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quinta-feira, 13 de julho de 2023

Novo sistema é capaz de prever incêndios no Cerrado em tempo praticamente real

Disponível gratuitamente na internet, a plataforma simula
três vezes ao dia a propagação do fogo em todo o bioma.
E já está sendo utilizada em nove Unidades de Conservação
(
foto: Valter Campanato/Agência Brasil)

O Cerrado é a savana mais biodiversa do mundo e abriga 33% de toda a biodiversidade brasileira. Mas, impactado pela expansão da agropecuária, encontra-se hoje fortemente ameaçado. Ao lado de uma política efetiva de preservação, uma questão crucial a ser resolvida é o manejo do fogo. O Cerrado brasileiro é o bioma mais afetado por incêndios florestais em toda a América do Sul. E esses eventos estão se agravando globalmente devido às mudanças climáticas, como ficou evidenciado no desastre ocorrido em junho no Canadá.

Um sistema on-line capaz de prever a propagação de incêndios foi desenvolvido na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em parceria com pesquisadores da Universidade de Brasília (UnB), do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Artigo a respeito foi publicado na revista Scientific Reports.

“O sistema é o único do mundo capaz de prever a propagação de incêndios em tempo quase real. Utiliza imagens de sensoriamento remoto juntamente com dados de clima e relevo para simular a propagação do fogo em todo o bioma e apresenta uma taxa de acerto que chega a 89%. A resolução espacial é de 25 hectares para a maior parte do bioma e de 0,04 hectare, bem mais refinada, para nove Unidades de Conservação [UCs]”, diz o primeiro autor do artigo, Ubirajara Oliveira, professor na pós-graduação em Análise e Modelagem de Sistemas Ambientais da UFMG, onde também atua como pesquisador no Centro de Sensoriamento Remoto.

Oliveira informa que, com esse novo recurso, a propagação do fogo é simulada três vezes ao dia em todo o Cerrado. “Para isso, o sistema carrega automaticamente dados que possibilitam conhecer as fontes de ignição, a abundância de material combustível, a umidade da vegetação e a probabilidade de queima. Até agora, nenhuma iniciativa global ou regional oferecia um conjunto de soluções semelhantes, principalmente no que diz respeito à previsão totalmente automatizada de propagação em tempo praticamente real e à alta resolução das imagens de satélite”, afirma.

Dada uma determinada fonte de ignição, o sistema consegue prever a direção da propagação do fogo, a duração da queima, a área total que poderá ser queimada, o consumo de biomassa e as emissões de dióxido de carbono (CO2) resultantes. O modelo incorpora as condições climáticas e o efeito de uma série de fatores antropogênicos, como o zoneamento da terra e a proximidade de rodovias e áreas urbanas.


Fogo na medida certa

Como as demais savanas do mundo, o Cerrado evoluiu na presença do fogo. E suas plantas se adaptaram a isso. As árvores rústicas são, com frequência, revestidas por tecido vegetal espesso, constituído por células mortas, que envolve os troncos e os galhos. Quando a área queima, esse súber (tecido formado por várias camadas de células mortas e impregnadas de suberina, uma substância de origem lipídica) faz o papel de isolante térmico, protegendo os tecidos vivos internos. O súber queima, mas a árvore sobrevive e um novo súber é formado. Quanto ao estrato herbáceo, formado por gramíneas e ervas, e às plantas miúdas, o grande fator de resiliência são as raízes e os órgãos subterrâneos de reserva. Estes armazenam as gemas, que promovem a rebrota depois que a área pega fogo.

Utilizado de forma preventiva, inteligente e criteriosa, com zoneamento da área total e cronograma de queima, em sistema de rodízio, o fogo é indispensável para a preservação e a renovação do Cerrado (leia mais em: agencia.fapesp.br/25865agencia.fapesp.br/37775/; e agencia.fapesp.br/40988/).

Muito diferente, porém, é o uso indiscriminado e muitas vezes criminoso do fogo, com vistas a eliminar as plantas nativas e preparar a terra para a agricultura e a pecuária extensivas. Ou os incêndios descontrolados, alimentados pelo acúmulo de material combustível após vários anos sem queima e que se propagam de maneira desastrosa, comprometendo a capacidade de regeneração da vegetação e a sobrevivência dos animais, que ficam presos em meio às chamas, sem área de escape.

Para evitar tais ocorrências é que o sistema de previsão de propagação de incêndios foi desenvolvido. “Ele aponta um caminho para otimizar a prevenção e o combate a incêndios. A plataforma já está sendo usada nas operações diárias das Unidades de Conservação selecionadas”, ressalta Oliveira.

Mas o uso do sistema de prevenção não se restringe a essas unidades. E está ao alcance de qualquer pessoa com acesso à internet por meio do site https://csr.ufmg.br/fipcerrado/pt/. A plataforma, de fácil utilização, permite que o público, mesmo sem conhecimentos técnicos, visualize e interprete os resultados por meio de mapas interativos e gráficos.

“Tudo isso só foi possível graças ao software Dinamica EGO, também desenvolvido no Centro de Sensoriamento Remoto da UFMG, que permite o processamento eficiente de uma enorme quantidade de dados”, pontua o pesquisador.

A plataforma, que faz parte dos Sistemas de Prevenção de Incêndios Florestais e Monitoramento da Cobertura Vegetal no Cerrado Brasileiro, recebeu o nome de FISC-Cerrado, sendo o termo FISC resultante da expressão em língua inglesa “fire, ignition, spread and carbon cycling” (fogo, ignição, propagação e ciclagem de carbono).

O FISC-Cerrado foi desenvolvido no âmbito do Programa FIP (Forest Investment Program), uma iniciativa global que reúne recursos de diferentes doadores, administrados pelo Banco Mundial, com o propósito de reduzir o desmatamento e a degradação florestal e promover o manejo sustentável das florestas. Dada a enorme importância e vulnerabilidade do Cerrado, o programa escolheu esse bioma para sua atuação no Brasil.

Vale lembrar que o Cerrado, segundo maior bioma do país, abriga mais de 11 milhões de espécies de plantas, mais de 2,5 mil espécies de animais e as nascentes das três maiores bacias hidrográficas da América do Sul. Sua superfície, de 2 milhões de quilômetros quadrados, estende-se por 11 unidades da federação: Maranhão, Piauí, Bahia, Tocantins, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Distrito Federal, Minas Gerais, São Paulo e Paraná.

