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segunda-feira, 7 de março de 2016

Dia das Mulheres: Pesquisa mostra perfil das empreendedoras na internet





A maioria é da Classe C ou D, tem entre 20 e 29 anos, é casada e trabalha sozinha ou com o marido

Para elas, liberdade é o principal ganho com o e-commerce, seguido de tempo e autoestima

Grande parte das mulheres que investe no e-commerce no Brasil é casada, não tem filhos, trabalha sozinha, é da Classe C e D e possui Superior Completo ou Incompleto, segundo levantamento realizado entre fevereiro e março pela plataforma Loja Integrada (www.lojaintegrada.com.br), maior empresa de criação de loja virtual do país, com 260 mil lojas.

A pesquisa faz parte do Censo do Micro e Pequeno Empreendedor Virtual realizado pela plataforma e entrevistou 303 donas de comércio eletrônico. O levantamento mostrou que o investimento inicial é baixo, cerca de R$ 1 mil para começar o seu negócio online e, a maioria se prepara para empreender estudando pela internet (46%), mas uma em cada cinco faz algum curso na área.

"A pesquisa apontou que as mulheres empreendedoras são determinadas, buscam profissionalização e correm atrás de seus sonhos. Cerca de 46% ainda concilia a loja com outro emprego, mas já deram o passo inicial", explica Adriano Caetano - Diretor da Loja Integrada.

Para as entrevistadas, o facebook é o recurso que mais dá retorno em vendas, seguido de e-mail Marketing e AdWords. "Utilizar redes sociais são recursos com custo benefício bastante atraente, que trazem novos clientes para loja virtual e ajudam o pequeno a criar o boca a boca", explica Adriano.

Entre os segmentos preferidos delas, estão: Vestuário (25%) seguido por Cosmético e Perfumaria (14%) e Acessórios de Moda. As mulheres dedicam em média de 1 a 3 horas diárias para cuidar da loja e a maioria escolhe o segmento porque é uma área que sempre sonhou em trabalhar.

Sobre as perspectivas para o futuro, as empreendedoras virtuais estão otimistas para 2016 e afirmam que investir no e-commerce possibilitou maior liberdade, tempo e melhor autoestima.

Qual o perfil da mulher empreendedora digital no Brasil
303 lojistas virtuais de todo o Brasil/março de 2016 - Pesquisa Loja Integrada
Meio: Questionário Internet

• 43% têm entre 20 e 29 anos e 38% de 30 a 39 anos

• 51% das mulheres são casadas e 44% são solteiras

• 55% não possui filhos, 45% sim

• 53% das entrevistadas têm superior completo (22% com pós-graduação) e 23% têm superior incompleto

• 52% trabalham com e-commerce há menos de 1 ano

• 46% concilia a loja com outro emprego, 36% trabalha exclusivamente na loja virtual e 18% tem loja física

• 46% trabalha sozinha, 19% com o marido e 13% com alguém da família

• Renda: A maioria é da Classe C (28%), seguida da Classe D (27%) e Classe E (18%)

• 30% dedica de 1 a 3 horas na loja virtual, 22% de 3 a 5 horas e 20% de 5 a 8 horas

• A maioria escolhe o tema da loja porque é um segmento que sempre quis trabalhar, seguida da oportunidade de negócio

• 56% investiram inicialmente R$ 1 mil

• Estratégia com mais retorno em vendas: Facebook, E-mail Marketing e Adwords

• Motivações para empreender: 1) sonhava em ser empreendedora 2) precisava ganhar mais dinheiro 3) identificou um nicho de mercado

• 71% está mais feliz com a vida após dedicar-se ao e-commerce

• Para elas, liberdade é o principal ganho com o e-commerce, seguido de tempo e autoestima


Mariah Freitas
Agência NoAr

O 6º SENTIDO dA LIDERANÇA (FEMININA) ESTÁ EM ALTA







Mês da mulher, março é a ocasião perfeita para falarmos sobre uma característica muito presente, especialmente, em líderes do sexo feminino: a intuição. Apesar de estudos nunca terem provado detalhes, é consenso que mulheres têm intuição emotiva mais forte que os homens, tanto que isso foi apelidado popularmente de “o 6º sentido”. E o fato é que esse atributo se torna, cada vez mais, um diferencial entre os grandes gestores empresariais, mesmo porque os próprios homens passaram a se espelhar nas líderes mulheres para se desenvolver.

Talvez pelo fato de a mulher ter sua fisiologia destinada a ser mãe os hormônios que produz mexam mais com o seu humor e com emoções como a de se sentir feliz pela outra pessoa e de se preocupar com o próximo. Qual mãe que nunca adivinhou que o filho iria se machucar, previu um resfriado ao indicar uma blusa na saída de casa ou mesmo que se emocionou mais do que os próprios filhos por uma comemoração ou conquista deles?

