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sexta-feira, 17 de março de 2023

Recuperação de floresta tropical compensa 26% de emissões de carbono provocadas por desmate e degradação

Estoque de carbono modelado em 2018 em florestas em recuperação (degradadas e secundárias) nas três regiões: (a) Amazônia, (b) Bornéu, e (c) Congo (crédito: Heinrich et al./Nature)

 

Pesquisa publicada nesta quarta-feira (15/03) na revista Nature traz uma nova metodologia que permite calcular ao longo do tempo a capacidade de absorção de carbono de áreas em regeneração de florestas tropicais, podendo contribuir na discussão de planos de mitigação de efeitos das mudanças climáticas e de pagamentos por serviços ambientais.

Liderado por cientistas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e da Universidade de Bristol (Reino Unido), o estudo é o primeiro deste tipo realizado em larga escala com o uso de sensoriamento remoto. Os dados de satélite, obtidos entre 1984 e 2018, permitem não só monitorar o crescimento das florestas secundárias como entender a distribuição etária dessa vegetação ao longo dos trópicos.

Com base na idade, foi possível construir curvas de crescimento, que levam em consideração variações de clima, condições ambientais e distúrbios provocados pelo homem (como queimadas e extração seletiva de madeira) e possibilitam quantificar a capacidade de absorção de carbono das florestas secundárias – áreas totalmente desmatadas, onde a vegetação nativa já foi toda removida.

De acordo com o trabalho, as regiões em recuperação nas três maiores florestas tropicais do mundo – a amazônica (América do Sul), a do Congo (África central) e a de Bornéu (Sudeste Asiático) – estão removendo pelo menos 107 milhões de toneladas de carbono da atmosfera por ano, tendo acumulado até 2018 3,56 bilhões de toneladas.

Esse total acumulado é suficiente para compensar 26% – pouco mais de um quarto – das emissões brutas de carbono provocadas pelo desmatamento global (10,52 bilhões de toneladas) e pela degradação gerada por ação humana (2,91 bilhões de toneladas), principalmente fogo e corte seletivo de madeira, na maioria das vezes ilegal.

“Os resultados da pesquisa têm importância tanto para os inventários nacionais de emissão de carbono apresentados às Nações Unidas como para o grande potencial do Brasil de atrair recursos financeiros por meio de investimentos em áreas de gestão e pagamento por serviços ambientais”, explica à Agência FAPESP o chefe da Divisão de Observação da Terra e Geoinformática (DIOTG) do Inpe, Luiz Eduardo Oliveira e Cruz de Aragão, coautor do artigo.

Aragão se refere ao programa de Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação florestal (REDD+), um incentivo desenvolvido no âmbito da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC) para compensar financeiramente países em desenvolvimento por resultados em programas de redução de emissões de gases de efeito estufa originados do desmatamento e da degradação das florestas.

O programa considera o papel da conservação e do aumento de estoques de carbono florestal, além do manejo sustentável de florestas. Os inventários nacionais são relatórios publicados pelos países e enviados à UNFCCC com dados e um panorama das ações para reduzir as emissões de gases de efeito estufa.

“Nosso estudo fornece as primeiras estimativas pantropicais de absorção de carbono acima do solo em florestas em recuperação de degradação e desmatamento. Embora continue sendo prioridade proteger as florestas tropicais antigas, demonstramos o valor de gerenciar de forma sustentável as áreas que podem se recuperar de ações humanas”, afirmou à assessoria da Universidade de Bristol a pesquisadora Viola Heinrich, primeira autora do artigo e orientanda de Aragão.


Potencial

Segundo a pesquisa, até 2018, cerca de 35% das áreas degradadas das três florestas tropicais também haviam sido desmatadas. Os pesquisadores calculam que, se elas tivessem sido preservadas armazenariam 5,89 bilhões de toneladas de carbono, o que seria suficiente para contrabalançar 48% das emissões brutas derivadas da perda da floresta (12,34 bilhões de toneladas).

São consideradas florestas degradadas as áreas que sofreram algum tipo de dano, seja por fogo ou corte seletivo, por exemplo, e perderam parcialmente seu estoque de carbono. Nas regiões desmatadas, toda a vegetação original foi retirada, podendo ter mudança do uso do solo para pastagens ou agricultura e altas taxas de emissão de gases.

“Com a metodologia que apresentamos na pesquisa, é possível avaliar, por exemplo, se houve queda no potencial de recuperação de biomassa de uma área atingida pelo fogo. Isso pode contribuir com o mercado de carbono para que um investidor avalie o potencial de regeneração de uma determinada área. De qualquer maneira, quanto mais preservar a floresta em pé, melhor”, diz à Agência FAPESP Ricardo Dal’Agnol, um dos autores do artigo, que atualmente é pesquisador no Instituto Ambiental e de Sustentabilidade da Universidade da Califórnia Los Angeles (UCLA) e no Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa (agência espacial norte-americana).

Antes, Dal’Agnol integrou a DIOTG/Inpe, quando teve apoio da FAPESP por meio de uma bolsa de pós-doutorado.

A FAPESP também apoiou o estudo publicado na Nature por meio de bolsas de pós-doutorado no Brasil e no exterior concedidas ao pesquisador do Inpe Henrique Luis Godinho Cassol.

