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terça-feira, 11 de agosto de 2020

Quando se trata de saúde imunológica, o que comemos é muito importante

  


O sistema imunológico trabalha continuamente para nos proteger dos patógenos nocivos, como bactérias e vírus. As células imunológicas compõem um dos sistemas mais sofisticados e coordenados do corpo, essencial para a sobrevivência humana.

Com o recente surto do novo corona vírus, tem sido muito comentado a importância de manter uma boa imunidade. Como resultado, muitas informações estão sendo compartilhadas sobre o efeito de alguns alimentos para suporte a imunidade.

Para a nutricionista Adriana Stavro "O que sabemos é que uma alimentação variada, equilibrada, com foco em frutas, verduras, vegetais, carboidratos integrais, proteínas magras, pode fornecer muitas vitaminas e minerais que desempenham papel essencial no apoio ao sistema imune. E não vamos esquecer da importância de manter peso saudável, praticar exercícios físicos regularmente, não fumar, consumir quantidades moderadas de álcool, reduzir o estresse e manter sono adequado."

Ao mesmo tempo, pesquisas mostram que durante o isolamento, aumentou o consumo de bebida alcóolica e de alimentos ricos em calorias e pobres em nutrientes, além da piora da qualidade do sono. Portanto, se a dieta é deficiente em nutrientes essenciais, melhorar a qualidade da alimentação é fundamental além de diminuir consumo de álcool e dormir adequadamente.

Aqui está uma lista de alimentos ricos em nutrientes conhecidos por serem benéficos no apoio à imunidade.


Segundo a nutricionista, vale lembrar que o sistema imunológico é complexo e incorpora muitos órgãos e funções, e é influenciado não por um alimento ou um nutriente específico, e sim por uma variedade de vitaminas e minerais, combinada com fatores de estilo de vida saudáveis, como sono, exercícios físicos e baixos níveis de estresse. 



FRUTAS, VERDURAS E LEGUMES DA ESTAÇÃO

Agosto 


Frutas: caju, carambola, kiwi, laranja-pera, lima, mexerica, morango e tangerina.

Hortaliças/verduras: agrião, alho-poró, brócolis, chicória, coentro, couve, couve-flor, erva-doce, escarola, espinafre, mostarda e rúcula.

Legumes: Abóbora, abobrinha, cará, cenoura, ervilha, fava, inhame, mandioca, mandioquinha, nabo, pimentão e rabanete.

 



Adriana Stavro - Nutricionista Funcional e Fitoterapeuta
Especialista em Doenças Crônicas não Transmissíveis (DCNT) pelo Hospital Israelita Albert Einstein - Mestranda do Nascimento a Adolescência pelo Centro Universitário São Camilo.


Pacientes com epilepsia têm acesso a novo medicamento gratuito no SUS

Após diagnosticados por um especialista, pacientes podem ser tratados com fármaco que já foi adquirido pelo Ministério da Saúde e tem a distribuição realizada pelas secretarias estaduais e municipais de saúde


A epilepsia é uma enfermidade neurológica que afeta mais de 60 milhões de pessoas ao redor do mundo, sendo 3 milhões apenas no Brasil. Seu diagnóstico é complexo, o tratamento pode envolver múltiplos medicamentos e nem sempre o controle ou remissão das crises é possível de ser alcançado. Por isso, o acesso a medicamentos com mecanismos de ação variados e possivelmente complementares auxilia pacientes em buscar o controle da doença e uma melhor qualidade de vida.

O medicamento Levetiracetam, indicado para o tratamento de diversos tipos de crises epilépticas por seu amplo espectro de ação, foi incorporado no SUS (Sistema Único de Saúde) em 2017 para tratamento de pacientes que necessitam associar mais de um medicamento ao tratamento da Epilepsia.

Estima-se que 75% da população brasileira dependa exclusivamente do SUS para o acesso à saúde envolvendo consultas médicas, diagnósticos, tratamentos, cirurgias e medicamentos. A inclusão do Levetiracetam no Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) para o tratamento da epilepsia, trouxe uma opção importante para aumentar as chances de controle das crises epilépticas.

Desde maio desse ano, pacientes diagnosticados com Epilepsia, elegíveis pelo neurologista e que se enquadram nos critérios definidos pelo PCDT ao tratamento com Levetiracetam, podem acessar a medicação através das farmácias de medicamentos especiais do Sistema Único de Saúde, seguindo o processo de solicitação de medicamentos previsto e orientado pela Secretaria de Saúde de seu estado. Apesar da incorporação ser Federal (o ministério da saúde é o responsável pela aquisição e distribuição desse medicamento aos Estados), o processo de solicitação pode sofrer algumas adequações de secretaria a secretaria de saúde estadual. O processo padrão requer o preenchimento do Formulário de Requerimento de Medicamentos Especiais (LME), anexando documentos e laudos do paciente e informações de seu neurologista.

A incorporação do Levetiracetam é um marco importante no tratamento dos pacientes com Epilepsia. Essa medicação possui um mecanismo de ação exclusivo no SUS que possibilita seu uso em associação às medicações mais comumente utilizadas pelos pacientes do SUS. Cerca de 70% dos casos de epilepsia são satisfatoriamente controlados com a escolha correta e uso adequado de fármacos antiepilépticos.


