Rally da Safra encerra etapa soja com produtividade recorde em oito estados Giovane Rocha / Rally da Safra |
Desempenho verificado pelo Rally da Safra em diversas regiões produtoras supera resultados negativos do Rio Grande do Sul; desafio atual é tirar a safra do campo e escoar a produção
A
safra 22/23 foi a terceira consecutiva sob influência do La Niña, causando
irregularidades climáticas em vários estados em diferentes momentos da
temporada, sem falar na grave estiagem que mais uma vez prejudicou o Rio Grande
do Sul. Ainda assim, o Brasil deverá colher uma safra de soja de 155 milhões de
toneladas, segundo a Agroconsult, organizadora do Rally da Safra. É um
crescimento de 20% sobre 21/22 e de aproximadamente 1,6 milhão de toneladas em
relação aos números divulgados em janeiro no pré Rally. A expedição técnica
encerra hoje (21 de março) a etapa de avaliação de soja desta edição. Desde o
início de janeiro, os técnicos da expedição percorreram mais de 40 mil
quilômetros, avaliando 1.050 lavouras em 12 estados. A área plantada é de 43,7
milhões de hectares.
A
perspectiva é de recordes de produtividade em oito estados – Santa Catarina,
Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Minas Gerais, Maranhão, Piauí, São Paulo e
Rondônia. “Esta é a safra com o maior número de estados alcançando recordes de
produtividade, fruto dos investimentos dos produtores em biotecnologia,
fertilidade de solo e manejo”, afirma o coordenador do Rally, André Debastiani.
Neste cenário, a produtividade média brasileira atinge 59,1 sacas/hectare,
abaixo ainda do melhor resultado alcançado de 59,4 sacas por hectare na safra
20/21.
Para
Debastiani, o maior desafio dos produtores está sendo realizar a colheita dessa
safra numa janela mais tardia e curta devido ao alongamento do ciclo das
lavouras, que ocorreu em praticamente todas as regiões. “Isso concentrou a
colheita no período de excesso de chuvas”, esclarece. A partir de agora, a
atenção está voltada ao escoamento da produção, num cenário de comercialização
atrasada que deverá trazer dificuldades à infraestrutura de exportação.
As
regiões de excelente desempenho mais do que compensam o número negativo do Rio
Grande do Sul. “Se não fosse a quebra do RS, que tirou mais de 5 milhões de
toneladas da produção brasileira, a safra de soja poderia alcançar 160 milhões
de toneladas”, diz o coordenador. Com estimativa de produtividade de 36,7 sacas
por hectares, o Rio Grande do Sul registrou maior prejuízo nas áreas de soja
precoce, especialmente nas regiões das Missões e na metade Sul do estado,
castigadas pela seca. Voltou a chover nas últimas semanas e, se as condições
continuarem assim, o enchimento de grãos das áreas mais tardias pode ser
favorecido. Diante disso, o Rally terá uma nova equipe no estado para verificar
as condições das lavouras entre 26 de março e 3 de abril, “Nossos números de
safra refletem o momento atual. Cerca de 65% da área plantada no país foi
colhida, mas pode haver alteração em razão das condições climáticas no Rio
Grande do Sul, onde a colheita não alcança 5% da área”, diz Debastiani.
No
Paraná, o clima seco no início da safra assustou muitos produtores que temiam a
repetição do cenário da safra anterior. A seca, porém, ficou concentrada em uma
pequena porção das lavouras precoces do Oeste do Estado. O clima favorável em
fevereiro e março, inclusive com excesso de chuvas no terço final da colheita,
deverá garantir uma produtividade de 63,1 sacas por hectare para o estado
Nos
estados do Centro-Oeste, apesar da irregularidade climática observada durante
todo o ciclo, com períodos de veranico no desenvolvimento e chuva em excesso na
colheita, as produtividades são boas. O Mato Grosso do Sul, que também sofreu
com a estiagem na safra passada, deverá atingir produtividade recorde com 62,6
sacas por hectares. Já no Mato Grosso, com a colheita praticamente encerrada, a
produtividade deve chegar a 63,5 sacas por hectare. “Os dados de campo do Mato
Grosso revelaram recordes simultâneos de stand de plantas, número de grãos por
planta e peso de grãos. Em Goiás, o tempo seco no início da temporada, em
especial no Sudoeste do estado, comprometeu a produtividade das lavouras de
ciclo precoce, impedindo a repetição do ótimo resultado da safra passada. De
qualquer forma, as lavouras mais tardias compensaram parte das quebras e o
estado deve registrar uma produtividade de 64,3 sacas por hectare”, completa.
Na
região do MAPITO-BA, onde os técnicos do Rally avaliaram as lavouras entre o
final de fevereiro e início de março, as chuvas regulares e em bom volume no
período de desenvolvimento apontam para produtividade recorde no Maranhão (61
sacas por hectare) e Piauí (62 sacas por hectare). Houve revisão negativa na
Bahia, diante do período de poucas chuvas nas regiões Oeste e Sul no início de
março, que tirou produtividade das lavouras mais tardias – mas a expectativa
para o estado ainda é de um ótimo resultado, projetado em 67,4 sacas por
hectare.
Milho
A
Agroconsult revisou as projeções para a safra de milho. Para a 1ª safra, a
produção é estimada em 28,3 milhões de toneladas para uma área de 5,3 milhões
de hectares. No Rio Grande do sul, a seca impactou o desenvolvimento das
lavouras em fases críticas. Já em Santa Catarina e Paraná, as chuvas e o tempo
nublado alongaram o ciclo das lavouras, atrasando a colheita.
Para
o milho 2ª safra, há dúvidas sobre a possível influência do El Niño no clima e
a concentração do plantio fora da janela ideal. A Agroconsult estima a safra em
97,2 milhões de toneladas. Seis equipes técnicas do Rally percorrerão as
lavouras de milho segunda safra em maio e junho.
O levantamento
de campo do Rally ocorre durante a fase de desenvolvimento das lavouras e
colheita e os técnicos percorrem polos produtores em 12 estados: Rio Grande do
Sul, Santa Catarina, Paraná, Minas Gerais, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Mato
Grosso, Goiás, Bahia, Maranhão, Piauí e Tocantins, que respondem por 95% da
área de produção de soja e 72% da área de milho. Quatro equipes farão visitas
técnicas aos produtores entre abril e maio.
Em
sua 20ª edição, a expedição conta com mais de um milhão de quilômetros
percorridos e 32 mil lavouras avaliadas nas 19 edições anteriores. Patrocinam a
20ª edição do Rally da Safra: FMC, Prometeon, OCP Brasil, Santander e SoyTech.