Pelas estimativas dos autores, conservar a recuperação de áreas degradadas e das florestas secundárias pode ter um potencial futuro de sumidouro de carbono de 53milhões de toneladas por ano nas principais regiões tropicais estudadas.

“Focar na proteção e restauração de florestas tropicais secundárias e degradadas é uma solução eficiente para a construção de mecanismos robustos para desenvolvimento sustentável dos países tropicais. Isso agrega valor monetário para os serviços ambientais fornecidos pelas florestas, beneficiando de forma econômica e socialmente as populações locais”, completa Aragão.

No entanto, o grupo destaca que os esforços para proteger as florestas secundárias e degradadas não podem ocorrer à custa da conservação das áreas nativas (primárias), que continuam sendo as mais rentáveis estratégias de mitigação climática.

Sumidouros

As florestas tropicais são um dos ecossistemas mais importantes para mitigar as mudanças climáticas, juntamente com oceanos e solos. Consideradas sumidouros de carbono, as florestas funcionam como uma espécie de “via de mão dupla” – enquanto crescem e se mantêm absorvem carbono e quando degradadas ou desmatadas liberam gases de efeito estufa.

Com o objetivo de evitar que a atmosfera global aqueça mais que 2 oC, preferencialmente não ultrapassando 1,5 oC em relação ao período pré-industrial, as emissões de carbono teriam de cair pelo menos 45% até 2030 e chegar a zero em 2050. No entanto, a trajetória ainda é de crescimento no mundo, como mostrou o relatório Emissões de CO2 em 2022, da Agência Internacional de Energia (IEA, em inglês).

O documento, que traz um panorama da poluição climática gerada pelo setor de energia com foco no CO2 resultante da queima de combustíveis fósseis, revelou aumento de 0,9% (321 milhões de toneladas) em 2022, atingindo novo recorde de mais de 36,8 bilhões de toneladas emitidas.

No Brasil, as emissões de gases de efeito estufa tiveram em 2021 (último dado divulgado) a maior alta em quase duas décadas. Relatório do Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa do Observatório do Clima mostra que o país emitiu 2,42 bilhões de toneladas brutas de CO2 – alta de 12,2% em relação a 2020. A principal fonte de emissão foi o desmatamento, principalmente da Amazônia, seguido pela agropecuária.

Em março de 2021, o grupo de cientistas já havia publicado na revista Nature Communications um estudo mostrando que a manutenção da área de floresta secundária na Amazônia tem o potencial de acumular 19 milhões de toneladas de carbono por ano até 2030, contribuindo com 5,5% para a meta de redução de emissões líquidas do Brasil até lá. Se fossem evitados incêndios e o desmatamento repetido, o estoque de carbono da floresta secundária amazônica poderia ser 8% maior.

O artigo The carbon sink of secondary and degraded humid tropical forests pode ser lido em: www.nature.com/articles/s41586-022-05679-w.
  
 


Luciana Constantino
Agência FAPESP
https://agencia.fapesp.br/recuperacao-de-floresta-tropical-compensa-26-de-emissoes-de-carbono-provocadas-por-desmate-e-degradacao/40909/

Dia do consumidor é todo dia! Todo dia é dia de encantar!

Freepik
Não podemos mais enxergar o cliente apenas como alguém que precisa de um produto que eu tenho e que vai ser trocado por um determinado valor. Na verdade, é alguém que escolheu minha loja para realizar um sonho ou um desejo

 

A essência do comércio é o relacionamento, especialmente quando é presencial. E essa relação se dá entre quem vende e quem compra, ou seja, o (a) cliente. E esse (a) é a figura mais importante, nosso bem mais precioso. Sem cliente, não tem comércio. Por isso, de nada vale termos as melhores tecnologias, os melhores produtos e lojas inovadoras se o nosso foco não for o (a) cliente.

E é sobre essa importância, sobre esse papel fundamental que quero convidar você a refletir. O quanto estamos planejando nosso negócio, treinando colaboradores e preparando o ambiente para receber essa pessoa tão importante, o (a) cliente? E, vou mais além, de uma forma em que o (a) faça querer sempre voltar?

Tenho ouvido muito a respeito da experiência do (da) cliente. Vejo essa experiência como um conjunto de ações e com muitas interfaces. Algumas mais relacionadas ao comércio presencial, e outras, como os meios de pagamentos, de igual importância também nos e-commerces. Afinal, a experiência pode começar na loja e terminar no site ou vice-versa.

Falando em lojas físicas, a experiência começa já na apresentação do ambiente, que deve ser, no mínimo, limpo e organizado. E ela continua na maneira como você expõe e precifica as mercadorias, pela acessibilidade que você oferece a quem tem problemas de mobilidade, pela qualidade dos produtos ou serviços, formas de pagamento e, principalmente, pelo atendimento. Desde o momento em que o (a) cliente entra na loja até a sua saída, esse encantamento requer muito trabalho, dedicação, treinamento e empatia.

E aqui não devemos confundir empatia com simpatia. Ser simpático (a) não garante que as reais necessidades do (da) cliente foram ouvidas e compreendidas. Devemos praticar a escuta ativa, isto é, ouvir e realmente entender o que está sendo dito. Isso é empatia. Para isso é preciso ter foco: foco no (na) cliente, nas suas necessidades, nos desejos que estão sendo depositados, por exemplo, na aquisição de um produto. Um aspirador robô é mais do que um eletrodoméstico que tira a sujeira, ele representa liberdade, praticidade e ganho de tempo.