Além do suporte do FIP, o trabalho em pauta recebeu apoio financeiro de diversas instituições, entre as quais a FAPESP, por meio do Projeto Temático “Transição para sustentabilidade e o nexo água-agricultura-energia: explorando uma abordagem integradora com casos de estudo nos biomas Cerrado e Caatinga”, coordenado pelo pesquisador Jean Ometto, coautor do estudo publicado em Scientific Reports.

O artigo A near real-time web-system for predicting fire spread across the Cerrado biome pode ser acessado em: www.nature.com/articles/s41598-023-30560-9.

Um vídeo que explica o funcionamento do sistema está disponível no YouTube. E o portal “Sistemas de Prevenção de Incêndios Florestais e Monitoramento da Cobertura Vegetal no Cerrado Brasileiro” pode ser encontrado no endereço: https://csr.ufmg.br/fipcerrado/pt/



José Tadeu Arantes
Agência FAPESP https://agencia.fapesp.br/novo-sistema-e-capaz-de-prever-incendios-no-cerrado-em-tempo-praticamente-real/41868/


Alimentos menos nocivos à saúde pagam mais tributos

IMAGEM: DC

Estudo da ACT mostra que alguns alimentos orgânicos carregam quatro vezes mais impostos do que os convencionais. Texto da reforma tributária aprovado na Câmara não resolve o problema


O sistema tributário brasileiro é prejudicial à saúde. Estudo elaborado pelo economista Arnoldo Anacleto de Campos e a engenheira de alimentos Edna de Cássio Carmelo, a pedido da ACT Promoção da Saúde, mostra que os alimentos in natura, minimamente processados e orgânicos carregam mais tributos na comparação com os alimentos ultraprocessados.

Arnoldo de Campos chama a atenção para o texto base da reforma tributária aprovada pela Câmara dos Deputados, que não modifica essa realidade. Ao contrário, fará com que os ultraprocessados cheguem às mesas dos brasileiros com preços ainda mais atraentes que os alimentos saudáveis.

“Na discussão da reforma tributária não há um recorte para a alimentação saudável. Os preços dos hortifrutigranjeiros e alimentos da cesta básica podem ficar mais caros, pois alguns vão perder os estímulos fiscais atualmente existentes”, alerta. 

O texto do relator, deputado Aguinaldo Ribeiro, garante um regime diferenciado para produtos in natura, que poderão ter uma alíquota 50% menor da alíquota de referência. Ocorre que esses produtos e os minimamente processados, como os hortifrutigranjeiros, apresentam atualmente alíquota zero para vários impostos ou carga tributária reduzida, no caso do arroz e do feijão. Ou seja, com a proposta atual, esses alimentos serão submetidos a uma maior carga tributária e poderão ficar mais caros para a população.

O texto ainda permite que uma lista de produtos ultraprocessados, como achocolatados, macarrão instantâneo, biscoitos recheados e margarina, sejam beneficiados por esse regime diferenciado. Com isso, diversos produtos minimamente processados, como o suco de frutas, serão tributados com a mesma alíquota de refrigerantes e outras bebidas açucaradas.

De acordo com a ACT Promoção da Saúde, no texto substitutivo, agrotóxicos também entram no regime diferenciado, quando deveriam, junto com os ultraprocessados, ter uma tributação aumentada por um imposto seletivo.


O ESTUDO

O estudo avaliou a incidência tributária do Pis, Cofins, contribuições sociais e trabalhistas, da esfera federal, e do ICMS, estadual, cuja alíquota é a que mais pesa sobre os alimentos, em cinco estados: Paraná, São Paulo, Bahia, Distrito Federal e Amazonas.

No grupo de produtos in natura foram avaliados a mandioca, ovos, laranja, banana e cebola. Na categoria de minimamente processados entraram macarrão seco, carnes frescas resfriadas ou congeladas, suco de frutas, leite pasteurizado, UHT e pó, arroz e feijão. Já no grupo de ultraprocessados o estudo analisou a tributação do macarrão instantâneo, da salsicha, nuggets, hambúrguer, achocolatados, bebida láctea e salgadinhos.

Uma das conclusões do trabalho é que os incentivos fiscais federais e estaduais, por meio de reduções ou isenções para alimentos hortifrutigranjeiros e para aqueles incluídos na cesta básica, embora importantes, não asseguram uma redução integral dos tributos sobre os alimentos mais básicos para a população.


AS DISTORÇÕES

São vários os problemas que impedem a redução mais efetiva da carga tributária sobre os alimentos mais saudáveis, entre os quais os diferentes formatos jurídicos existentes na legislação, a etapa em que se encontra a mercadoria ou serviço no circuito da cadeia produtiva e as regras estabelecidas no recolhimento dos tributos.

As empresas que adquirem alimentos in natura ou minimamente processados diretamente de produtores rurais sofrem com a cumulatividade dos impostos. Todas as saladas e legumes in natura e minimamente processados analisados no estudo tiveram cargas tributárias embutidas no preço final aos consumidores.

A situação é ainda pior para as empresas optantes pelo Simples Nacional, que não usufruem de créditos na compra e ainda têm que pagar o ICMS que está embutido na alíquota única. Os compradores de produtos oferecidos por empresas optantes do Simples Nacional não podem se creditar de ICMS na compra, em função de regras específicas para esse tipo de formato jurídico, em mais uma distorção do sistema tributário.

O estudo aponta, também, distorções na cobrança do IPI, que tem grande potencial para ser um instrumento capaz de diferenciar a tributação entre os alimentos in natura e minimamente processados, comparativamente aos ultraprocessados.

Pela legislação atual, entretanto, essa diferença praticamente não existe, colocando os alimentos in natura e as gorduras vegetais, por exemplo, em pé de igualdade em termos de tributação. Outros exemplos são o arroz e o feijão, que possuem a mesma tributação que o macarrão instantâneo ou nuggets.


ORGÂNICOS

No caso dos alimentos orgânicos, o estudo, que analisou toda a cadeia produtiva desses alimentos, mostra a inexistência de tributação favorecida para os sistemas de produção de alimentos sustentáveis tanto na esfera federal como estadual.

Quando a tributação é avaliada por unidade de produto, o levantamento constatou que os alimentos orgânicos, em algumas situações, carregam quatro vezes mais tributos que os convencionais. No estudo, foi comparada a tributação de um litro de suco de uva orgânica com um litro de néctar de uva convencional.