Pense: quem não admira um líder ou chefe que tem essas mesmas emoções por sua equipe, capaz de apoiar, ensinar, evitar erros, estar ao lado e comemorar junto as vitórias? Pesquisas recentes têm mostrado que os líderes mais admirados possuem características como a capacidade de controlar as próprias emoções e também as emoções de sua equipe, tanto para evitar estresse em momentos negativos quanto para vibrar muito com as conquistas de cada membro do time.

Agora mais uma pergunta: você já pensou em como a intuição pode complementar os cinco sentidos do corpo humano durante a tomada de decisão? A visão, a audição, o olfato, o paladar e o tato têm capacidade física de levar informações externas ao nosso corpo, direto para o nosso cérebro interpretá-las e transformá-las em emoção. E, apesar de estar relacionado à percepção – e não ao físico -, o sexto sentido também tem como finalidade identificar emoções ao cérebro, gerando sensações positivas ou negativas (confiança ou desconfiança) para que então possamos tomar decisões mesmo sem ter uma percepção racional.

Alguns anos atrás, muitas organizações, por estarem focadas apenas em resultados, preferiam ter CEOs homens e, em boa parte, engenheiros. Porém, de uns tempos para cá, passaram a almejar executivos com o perfil de prezar pelo relacionamento estável entre equipes. Essa mudança abriu portas para que jovens líderes mulheres decolassem, entre outros fatores, graças ao fato de fazerem bom uso da intuição para gerirem os seus times.

É comum encontrarmos em grandes mulheres líderes e empreendedoras a forte característica da intuição, presente tanto em momentos de decidir algo quanto nas ações baseadas em como as outras pessoas estão se sentindo ou vão se sentir. Essa característica emotiva hoje é muito credibilizada em gestores e coaches por ser fundamental para estabelecer o controle em momentos complicados, quando o lado emocional está mais aguçado do que o racional.

Com a globalização e a valorização dessas características mais fortes em mulheres, o mercado de trabalho tem diminuído a diferença entre os gêneros nas posições de liderança e aberto novas portas para gestoras e empreendedoras. Isso tem ocorrido porque as organizações perceberam que as emoções - em forma de inteligência emocional ou cultura emocional - precisam estar em equilíbrio com a razão e passaram a buscar mesclar o perfil de seus líderes entre os mais cartesianos e os mais emotivos, para tornar o ambiente profissional um melhor lugar para se conviver. Por isso, mulheres, apostem em seus diferenciais para se tornarem grandes líderes, afinal toda empresa precisa de um sexto sentido apurado.


 Renato Fontana - sócio e diretor de Marketing da Enora Leaders, empresa de educação corporativa, especializada em aceleração de resultados - www.enora.com.br

O perdão da pena para as mulheres esquecidas






Em 2014, pela primeira vez, o Departamento Penitenciário Nacional (Depen) divulgou dados acerca da situação prisional brasileira com recorte de gênero, o que significa que, pela primeira vez, o Brasil pode conhecer a realidade – ao menos, a estatística - das cerca de 37.000 mulheres encarceradas. O relatório oficial aponta o crescimento assombroso do aprisionamento feminino: em 15 anos, a população penitenciária feminina cresceu 567%, enquanto a taxa de crescimento da masculina ficou em 220%, menos da metade. As mulheres representam 8% das mais de 600.000 pessoas em situação de privação de liberdade em nosso país. Parece pouco, mas esse índice é superior à média mundial e coloca o Brasil em 5º lugar dentre os países com maiores taxas de encarceramento feminino, portanto, são muitas mulheres e é grande o silêncio cúmplice sobre elas.

Ainda com aporte nos dados do Depen, é possível traçar um perfil dessas mulheres esquecidas: 58% das mulheres estão presas por tráfico de drogas, um crime sem violência direta (diferentemente do ocorre com alguns crimes patrimoniais, por exemplo), tendo sido condenadas a penas relativamente baixas - até 4 anos (19%) e entre 4 e 8 anos (35%). Entretanto, a despeito do que dispõe o art. 33, §2º do CP, a regra é seu cumprimento em regime fechado (45%). 68% dessas mulheres são negras e 80% são mães. Ademais, dados da América Latina apontam que as mulheres presas, em geral, eram trabalhadoras da economia informal (sem carteira assinada), em postos de trabalho precarizados (sem garantia de direitos trabalhistas e previdenciários). A despeito dessa condição de absoluta insegurança econômico-financeira, essas mulheres são, em sua maioria, chefes de família e responsáveis pelo sustento dos filhos, por isso, quando encarceradas, além de serem abandonas por seus companheiros, são forçosamente afastadas deles, que passam a ser criados pelos avós, quando não encaminhados para adoção.

Nesse sentido, vislumbra-se que o massivo encarceramento feminino, além de violar os direitos humanos dessas mulheres, ao submetê-las a um sistema prisional superlotado, insalubre, que não respeita suas necessidades biológicas de mulher, e marcado por uma realidade de torturas e maus-tratos, já tantas vezes reconhecidas por Organismos Internacionais – inclusive, no recente parecer do Relator Especial contra a tortura da ONU – viola também os direitos humanos das crianças e adolescentes filhos e filhas dessas mulheres, privando-os do vínculo materno e rompendo laços de afetividade que podem trazer consequências irreparáveis, dentre as quais, a perpetuação de ciclos de pobreza e exclusão em que eles, normalmente, já se encontram inseridos.

