Cada vez mais a ideia de competitividade dentro das empresas tem ficado para trás. As organizações do mundo todo já notaram a importância de humanizar os processos, assim como ajustar a comunicação e as relações interpessoais, tanto com clientes como com os próprios colaboradores.
Historicamente, a sociedade tem se desenvolvido baseada em relações de abuso de
poder, tanto o financeiro como o intelectual e o biológico. Entretanto,
finalmente, começamos a discutir a empatia, ou seja, a atitude de colocar-se no
lugar do outro.
Não há época mais propícia para colocarmos esta atitude em prática. Estamos
atravessando um dos momentos mais frágeis do século. A crise, impulsionada pelo
novo coronavírus, não escolheu gênero, classe ou região, ela veio e
reconfigurou toda nossa vida, a rotina, a forma de trabalho e de nos
relacionarmos. A saúde e a tecnologia ganharam a linha de frente do
protagonismo positivo e atitudes voltadas ao outro passaram a ganhar mais
espaço, inclusive, nas empresas.
O local de trabalho, mesmo que ainda tenha um potencial violento no ponto de
vista psicológico, teve que quebrar as barreiras e dar espaço a empatia. Em um
momento onde as pessoas têm acessado emoções até então nunca experimentadas,
como medo, ansiedade, insônia, incertezas e vulnerabilidade, estar disposto ao
outro virou sinônimo não só de gentileza, mas também de sobrevivência e bem
estar no meio corporativo.
O que nos torna humano é justamente a capacidade de sentir, de gerar conexões e
de nos importarmos com o outro. Por isso, agir com empatia aumenta nossos
vínculos sociais e melhora nossa capacidade de regular emoções durante um
período de estresse e ansiedade.
Por outro lado, mesmo que de uma forma inconsciente, uma liderança empática
significa segurança e confiança para colaboradores, além de ser uma atitude
positiva para a inteligência emocional. A longo prazo, isso ainda pode
significar a retenção de talentos dentro da empresa e a consolidação da cultura
interna que é tão difícil de se criar.
Ser um líder e ter uma equipe que ouve, observa, busca manter o autocontrole e
o equilíbrio é a chave para a sustentabilidade empresarial, quando a empatia
entra em uma organização, ela abre espaço para uma série de valores e ainda,
tem a capacidade de elevar resultados, assim como o engajamento e confiança
para tomada de decisões. Os laços também ficam mais ricos e firmes o que é
ótimo para o trabalho em equipe.
Por isso eu digo: a empatia tem um papel fundamental para o bem estar das
empresas. Mesmo que sozinha ela não resolva todos os problemas e barreiras do
universo corporativo, andar com sapatos alheios e colocar-se no lugar do outro,
buscar diálogo, se colocar em um local de escuta vai contra a maré da
violência, daquilo que nos ameaça psicologicamente e reforça aquilo que mais
sentimos falta: a nossa humanidade, inclusive e principalmente, dentro do
ambiente de trabalho.
Celson Hupfer - fundador e CEO da Connekt, plataforma inteligente de
recrutamento digital. Com mais de 30 anos de experiência como executivo no
segmento financeiro, planejamento estratégico, análise de riscos e área comercial,
já passou por cargos de diretoria no antigo BankBoston e no Itaú. Também foi
consultor autônomo em um empreendimento próprio, a Hupfer Consultoria, empresa
de assessoria e consultoria de desenvolvimento de pessoas. Doutor em Psicologia
Social pela Universidade de São Paulo (USP) e membro do conselho do mestrado
profissional da Fundação Dom Cabral, é especialista em liderança, tendo
liderado equipes de mais de 1.500 colaboradores e implantado programas de
expansão. Formado em Economia pela USP, com curso em Psicanálise na
Universidade Católica Sedes Sapientiae.
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