Mais uma provocação ou convite à reflexão: em meio à tanta inovação, será que boas experiências só podem ser vividas em grandes lojas? E o pequeno varejo, aquele comerciante de bairro, que tem poucos recursos. Como ele pode encantar seu cliente?

A experiência que faz o (a) cliente voltar não depende apenas de grandes investimentos. Muitas vezes uma ação simples pode fazer toda a diferença. Comércios de bairro são muito frequentados pelos 60+ e muitos+. Para esse público faz grande diferença que as prateleiras não sejam baixas ou altas demais, que as etiquetas sejam legíveis. Uma cadeira ou banco também caem bem. Mas ele também é frequentado pela garotada tecnológica, então procure oferecer os mais diversos meios de pagamentos digitais. Mas volto a reforçar que tudo isso deve ser embalado por um atendimento primoroso. É nesse contato que o relacionamento se completa, evolui e fideliza.

Não podemos mais enxergar o (a) cliente apenas como alguém que precisa de um produto que eu tenho e que vai ser trocado por um determinado valor. Na verdade, é alguém que escolheu minha loja ou o meu site para realizar um sonho ou um desejo. O desejo pode ser comprar os melhores tomates para fazer uma deliciosa macarronada para alguém especial. Quem sabe, uma TV de última geração para assistir aos jogos do time preferido com os filhos. Então, nós, vendedores, temos o privilégio de fazer que a realização desses sonhos e desejos seja a melhor possível, inesquecível.

Falamos acima sobre empatia, que para muitos é se colocar no lugar do outro. O conceito é muito mais amplo. Porém, aqui vale a primeira definição. Afinal, todo mundo é consumidor, é cliente de alguém! Pense nas suas experiências, no que afasta e no que encanta você quando está no papel de consumidor! Pratique a escuta ativa, o respeito, conheça melhor sua clientela, seja realizador (a) de sonhos! Afinal, todo dia é Dia do Consumidor! 



Roseli Garcia - Vice-presidente e coordenadora do Conselho do Varejo da ACSP

Fonte: https://dcomercio.com.br/publicacao/s/dia-do-consumidor-e-todo-dia-todo-dia-e-dia-de-encantar


As principais questões acerca do estágio

 Tire as dúvidas mais comuns sobre a modalidade

 

No dia a dia, dialogando com empresários, navegando nos canais da Abres (Associação Brasileira de Estágios) ou frequentando congressos, palestras e demais eventos pelo mundo afora, percebo diversas dúvidas acerca do estágio. Afinal, ele possui particularidades em relação à CLT - Consolidação das Leis Trabalhistas, mais comum e de maior conhecimento da população. Pensando nisso, separei algumas dessas questões para esclarecer neste artigo e ajudar a disseminar essa iniciativa tão enriquecedora.


 

Estagiário tem direito a quais benefícios?

 

A legislação garante vários direitos para os estudantes. No formato extracurricular, a bolsa-auxílio deve ser paga mensalmente. Não tem um valor pré-determinado, mas sempre aconselho os contratantes a oferecerem uma quantia compatível com as tarefas a serem executadas, os requisitos exigidos e o custo de vida no local. Afinal, muitas vezes esse recurso é utilizado para arcar com a formação acadêmica, ajudar nas contas de casa ou até mesmo para sustentar a família.

 

A carga horária é limitada em seis horas diárias e 30h semanais para possibilitar a conciliação entre a jornada laboral e a sala de aula. Sendo assim, o indivíduo consegue oferecer o seu melhor nas duas frentes. Em época de provas, esse período pode ser reduzido pela metade. Contudo, o calendário de avaliações deve ser enviado à organização no início do ano ou semestre letivo e essas horas podem ser descontadas da remuneração.

 

Ainda, a cada 12 meses atuando na mesma companhia, é possível aproveitar 30 dias de recesso remunerado (ou proporcional). Na minha opinião, o ideal é combinar esse momento com as férias escolares. Assim, o indivíduo consegue descansar completamente, fazer uma viagem, aproveitar com familiares e amigos, realizar cursos ou colocar em prática algum projeto pessoal.

 

Como se trata de um ato educativo escolar, não cria-se vínculo empregatício. Dessa forma, a contratante fica isenta de alguns impostos e encargos trabalhistas, tais como FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço), INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), 1/3  sobre férias, multa rescisória de 40% e 13º salário. No entanto, o gestor pode disponibilizar benefícios e bonificações para alavancar a motivação e o engajamento da equipe. Algumas alternativas são: vale-refeição, day off no aniversário, comissão por metas atingidas e sorteios.

 

Quando houver necessidade de deslocamento, o estagiário deve receber auxílio-transporte. Ou seja, não existe essa obrigação no caso de home-office. Entretanto, considero interessante oferecer um valor para contratar um bom serviço de Internet, emprestar equipamentos de qualidade, oferecer treinamentos, entre outras melhorias. Aliás, esse modelo de atuação é muito positivo. Dessa forma, os recrutadores possuem em suas mãos um leque bem maior de opções a fim de encontrar o perfil ideal para preencher aquela lacuna. Por outro lado, moradores de cidades pequenas ganham a oportunidade de atuar em grandes organizações espalhadas pelas metrópoles do país.