Isso ocorre porque a produção convencional consegue se apropriar de forma integral de todos os incentivos nas diversas etapas das cadeias produtivas, como a isenção ou redução de alíquotas para sementes, fertilizantes, agrotóxicos e até tratamento diferenciado para a exportação.


BONS EXEMPLOS

O levantamento também identificou boas iniciativas estaduais em favor de uma alimentação mais saudável. É o caso do Selo da Agricultura Familiar no estado da Bahia, em que os produtos com este selo recebem créditos tributários equivalentes às alíquotas do ICMS para os produtos comercializados por cooperativas da agricultura familiar, medida mais eficiente que a isenção pura e simples. 

O Acre também adota iniciativa fiscal favorável à comercialização de produtos mais saudáveis por cooperativas locais. 



Silvia Pimentel

https://dcomercio.com.br/publicacao/s/alimentos-menos-nocivos-a-saude-pagam-mais-tributos

 

Como trabalhar o tempo e o fluxo de tempo para alcançar nossos objetivos

Outro dia, lendo o jornal, vi uma matéria que falava como os cientistas descobriram como a percepção do fluxo de tempo é formada. Trazia uma pesquisa feita com um tipo de anfíbio, onde foi possível desconstruir a construção do tempo e passaram a observar o que acontecia com esses seres microscópicos.

 

Isso me fez relembrar sobre o que escrevi sobre fluxo, tempo e o fluxo de tempo para o meu segundo livro, Pensando Claramente – Uma visão da bondade, e como Heráclito de Éfeso (filósofo pré-socrático que viveu aproximadamente entre 500 a.C. e 450 a.C.) percebia esse curso, ou seja, como o mundo e a natureza estão em constante movimento. Uma de suas declarações é de que ninguém pode entrar duas vezes no mesmo rio, pois quando nele se entra novamente não se encontram as mesmas águas, e o próprio ser também já se modificou. 

 

Outro filósofo, contemporâneo de Heráclito, Protágoras, aponta que o mundo em que vivemos é levado pelo movimento e pela impermanência. Ainda aproveitando a arena dos pensamentos filosóficos dos gregos, por outro lado, para o filósofo Parmênides, contemporâneo dos anteriores, “o que é essencial não muda”. Essas visões corroboram a dinâmica atual do nosso mundo, em que fatos, acontecimentos, metodologias e tecnologias estão num ritmo frenético de mudanças, muitas delas vindo de dentro de nossas organizações. Entretanto, quanto mais rápidas essas mudanças, mais o essencial se torna importante. O essencial refere-se à construção de uma cultura de motivação, de engajamento, de organização, de planejamento, de insights dignos de gerar a inovação ou a mudança necessária para nos manter relevantes na carreira e conservar a relevância de nossas empresas no mercado. 

 

O rio muda a cada segundo e as pessoas também. Assim, a grande questão acaba sendo: como nos manter relevantes e não permitir que nossas expertises e diferenciais competitivos deixem de ser atraentes para a lógica de mercado. Como responsáveis pelas organizações ou pelas nossas carreiras dentro delas, precisamos nos manter em sintonia e, se possível, antecipar-nos a essas transformações, com agilidade e competência, para nos inserirmos na nova lógica e nas ferramentas que essa nova lógica nos traz, ou mesmo criarmos novos paradigmas. De todas as variáveis que impactam as regras e o jogo organizacional, a variável mais importante a ser gerenciada é o tempo. 

 

Como trago neste segundo livro, o tempo é a única realidade verdadeiramente rara, ninguém pode produzi-lo, vendê-lo ou estocá-lo. A Teoria das Restrições, do Dr. Goldratt, deposita a máxima importância na administração da variável tempo. Segundo ela, por exemplo, quando um equipamento considerado gargalo em uma linha de produção está parado, está consumindo tempo de produção, pois é esse equipamento que rege a capacidade e o fluxo da linha de produção. Para a Teoria das Restrições, um minuto ganho num gargalo é um minuto ganho no processo como um todo. Quando um equipamento gargalo quebra, o que se perde é tempo. Quando Goldratt fala em proteger a restrição, ele fala em um pulmão de tempo para essa proteção. 

 

Ou seja, um equipamento gargalo, por exemplo, deve ter um pulmão de materiais medido em tempo, para que não falte ou coloque em risco a continuidade do processamento desse equipamento. Com essa prática, a Teoria das Restrições propõe um formato de gestão para se administrar a variabilidade do tempo. A vazão de um rio é medida por m3 /s. Nossa velocidade nas estradas é medida em km/hora. Um corredor olímpico corre 100 metros em determinados segundos. O conceito por trás é que o tempo desperdiçado não pode ser recuperado. O tempo é uma variável irrecuperável e sua administração é importante para que o fluxo e o movimento que permeiam as atividades humanas transcorram adequadamente, sem acúmulos ou obstruções.

 

Santo Agostinho diz que tudo o que se move deseja alcançar um objetivo. Para que isso aconteça é necessário ter técnicas de gestão de tempo e saber priorizar tarefas para ser mais produtivo e eficiente na condução dos projetos. Assim, elimina-se também desperdícios, indo de encontro ao que Victor Hugo dizia “a vida já é curta e nós a encurtamos ainda mais, desperdiçando tempo”. Isso tudo ajuda na conquista de nossos objetivos. 

 

Devemos permitir que as coisas fluam, pois tudo se move em direção a um objetivo. Por exemplo, se sou responsável por processar uma determinada quantidade de informações, revisá-las, transformá-las e entregá-las para que sejam utilizadas em suas finalidades, tenho de estabelecer um ritmo e uma cadência em que a quantidade necessária de informações seja processada adequadamente num determinado período de tempo. O ritmo estabelecido no tempo deve permitir o fluxo de entrada, processamento e saída. Tudo isso para manter o fluxo adequado, pois tudo está em movimento. Quanto maior o fluxo, maiores a eficiência, a eficácia e a harmonia em nossos processos e em nossas empresas. Devemos permitir que nossos atos e movimentos fluam para que os objetivos se realizem, um atrás do outro. E o fluxo é medido pela variável tempo. 

 

 

João Luiz Simões Neves - economista formado pela Unicamp, com MBA pela Business School São Paulo e Programa Executivo pela Universidade de Toronto, possui especializações em análise de sistema e marketing. Atualmente, é diretor da Global Results, consultoria especializada em gestão e liderança (www.globalresults.com.br), além de palestrante e escritor da área de gestão e liderança, com artigo internacional publicado na revista Apics – EUA.