Diante desse quadro, torna-se imperioso refletir acerca das políticas criminais adotadas pelo Brasil em relação à população prisional feminina. Um dos caminhos para se repensar essa realidade passa pela discussão acerca da concessão do indulto, um instituto jurídico-penal que assegura o perdão da pena, com sua consequente extinção, tendo em vista o cumprimento de alguns requisitos, com base no art. 84, XII, d da CF. Outra possibilidade seria a aplicação do regime domiciliar, autorizado pela própria Lei de Execuções Penais (Lei 7210/84), em seu artigo 117, III, para mulheres que têm filhos menores. O impedimento concreto para sua aplicação, porém, é a dificuldade de progressão de regime prisional das encarceradas por tráfico de drogas, considerado um crime equiparado aos hediondos. Nesse sentido, o crescimento vertiginoso do encarceramento feminino no Brasil também pode ser explicado pela baixíssima taxa de beneficiamento das apenadas: como o tráfico também não foi alcançado pelos mais recentes indultos natalinos, é irrisório o número de mulheres por ele beneficiadas. Apenas para se ter uma ideia, em São Paulo, em 2014, apenas 65 mulheres foram contempladas com o indulto, número irrisório quando comparado com os 2.335 homens beneficiados, e esse número é ainda menor nos anos anteriores.

Atento a essa problemática, o Grupo de Estudos e Trabalho “Mulheres Encarceradas”, que atua desde 2001, conjuntamente com mais de 100 entidades que subscrevem a nota técnica enviada a Plataforma Brasileira de Política de Drogas e a Presidenta, propõe o Indulto do Dia da Mulher, pleiteando que a elaboração do decreto proceda a extensão do indulto às mulheres encarceradas, levando em conta 2 pontos principais: (1) Que se contemple, dentre as hipóteses, as mulheres condenadas por tráfico de entorpecentes que tenham pena de até 05 anos; (2) Que, no caso de mulheres com filhos menores de 18 anos, leve-se em conta um período menor de pena cumprida para sua concessão, priorizando-se a relação dos filhos com as mães e poupando crianças e adolescentes o máximo possível das consequências nefastas da prisionalização de suas mães, notadamente os danos emocionais decorrentes do afastamento.

A proposta se alinha à postura de outros países que têm reconhecido a falência da política de “guerra às drogas”, passando a adotar medidas alternativas, objetivando reduzir as alarmantes taxas de encarceramento dela resultantes. O Presidente dos EUA, Barack Obama, colocou em liberdade cerca de 6.000 pessoas que respondiam por tráfico entre outubro e novembro de 2015.  O Equador adotou, em 2008, indulto que incluía pessoas presas pela primeira vez por transporte de drogas, com até 2 kg de substância e que já tivessem cumprido 10% de sua sentença. A Costa Rica, por sua vez, incluiu em lei o critério de gênero na análise de proporcionalidade das penas e de atenuantes causados pela vulnerabilidade das mulheres, passando a aplicar redutores de penas em função da extrema pobreza, chefia de lar, responsabilidade sobre crianças e adolescentes, idosos ou pessoas com deficiência – uma iniciativa reconhecida pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC) como boa prática a ser implementada por outros países.

No Dia 8 de março de 1857, operárias de uma fábrica de tecidos, situada na cidade norte americana de Nova Iorque, fizeram uma grande greve. Ocuparam a fábrica e começaram a reivindicar melhores condições de trabalho, tais como, redução na carga diária de trabalho para dez horas, equiparação de salários com os homens, e tratamento digno dentro do ambiente de trabalho. Por conta da manifestação, as mulheres foram trancadas dentro da fábrica, que foi incendiada. Aproximadamente 130 tecelãs morreram carbonizadas. Esse episódio que sustenta, hoje, a existência do “Dia Internacional da Mulher” exemplifica magistralmente que as conquistas de direitos pelas mulheres são produtos de intensas lutas sociais, e não meros desdobramentos de um processo civilizatório modernizante.

Agora, neste 8 de março de 2016, o que as mais de 37.000 mulheres aprisionadas e esquecidas nos presídios brasileiros esperam e tem direito é que superemos o ranço punitivista de uma sociedade alimentada diariamente com medo e ousemos apoiar o perdão suas penas, reconhecendo a falência da política de “guerra às drogas”, que apenas tem produzido a sistemática violação dos direitos humanos das pessoas em maior situação de vulnerabilidade social. Por elas, por seus filhos e por nós, para que seja possível acreditar em nossa humanidade e em sua capacidade de (re)inventar mundos de vida.   

 
Júlia Lenzi Silva - mestra em direito pela UNESP e professora de direitos humanos na FESL-SP

Taylisi de Souza Corrêa Leite - doutoranda em direito pelo Mackenzie e professora de direito penal na FESL-SP

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