Tratamento
adequado garante qualidade de vida, mas o longo caminho até ele é um dos
desafios do paciente de doença crônica
Outubro é o mês de
Conscientização da Artrite Reumatoide (AR), doença autoimune inflamatória e
crônica que afeta as articulações gerando dores intensas e que pode provocar
desgaste ósseo, limitações físicas e até
comprometimento psíquico como transtornos de ansiedade e depressão, ocasionados
principalmente pelo fator incapacitante da doença.
É importante estar atento aos principais sintomas para não demorar a procurar o
médico. Entre eles destacam-se: dores intensas, inchaço e vermelhidão nas
articulações, especialmente nas mãos, e dificuldade em se mexer ao acordar,
durando pelo menos uma hora. Os sintomas também podem aparecer separadamente.
“Conhecer melhor a jornada
do paciente de AR é importante para compreender os principais obstáculos
enfrentados durante esse percurso desafiador e marcado pela dor. A demora no
diagnóstico e sua luta até chegar ao tratamento adequado, em alguns casos pode
levar anos, e isso acaba impactando fortemente a qualidade de vida de quem tem
AR”, afirma a Dra. Ana Cristina Medeiros, reumatologista Ana Cristina de
Medeiros Ribeiro, pós-doutora e coordenadora do ambulatório de artrite
reumatoide do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP.
O especialista responsável
pelo tratamento da AR é o reumatologista, peça fundamental na jornada do
paciente, o que já derruba um dos mitos que rondam a doença, como o de que
reumatologista cuida apenas de idosos. A
percepção de que a AR afetaria exclusivamente idosos é um dos mitos frequentes
sobre a doença contribuindo para o atraso no diagnóstico.
Os primeiros sintomas costumam se manifestar em plena idade produtiva,
ameaçando a realização das atividades diárias. “A doença pode começar
a se manifestar ainda antes 40 anos, por volta de 35 a 55 anos em mulheres, e
um pouco mais tarde em homens, mas pode atingir qualquer faixa etária. Quanto
mais demorar para fazer o diagnóstico e o tratamento, maior é a perda da qualidade
de vida”, declara a especialista.
Dores
nas juntas, sobretudo das mãos, também é sinal de alerta. “Os médicos precisam reconhecer a necessidade de
encaminhar o paciente para o reumatologista quando a queixa for dores nas mãos.
O especialista precisa saber fazer o diagnóstico precoce e conhecer
todas as opções de tratamento para a
doença”, afirma a reumatologista.
A AR não tem cura, mas tem
tratamento
O
tratamento da AR pode variar de acordo com o estágio da doença, sua atividade e
gravidade. Além das medidas não-farmacológicas, o tratamento inclui os fármacos
antirreumáticos modificadores da doença (Disease Modifying Anti-rheumatoid
Drugs - DMARD) e terapia alvo com agentes biológicos
De
acordo com especialistas, o tratamento com imunobiológicos é um dos
últimos avanços no campo da saúde para tratar as doenças autoimunes trazendo
mais qualidade de vida ao paciente. Fisioterapia e terapia ocupacional também
contribuem para que o paciente possa continuar a exercer as atividades do dia a
dia.
“Identificar os sintomas,
buscar o especialista correto para ter o diagnóstico precoce e ter
acompanhamento médico que indique o tratamento adequado é a jornada que esse
paciente deveria percorrer para ter mais qualidade de vida e conseguir realizar
atividades básicas como se alimentar, se higienizar, trabalhar, entre outras”,
afirma a reumatologista.
Artrite Reumatoide além das
dores
Aderir ao tratamento
adequado o quanto antes possibilita evitar também o desenvolvimento de outras
doenças. A AR é sistêmica, ou seja, ela afeta todo o corpo humano, ao invés de
apenas um órgão ou região, e causa efeitos variados. Ela também é autoimune e outras doenças
desencadeadas pelo mesmo mecanismo são mais frequentes nestes pacientes quando
comparados com quem não tem a doença. Por isso, elas também são associadas a
comorbidades.