 

Por fim, é celebrado um Seguro de Acidentes Pessoais a favor do cooperador. Ele vem anexado ao TCE - Termo de Compromisso de Estágio e abrange ocorrências durante o período de vigência do compromisso, 24 horas por dia, em todo território nacional. Os capitais segurados cobrem morte ou invalidez permanente, total ou parcial. Os valores de indenizações constam no Certificado Individual de Seguro de Acidentes Pessoais e são compatíveis com o mercado.


 

Há idade limite para ser estagiário?

 

De acordo com a Lei 11.788/2008, não existe uma idade máxima para estagiar. Está apto a participar do programa quem possui mais de 16 anos completos e matriculado em alguma instituição de ensino no nível superior, profissional, médio, da educação especial e dos anos finais do fundamental, na educação de jovens e adultos - EJA. Por isso, é comum ver uma maior quantidade de jovens nessa função.

 

No entanto, contar com os mais velhos é algo bastante vantajoso. Eles chegam à companhia com diversas vivências, desafios e vitórias passadas. Isso é um diferencial nos momentos de dificuldade e também para ajudar na evolução dos colegas, auxiliando na construção de funcionários qualificados. Principalmente após a pandemia, muita gente optou por mudar de carreira e busca por essa chance para retornar ao mercado nessa nova função.


 

Quais as vantagens de contar com um agente de integração?

 

O agente de integração é peça importante nesse processo. Afinal, ele facilita a vida dos contratantes, realizando a divulgação das vagas, o processo seletivo, testes, entrevistas, elaboração e administração dos documentos. Por serem especialistas no ramo, proporcionam mais efetividade e assertividade para essa demanda. Além disso, garantem a segurança e a tranquilidade nas questões jurídicas e burocráticas. No site da Abres, temos uma página com todos os nossos associados. Eles estão espalhados pelo Brasil, são de extrema confiança e possuem know how no assunto.


 

Mais particularidades do estágio

 

Esse colaborador iniciando a carreira não terá sua carteira assinada, mas todas as informações sobre o acordo devem estar registradas no TCE. Além disso, a relação não pode ultrapassar dois anos de duração (exceto em caso de Pessoa com Deficiência - PcD). Após esse período, a entidade deve escolher entre a dispensa ou a efetivação.

 

Ademais, para a experiência ser bem sucedida, o discente deve ser supervisionado por alguém com conhecimento na área de formação para orientá-lo e ajudá-lo no desenvolvimento de suas habilidades. Esse encarregado só pode ter, no máximo, dez subordinados sob sua responsabilidade. 

 

Para efetuar esse tipo de contratação, segundo a regulamentação, estão aptos: “pessoas jurídicas de direito privado e os órgãos da administração pública direta, autárquica e fundacional de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, bem como profissionais liberais devidamente registrados em seus respectivos conselhos de fiscalização”. Logo, médicos, dentistas, engenheiros, arquitetos e advogados, por exemplo, podem oferecer essas admissões.

 

Portanto, abra as portas do seu negócio para essa moçada cheia de vontade de aprender e mostrar seu potencial. Você estará adquirindo novas ideias, atualizações, tendências e lapidando um talento de acordo com suas preferências e a cultura da instituição. No futuro, ele se tornará um grande representante da sua marca, ocupando altos cargos e girando o ciclo da corporação. Além disso, essa prática ajuda a economia e a educação do país. Conte com a Abres nessa missão. Juntos somos mais fortes!

 

Carlos Henrique Mencaci - presidente da Associação Brasileira de Estágios - Abres


Snapchat apresenta um novo recurso de controle parental

Controles de conteúdo permitem que pais ou responsáveis limitem o tipo de conteúdo que seus filhos visualizam no aplicativo

 

Em agosto do ano passado, o Snapchat lançou a Central da Família, que são os controles parentais e ferramentas que permitem que pais, cuidadores e adultos de confiança saibam com quem os jovens menores de idade estão conversando sem invadir sua privacidade. A plataforma continua criando ferramentas para ajudar os pais a personalizar as experiências e necessidades de seus filhos adolescentes. Seu novo recurso, Controles de Conteúdo, permite que os pais limitem o conteúdo que seus filhos podem ver no Snapchat.

Além disso, pela primeira vez, a plataforma publica suas Diretrizes de Conteúdo para os membros da comunidade Snapchat cujo conteúdo aparece em Histórias (stories) ou Holofotes (spotlights). Elas determinam que tipo de conteúdo é proibido, o que é autorizado compartilhar publicamente, e o que pode ser rotulado como sensível e deverá ser restrito. As diretrizes também estarão disponíveis em português nas próximas semanas.

"O Snapchat tem uma comunidade de mais de 8 milhões de usuários ativos no Brasil, então esperamos que essas novas ferramentas e diretrizes ajudem pais ou responsáveis e adolescentes não apenas a personalizar suas atividades no Snapchat, mas também capacitá-los a ter conversas abertas sobre suas atividades e experiências online", diz Marta Fuste, LATAM Market Lead da Snap Inc.

A plataforma também revelou que está desenvolvendo ferramentas adicionais para o Family Center no My AI, o chatbot experimental alimentado por inteligência artificial recentemente adicionado ao aplicativo. Ele procura dar aos pais maior visibilidade e controle sobre o uso do My AI por seus filhos.