Indicações do Levetiracetam

O uso de levetiracetam no SUS está aprovado nas seguintes indicações:

Pacientes com epilepsia focal (crises simples ou complexas) e epilepsia primariamente generalizada em adultos e crianças com mais de 6 anos (12 anos para crises tônico-clônico generalizadas) como terapia adjuvante em casos refratários à monoterapia com antiepiléptico de primeira linha;

Crises mioclônicas em pacientes com EMJ, como terapia adjuvante em casos refratários;

Tratamento de crises epilépticas em pacientes com microcefalia causada pelo vírus Zika, como terapia adjuvante, no caso de falha terapêutica de outros antiepilépticos preconizados neste protocolo.

Importante lembrar que as indicações de levetiracetam para uso no SUS não refletem em sua totalidade as indicações aprovadas em bula. Para saber as indicações de bula, consulte o site da ANVISA http://portal.anvisa.gov.br/ .


A doença³

A epilepsia é uma doença caracterizada por uma alteração temporária e reversível do funcionamento do cérebro que leva a ocorrência de crises epilépticas espontâneas, ou seja, que não tenha sido causada por febre, drogas ou distúrbios metabólicos. Durante alguns segundos ou minutos, uma parte do cérebro emite sinais incorretos, que tanto podem ficar restritos a esse local ou espalhar-se pelas outras regiões. Se ficarem restritos, a crise será chamada focal; se envolverem os dois hemisférios cerebrais, generalizada. Por isso, algumas pessoas podem ter sintomas mais ou menos evidentes de epilepsia, não significando que o problema tenha menos importância se a crise for menos aparente. No entanto esta diferença é importante na escolha do tratamento pois alguns medicamentos são mais efetivos para crises focais, outros para as generalizadas existindo ainda os de amplo espectro, que agem em todos os tipos de crises epilépticas.

 


UCB Biopharma

 

 

Referências:

1. Ministério da Saúde, Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/dicas-em-saude/2046-epilepsia. Acesso em: 28/06/2020.

2. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Epilepsia. Consultado em 08/07/2020. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Consultas/Relatorios/2019/Relatorio_PCDT_Epilepsia_CP13_2019.pdf

3. Liga Brasileira de Epilepsia (LBE) e adaptação UCB. Consultado em 08/07/2020. Disponível em: http://epilepsia.org.br/o-que-e-epilepsia/

 

Sociedade Bras. Diabetes lança manual para cuidados do pé diabético, durante a pandemia

Ciente da necessidade adaptação de rotinas, neste período de pandemia, a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) lança o manual Cuidados com os pés em pessoas com diabetes, em tempos de Covid-19. Com linguagem simples e acessível, o documento apresenta uma compilação das principais recomendações para a prevenção de feridas, infecções e outras complicações. Estima-se que cerca de 20% da população com diabetes desenvolvem algum problema nos pés, no decorrer da vida. Atualmente, cerca de 16 milhões de brasileiros convivem com a doença.

 

O manual divide-se em seis capítulos que se debruçam sobre avaliação doméstica dos pés, autoexame, cuidados com calçados, como lidar com feridas e curativos, e como agir em caso de infecções. A construção foi realizada por equipe interdisciplinar, composta por profissionais que atuam, diretamente, na atenção dos pés da pessoa com diabetes. “Esses cuidados estão descritos na literatura. Nesse projeto, nosso trabalho foi adequá-los à realidade de quem está em casa. Neste cenário de Covid-19, os pacientes com diabetes têm um risco agregado a esta doença e as medidas de precaução e isolamento físico/social são preconizadas”, comenta a endocrinologista Dra. Maria Cândida Parisi, coordenadora do Departamento de Doenças nos Pés e Neuropatias da SBD.

 

Pessoas com diabetes desenvolvem maior risco para os pés surge, predominantemente, em decorrência da neuropatia periférica. Essa complicação do diabetes gera diminuição da sensibilidade protetora. Como consequência, a pessoa fica mais suscetível a ferir-se sem perceber. Em muitos casos, o diabetes também impacta a circulação sanguínea, ocasionando maior dificuldade de cicatrização. “Nossa prioridade é evitar que a pessoa se machuque. Lembrando que, após a ocorrência de uma ferida, cujo risco de infecção é grande, a situação vai ficando cada vez mais complexa, onde muitas vezes evolui para necessidade de cirurgia e amputação”. 

O diabetes é a primeira causa de amputações não traumáticas em membros inferiores no mundo. Estima-se uma amputação a cada 20 segundos, em decorrência do diabetes.

 

O presidente da Sociedade Brasileira de Diabetes, Dr. Domingos Malerbi, destaca ainda que esses pequenos ferimentos e infecções podem iniciar-se muito facilmente, nas atividades cotidianas. “É muito comum as pessoas se machucarem ao andarem descalças, elas podem pisar em objetos pontiagudos. Ou mesmo, durante dias frios, quando utilizam aquecedores e bolsas de água quente para esquentar os pés. Esse manual foi desenvolvido orientar sobre os riscos que esse tipo situação cotidiana pode apresentar para pessoas que têm sensibilidade diminuída em decorrência do diabetes”, descreve ele.