Complicações
comuns em pacientes com artrite reumatoide são doenças que estão relacionadas a
deposição de placas de gordura (colesterol) nos vasos sanguíneos. Assim, doença
coronariana, aterosclerose nas artérias carótidas, doença vascular periférica e
acidente vascular cerebral (AVC), em especial o tipo isquêmico, podem ocorrer. “Outras condições frequentemente
associadas são insuficiência cardíaca congestiva, diabetes mellitus tipo 2,
osteoporose com fraturas, distúrbio dos lipídios (colesterol e triglicerídeos)
e doenças respiratórias associadas ao tabagismo. É importante que essas doenças
sejam reconhecidas e tratadas de forma adequada. Por isso, a abordagem
multidisciplinar é fundamental”, complementa a reumatologista.
Artrite
reumatoide e saúde mental
O
afastamento das atividades sociais, a interrupção das práticas esportivas e o
abalo na vida profissional, podem impactar também a saúde mental dessas pessoas. Achados científicos reforçam a
ligação entre a enfermidade e quadros depressivos, por exemplo. Estudos revelam
que a prevalência de transtornos depressivos em portadores da doença varia
entre 13% e 47%.
Alguns
trabalhos apontam que a depressão teria um efeito direto sobre as citocinas,
substâncias que estimulam o processo inflamatório relacionado à artrite
reumatoide. Um artigo recente, publicado no Arthritis Care & Research
diz que 1/3 dos adultos norte-americanos com artrite, com mais de 45 anos de
idade, relatam ter ansiedade ou depressão. Também há grande impacto no
trabalho: um terço das pessoas com AR tem afastamento do
emprego nos primeiros 5 anos. “A dor crônica e o prejuízo da capacidade funcional
facilitam o aparecimento de depressão e ansiedade, que também podem interferir
na adesão ao tratamento, agravando o quadro. A AR também pode ser um
perpetuador de síndromes de amplificação de dor, como a fibromialgia. Por isso
é tão importante o olhar integral para o paciente”, finaliza a especialista.
Para mais informações sobre a Artrite Reumatoide: https://www.janssen.com/brasil/blog/viveremovimentar
Janssen
https://www.janssen.com/brasil/.
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Referências
https://www.reumatologia.org.br/noticias/sociedade-brasileira-de-reumatologia-promove-campanha-nacional-de-conscientizacao-sobre-as-doencas-reumaticas-com-medicos-e-pacientes-nas-ruas-no-dia-16-de-outubro/
https://www.reumatologia.org.br/orientacoes-ao-paciente/depressao-e-ansiedade-podem-atingir-quem-tem-artrite-reumatoide-2/
Sociedade Brasileira de Reumatologia. Disponível em: https://www.reumatologia.org.br/doencas-reumaticas/artrite-reumatoide/
https://docs.bvsalud.org/biblioref/2018/06/905463/medicamentos-biologicos-para-el-tratamiento-de-artritis-reumatoide.pdf
https://www.reumatologia.org.br/doencas-reumaticas/artrite-reumatoide/https://www.reumatologia.org.br/download/artrite-reumatoide/?tmstv=1695299462
https://www.reumatologia.org.br/orientacoes-ao-paciente/comorbidades-doencas-associadas-em-pacientes-com-artrite-reumatoide/
Fonte: Ipsos, Patient Journey Imunobiológicos. 2021
Dickens C, Creed F: The burden of depression in patients
withrheumatoid arthritis. Rheumatology 40: 1327-30, 2001. / Velasquez X,
Pizarro C, Pizarro P, Massardo L: La depresion em artritis reumatoidea. Reumatologia
18(2): 49-52, 2002
Fonte: Ipsos, Patient Journey Imunobiológicos. 2021
Fonte: Ipsos, Patient
Journey Imunobiológicos. 2021