“Sempre compartilhamos essas diretrizes com nossos parceiros de mídia e Snap Stars (figuras públicas ou criadores da plataforma). E agora estamos publicando as diretrizes completas de conteúdo para todos terem acesso, pois queremos oferecer maior transparência sobre os padrões mais rígidos que estabelecemos para conteúdo voltado para o público e nossos requisitos de elegibilidade para publicação”, explica Fuste.


Como funciona o novo recurso Controles de conteúdo?

O recurso Controles de Conteúdo da Central da Família permitirá que os pais filtrem Histórias ou vídeos no Holofote de editores ou criadores que possam ter sido identificados como sensíveis ou sugestivos. Para habilitar esta ferramenta, é necessário que os pais ou responsáveis tenham a Central da Família configurada com a conta do jovem de quem são responsáveis.

É muito fácil ativar o recurso Controles de Conteúdo em apenas 3 etapas:

  1. No canto superior à esquerda clique em seu avatar, e então entre no Family Center no menu Configurações ⚙️, que fica no canto superior à direita.
  2. Selecione o usuário para quem será enviado o convite para participar da Central da Família. Lembre-se que eles devem ser previamente adicionados como um contato.
  3. Depois que o convite for aceito, selecione a opção Controles de Conteúdo para ativar o botão que limita o acesso a conteúdo sensível.

Para saber mais sobre como o Snapchat Family Center funciona na prática, você pode conferir aqui, bem como estes infográficos. Você também pode consultar o Guia do Snapchat para pais e guardiões neste link.


Como o conteúdo é distribuído no Snapchat?

O Snapchat é um aplicativo desenvolvido para melhorar a comunicação entre amigos sem a pressão de ganhar curtidas e seguidores ou parecer perfeito. Trata-se de viver o momento, aprender sobre o mundo, inspirar-se, compartilhar a criatividade, comunicar a gama de emoções humanas e se divertir.

O Snapchat foi projetado para ser diferente das plataformas de mídia social tradicionais, que se estendem à forma como as pessoas consomem conteúdo. Existem duas formas no aplicativo em que o conteúdo pode alcançar um grande público:

  • Histórias: é plataforma de conteúdo dos criadores, Snap Stars e mais de 900 parceiros de mídia em todo o mundo, compartilhando notícias, entretenimento e muito mais. Não é uma plataforma aberta, portanto devem seguir as diretrizes editoriais.
  • Holofote: é a plataforma de entretenimento, nela os Snapchatters podem assistir a conteúdos divertidos e criativos criados por membros de nossa comunidade. No Holofote, qualquer conteúdo enviado pelos Snapchatters deve estar de acordo com as Diretrizes da comunidade.

O Snapchat orienta qual tipo de conteúdo é permitido ser transmitido. O aplicativo e suas políticas são projetados para impedir que qualquer conteúdo não monitorado viralize, moderando proativamente o conteúdo voltado para os criadores e Snapchatters antes que ele seja elegível para obter alcance nas Histórias ou Holofotes.

 

Snap
snap.com

Para transformá-los hábitos e disseminá-los no dia a dia, estudantes precisam conhecer cada um dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU

Em 2015, com a intenção de avançar na implementação de práticas sustentáveis com metas específicas, a ONU (Organização das Nações Unidas) estabeleceu 17 objetivos de desenvolvimento sustentável para compor a Agenda 2030. Em âmbito educacional, o tema sustentabilidade vem também ganhando relevância, com práticas que visam incorporar à grade curricular os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).

Os 17 objetivos estão divididos em erradicação da pobreza; fome zero e agricultura sustentável; saúde e bem-estar; educação de qualidade; igualdade de gênero; água potável e saneamento; energia limpa e acessível; trabalho decente e crescimento econômico; indústria, inovação e estrutura; redução das desigualdades; cidades e comunidades sustentáveis; consumo e produção sustentáveis; ação contra a mudança global do clima; vida na água; vida terrestre; paz, justiça e instituições eficazes; e parcerias e meios de implementação.

Para que sejam concretizadas nas práticas escolares, a divulgação das metas entre estudantes tornou-se imprescindível e necessária, afinal, são hábitos que serão indispensáveis, fundamentais e que influenciarão para o futuro do planeta ser equilibrado nos pilares da sustentabilidade, que envolvem o meio ambiente, desenvolvimento social e econômico. Sendo assim, é extremamente importante que os estudantes conheçam com propriedade cada um dos ODS, transforme-os em hábitos e disseminem entre as pessoas de seu convívio.

A sustentabilidade deve ser ensinada desde os primeiros anos aos estudantes, assim será possível mudar hábitos enraizados socialmente, conscientizando sobre ações positivas com o objetivo de garantir um futuro mais sustentável ao planeta. Ao entender que integrar no currículo escolar os ODS é um caminho significativo para a construção de um futuro sustentável,  percebe-se que a inclusão destes novos hábitos vem vinculados à criação de uma nova cultura e deve ser construída não somente com estudantes, mas em toda comunidade em que estão inseridos socialmente.

Na Escola Luminova, por exemplo, uma das práticas de sustentabilidade mais significativas acontece na aula de Relações Sociais, no Fundamental I, onde crianças entre seis e dez anos, aprendem sobre o que são os ODS, e como podem aplicar esses conhecimentos na rotina. Os alunos se tornam agentes da propagação da sustentabilidade, por meio da conjugação de teoria e prática. Os ODS também são trabalhados como tema transversal, adaptando-se a abordagem a cada etapa do ensino.