Produtor precisa redobrar atenção com focos de incêndio na estiagem

Alguns cuidados podem evitar o problema neste período mais seco e crítico do ano, como a adoção de equipamentos especializados para apagar o fogo


Segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), através do programa de monitoramento de queimadas, de janeiro até 11 de junho deste ano, foram detectados no Brasil 17.574 focos de incêndio, enquanto no mesmo período de 2002 o número era de 16.902. Destes, o bioma Cerrado lidera, correspondendo a 42,2%, ou seja, 7.408 pontos. Esses índices podem piorar no decorrer do inverno, época em que se inicia a estiagem em muitas regiões do Brasil, no geral, aumentando a possibilidade de focos tanto em áreas urbanas, mas principalmente nas rurais.

Ciente desses riscos, o agricultor Dirceu Júlio Gatto, sempre teve o olhar atento à preservação ambiental. Ele que é proprietário de quatro fazendas localizadas nos municípios de Unaí, Arinos e Riachinho, em Minas Gerais, além de outra propriedade em Cristalina/GO, em uma área total somada de 12 mil hectares, nas quais cultiva café, soja, milho, feijão e trigo, no passado tinha um grande problema e preocupação com estiagem devido ao alto risco de queimadas.

Segundo Gatto, a região mineira onde está instalado há mais de 40 anos, existe um calendário bem definido de chuvas e estiagens. “O período de seca aqui vai geralmente de maio até meados de outubro. É justamente nesses meses que estamos sujeitos a focos de incêndio, por isso, além de redobrar a atenção, temos que estar preparados para qualquer eventualidade protegendo principalmente nossas reservas e Áreas de Preservação Permanente (APPs)”, destaca.

O agricultor montou, em suas propriedades, equipes que foram treinadas para o combate ao incêndio. Além disso, buscou no mercado equipamentos específicos para essa tarefa. Entre as soluções adquiridas, está a CARTBB Carreta tanque combate incêndio da Mepel Máquinas e Implementos, uma solução eficiente e multiúso. “Usamos as carretas para acompanhar as colheitadeiras principalmente nas horas mais quentes do dia, além disso, são equipamentos muito competentes nos ajudando a controlar os focos quando ocorrem e isso tem sido fundamental, pois antigamente tínhamos queimada em toda a estiagem, agora tem muitos anos que nada queima mais”, lembra.

A CARTBB permite a realização de diversos serviços, seu principal uso obviamente é no combate de incêndios em canaviais, reflorestamentos, florestas e em instalações rurais e lavouras. Mas, também pode ser utilizada em diversas outras funções. “Quando não utilizamos o equipamento no combate ao fogo, ele é usado para molhar as ruas com excesso de poeira, lavar as máquinas, transportar água, abastecer os pulverizadores, ou seja, utilizamos a carreta tanque da Mepel o ano inteiro”, reforça Gatto.

 

Mais soluções

A Mepel conta também, em sua linha de combate a incêndio, com a CARTBB Max Calda, que tem todos os acessórios do tanque combate incêndio padrão, mas oferece ainda os benefícios de um abastecedor de pulverizador com sistema de preparação de calda. “Dessa maneira o produtor aumenta o rendimento do pulverizador e otimiza seu tempo, pois torna a logística de pulverização mais ágil e eficiente”, reforça Vitor Hugo Boff, diretor comercial da Mepel.

Ainda na linha de prevenção a queimadas, a Mepel oferece o Tanque Combate Incêndio Rodoviário, disponível nas versões com bomba lobular ou com bomba centrífuga, em capacidades que vão desde 6 mil até 20 mil, ambos também disponíveis na versão Max Calda. “ O portfólio completo da Mepel, para combate a incêndio, vai de equipamentos tratorizados (linha agrícola) até aqueles instalados em chassi de caminhão (linha rodoviária), tanto no sistema fixo, quanto no sistema roll on/off. Além disso, oferecemos a possibilidade de adicionar o sistema de calda pronta em todos os modelos de tanques combate incêndio e confeccionar equipamentos personalizados conforme a necessidade de cada cliente”, completa o diretor.


Cuidados para evitar o problema

Segundo informação da “Cartilha de orientação de combate ao incêndio”, desenvolvida pela Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado de Mato Grosso (Aprosoja de Mato Grosso), cerca de 60% dos incêndios florestais ocorrentes no Brasil têm origem nas margens das rodovias federais, estaduais e vicinais.

Como medidas preventivas, o material orienta que o produtor rural deve adotar em sua propriedade a construção e manutenção de aceiros, a redução de materiais combustíveis e ter disponibilidade de água em abundância. Além disso, é preciso um meio de transporte de água para os locais onde ocorrem os sinistros, que são, por exemplo, os modelos desenvolvidos pela Mepel.


Dicas:

  • Utilizar a queima controlada, que é de baixo custo e serve, principalmente, para reduzir o material combustível existente; (É permitido para limpeza e manejo de áreas, e que esteja autorizado previamente pelos órgãos responsáveis);
  • A queima da vegetação seca às margens de estradas é outro meio eficiente para reduzir a presença desse material;
  • Monitoramento ou a vigilância contínua da propriedade;
  • Evite colher o milho nos horários mais quentes do dia;
  • Antes de iniciar a colheita, verifique a direção do vento;
  • De preferência, colher contra o vento;
  • Evite o superaquecimento da máquina colhedora;
  • Mantenha o reservatório de água próximo da máquina colhedora.

 

Mepel


Adoção de novas tecnologias pelo consumidor brasileiro facilita o comércio online

O comportamento do consumidor brasileiro em relação às compras online e o uso de inteligência artificial em canais sociais são um tópico interessante de se observar - e que segue em constante evolução no mercado. É justamente essa aceitação acima da média global do brasileiro em relação às tecnologias que torna o país um dos maiores mercados para empresas desse setor. De acordo com um estudo da ABComm Forecast (Associação Brasileira de Comércio Eletrônico), a expectativa é que haja um crescimento estimado em R$ 185,7 bilhões para o varejo digital em 2023. Isso significa que o mercado se mantém aquecido, reforçando a preferência dos brasileiros pelo comércio eletrônico. Nesse contexto, o comércio conversacional impulsionado pela inteligência artificial desempenhará um papel fundamental. 

A expectativa é de que os assistentes virtuais, como a tecnologia GPT-4, por exemplo, se tornem mais eficientes e experientes do que os próprios vendedores pessoais. Imagine uma conversa em seu telefone com um chatbot capaz de encontrar exatamente o que você procura, com base em suas compras anteriores e em uma ampla gama de pistas fornecidas pela linguagem natural. 

