País
embarcou 33,3 milhões de sacas até o fim de outubro; em receita cambial, porém,
desempenho é 7% positivo no período
As
exportações brasileiras totais de café atingiram 3.431.172 sacas de 60 kg em
outubro de 2021, aferindo queda de 23,8% em relação às 4.504.059 sacas
registradas no mesmo mês do ano passado. Em receita cambial, contudo, os
embarques avançaram 11,3% na mesma comparação, saltando de US$ 564,7 milhões
para os atuais US$ 628,5 milhões. Os dados constam no relatório estatístico
mensal do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé).
O
desempenho do mês passado elevou as remessas do país a 33.274.973 sacas no
acumulado do ano, gerando US$ 4,815 bilhões. Essa performance representa
declínio de 6,3% em volume, mas alta de 7% em receita frente à movimentação
conferida entre janeiro e o fim de outubro de 2020.
No
ano safra 2021/22, o desempenho é similar, com os embarques recuando 20,7%,
para 12,331 milhões de sacas, porém com a receita avançando 6,5%, a US$ 2,011
bilhões, entre julho e outubro.
“A
queda no volume das exportações reflete a continuidade dos conhecidos gargalos
logísticos no comércio marítimo mundial. O cenário é preocupante porque
especialistas do setor, com os quais nos reunimos em diversos eventos nacionais
e internacionais, apontam que esses entraves devem se arrastar durante 2022,
devido ao grande volume dos produtos agrícolas brasileiros acumulados nos
portos e às safras que são escoadas a partir do segundo semestre”, explica
Nicolas Rueda, presidente do Cecafé.
Outra
preocupação apontada por ele no que se refere aos gargalos na logística é a
elevação dos custos. “Eles têm contribuído para as fortes altas nos índices de
inflação, gerado indisponibilidade de insumos essenciais ao agronegócio no
Brasil e uma escalada nos preços que começa a preocupar os produtores como um
todo. Logicamente, o setor cafeeiro não é poupado dessas aflições”, comenta.
Frente
ao desempenho positivo registrado na receita cambial com as exportações da
commodity, o presidente do Cecafé informa que resulta do contexto
mercadológico. “Apesar da queda em volume, a geração de divisas para o Brasil
com os embarques tem importantes crescimentos, que se justificam pela elevação
das cotações internacionais do café, assim como pelos atuais níveis do dólar”,
pontua.
DESAFIOS
E OPORTUNIDADES
Diante
dos desafios globais que envolvem, entre outros temas, transporte, logística,
governança socioambiental (ESG) e clima, matérias intensamente debatidas na
COP26, que termina hoje, 12, em Glasgow, na Escócia, Rueda enxerga
oportunidades e comemora o fato de o café ter um papel protagonista na chamada
agenda positiva, o qual pode contribuir com mais renda aos atores da
cafeicultura.
“O
Cecafé e seus associados continuam se preparando para liderar, com base em
exemplos concretos, como o projeto de cafeicultura de baixo carbono que estamos
desenvolvendo, uma pauta que tanto promete, pois, além de focar na
sustentabilidade, com certeza trará novas oportunidades de agregação de valor
para o café brasileiro, principalmente quando pensamos na obtenção de recursos
do crédito verde”, conclui.
PRINCIPAIS
DESTINOS
No
acumulado de 2021 até o fim de outubro, o Brasil exportou café para 119 países.
Os Estados Unidos seguem como os principais importadores do produto, com a
aquisição de 6,468 milhões de sacas, montante praticamente estável em relação
às 6,489 milhões adquiridas no mesmo intervalo em 2020. Esse volume representou
19,4% dos embarques totais do país até o momento.
A
Alemanha, com representatividade de 16,5%, importou 5,474 milhões de sacas
(-8,2%) e ocupou o segundo lugar no ranking. Na sequência, vêm Itália, com a
compra de 2,383 milhões de sacas (-7,7%); Bélgica, com 2,270 milhões (-22,6%);
e Japão, com a aquisição de 2,074 milhões de sacas (+12,5%).
Destaca-se,
ainda, a aparição de outros dois países produtores entre os principais destinos
das exportações brasileiras de café. A Colômbia ocupa a sétima colocação no
ranking, com a aquisição de 945.694 sacas entre janeiro e outubro de 2021,
apresentando substancial alta de 56,7% frente às compras feitas nos 10
primeiros meses do ano passado. Desse total, 885.179 mil sacas são do grão
verde, utilizado para industrialização e consumo interno. O México aparece no
oitavo lugar, com a importação de 787.485 sacas (-12,5%), sendo 763.131 sacas
de café in natura.
TIPOS
DE CAFÉ
O
café arábica foi o mais exportado de janeiro a outubro de 2021, com o despacho de
26,771 milhões de sacas ao exterior, o que correspondeu a 80,5% do total. Já a
variedade canéfora (robusta + conilon) teve 3,251 milhões de sacas embarcadas,
com representatividade de 9,8%. Na sequência, vêm os segmentos do produto
solúvel, com 3,215 milhões de sacas (9,7%), e do café torrado e torrado e
moído, com 37.540 sacas (0,1%).
PORTOS
O
complexo marítimo de Santos (SP) é o principal exportador dos cafés do Brasil
neste ano, com o envio de 25,552 milhões de sacas entre janeiro e outubro, o
que equivale a 76,8% do total. Em seguimento, surgem os portos do Rio de
Janeiro, que responderam por 16,1% dos embarques ao remeterem 5,368 milhões de
sacas, e Vitória (ES), com o envio de 977.384 sacas ao exterior, com
representatividade de 2,9%.
O
relatório completo das exportações de café em outubro de 2021 está disponível
no site do Cecafé: http://www.cecafe.com.br/.