A criação dessa cultura é um dos primeiros desafios no ambiente escolar para refletir sobre todos os aspectos e pilares da sustentabilidade, indo além da associação de que sustentabilidade envolve apenas as práticas ambientais. É claro e inegável que  este é um dos pilares fundamentais, mas é importante destacar que a sustentabilidade engloba muitas outras pautas dentro da agenda da ONU e reforçar a criação de uma gestão educacional e de uma cultura na comunidade escolar que preza pelos direitos humanos, pela qualidade de vida e redução das desigualdades. 

Outro desafio encontrado para a inserção adequada da sustentabilidade na prática escolar é a necessidade de ações que sejam feitas em todos os ciclos escolar e, aproveitando, inclusive, os novos itinerários formativos para a inclusão de assuntos relacionados. Apresentar propostas práticas de interdisciplinaridade e evidenciar que esses estudantes são grandes responsáveis por ações econômicas é uma possibilidade que faz com que as propostas saiam da teoria e permite que os estudantes possam ser agentes multiplicadores e transformadores da economia criativa. 

O estudante precisa entender seu papel como agente ativo no ciclo da sustentabilidade. Somente por meio dessa rotina é que a Agenda 2030 será cumprida e a garantia de um futuro sustentável será efetiva.

 

Carla Lyra Jubilut - Arte-educadora, Comunicadora Social e Pedagoga. Especialista em Metodologias Ativas e Psicopedagogia pelo Instituto Singularidades.. É Coordenadora Pedagógica na Escola Luminova Vila Prudente, e Advocate e Mentora do Global Schools Program - um programa da Unesco que defende a implementação dos ODS na comunidade escolar.

 

2023 é o ano em que o atendimento no nosso sistema de saúde precisa evoluir!

O ano de 2023 apresenta-se como uma grande oportunidade de voltar a refletir sobre a tão esperada transformação na área da saúde. Acompanho essa discussão com muita intensidade desde a década passada, patrocinando encontros com diversos e importantes atores do segmento. O diagnóstico é quase o mesmo, porém as ferramentas e a conscientização são maiores hoje.

Nosso sistema é universal e multifacetado. Fundos públicos o patrocinam e têm o SUS, Sistema Único de Saúde, como estrutura-base para executar os diversos procedimentos. Por ser universal, um paciente tem direito a saúde de qualidade sem distinção social ou econômica. Mas é multifacetado porque ele divide seu protagonismo com um sistema privado que atende cerca de 25% da população - 50 milhões de habitantes mais privilegiados! Os 160 milhões de brasileiros remanescentes lutam com dificuldade para receber o atendimento ambicionado.

A qualidade do atendimento médico parece que vai se degradando à medida que vamos nos distanciando da cidade de São Paulo - para ser mais preciso, do Complexo das Clinicas de São Paulo (nesta afirmação existe alguma falha intencional, simbólica e provocativa, é claro).

Hospitais públicos como o mencionado são ilhas de gestão e tecnologia e apresentam, como consequência, melhor atendimento ao paciente. Há muito o HCFMUSP investe em melhora da qualidade dos recursos humanos, de sistemas e da gestão, com foco muito forte em inovação. E o resultado na qualidade do atendimento impressiona mesmo! Basicamente, a gestão dos recursos dos hospitais pertencentes ao complexo está voltada em torno do paciente, e não das doenças que o acometem.

Todas as iniciativas com viés tecnológico ou de inovação do complexo hospitalar estão concentrados no InovaHC, um hub de tecnologias avançadas que objetiva catalisar empreendedores e recursos que gerem soluções para, conforme enunciado da instituição, “tornar a jornada do atendimento mais intuitiva, eficiente e iterável”. Algumas das inovações tecnológicas mais importantes da medicina brasileira estão passando por lá. A recente parceria com o Insper, por exemplo, uma das grandes instituições de pesquisa e ensino de negócios do país, que já está testando um novo modelo de operação remota de exames - tomografia e ressonância magnética.

O incentivo ao desenvolvimento de tecnologias em solo brasileiro é importante. Mas é fundamental encontrar aplicabilidade em áreas que façam a diferença na vida das pessoas.

Nesse sentido, o ano de 2023 nos traz esperança. A nova Ministra da Saúde, Nísia Trindade, competente profissional da área, certamente recuperará as discussões sobre esses e outros assuntos. Retomar a coordenação do SUS; estar bem conectada com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação; recuperar o calendário vacinal; fortalecer a indústria nacional. Estes são alguns aspectos que precisamos evoluir. Eu estou otimista.


Daurio Speranzini Jr - um dos mais experientes líderes empresariais do mercado da tecnologia médica do Brasil. Formado em engenharia mecânica pela FEI, possui MBA pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e extensão em Business Administration pelo Massachusetts Institute of Technology - MIT. Há 20 anos ocupa posições muito destacadas - vice-presidente, presidente e/ou CEO - nas maiores companhias mundiais com foco em tecnologia, saúde e healthcare. Toda essa experiência proporcionou um capital importante para análises profundas sobre as características e os processos operacionais das estruturas de saúde, públicas e privadas.