Contudo, para alcançar resultados comerciais significativos e confirmar essas projeções, as empresas devem criar estratégias que compreendam profundamente a jornada do cliente e o ciclo de adoção. Essa jornada abrange desde o primeiro contato até a decisão de compra. Inicialmente, o consumidor identifica uma necessidade e, em seguida, pesquisa empresas que possam atendê-la. Posteriormente, surge a intenção de compra, momento em que a empresa deve conquistar o cliente. E a tecnologia desempenha um papel crucial nessa etapa, oferecendo suporte e auxiliando na interação e no engajamento com os consumidores em potencial. Ao entender essa jornada e aproveitar as oportunidades tecnológicas, as empresas podem aumentar suas chances de lucratividade.

Dessa forma, é fundamental que as lojas virtuais se adaptem ao mercado em constante evolução para acompanhar as tendências do e-commerce no Brasil. Com cada vez mais lojas no mundo digital e os brasileiros passando em média três horas e 46 minutos nas redes sociais todos os dias - segundo relatório da parceria entre We Are Social e Meltwater, fica evidente que a experiência de consumo vai além do ambiente físico, abrangendo um contexto omnichannel. Ao utilizar a tecnologia GPT-4 para potencializar seus chatbots, por exemplo, as empresas podem responder rapidamente a consultas comuns de clientes, oferecer recomendações personalizadas, descobrir oportunidades de crescimento de vendas e atender às necessidades de setores com envolvimento significativo de clientes, como seguros, bancos e varejo de beleza, entre outros. A IA sensível ao contexto pode refinar e traduzir conteúdo, gerar relatórios concisos após a conclusão do serviço e até mesmo automatizar o treinamento de talentos. Isso ajuda as empresas a economizar custos e aumentar a eficiência.

A omnicanalidade revoluciona o varejo ao permitir que os consumidores tenham uma experiência integrada em diferentes canais para diferentes perfis de clientes que, por sua vez, desejam sentir que a marca realmente os conhece e está disponível para interagir de maneira próxima. No entanto, apesar da crescente demanda por uma experiência omnicanal fluida e livre de problemas, apenas 30% dos contact centers de varejo utilizam ferramentas de Inteligência Artificial (IA) para fornecer experiências personalizadas em grande escala, segundo estudo da Talkdesk. Esse dado acende um sinal de alerta e destaca a necessidade de investir em soluções baseadas em IA para se manterem competitivas no mercado.

A implementação da IA no relacionamento com o cliente não é apenas uma questão de adicionar mais uma ferramenta, mas sim uma mudança fundamental na forma como os contact centers operam. Ela oferece a oportunidade de apoiar o negócio de forma assertiva, transformando as áreas de vendas, marketing e atendimento ao cliente em uma estrutura linear e colaborativa. 

Com a capacidade de responder rapidamente a consultas comuns de clientes e recomendar produtos ou serviços personalizados com base na análise de conversas, o chatbot fornece respostas confiáveis e precisas usando a base de conhecimento carregada pelas empresas como sua única fonte de informação. O chatbot personalizado pode reconhecer e responder apenas a categorias específicas de perguntas e encaminhar automaticamente o problema para agentes humanos para consultas complexas, oferecendo atendimento abrangente. Ao adotar as capacidades da IA, as centrais de atendimento se tornam fundamentais para impulsionar os lucros e a estratégia de experiência do cliente (CX). Ou seja, as ferramentas de IA devem ser alvo de investimentos significativos.

Portanto, é crucial que os fornecedores de tecnologia pensem em desenvolver soluções para permitir o gerenciamento de mídia avançada e habilidades de conversação em RCS (Rich Communication Services) e mídias sociais. Apesar dos obstáculos enfrentados, é possível afirmar que o futuro do varejo é omnichannel, especialmente ao considerarmos as novas gerações, altamente influenciadas pelas redes sociais em suas decisões de consumo e em busca de experiências diferenciadas. A maneira natural com que o consumidor brasileiro adota a tecnologia só tende a beneficiar os empreendedores nesse contexto.

 

Como o customer success impacta a percepção da marca?

Entender as necessidades de seu cliente e garantir que essas demandas sejam atendidas com êxito é primordial para o sucesso de toda empresa. E, dentre tantas estratégias voltadas para essa missão, o customer success (CS) vem se destacando e evoluindo intensamente nos últimos anos, demonstrando a importância de uma atuação mais consultiva e proativa com o público-alvo para estreitar o relacionamento entre as partes, assegurar a geração de valor em tudo que for entregue conforme suas expectativas e, assim, impactar positivamente a percepção da empresa para seu destaque.

Mesmo não sendo uma completa novidade no mercado, o CS se consolidou neste termo em resposta às intensas transformações do comportamento e exigência do consumidor, colocando-o no centro de todo o planejamento interno para que tenha sucesso em sua jornada de compras e se fidelize. Caso não tenham uma experiência rica, personalizada e memorável, cerca de 70% deles deixarão de buscar a marca novamente para futuras compras, de acordo com um relatório divulgado pela Adyen/KPMG.

A grande premissa do customer success é estreitar e aperfeiçoar o relacionamento entre as partes, entendendo profundamente suas necessidades, motivos pelos quais buscou o negócio, e como atender a seus desejos com plena satisfação e com todo o suporte necessário. Ao integrar este ecossistema, será possível fortalecer a imagem corporativa, se posicionando como uma companhia genuinamente preocupada em assegurar a satisfação de seus usuários e, assim, atrair e reter cada vez mais consumidores.

Compreendendo a importância de acompanhar essa maior rigorosidade, em 2022, o direcionamento de estratégias de CS na expansão de receitas alcançou a marca dos 61%, segundo uma pesquisa da TSIA. Em 2015, essa porcentagem era de apenas 10%, o que mostra uma valorização extrema desta ação para a conquista de metas valiosas para um melhor posicionamento em seu segmento.

Por envolver uma mudança completa no mindset corporativo, trabalhando na base interna para que os usuários continuem usando suas soluções ao invés do concorrente, desenvolver essa sensibilidade do customer success não é tão simples ou fácil, e exigirá uma definição muito clara de todos os papéis envolvidos nessa estratégia. Os profissionais responsáveis por esse cuidado não devem se portar como vendedores, mas sim como auxiliadores para garantir que todas as suas necessidades sejam atendidas – dando todo o suporte exigido, acompanhando suas interações e, principalmente, acompanhando sua satisfação através de métricas precisas.

