A
Estimulação Magnética Transcraniana é uma terapia com base na medição
das áreas do cérebro diretamente ligadas aos distúrbios que serão
tratados e nas emissões de correntes eletromagnéticas no local, sem uso
de anestesia ou sedação. O Conselho Federal de Medicina aprovou seu uso para tratamentos
contra depressão e alucinações auditivas residuais porém existem
pesquisas em andamento, com excelentes resultados, em
patologias como Mal de Parkinson, dor crônica, transtorno obsessivo
compulsivo, tinidos, transtorno bipolar, discinesias, compulsões (jogo,
sexo, drogas, compras, autoflagelo), reabilitação após lesões do sistema
nervoso central e Síndrome de Tourette.
O
sucesso do tratamento está na qualificação do profissional que vai
determinar o número de sessões e a carga de estímulos. É ele quem define
as áreas do cérebro que vão receber os estímulos eletromagnéticos e em
que grau.
De
forma rápida, o paciente (sem sedação ou outro tipo de anestesia) tem o
cérebro medido e determina-se, nesta medição, os lugares onde ele vai
receber os pulsos magnéticos. Uma bobina (um aparelho
em forma de borboleta) é posicionada nesta região e ele recebe os
pulsos. É como se estivessem tocando a sua cabeça de forma firme. Não
tem dor, desconforto ou efeito colateral. O protocolo para depressão
(tratamento aprovado no Brasil pelo CFM) é de 4 a 6 semanas com cinco
sessões por semana, com duração de até 35 minutos. Os pacientes
permanecem acordados, reclinados numa cadeira relaxante e podem
interagir com o médico, caso necessário. Logo após a sessão não existe
nenhum tipo de alteração do estado de consciência e o paciente retorna
às suas atividades normalmente.
Mas
o interessante são os resultados: pacientes que são refratários ao uso
de anti-depressivos (não toleram os efeitos colaterais) já começam a
sentir resultados leves nas primeiras cinco sessões. Ou seja, diminui o
cansaço, a sensação de desânimo etc. Este tratamento é altamente
indicado para mulheres
grávidas, idosos e pessoas que não respondem ao tratamento convencional
com drogas. E, dentre os que usam o medicamento, existe a
potencialização dos resultados. Além da máquina, a terapia exige um profissional altamente qualificado para organizar o programa e saber exatamente em quais áreas do cérebro deve trabalhar
No Rio de Janeiro, o Neurohealth é o único Centro de Métodos Biológicos em Psiquiatria a ter esta máquina. Com direção dos psiquiatras Julieta Guevara e Jiosef Fainberg, o Centro é pioneiro no uso do tratamento contra depressão e referência na técnica de EMT. Em São Paulo, desde de 2001 o Hospital das Clínicas já faz uso do aparelho para fins de estudos.
A
população feminina é mais suscetível à doença e a idade em que esta se
manifesta é acima dos 30 anos (média). Já idosos com mais de 65 anos,
quando deprimidos, estão mais sujeitos ao suicídio. Outro fato curioso é
que dependentes químicos, de álcool ou fumantes são potenciais pessoas
com depressão que usam o vício para mascarar
a doença (alguns estudos comprovam que estes vícios foram adquiridos
depois da manifestação da doença). Num estudo realizado na última
década, na Europa e Estados Unidos, mostrou que 50% dos pacientes
viciados em cocaína adquiriram o hábito para diminuir
as dores da depressão ao passo que 20% dos viciados em álcool tiveram a
mesma resposta. A depressão significa a ausência de algumas substâncias
químicas no cérebro e, em alguns casos, a droga é o gatilho que ativa a
liberação desta/destas substâncias.. Outros estudos de cunho social
mostram que mulheres em áreas de vulnerabilidade social ou familiar
estão mais propensas a desenvolver depressão como em casos de maridos
viciados etc. (casos de países como o Brasil onde até a instabilidade
social pode afetar a saúde mental das pessoas).
Outro
dado importante é que, em países como o nosso, a depressão é mal
diagnosticada, o acesso aos tratamentos de saúde mental é difícil,
muitas vezes o paciente tem depressão crônica e passa uma vida achando
que é normal sentir-se assim. A OMS estima que cerca de mais de 120
milhões de pessoas tenham depressão ou vão ter em algum momento da vida.
E enquanto outras áreas da medicina caminham para a cura das mais diversas doenças, a saúde mental ainda sofre estigma e é um assunto tabu.
O
assunto é extremamente interessante se considerarmos os resultados
clínicos obtidos em pacientes com depressão e os números da doença no
Brasil e no mundo. Estima-se que, em 2030, a depressão será a principal
causa de invalidez.
Esse tratamento também é recomendável para pacientes que são dependentes de drogas pois ajuda o usuário a conter a fissura e reorganiza o funcionamento cerebral.
A
Estimulação Magnética Transcraniana é uma nova abordagem que busca
alcançar a remissão da doença sem os efeitos dos tratamentos
convencionais.