 

Para acessar o manual Cuidados com os pés em pessoas com diabetes, em tempos de Covid-19 basta acessar o link https://www.diabetes.org.br/diabetes/sociedade-brasileira-de-diabetes-lanca-manual-para-cuidados-com-o-pe-diabetico-durante-a-pandemia/.


Anvisa aprova o registro da primeira terapia gênica no Brasil

 A chegada do tratamento para a Distrofia Hereditária da Retina (DHR) relacionada ao gene RPE65, marca uma nova era para a medicina no País, representando a possibilidade de novas alternativas terapêuticas para pessoas com doenças raras


A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicou hoje o registro da primeira terapia gênica de dose única no Brasil para pacientes com perda de visão decorrente da Distrofia Hereditária da Retina (DHR) causada pela presença de uma mutação em ambas as cópias do gene RPE65, que tenham ainda suficiente quantidade de células de retina viáveis. Este é um marco para a medicina nacional, já que representa a entrada da terapia gênica como um tratamento disponível no País.

Terapia gênica é uma modalidade inovadora[1], que poderá apoiar principalmente pacientes de doenças genéticas raras[2] que, anteriormente, não possuíam opções terapêuticas disponíveis; como os pacientes com DHR com mutação em ambas as cópias do gene RPE65 .

Essa técnica age fornecendo o gene saudável no paciente, visando à correção da mutação causadora de doença presentes no DNA do paciente, com a introdução do material genético em tecidos e em células com fins terapêuticos. Ela pode atuar simplesmente na adição de genes ativos (porções do DNA responsáveis pela síntese de proteínas para o bom funcionamento do organismo), ou na modificação ou supressão de genes defeituosos no código genético, visando à produção de proteínas funcionais[1, 2]. Para que a técnica seja possível, são utilizados vetores virais recombinantes (tornando o vírus completamente inofensivo e sem potencial patogênico) que permitem o transporte do gene terapêutico saudável para o interior das células e dos tecidos alvo[1-4].

"A terapia gênica representa uma nova era na medicina. Talvez a melhor oportunidade que a ciência pode oferecer para as doenças raras, fundamentada em mais de quatro décadas de pesquisas científicas, durante as quais o processo foi desenvolvido, testado e aperfeiçoado por especialistas", afirma o médico geneticista Roberto Giugliani, Professor Titular do Departamento de Genética da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e Membro Titular da Academia Brasileira de Ciências e da Sociedade Brasileira de Genética Médica.

"Traçando um paralelo com grandes marcos da inventividade humana, podemos dizer que, com a terapia gênica, está se iniciando um novo capítulo na história da medicina. Hoje, de fato, o Brasil entra no século das terapias avançadas, inaugurando uma nova fronteira da medicina, da biologia e da genética", complementa.


Uma nova alternativa para o tratamento de doença rara da retina

No Brasil, as DHRs são a segunda causa de baixa visão em crianças até 15 anos de idade[5]. A perda de visão decorrente da mutação em ambas as cópias do gene RPE65 é uma doença genética hereditária que afeta a retina causando cegueira noturna e perda de sensibilidade à várias condições de luminosidade[6]. Pessoas nascidas com essa condição podem experimentar significativa perda de visão desde muito cedo, com a maioria dos pacientes diagnosticados com cegueira lega até os 18 de idade, progredindo para a cegueira total[6]. A cópia correta do gene RPE65 fornecida por meio da terapia gênica, permite ganho de visão funcional e dá mais autonomia a crianças e adultos que tenham quantidade suficiente de células de retina viáveis[7].

"Trabalho há muitos anos estudando as doenças da retina e os genes envolvidos em seu funcionamento. No processo de desenvolvimento dessa terapia gênica, passamos por uma etapa de identificação das mutações nos genes relacionados a essas doenças e chegamos à estratégia de inserir na célula da retina uma cópia correta do gene que está mutado", diz a Dra. Juliana Sallum, oftalmologista e geneticista, professora afiliada da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) - Universidade Federal de São Paulo. "Vários genes estão sendo pesquisados, mas o RPE65 é o primeiro a ter uma medicação aprovada para aplicação através de uma cirurgia. Certamente a forma mais adequada de tratar uma doença genética é corrigir o defeito genético e restabelecer a função, neste caso, a visão", define.

Com a aprovação do registro pela Anvisa, um dos próximos desafios é a conscientização quanto à importância do diagnóstico assertivo das DHRs. No início da doença, os pacientes podem sofrer de cegueira noturna (nictalopia) e perda da visão periférica[6, 8]. O bebê acometido tem dificuldade de fixação do olhar e apresenta movimentos repetitivos e involuntários dos olhos, chamado nistagmo[7,9]. Estes pacientes podem ser diagnosticados, por exemplo, com subtipos de amaurose congênita de Leber ou retinose pigmentar, sendo necessário um teste genético para confirmar que a perda de visão é causada por mutações no gene RPE65 [6, 8].

Para os pacientes, a chegada da tecnologia traz nova esperança no tratamento da doença. "Esse é um momento especial. É quase inacreditável que estejamos falando da chegada dessa terapia tão esperada, devido à complexidade dessa doença rara. Aguardamos há décadas por isso", salienta Maria Júlia Araújo, presidente da Retina Brasil, ONG destinada a apoiar e informar pessoas com doenças da retina e seus familiares.

