Documentário inédito fica disponível gratuitamente
na plataforma SESC Digital até 26
de janeiro
Em 25 de
janeiro de 2019, uma tragédia de abateu sobre a cidade de Brumadinho (MG) com o
rompimento da barragem da Mina do Córrego do Feijão, sob responsabilidade da
Vale S.A.. Mais de 250 vidas foram perdidas, além da imensa destruição
ambiental. Até hoje, esse é um crime que segue impune. Entre as vítimas, estava
a melhor amiga da cineasta Cecília Engels, Camila. Conhecida como Tatá, a jovem
morreu junto com seu irmão, pai e madrasta.
"Nesses
três anos, percebo que já vivemos algumas fases. Logo no começo é o choque da
perda, o luto, a busca por coisas que nos estimule a seguir em frente. Agora o
que me desilude é a impunidade. Passo bastante tempo pensando e conversando
sobre ela. A banalização de atos criminais contra a vida e contra o meio
ambiente me provoca tamanha indignação! Não se pode explorar o minério a
qualquer custo, o estado precisa ser rígido nos critérios de operação desta
atividade. Os rompimentos de barragens são o ?auge? das tragédias, além disso
no dia a dia, com menos visibilidade, as mineradoras estão contaminando rios, criando
disputas de territórios, perseguindo ativistas", comenta a cineasta que
realizou o documentário ODE AO CHORO, como uma maneira de
conseguir lidar com seu luto.
O filme,
que faz parte 4a Mostra de Cinema Paulista, promovida pelo SESC, está disponível
gratuitamente na plataforma SESC Digital até 26 de janeiro. No documentário, a
diretora acompanha seu longo e doloroso processo de luto pela perda de seu
grande amiga, que conhecia desde a infância. “Cada pedacinho da minha vida tem
uma parte sua”, diz numa homenagem a Tatá.
"Em
2019 quando rompe a barragem de Brumadinho e morre minha amiga Camila, minha
vida vira de ponta cabeça. Eu fui entendendo que a arte seria meu canal de
expressão para decantar, assimilar e, quem sabe, curar as feridas que esse luto
estava deixando em mim. Foi aí que eu decidi embarcar numa jornada que eu
chamei de ritual - ensaio - filme, eram encontros filmados com pessoas que me
ajudassem a elaborar todos os sentimentos que eu estava vivenciando",
explica a diretora.
O documentário
a acompanha durante o mês de outubro de 2019, quando ainda tomada por um luto
com o qual tinha dificuldade de lidar, Engels procurou diversas tipos de
terapias que a ajudariam a enfrentar aquele momento. No longa-metragem, define
seu documentário como "uma maneira de esvaziar a
racionalidade" para poder continuar com sua vida.
De conversa
ao canto, com resgate de sua trajetória e de Tatá, que tinha 33 anos quando
morreu, ODE AO CHORO é também uma celebração da memória dos que
partiram e da vida. Assim, com seu documentário, a diretora faz uma homenagem à
amiga e aos anos de amizade, enquanto tenta aprender uma maneira de seguir em
frente. "O que fazer em caso de tristeza pós-morte?”, pergunta,
lembrando-nos de que nunca estamos preparados para nos separar dos que partem.
Reencontrando
cartas e fotografias dessa longa amizade, a documentarista busca uma maneira
própria de expressar sua perda, uma vez que “palavras não encontram o tamanho
da dor." Em busca de dimensionar essa dor, a diretora cria imagens de
uma poesia melancólica que reverencia aquela amiga que era a primeira a quem
procurava quando queria apresentar novas ideias criativas, e com quem
partilhava tantos ideias e pensamentos em comum.
ODE AO
CHORO acentua também a impunidade no país, e seu lançamento cobra que a
justiça seja feita, em nome daqueles e daquelas quer perderam sua vidas, entes
e amigos e amigas. "O processo judicial sobre o crime da barragem do
Córrego do Feijão precisa ter um desfecho pautado na justiça, com os devidos responsáveis
sentenciados e as reparações às vítimas e ao meio ambiente condizentes com o
tamanho do estrago."