 

Comércio Digital: os 5 principais desafios de um marketplace, para gestores e sellers

Especialista elenca fatores de atenção e traz insights valiosos para empresas que almejam se estabelecer no setor de marketplace e alavancar resultados de vendas”


 

Marketplaces seguem sendo uma tendência em alta no e-commerce. Na China, já representam 90% do faturamento do varejo online e nos EUA, 33%, segundo a Channel Advisor. No Brasil, segundo a Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm), o crescimento do setor só em 2021 foi de 19%. Esse modelo de negócios traz vantagens tanto para quem tem seu próprio marketplace, quanto para os sellers, que vendem nas plataformas de outros empreendedores, buscando maior visibilidade e oportunidades de vendas. De acordo com o último relatório Webshoppers, 84% dos lojistas brasileiros possuem canais ativos em sites como Mercado Livre, Magalu, Americanas e

Amazon.

 

“A transformação de e-commerce em marketplace é de fato uma tomada de decisão assertiva para lojistas e indústrias que almejam aumentar o volume de vendas, além dos benefícios para quem tem sua própria plataforma. O mercado segue favorável para esse modelo de negócios e, por isso, é importante transformar desafios em oportunidades para não limitar os resultados possíveis de serem alcançados”, orienta Matheus Pedralli, CEO da Omnik, empresa da FCamara, que permite que uma empresa possa criar seu próprio marketplace ao fornecer recursos para todo o ciclo de gestão, operação e transação de um Marketplace.

 

Pensando nisso, o executivo lista os principais desafios que devem estar na mira de atenção de quem atua nesse setor e quer se consolidar no mercado. Confira:


 

Parceiros e infraestrutura


Para a quantidade de vendas que um marketplace é capaz de alcançar, quem investe nessas plataformas precisa também investir na atração de sellers parceiros, que diversifiquem e ampliem o portfólio de produtos e tornem a plataforma mais robusta. Além disso, deve haver uma atenção especial à otimização das operações. “Tanto a logística quanto a infraestrutura são pontos sensíveis para garantir a construção de uma boa reputação, a partir da satisfação dos consumidores com a experiência de compra que tiverem”, pontua Pedralli.


 

Gestão operacional


Dentre diversos benefícios, a transformação de um e-commerce em um marketplace proporciona ganho de escala das operações. A partir desse ponto é necessário redobrar o cuidado com estratégias que serão adotadas no ambiente omnichannel. A gestão eficiente da operação e, consequentemente, do processo de vendas é o meio para criação de “padrões” de jornada do consumidor para que ele tenha uma boa experiência de compra, seja B2C ou B2B. Atualmente o cliente transita por diferentes pontos de contato, o importante é que ele consiga alcançar o que precisa naquele momento, assim, a empresa terá grandes chances de fidelizar o seu cliente.


 

Segurança da informação


Falhas de segurança, além de deixarem o marketplace vulnerável a fraudes e golpes digitais, podem expor dados sensíveis de consumidores e de lojistas. Os prejuízos também atingem a reputação do marketplace, fazendo os consumidores perderem a confiança na plataforma como canal de compra. Tomada de decisão orientada a dados. A gestão orientada a dados traz tomadas de decisões mais ágeis e assertivas, além de auxiliar no controle de resultados de vendas. O desafio é ter todas as informações pertinentes ao negócio centralizadas em uma só plataforma, auxiliando a gestão de dados de todo ciclo de vida do marketplace, assim como, análise da performance de vendas.


 

Destacar-se da concorrência


Diferentes fatores influenciam a posição que você ocupa nas buscas em um marketplace, como preço, custo do frete, avaliações de clientes. Além disso, é importante identificar como você pode chamar a atenção do consumidor em detrimento de sellers que ocupam o mesmo espaço que você. Estude a concorrência e as oportunidades que a plataforma oferece e assim você poderá descobrir como planejar suas ofertas e condições de venda para se sobressair.

 


FCamara
www.fcamara.com

OmniK
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Estudo aborda mediação de escrivãs em casos de violência semiótica contra a mulher em redes sociais

Foto: Ilustração: Rafaela Repasch

No percurso entre o relato do crime virtual e o julgamento dos casos de violência semiótica contra a mulher, surge a produção de uma narrativa fundamental que fará parte do processo: o Boletim de Ocorrência (BO). A vítima narra e a escrivã registra (prioritariamente mulheres exercem essa função nas delegacias de defesa da mulher) dentro do espaço limitado do documento e de acordo com as formas discursivas normatizadas do BO. Interpretação, empatia, emoção, entre outros sentimentos e circunstâncias fazem com que a violência semiótica original (materializada nos elementos de prova como fotos e prints) passe por uma ressignificação (ressemiotização) que dará a forma final do relato a ser julgado. Qual o funcionamento desse processo que reúne tantas vozes? A vítima tem se beneficiado destas narrativas? O texto narrado é suficiente?

Com o propósito de estudar o percurso do registro policial sobre casos de violência semiótica contra a mulher em redes sociais online, a escrivã, bacharel em Direito e licenciada em Letras pela Unicamp Camila Rebecca Busnardo, orientada pelo professor Marcelo El Khouri Buzato, do Instituto de Estudos da Linguagem (IEL) da Unicamp, desenvolveu a dissertação de mestrado “Tecendo vozes e BOs: a ressemiotização da violência semiótica contra a mulher em redes sociais online”.