 



Bruno Nogueira - Senior Associate, Client Experience

 


Referências:

• High KA, et al. N Engl J Med. 2019 Aug 1;381(5):455-464.

• Goswami R, et al. Front Oncol. 2019; 9: 297.

• Hudry E, et al. Neuron. 2019 Mar 6;101(5):839-862

• Naso MF, et al. BioDrugs. 2017; 31(4): 317-334.

• Haddad MA, J Pediatr Ophthalmol Strabismus. 2007;44:232-40.

• Chung DC, et al. Am J Ophthalmol. 2019 Mar;199:58-70.

• Maguire AM, et al. Ophthalmology. 2019;126(9):1273-1285.

• Chao DL, et al. 2019 Nov 14. GeneReviews® [Internet]. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK549574/

 

Preocupação com meio ambiente reduz durante pandemia

Saiba como estimular as crianças a pensarem na natureza, mesmo dentro de casa


O noticiário sobre meio ambiente reduziu significativamente durante o período de pandemia para dar espaço a informações sobre o avanço do novo coronavírus no país e no mundo. Somado ao isolamento social, pelo qual o contato com a natureza foi substituído por meses inteiros dentro de casa, é normal que a preocupação com o planeta tenha ficado esquecida durante a pandemia. É o que mostra uma pesquisa recente do Instituto Ipsos, realizada com 16 mil entrevistados de 16 países, no período de 21 a 24 de maio de 2020. Segundo o estudo, embora 85% defendam que o governo deve priorizar a preservação do meio ambiente na retomada pós-pandemia, 41% dos ouvidos no Brasil admitem que o tema da proteção ambiental não está na sua própria lista de prioridades no momento.

Longe das escolas, onde, em grande parte das vezes, os alunos recebem dos professores ensinamentos relacionados à educação ambiental, crianças e adolescentes não precisam passar toda a quarentena sem abordar conceitos sustentáveis e colocar em prática atitudes ecologicamente corretas. Os pais, em casa, podem ajudar os filhos a enxergar o que deve ser feito. Lixo doméstico, consumo consciente e energia elétrica são temas que podem ser abordados pelos pais durante uma conversa. De acordo com o professor do Colégio Positivo e assessor pedagógico da disciplina de Matemática do CIPP (Centro de Inovação Pedagógica, Pesquisa e Desenvolvimento do Colégio Positivo), Dirceu Fedalto, a vida moderna trouxe inúmeras comodidades para os setores industrial e comercial, assim como para os ambientes domésticos. "O problema é que todo esse conforto gera uma produção cada vez maior de lixo, que na sua grande maioria acaba em lixões ou aterros, quando não é descartado de forma incorreta e acaba chegando nos rios e mares. Para mudar isso nós podemos começar modificando nossos hábitos de consumo. Reduzir, reusar, reciclar são termos que devem sair do campo do discurso para a prática", alerta Fedalto. 

O professor cita algumas dicas que podem começar a ser adotadas no dia a dia das famílias e que pais podem passar para os filhos: utilização de sacolas retornáveis para as compras do mercado; redução do consumo de papel - imprimindo apenas aquilo que for indispensável - e também de plástico; dar preferência a produtos e empresas que façam uma gestão adequada de resíduos; e, claro, fazer a separação correta para que a maior quantidade possível de lixo produzido possa, de fato, ser reciclado. As dicas de Fedalto vão ao encontro de um conceito que em outros países já está amplamente incorporado à sociedade: a economia circular. Segundo a professora de Tecnologia e Inovação do Colégio Positivo e assessora pedagógica do CIPP (Centro de Inovação Pedagógica, Pesquisa e Desenvolvimento do Colégio Positivo), Micheline Castelli de Souza, em uma economia circular, a atividade econômica constrói e reconstrói a saúde geral do sistema por meio de estratégias de redução, reutilização, recuperação e reciclagem do que é produzido e da energia gerada. "Estamos falando de um trabalho efetivo em todas as escalas, nos grandes e nos pequenos negócios, atividades globais ou locais.

A ideia parece distante, mas Micheline garante que os pais, em casa, podem mostrar para seus filhos como se comportar a fim de colocar em prática esse conceito. "São gestos simples e ensinamentos que podem ser incorporados ao hábito como, por exemplo, criar compostas nos jardins públicos para os moradores destinarem o lixo orgânico; dizer não aos canudos de plástico; preferir comprar produtos a granel no mercados, evitando assim que embalagens desnecessárias gerem ainda mais lixo; preferir o transporte por meio de bicicletas e patinetes - não poluentes; modificar a forma de consumo, dando preferência às coisas usadas e produtos artesanais; preferir marcas que aproveitam as sobras de tecido e não incineram; além de destinar corretamente os lixos eletrônicos às empresas que providenciam o reaproveitamento adequado", explica Micheline.

O uso da energia elétrica é outro tema bastante importante para ser tratado com crianças e jovens, já que o consumo consciente pode diminuir os impactos sofridos pela natureza devido à geração de energia. Segundo especialistas, os impactos ambientais para a geração de energia elétrica seriam diminuídos se cada cidadão passasse a economizar, em média, 15% de toda energia consumida em sua residência. Muitas vezes, o assunto é motivo de conflito em família porque crianças e jovens não se dão conta da importância, por exemplo, de apagar sempre a luz quando deixa um ambiente ou desligar a TV quando não está assistindo. De acordo com o professor de Física do Colégio Positivo e também assessor pedagógico da disciplina no CIPP, Fabiano de Freitas, pode-se começar orientando os filhos a evitar abrir a porta de geladeira com frequência e sem necessidade. "Quando abrimos a porta de uma geladeira, o ar em seu interior aumenta de temperatura, de forma que a geladeira precisa refrigerá-lo novamente, usando assim mais energia", explica Freitas. 