O filme
conta com a participação de: Betina Turner, documentarista e terapeuta
paliativista; Bianca Turner, vídeo mapping; Carol Pinzan, ritual relacional e
performativo; Felipe Gomes Moreira, preparador vocal e cantor; Gustavo Vinagre,
cineasta; e Tânia Piffer, ritual relacional e performativo.
ODE AO CHORO está disponível em:
https://sesc.digital/conteudo/cinema-e-video/mostra-sesc-de-cinema/ode-ao-choro
Sinopse:
ODE AO
CHORO é um passeio pelo luto de Cecilia, diretora de cinema há 13 anos. Em
2019 ela viu sua vida virar de ponta cabeça quando, no rompimento da barragem
de Brumadinho, sua melhor amiga morreu. Em busca da restauração de seu trauma,
Cecilia se encontra com algumas pessoas que a estimulam a falar sobre a morte e
o luto. Por um recorte autobiográfico, a diretora vira personagem da obra para
falar sobre seus medos, sua fé e sua percepção da morte.
Ficha
Técnica
Direção,
roteiro e produção: Cecilia Engels
Direção de
Fotografia: Thaisa Oliveira
Som Direto: Enrico
Porro
Edição: Cecilia
Engels e Daniela Gonçalves
Consultoria
de edição: Fernando Solidad e Joana Ventura
Edição de
Som e Mixagem: Helena Duarte
Correção de
cor: Thaisa Oliveira
Designer
gráfico e motion: Bruno Bayeux
Trilhas
Instrumentais: Gustavo Raulino
Elenco: Bettina
Turner, Bianca Turner, Carol Pinzan, Cecilia Engels, Felipe Gomes Moreira,
Gustavo Vinagre, Tânia Piffer
Gênero:
documentário
País: Brasil
Ano: 2021
Duração: 71 min.
Canção:
Oceano - Bárbara Malavoglia
Trilhas:
Brinquedo - Nei Zigma
Corredeira
- Felipe Gomes Moreira
Sou Toda
Ouvidos - Sandra Ximenez e Felipe Julián
Buselik
taksim - Evgenios Voulgaris
Festivais:
8th La Paz
International Film Festival, Bolivia
Mostra Sesc
de Cinema Estadual
Festival de
Cine Devocional, Argentina
SAN JOSÉ
INTERNATIONAL FILM AWARDS, Costa Rica
Arraial
Cine Fest, Bahia, Brasil
Mini Bio
Cecilia Engels
Cecilia
Engels é diretora e montadora audiovisual. Dirigiu seis curtas metragens, dois
médias, um longa, vídeos institucionais e web-séries. Desenvolve projetos de
ficção e documentário. Tem como norte a linguagem cinematográfica em diálogo
com os temas de desenvolvimento social, ambiental, espiritual, artístico e de
resgate da memória. Faz cinema com afeto e ética. Formou-se em cinema na FAAP
em 2009. Especializou-se em direção na School of Visual Arts em Nova York.
Cecilia
Engels is a director and an editor. Directed six shorts, two medium length, one
feature film, web-series and institucional videos. She is engaged in fiction
and documentary films. Cecilia has as a goal developing film that dialogue with
social, environmental and spiritual development. She also works on projects to
rescue memories. She graduated in cinema at FAAP in 2009. At School of visual
arts in NY Cecilia did a specialization in film directing.
Filmografia
2021 - Ode
ao Choro - longa metragem documentário
2020 - O
dia que me tornei mais forte - curta ficção (Canal Futura)
2019 - Geni
- curta metragem ficção
2015 –
Apart-Horta – tele-filme doc/ficção
2015 - O
Povo Dourado Somos Todos Nós – média metragem documentário
2015 – No
Que Me Toca - curta metragem ficção
2013 - Meu
Nome é Bongo, eu toco djambe – curta metragem documentário
2012 - Não
Deixe Joana Só – curta metragem ficção
2009 - Um
Par a Outro – curta metragem ficção em 35mm
Inglês
2009 - One
for another – short film fiction 35mm
2012 -
Don´t leave Joana alone – short film fiction
2013 - My
name is Bongo I play the djambe –short film documentary
2015 - The
golden people are all of us – 63min documentary
2015 – How
it touches me - short film fiction
2015 – Home
grown garden – 55 min fiction-doc
2019 - Geni
- 15 min fiction
2021 - Ode
to Tears - feature documentary