“Meu cotidiano no trabalho me deixava intrigada em relação a essa tarefa da figura da escrivã, de redigir todas as infinitas histórias e narrativas das pessoas que passam por lá. Há uma interpretação, uma necessária empatia também, no esforço de traduzir, de uma maneira realista, dando conta de evidenciar o sofrimento que a pessoa está ali contando”, diz Camila, que desde 2017 é escrivã da Polícia Civil na Delegacia de Defesa da Mulher de Americana (SP). “Como escrivã, eu sabia da importância da confecção do BO para que o processo fosse levado à investigação, ao julgamento e à condenação.”

O mais inovador da pesquisa, diz o professor, é focar o estudo não no conteúdo do BO de violência contra a mulher, mas no percurso de traduções da imagem para a escrita, além de trabalhar a ideia de que o real e o virtual não são coisas separadas.

No início do mestrado de Camila, ainda não existia a delegacia online especializada em crimes cometidos contra a mulher. “Isso foi desenvolvido especialmente durante a pandemia, quando aconteceu um ‘boom’ da violência contra a mulher e houve um aprimoramento neste tipo de registro remoto pela Polícia Civil”, explica ela.

Hoje, a vítima pode fazer o Registro Digital de Ocorrência (RDO) remotamente ou ir pessoalmente à delegacia. Quando o registro não é feito presencialmente na delegacia, também é possível anexar arquivos. O sistema é informatizado nas duas situações, mas, no presencial, existe a figura da escrivã.

O professor Buzato lembra que o perfil linguístico de um diálogo entre duas mulheres acontece de forma diferente. “É uma outra empatia.” De acordo com o orientador, nenhum sistema semiótico consegue traduzir o outro totalmente. “Você ganha ou perde alguma coisa.” Nesse caso de elaboração do BO, a narrativa pode tirar a força ou acentuá-la. “A escrivã traz a voz da vítima para dentro da polícia. Ela está no meio de um processo que começa por uma violência, passa por uma reclamação, daí vira esse registro, que é a porta de entrada semiótica, o primeiro documento que o delegado vai ler. Mais para frente, isso vai entrar num processo judicial em uma sentença pela qual o acusado pode ir para a cadeia.”  As questões, segundo o docente, são: como acontece o manejo destas vozes? Como a voz da escrivã entra no BO? Como ela tem que fazer quando fala com a voz da Justiça? É um texto que parece pouco, mas, como ela está na porta de entrada de um mundo para o outro, esse manejo é importante.

Portanto, conclui a pesquisadora, o estudo dessa mediação realizada pelo escrivão deve conter informações importantes para que o sistema de registro de ocorrências possa ser otimizado. Quando feita corretamente, a confecção do BO garante o início da persecução criminal, contribuindo para o esclarecimento dos delitos e a identificação de seus autores. A força do texto dá suporte à promotoria e ao juiz para condenar o criminoso.


Trabalho qualitativo

Para realizar seu estudo sobre de que forma a violência verbal é ressemiotizada nas narrativas dos BOs, Camila selecionou 20 BOs registrados na Delegacia de Defesa da Mulher de Americana (SP), entre 2018 e 2019. Os casos envolviam violações à dignidade humana perpetradas no ambiente virtual, caracterizando violência semiótica contra a mulher mediadas pela tecnologia, ou seja, por meio do uso das redes sociais e seus recursos, entre os quais, mensagens, imagens, instantâneos de tela, áudios, vídeos, compartilhamentos de conteúdos etc.  

De acordo com a pesquisadora, não existem formas específicas de registro desse tipo de agressão e a tipificação de crime de violência semiótica na legislação é muito recente. No entanto, os registros, pelos quais signos linguísticos ferem a honra subjetiva da mulher, têm crescido em número nas delegacias. “Isso faz recair sobre a figura do escrivão de polícia a responsabilidade por fazer o ‘ajuste fino’ entre o relato do crime em seu contexto virtual de ocorrência e as formas discursivas normatizadas e já convencionadas dos BOs, isto é, atuar na sua ressemiotização”, analisa Camila.


Violência semiótica

A noção de violência semiótica com a qual Camila trabalhou na sua pesquisa é a de produção de sentidos por meio de artefatos multimodais e audiovisuais, como gestos, imagens, áudios e vídeos, que perpetram a violência contra a mulher, desde o constrangimento moral até o dano à honra da vítima.  

Os casos são de mulheres humilhadas em redes sociais, muitas vezes com a exposição de sua intimidade — por meio da publicação de fotos em que estejam nuas, por exemplo — ou com a ameaça de exposição, vulnerabilizando ou intimidando a mulher. Trata-se de crimes em que a tecnologia propicia a reprodução do machismo estrutural nos meios virtuais.

Nesse sentido, a escrivã é voz presente na narrativa do BO porque, muitas vezes, precisa mesclar o uso da linguagem técnica [jargão policial] com assistência à vítima em seu relato. “Escrever, por exemplo, ‘fiquei muito magoada e chorei’, não interessa [no registro]. Entretanto, se você coloca, ‘ele me ameaçou’ ou ‘ele postou no Facebook uma foto apontando uma arma e dizendo que minha hora vai chegar’, isso muda o caso”, conclui Camila. 

 


Adriana Vilar de Menezes

Edição de imagem: Paulo Cavalheri

Fonte: https://www.unicamp.br/unicamp/ju/682/uma-narrativa-que-pode-salvar-vidas


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