O ar-condicionado e o aquecedor são outros aparelhos que merecem atenção, segundo o professor: eles consomem muita energia e seu uso deve ser moderado. "Ensine os filhos a programar para que eles sejam desligados durante a madrugada", recomenda. E para concluir, o tempo dos banhos é outra dica valiosa. Freitas ressalta que o chuveiro elétrico é um dos aparelhos que mais aumenta a conta de energia. "Devemos orientar desde cedo crianças e jovens para que não se estendam no chuveiro mais que o tempo necessário, mostrando que dessa forma economizamos energia elétrica e água".

Trabalhar essas formas de pensar junto a crianças e jovens é garantir o futuro do planeta. E, enquanto a quarentena não termina, pais podem ser - em casa - os agentes dessa transformação.

 

O poder da empatia no bem estar das empresas

Cada vez mais a ideia de competitividade dentro das empresas tem ficado para trás. As organizações do mundo todo já notaram a importância de humanizar os processos, assim como ajustar a comunicação e as relações interpessoais, tanto com clientes como com os próprios colaboradores. 

Historicamente, a sociedade tem se desenvolvido baseada em relações de abuso de poder, tanto o financeiro como o intelectual e o biológico. Entretanto, finalmente, começamos a discutir a empatia, ou seja, a atitude de colocar-se no lugar do outro.

Não há época mais propícia para colocarmos esta atitude em prática. Estamos atravessando um dos momentos mais frágeis do século. A crise, impulsionada pelo novo coronavírus, não escolheu gênero, classe ou região, ela veio e reconfigurou toda nossa vida, a rotina, a forma de trabalho e de nos relacionarmos. A saúde e a tecnologia ganharam a linha de frente do protagonismo positivo e atitudes voltadas ao outro passaram a ganhar mais espaço, inclusive, nas empresas.

O local de trabalho, mesmo que ainda tenha um potencial violento no ponto de vista psicológico, teve que quebrar as barreiras e dar espaço a empatia. Em um momento onde as pessoas têm acessado emoções até então nunca experimentadas, como medo, ansiedade, insônia, incertezas e vulnerabilidade, estar disposto ao outro virou sinônimo não só de gentileza, mas também de sobrevivência e bem estar no meio corporativo.

O que nos torna humano é justamente a capacidade de sentir, de gerar conexões e de nos importarmos com o outro. Por isso, agir com empatia aumenta nossos vínculos sociais e melhora nossa capacidade de regular emoções durante um período de estresse e ansiedade.

Por outro lado, mesmo que de uma forma inconsciente, uma liderança empática significa segurança e confiança para colaboradores, além de ser uma atitude positiva para a inteligência emocional. A longo prazo, isso ainda pode significar a retenção de talentos dentro da empresa e a consolidação da cultura interna que é tão difícil de se criar.

Ser um líder e ter uma equipe que ouve, observa, busca manter o autocontrole e o equilíbrio é a chave para a sustentabilidade empresarial, quando a empatia entra em uma organização, ela abre espaço para uma série de valores e ainda, tem a capacidade de elevar resultados, assim como o engajamento e confiança para tomada de decisões. Os laços também ficam mais ricos e firmes o que é ótimo para o trabalho em equipe.

Por isso eu digo: a empatia tem um papel fundamental para o bem estar das empresas. Mesmo que sozinha ela não resolva todos os problemas e barreiras do universo corporativo, andar com sapatos alheios e colocar-se no lugar do outro, buscar diálogo, se colocar em um local de escuta vai contra a maré da violência, daquilo que nos ameaça psicologicamente e reforça aquilo que mais sentimos falta: a nossa humanidade, inclusive e principalmente, dentro do ambiente de trabalho.






Celson Hupfer - fundador e CEO da Connekt, plataforma inteligente de recrutamento digital. Com mais de 30 anos de experiência como executivo no segmento financeiro, planejamento estratégico, análise de riscos e área comercial, já passou por cargos de diretoria no antigo BankBoston e no Itaú. Também foi consultor autônomo em um empreendimento próprio, a Hupfer Consultoria, empresa de assessoria e consultoria de desenvolvimento de pessoas. Doutor em Psicologia Social pela Universidade de São Paulo (USP) e membro do conselho do mestrado profissional da Fundação Dom Cabral, é especialista em liderança, tendo liderado equipes de mais de 1.500 colaboradores e implantado programas de expansão. Formado em Economia pela USP, com curso em Psicanálise na Universidade Católica Sedes Sapientiae.