Cada cliente estará em um ponto diferente de sua jornada. Por isso, é essencial compreender como assegurar essa entrega em cada uma dessas etapas, sempre o mantendo completamente engajado. Ter essas informações permitirá que a empresa mantenha ações que estejam gerando valor para o negócio ou, caso necessário, adotem medidas corretivas para evitar a perda deste cliente para concorrentes.

Na iminência deste risco, não é incomum notar marcas que ofertam descontos que atraiam sua atenção. Por mais que todos gostemos de uma promoção, ela, por si só, não irá reter este cliente a longo prazo, muito menos fazer com que gere uma percepção positiva sobre a empresa e continue adquirindo seus produtos ou serviços. Até porque, uma experiência positiva vai muito além do que comprar um item por um valor mais barato.

Seja positivo ou negativo, esse feedback é imprescindível de ser colhido para o bom funcionamento do CS, com o qual poderão estruturar planos de ação mais assertivos para a satisfação deste público-alvo. Inclusive, existem diversas métricas e pesquisas de satisfação que podem contribuir para a obtenção e análise destes dados, analisando como suas dores estão sendo resolvidas e o que pode ser ainda mais melhorado nesse quesito.

O consumidor precisa enxergar valor naquilo que está adquirindo do seu negócio, para que tenha uma chance elevada de se manterem fidelizados a longo prazo. Essa será a maior meta do customer success, criando a interface entre esta missão e os departamentos internos em prol da máxima experiência positiva ao longo da interação. Afinal, todo o sucesso do cliente é, também, o sucesso da própria empresa, elevando sua percepção de marca para um futuro promissor.

 

Bianca Marques - gerente de customer success da Pontaltech, empresa especializada em soluções integradas de voz, SMS, e-mail, chatbots e RCS.

Pontaltech
https://www.pontaltech.com.br/

 

Quais são as habilidades que os profissionais brasileiros estão aprendendo atualmente

Entenda como as organizações podem vincular o aprendizado a resultados positivos de negócios

 

O mundo da educação está evoluindo rapidamente e as plataformas de aprendizado online tornaram-se caminhos cada vez mais populares para que pessoas e organizações adquiram novas habilidades e conhecimentos. Entre as plataformas líderes, a Udemy Business se destaca pela sua vasta gama de cursos em habilidades técnicas, comerciais e pessoais e a sua capacidade de fornecer informações valiosas sobre as tendências globais de aprendizado.

Neste artigo, nos aprofundamos nas descobertas do Q1 2023 Global Workplace Learning Index, da Udemy, destacando os maiores picos de consumo de tópicos por país e em vários setores. O relatório compara o consumo de cursos na coleção Udemy Business do primeiro trimestre de 2023 ao do quarto trimestre de 2022.

Começamos a nossa análise pelo Brasil. O relatório indica que os desenvolvedores estão migrando para o NestJS, um framework Node.js progressivo, com um aumento impressionante de 293% no consumo do curso sobre o tema. O Hypertext Preprocessor (PHP) também ganhou destaque, com crescimento de 270%, reafirmando a sua relevância no desenvolvimento web. Já o Test Frameworks, um recurso essencial para garantir a qualidade do software, teve um aumento notável de 158%.

Já a Argentina mostrou um forte interesse em inteligência artificial, com um aumento de 141% na procura por cursos sobre esse tópico. A Fortinet NSE, uma certificação de segurança cibernética, experimentou um crescimento significativo de 139%, destacando a ênfase do país em segurança digital. Ao passo que o PostgreSQL, um sistema de gerenciamento de banco de dados relacional de código aberto, completa os três primeiros cursos com um aumento de 100%.

Fechando a análise sobre a América Latina, o México mostrou uma mistura de interesses técnicos e gerenciais. A procura por cursos sobre a linguagem de programação Kotlin aumentou em 120%, indicando uma preferência crescente pelo desenvolvimento de aplicativos Android. A certificação Project Management Professional (PMP) também teve um aumento significativo de 115%, enfatizando a importância de práticas eficazes de gerenciamento de projetos. O Tableau, uma importante ferramenta de visualização de dados, ficou entre os três primeiros, com um aumento de 95%.

No mundo todo, o ChatGPT tem sido o grande destaque entre as habilidades mais buscadas, com um crescimento de mais de 4.000%. A inteligência artificial realmente está revolucionando a maneira como o mundo funciona e cada vez mais entendemos e descobrimos novas utilidades para essas ferramentas.

O relatório completo da Udemy Business, chamado What the World is Learning at Work: Q1 Global Workplace Learning Index, aborda dados não só da América Latina como também de diversos outros países. Além disso, ele traz uma análise das top 10 habilidades tecnológicas globais e também das top 10 power skills, ambas muito importantes para nós entendermos as mudanças que empresas e funcionários buscam na hora de se aperfeiçoarem e se manterem competitivos.



Raphael Spinelli - diretor regional da Udemy para a América Latina
https://www.udemy.com/pt/


Médicos estrangeiros poderão trabalhar nos EUA sem fazer residência a partir de 2024

Salário pode facilmente passar dos R$ 100 mil por mês


Os EUA enfrentam uma escassez de mão de obra em todos os setores da economia, sendo que uma das situações mais agudas é na área médica. Um estudo da Associação Americana de Faculdades de Medicina (AAMC, na sigla em inglês) revelou que a escassez de médicos no país pode chegar a 124 mil profissionais em 2034.

Foi por isso que, em maio deste ano, o governador do Tennessee, Bill Lee, assinou uma lei que possibilitará médicos estrangeiros a trabalhar no estado americano sem passar pelo custoso e longo processo de obtenção da licença profissional, que geralmente envolve a conclusão da residência em uma universidade dos EUA e uma série de exames práticos e teóricos.

uma pós-graduação de três anos em seu país de origem ou que exerceram a prática médica em pelo menos três dos últimos cinco anos poderão trabalhar no Tennessee com uma licença temporária. Após dois anos, ele receberá uma licença permanente e irrestrita.

“A grande maioria dos médicos que ajudamos a vir para os EUA utilizam os vistos EB-2 NIW ou EB-3, que concedem o green card. A grande vantagem do EB-2 NIW é que ele dispensa a oferta de emprego, ou seja, o próprio profissional pode solicitá-lo, sem que um hospital ou clínica comprometa-se a contratá-lo. Mas a falta de mão de obra é tão grande que não é difícil receber essas propostas. O entrave era justamente a grande burocracia envolvida para a certificação”, explica Rodrigo Costa, CEO da AG Immigration.


