trabalharmos com os alunos as questões de cidadania, civilização, respeito ao próximo, o estilo, tempo e momento de aprender de cada um?

A competitividade existe no meio acadêmico e no mercado de trabalho, mas precisamos ter consciência e controle de nossas aprendizagens, sem passar na frente dos outros desrespeitando os valores dos demais, o espaço do outro, sua formação, seus pensamentos, suas propostas.

Acredito que resgatando estas disciplinas podemos evitar a propagação de tantas atitudes indevidas, ligadas diretamente a escola como acompanhamos na mídia e nos nossos espaços de trabalho. Assim, pode ser possível amenizar os rótulos e diagnósticos precoces de crianças e demais sujeitos, nos consultórios psicológicos ou psicopedagógicos.

“Ontem um menino que brincava me falou que hoje é semente do amanhã. Para não ter medo que este tempo vai passar, não se desespere não, nem pare de sonhar. Nunca se entregue, nasça sempre com as manhãs. Deixe a luz do sol brilhar no céu do seu olhar! Fé na vida Fé no homem, fé no que virá! Nós podemos tudo, nós podemos mais. Vamos lá fazer o que será".





Ana Regina Caminha Braga (anaregina_braga@hotmail.com) - escritora, psicopedagoga e especialista em educação especial e em gestão escolar.




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