O PODER DE DECISÃO E O RESPEITO: UMA QUESTÃO MAIS PROFUNDA

Faz quase dois anos que eu circulo no ambiente de startups. Sempre atuei com poder de decisão nas áreas de marketing e tecnologia. Devido a isso, eu observava nos olhos de cada um que dividia comigo o mesmo espaço profissional, a desconfiança, o pré-julgamento, o risinho no canto da boca que deixava explícito pensamentos do tipo: “onde ela pensa que vai? Quem ela acha que é para falar comigo assim? ”, e por aí vai. O machismo sempre foi algo a se superar. Não é um tema recente, mas, sim, recorrente e em contraste com todas as evoluções corporativas desde então.

Cansei de ver chefes pitizentos sendo vistos como duros e exigentes. As mulheres duras e exigentes, eram taxadas como loucas e de gênio difícil. Isso tudo pelo simples fato de serem mulheres, pessoas consideradas do “sexo frágil”, sem capacidade para ocupar grandes cargos, sem poder de decisão, ou gerir possíveis crises na empresa. Tudo isso pelo fato de as práticas machistas dentro de uma empresa serem ainda recorrentes e naturalizadas. Infelizmente, isso não acontece só no Brasil, mas ao redor do mundo.

Alguns destaques que podem ser observados com base no estudo produzido pela Central Mulheres, em parceria com a Inesplorato e a Avon, são: a disparidade salarial entre homens e mulheres ainda é de 27,1%, em média. No intervalo de 10 anos (2000-2010), o valor médio do salário das mulheres diminuiu 3,2%. O dos homens aumentou em 2%; 14% dos cargos de CEO, apenas, são ocupados por mulheres. Entre as lideranças, elas somam só 23% do total.

Isso faz parte de uma cultura machista construída e que com o passar do tempo foi intensificada no meio das startups, o que hoje já pode ser considerada como “default”. A violência com que vejo mulheres sendo tratadas no mercado de trabalho beira o insano.

E como mudar isso? O #heforshe ajuda, mas o #sheforshe ajuda ainda mais. O poder de decisão e o respeito são questões muito mais profundas.

Essa semana, conversando com outras mulheres do meio, percebi que existem dois tipos de startups: aquelas que são criadas por sócias e as que quase não possuem mulheres envolvidas. Com isso, é possível perceber que há uma cultura formada pela desconfiança, por não querer receber ordens de mulheres, e por achar que mulher dura, não passa apenas de uma pessoa difícil de conviver, conflituosa ou pior, ela “dá piti” e não orientações de forma assertiva.

 

Como nas startups, tudo isso acontece de forma muito rápida. O quadro se repete dia após dia. As mulheres acabam fugindo de situações parecidas e da tomada de decisão, e começam a buscar por espaços menos fechados e mais hospitaleiros, onde há respeito e acolhimento por parte dos outros colaboradores da empresa.

Acredito que com poucas mudanças, mais humanidade e entendimento de que todos precisam aprender o tempo todo, vamos construir empresas prontas para crescer e ser capazes de resolverem problemas, de dentro para fora. Porém, enquanto isso não acontece, acho que podemos ajudar, então, de outras formas. Minha sugestão é:

 

1. Evite interrupções enquanto elas falam. A situação é tão corriqueira que ganhou um termo denominado Manterruping que significa interrupções masculinas. E isso acontece quando elas estão em reuniões, apresentações, e até mesmo na hora do café ou em avaliações de desempenho.

 

2. Evite chamar uma colega de louca toda vez que ela envia uma demanda ou cria algo. Você já viu algum homem chamando outro assim? Isso é uma violência ao caráter e profissionalismo da colega de trabalho.

 

3. Evite piadas sobre as particularidades de uma mulher. No trabalho, o machismo fica evidente quando a mulher é ridicularizada ao ser taxada de “está na TPM”. A tensão pré-menstrual se tornou um sintoma machista e reducionista de toda a complexidade delas.

 

4. Quando vir algum colega desmerecendo o trabalho de uma mulher, sem nenhum motivo real, pergunte, até fazer com que ele perceba que seu julgamento está baseado em gênero, não em competência.

 

5. Evite apoiar motins contra uma colega, o próximo pode ser você. Convites e propostas indecentes — e no meio do expediente —, bem como ofensas, julgamentos e diversas variações de abusos físicos e psicológicos fazem com que elas se sintam inferiores aos demais.

 

Por fim, é importante lembrar que para exterminar o machismo é necessário um esforço coletivo. Homens e mulheres podem ter costumes diferentes em todos os ambientes, mas precisam estar juntos na briga pelo respeito e igualdade de gênero. Nós, mulheres, bem como os homens, temos o poder e a capacidade de decidir sobre melhorias, e assim, agir em prol do crescimento dos colaboradores e por fim, da empresa.

 



Fátima Bana  - especialista em marketing digital e e-commerce e palestrante com vivência de mais de 15 anos como Diretora Executiva, Head e CMO.


Bares pós-quarentena: apenas 24% das pessoas se sentem confiantes para frequentar bares e restaurantes (Intertek)

 Bares e restaurantes precisam respeitar 10 itens básicos para garantirem maior proteção aos clientes

Dados do instituto de pesquisa Hibou, mostram que 58% só irão a restaurantes se não houver aglomeração


O retorno às atividades durante e pós-quarentena é uma movimentação global que depende de novas medidas de segurança. Em São Paulo, os bares e restaurantes foram liberados para abertura gradativa a partir de 6 de julho. Após um mês, esse tipo de estabelecimento ganhou flexibilização noturna.