Salário de médico nos EUA

Um estudo da Associação Médica Americana (AMA) mostrou que, em 2021, um em cada cinco médicos nos EUA nasceu e graduou-se no exterior. Com a nova lei do Tennessee, é possível que essa proporção aumente no estado ao longo dos próximos anos, uma vez que agora esses profissionais não precisarão mais fazer a residência em uma universidade americana, o que em geral demora de três a sete anos, dependendo da especialidade. “É uma legislação que atende a um problema de saúde grave, que é a falta de médicos, ao que mesmo tempo facilita e torna mais acessível a imigração de profissionais qualificados”, explica Costa.

Dados do Departamento de Trabalho dos EUA (DOL) levantados pela AG Immigration mostram que, das 20 profissões com os maiores salários nos EUA, 17 são da área da saúde, com os cardiologistas liderando a lista, tendo um salário médio no país equivalente a R$ 143 mil por mês na cotação atual de 4,88 reais para cada dólar. Anestesiologistas, cirurgiões ortopédicos, dermatologistas, radiologistas, psiquiatras, oftalmologistas e obstetras também se destacam.

Para o advogado de imigração Felipe Alexandre, sócio-fundador da AG Immigration, a nova legislação do Tennessee beneficia os profissionais brasileiros. “As faculdades de medicina do Brasil são reconhecidas internacionalmente pela sua qualidade, enquanto os médicos também são valorizados pelo atendimento mais carinhoso com os pacientes. Além disso, existe um intercâmbio muito forte entre os dois países na área da saúde. É comum, por exemplo, que médicos brasileiros venham fazer treinamentos e pós-graduações aqui”, explica o advogado. “É possível que legislações similares surjam em outros estados, visto que a escassez de profissionais é generalizada”.

Em junho, durante a edição de 2023 do Encontro Anual da AMA, a entidade já havia reconhecido a importância de facilitar o processo de verificação de credenciais de médicos estrangeiros. Atualmente, esse processo se inicia junto à faculdade onde o profissional se formou. No entanto, durante a pandemia, em razão das restrições de ida e vinda das pessoas, a AMA começou a estudar alternativas e agora quer encorajar os conselhos estaduais a aceitarem formas de verificação mais simples.



AG Immigration
https://agimmigration.law/


Com 10 medalhas em um único dia, Brasil assume a vice-liderança do Mundial de atletismo de Paris

 País conquista cinco ouros, três pratas e dois bronzes nesta quarta-feira, 12, e fica somente atrás da China no quadro geral; Beth Gomes conquista bicampeonato e bate dois recordes mundiais – no arremesso de peso e no lançamento de disco


O Brasil teve, nesta quarta-feira, 12, o dia mais vitorioso até agora no Mundial de atletismo paralímpico, que acontece em Paris, na França, e se encerra na próxima segunda-feira, 17. Foram 10 medalhas no total, sendo cinco ouros, três pratas e dois bronzes – a paulista Beth Gomes ainda bateu dois recordes mundiais.

Com esse desempenho, o país assumiu a vice-liderança do quadro geral de medalhas da competição, com 20 pódios no total, sendo sete ouros, cinco pratas e oito bronzes. Os brasileiros estão somente atrás da China, com 20 no total – 10 ouros, seis pratas e quatro bronzes.

O Brasil está representado por 54 atletas de 19 Estados e 11 atletas-guia na competição. O Mundial de atletismo de Paris é o primeiro da modalidade após os Jogos Paralímpicos de Tóquio 2020 e acontece no Estádio Charlety. O local tem capacidade para 20 mil pessoas e pertence ao clube de futebol Paris FC, da segunda divisão francesa.

Dos cinco pódios dourados do Brasil no dia, dois foram da paulista Beth Gomes, uma pela manhã e outro à noite, em Paris. Logo na sua primeira prova no Mundial, bateu o recorde mundial e conquistou a medalha de ouro no arremesso de peso pela classe F53 (que competem em cadeiras), com a marca de 7,75m. O recorde anterior, de 7,16m, também era da brasileira.

À noite, Beth fez seu segundo recorde mundial no lançamento de disco F53 ao cravar 17,12m. A marca anterior era dela também, de 16,80m, feita no Campeonato Brasileiro Loterias Caixa de atletismo, em junho, no Centro de Treinamento Paralímpico, em São Paulo.  

Em março, Beth passou por uma reclassificação funcional em março, em Marrakech, Marrocos, durante o Grand Prix Internacional do IPC (Comitê Paralímpico Internacional, na sigla em inglês). A banca de classificação internacional que avaliou a funcionalidade dos seus membros entendeu que Beth teria tônus muscular no tronco, portanto, deveria ser reclassificada para uma classe acima – passou de F52 para F53.

"É muita alegria, estou muito feliz com esse novo recorde, com o bicampeonato mundial. Cada recorde é uma emoção. A responsabilidade cresce cada vez, mas eu sou persistente e vou buscar cada centímetro que precisar. O trabalho está dando certo. Fazer o que eu gosto é muito gratificante", afirmou Beth, que ainda vai competir no lançamento de dardo na próxima segunda-feira, 17, último dia do Mundial.

O fluminense Ricardo Mendonça também conquistou a sua segunda medalha de ouro na competição ao vencer os 200m T37 (paralisados cerebrais), com a marca de 22s59, recorde da competição. O Brasil conseguiu uma dobradinha no pódio da prova com a prata do paulista Christian Gabriel da Costa, que finalizou a disputa em 23s30.

Na última prova do dia, o também fluminense Felipe Gomes venceu os 400m T11 (cegos) e ganhou mais um ouro para o Brasil. Com uma chegada emocionante, o atleta que teve glaucoma congênito conseguiu finalizar a disputa em 51s00, 18 centésimos à frente do espanhol Gerard Descarrega, que ficou com a prata. O francês Timothee Adolphe levou o bronze, com 51s21.  

"Procurei trabalhar em conjunto com meu guia, Jonas, e acabou dando certo. Tenho que agradecer a ele, pois não queria treinar para essa prova e foi ele quem me incentivou a não desistir. Ganhamos. Agora vamos para os 100m", desabafou Felipe. 