Com base em pesquisa realizada no Reino Unido, que mostrou enorme insegurança e preocupação da população em voltar ao trabalho, viajar, frequentar restaurantes e hotéis, a Intertek lançou o Selo Protek - primeiro programa mundial de saúde, segurança e bem-estar para pessoas, locais de trabalho e espaços públicos.

Especificamente para setor de bares e restaurantes os protocolos são mais do que sanitização. Não adianta somente garantir a desinfecção do espaço físico se as pessoas não obedecerem normas rígidas.

O selo Protek abrange 10 procedimentos operacionais novos: Distanciamento social - mesas com 2m de distância uma da outra, higienização de parques infantis e controlar a ocupação - proibido piscina de bolinha, incentivar a higiene das mãos na entrada, incentivar a etiqueta respiratória, fazer uma avaliação de risco, uso correto de EPI, limpeza do sistema de ventilação, higiene e segurança alimentar, gestão dos fornecedores, gestão do retorno ao trabalho.

O setor de bares e restaurantes foi seriamente atingido pelo isolamento social. Para sua retomada, são necessárias diversas medidas. Em recente levantamento do instituto brasileiro de pesquisa Hibou, 58% dos brasileiros só irão a restaurantes sem aglomeração e 79,5% consideram condicional o uso de máscaras por toda a equipe de atendimento dos locais e serviços. "Kit higiene obrigatório e aglomeração são apenas alguns pontos de atenção. Podemos verificar muitos outros itens e certificar os estabelecimentos para que os clientes se sintam ainda mais confiantes", diz Hélio


Pesquisa Intertek no Reino Unido (abril/2020)

• 70% não gostaria de retornar ao trabalho, a menos que práticas de saúde e segurança autenticadas estejam em vigor.

• 91% dos entrevistados concordam que seu empregador deve tomar medidas extras para proteger os funcionários.

• No cenário das indústrias de consumo, apenas 24% dos entrevistados se sentem confiantes para visitar um bar ou restaurante

• Apenas 27% se sentem confiantes em visitar hotéis.

 

Saiba o que é auxílio-doença parental e os reflexos no serviço público

A crise sanitária instalada no nosso pais por conta da COVID-19 deixou muitos trabalhadores em estado de venerabilidade. Seja por conta da doença causa pelo novo coronavírus, seja pela perda de renda, amparar essa parcela da população é fundamental. Dessa forma, se faz necessária a discussão acerca do auxílio-doença parental – entendimento ainda não fixado de maneira ampla pelo RGPS (Regime Geral da Previdência Social).

O auxílio-doença parental tem por escopo supri as necessidades daquele segurado que esteja impedido de exercer suas funções laborais e é o único responsável pelo cuidado com a saúde de algum parente próximo. A interpretação vale para filho, cônjuge, pais, avós ou demais parentes que necessitem de cuidados especiais.

Sem previsão legal para os segurados do RGPS, o benefício é uma construção com base em doutrinas e entendimentos jurisprudenciais. É uma junção entre o auxílio-doença do regime da previdência (Lei 8.213/91, artigo 59), a licença para tratamento de saúde e a licença por motivo de doença em pessoa da família. Sobre esse último item, o artigo 81 da Lei 8.112/90 prevê o benefício concedido ao servidor que tiver de se ausentar do trabalho para cuidar de ente familiar acometido de alguma doença.

A legislação previdenciária prevê apenas o benefício de auxílio-doença que é concedido ao segurado que encontrar-se incapacitado de forma temporária para exercer sua atividade laborativa. Ou seja, apenas garante o benéfico ao segurando do RGPS, não estendendo quando seus parentes são acometidos de alguma doença.

Desta forma, há uma latente necessidade de suprir laguna legislativa existente para os segurados do RGPS. O objetivo é o de prover os cuidados ao familiar adoentado.

Os benéficos encartadas na Lei 8213/91 são muito além de mero auxílios. Estão relacionados ao princípio da dignidade humana como uma das diretrizes do Estado Democrático de Direito esculpido na Constituição Federal de 1998.


Dispositivos legais

Sob o prisma dos princípios constitucionais e direitos fundamentais, tem-se como ponto de partida o direito à vida. O tema é previsto no caput do artigo 5º da Constituição Federal.

O direito ao respeito à estrutura familiar, é, segundo a própria Carta Política, a "base da sociedade".  De tal modo, nada mais justo do que especial proteção à mencionada instituição. Consolida tal tese o art. 226, caput, da Constituição Federal.

No âmbito da legislação federal, a licença por motivo de doença em pessoa da família encontra-se regulamentada no art. 83 da Lei 8.112/90. O dispositivo prevê ao servidor a licença por motivo de doença do cônjuge ou companheiro, padrasto ou madrasta, ascendente, descendente, enteado e colateral consanguíneo, ou afim até o segundo grau civil, mediante comprovação por junta médica oficial. O direito é aplicado caso a assistência direta do servidor for indispensável e não puder ser prestada simultaneamente com o exercício do cargo.

A licença remunerada por motivo de doença em pessoa da família não é nenhum privilégio, mas um instrumento consentâneo com a política adequada em uma gestão de pessoas no setor público, que deve ter como referência o dever do Estado em assegurar de maneira integral a assistência à saúde e proteção especial à criança (artigo 227 caput e § 1º da constituição). E mais, não se pode afastar a obrigação de amparo à criança prevista na Constituição da República e no Estatuto da Criança e do Adolescente, que assegura a efetivação do direito à vida e à saúde da criança, quando se tratar de licença para cuidar do filho.

Logo, temos que tanto a legislação federal como a estadual fornecem as ferramentas para que o Estado possa oferecer saúde, educação, alimentação e outras prioridades previstas no art.227 da constituição. Dessa forma, quando a Administração Pública nega um direito, está ferindo diversos dispositivos legais, constitucionais e entendimento dos Tribunais. A omissão ao não reconhecer a licença para tratamento de saúde de pessoa da família, por entraves burocráticos de uma norma regulamentadora infraconstitucional, está entre esses direitos.

A Constituição Federal preconiza no artigo 37, que a Administração Pública está submetida ao princípio da legalidade de seus atos administrativos. Assim, à medida que o Estado ignora a existência do artigo 83, da Lei 8.112/90 e artigo 181, IV, da Lei 10.261/1968, indeferindo o direito dos servidores, afronta o princípio da legalidade e o Estado Democrático de Direito.

 



Dra. Jorgiana Paulo Lozano -faz parte da equipe técnica do escritório Aparecido Inácio e Pereira Advogados Associados. A advogada é bacharela em Direito pela Faculdade Anhanguera desde 2012, especialista em Direito do Constitucional e Administrativo pela Escola Paulista de Direito, em 2014, especializanda em Direito Previdenciário pela Faculdade Legale e inscrita na Ordem dos Advogados do Brasil sob o nº 331.044.

 

Lições importantes da pandemia para os investidores e o futuro financeiro

A pandemia do Covid-19 trouxe impactos significativos em diversas esferas sociais e econômicas. Pessoas físicas foram fortemente impactadas, tanto sob o ponto de vista da renda quanto sob o ponto de vista dos investimentos. O ano de 2020 vai deixar lições importantes para todos, e ter clareza a respeito dessas questões é fundamental para que possamos nos preparar melhor e garantir um futuro financeiramente mais seguro e próspero.


Nos últimos anos o Brasil vinha em uma trajetória de queda de juros e certo otimismo no mercado financeiro, capitaneado principalmente pelo Ministro da Fazenda e as reformas prometidas – destacando-se a reforma previdenciária, crucial para garantir a saúde fiscal do Governo Federal. Esses fatores levaram com que parte da população, que dispunha de capacidade de investimento, tomasse mais risco em sua carteira pessoal e aumentasse sua participação em ativos de renda variável buscando maiores retornos, impulsionados tanto pelo otimismo e novas máximas no Ibovespa quanto pela gradual e constante diminuição nos retornos de renda fixa.


O primeiro impacto financeiro da pandemia nas finanças pessoais foi a importantíssima lição de possuir recursos em aplicações de baixíssimo risco e alta liquidez. Esse investimento, chamado de reserva de emergência, serve justamente para cobrir eventuais necessidades não programadas. Ter uma reserva subestimada é altamente perigoso porque pode deixar o investidor descoberto em caso de necessidade. Por outro lado, uma reserva superestimada significa uma rentabilidade menor da carteira de investimentos em geral, já que a reserva de emergência tem uma rentabilidade menor se comparada com as aplicações de longo prazo.


A pandemia tornou claro o importante papel da reserva de emergência na gestão dos investimentos. A renda dos trabalhadores foi impactada. Mesmo pessoas saudáveis e que não estavam acostumadas a ter gastos mensais significativos com saúde foram forçadas a pensar em uma eventual despesa extraordinária consigo mesmo ou com algum ente próximo em caso de hospitalização por Covid. Aqueles investidores que possuíam uma reserva de emergência adequada certamente foram e estão sendo capazes de lidar muito melhor com o impacto financeiro da pandemia.

A segunda lição trazida pelo Covid-19 em finanças pessoais foi forçar os investidores a reverem a gestão de sua carteira de investimentos sob a ótica do risco e volatilidade. Os graduais e sucessivos cortes na taxa Selic foram paulatinamente trazendo cada vez mais investidores ao mercado de renda variável. Isso levou com que investidores estivessem muito expostos a volatilidade, desrespeitando seu perfil de risco. Aqueles que não foram capazes de suportar o bombardeio de notícias ruins e sucessivos circuit-breakers no Ibovespa viram o valor de sua carteira de investimentos em renda variável derreter e realizaram prejuízo.

As duas lições destacadas relacionam-se na medida em que uma reserva de emergência subestimada e investimentos em renda variável que desrespeitaram a estratégia e o perfil de risco do investidor fizeram com que fosse necessário vender os ativos de renda variável (mesmo após uma forte queda) para compor a reserva de emergência que estava aquém do ideal. Na prática isso significou um enorme impacto negativo no volume e rentabilidade da carteira de investimentos pessoal.

Sob a ótica dos investidores, aprender as lições trazidas à tona pela pandemia sobre a importância da reserva de emergência e o respeito ao perfil de risco e tolerância a volatilidade são tarefas cruciais para garantir um futuro financeiro com mais segurança e prosperidade.

 



André von Baumgarten Kalim - planejador financeiro pessoal na GFAI


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