Pela manhã, na França, o mineiro Claudiney Santos havia conseguido um dos pódios dourados para o país ao conseguir o bicampeonato mundial no lançamento de disco da classe F56, com a marca de 46,07m.

Já o sul-mato-grossense Fabrício Ferreira conseguiu a medalha de prata nos 100m T13 (com deficiência visual). Completou com o tempo de 10s82, quatro centésimos à frente do terceiro colocado, o tailandês Jakkarin Dammunee. O ouro ficou com o norueguês Salum Kashafali, que fez o recorde da competição ao cruzar a linha de chegada em 10s45.

"Tentei fazer da melhor forma possível. Não deixei me afetar com a mudança de classe. Desde que era da classe T12, o Salum era o nosso alvo. Percebi que era ele que estava do meu lado e, durante a prova, tentei ficar próximo dele para conseguir passar ele no final. Não deu, mas foi uma prova incrível", afirmou o atleta que nasceu com toxoplasmose e que havia sido bronze nos 100m em Dubai 2019.

A outra prata do dia veio em uma disputa do campo. O paulista Alessandro Silva ficou em segundo lugar no arremesso de peso F11 (cegos) ao atingir a marca de 13,43m na sua terceira tentativa. Foi o seu melhor índice na temporada. O campeão da prova foi o iraniano Mahdi Olad, com 13,79m, enquanto o bronze foi do espanhol Alvaro Cano, com 12s81.

As duas últimas medalhas de bronzes do Brasil no dia foram conquistadas em provas de velocidade. O fluminense Fábio Bordignon terminou na terceira posição os 200m da classe T35 ao completar a distância com seu melhor tempo pessoal na prova: 25s40. O ucraniano Ihor Tsvietov, com 23s30, levou o ouro, e o argentino Hernan Barreto ficou com a prata, com 25s37.

Estreante em Mundiais, o paulista Matheus de Lima chegou a liderar boa parte dos 100m T44 (com deficiência nos membros inferiores), mas sentiu uma lesão nos últimos metros e acabou no terceiro lugar, com 12s05. O sul-africano Mpumelelo Mhlong venceu a prova em 11s46.

Pelas semifinais dos 100m feminino da classe T11 (cegas), todas as brasileiras asseguraram um lugar na decisão da prova, marcada para as 14h15 (de Brasília) desta quinta-feira, 13. A acreana Jerusa Geber avançou com o novo recorde da competição, que havia sido batido pela paranaense Lorena Spoladore na bateria anterior: fez 11s89. Além das duas, a potiguar Thalita Simplício também garantiu seu lugar na final com 12s45.

"A única certeza que tenho é que eu e meu guia estamos muito bem. Não sei o que vai acontecer na final, mas queremos muito o bicampeonato mundial dessa prova. É sempre bom bater recorde", disse Jerusa.

Também finalista do dia, a maranhense Rayane Soares encerrou a sua participação na quarta colocação na final dos 200m da classe T13, com 25s69. A vencedora foi a espanhola Adiaratou Iglesias, que correu em 24s86. A prata foi da canadense Bianca Borgella (25s00), e o bronze da norte-americana Erin Kerkhoff (25s58).

A baiana Samira Brito foi outra brasileira a participar de uma prova final nesta quarta-feira. Terminou os 100m T36 na oitava colocação, com 15s18. A chinesa Yiting Shi, com 13,66m, foi a medalhista de ouro.

Já na final do salto em distância da classe T36 (paralisados cerebrais), o gaúcho Aser Ramos (5m54m) e o goiano Rodrigo Parreira (5,57m) ficaram em sétimo e quinto lugares, respectivamente. Izzat Turgunov, do Uzbequistão, ficou com o ouro ao saltar em 5,75m.  

André é bronze
O Brasil ainda havia conseguido uma medalha de bronze nesta terça-feira, 11, no lançamento de disco pela classe F52 (que competem em cadeiras), com o paulista André Rocha, No entanto, após a prova, o polonês Piotr Kosewicz protestou com o argumento de que André levantou na hora do lançamento. O protesto foi aceito e o brasileiro ficou sem a medalha.

No entanto, nesta quarta-feira, 12, a prova teve um novo episódio e o brasileiro voltou a ser considerado oficialmente terceiro colocado e, consequentemente, conquistado o bronze. Dois competidores da prova, o indiano Pranav Soorma, que havia sido o medalhista de ouro, e o croata Velimir Sandor, até então quarto colocado, estavam sob obsevação da classificação funcional e, ao término da disputa, tiveram suas classes alteradas.

Como não houve eliminatória da prova, ambos acabaram sendo reclassificados somente na final. Com isso, tiveram suas participações anuladas pela classe F52, o que rendeu novamente o bronze ao brasileiro. 

Confira a programação dos brasileiros no Mundial de atletismo Paris 2023 nesta quinta-feira, 13, com os horários de Brasília:

4h – Lançamento de dardo F56 (final)
Raissa Machado

4h04 – Salto em distância T47 (final)
Bruno Christian

4h38 – Lançamento de dardo F64 (final)
Edenílson Floriani

4h46 – 1.500m T11 (final)
Yeltsin Jacques 
Júlio César Agripino 

5h04 – Lançamento de disco F11 (final)
Izabela Campos

6h06 – 400m T12 (semifinais)
Lorraine Aguiar – se avançar

6h26 ou 6h36 – 400m T47 (round 1)
Fernanda Yara
Maria Clara Augusto

14h15 – 100m T11 (final)
Jerusa Geber 
Lorena Spoladore 
Thalita Simplício 

15h37 – 400m T12 (final)
Lorraine Aguiar – se avançar

15h57 ou 16h07 – 400 T47 (round 1)
José Alexandre
Lucas Lima 

Programa Loterias Caixa Atletas de Alto Nível
Os atletas Alessandro Silva, Claudiney Santos, Beth Gomes, Thalita Simplício, Jardênia Felix, Samira Brito e Ricardo Mendonça são integrantes do Programa Loterias Caixa Atletas de Alto Nível, programa de patrocínio individual da Loterias Caixa que beneficia 91 atletas.

Time São Paulo
Os atletas Alessandro Silva, Claudiney Santos, Beth Gomes, Lorena Spoladore, Christian Gabriel da Costa, Rayane Soares e Jhulia Karol são integrantes do Time São Paulo, parceria entre o CPB e a Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência de São Paulo, que beneficia 106 atletas de 14 modalidades.

Patrocínios 
O atletismo é uma modalidade patrocinada pelas Loterias Caixa e pela Braskem.

 

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