O objetivo é fazer com que os brasileiros saibam reconhecer os sinais e
sintomas da doença e buscar os serviços para o diagnóstico e tratamento
Anualmente, o governo federal lança a campanha do
“Janeiro Roxo”, que busca informar a população acerca da hanseníase e estimular
os profissionais de saúde com a busca ativa de casos. O objetivo é fazer com
que os brasileiros saibam reconhecer os sinais e sintomas da doença e buscar os
serviços para o diagnóstico e tratamento. Isso porque o Brasil consta em
segundo lugar no ranking de países com casos novos registrados, de acordo o
último levantamento da Organização Mundial da Saúde, realizado em 2017. Os
dados reúnem casos dede 150 países, que somaram 210.617 notificações no mundo.
Desse total, 26.875 foram diagnosticados no Brasil. A boa notícia é que a
doença pode ser medicada e curada. Quem explica o que é a infecção é a
coordenadora geral da Hanseníase e das Doenças em Eliminação da Secretaria de
Vigilância em Saúde, do Ministério da Saúde, Carmelita Ribeiro.
“A Hanseníase é uma doença que tem manifestação em
pele, mas é primariamente neurológica. Ela acomete os nervos periféricos, que
são os responsáveis pela sensação de dor, de calor e de frio. Por isso que as
pessoas que têm sinais de Hanseníase podem ter uma mancha com alteração da
sensibilidade e pode ter um pé dormente e não ter mancha”.
Com quais sinais e sintomas as pessoas devem
procurar ajuda médica e possível diagnóstico?
“O que é mais frequente seriam essas manchas no
corpo esbranquiçadas, avermelhadas e amarronzadas. Geralmente, essas manchas
têm alteração de sensibilidade. Também podem ser áreas que não suam. Além
disso, pode ter uma mão que tenha a sensibilidade diminuída na palma, ou que
deixa cair as coisas, por ter uma diminuição da força muscular”.
E como é o diagnóstico? É preciso tirar sangue ou
fazer algum tipo de biópsia?
“É muito comum as pessoas acharem que para
diagnosticar a hanseníase é preciso exame de sangue ou de urina. Não precisa, o
diagnóstico é clínico. É o médico examinar a pele, e fazer avaliação neurológica
da face, das mãos e dos pés para ver se tem comprometimento neurológico pela
doença.”
Uma dúvida para aqueles que têm medo do tratamento.
Ele pode afetar o paciente de alguma forma?
“O tratamento da hanseníase é a poliquimioterapia,
e ela é aceitável por 99% das pessoas. Existem os efeitos adversos do
medicamento. Então, se essa pessoa tiver alguma intolerância a algum dos
medicamentos da poliquimioterapia, ela deve referir isso ao médico O médico vai
fazer o diagnóstico, possivelmente substituindo o serviço onde ela está sendo
acompanhada”.
Quando o paciente em tratamento passa a interromper
a transmissão da doença?
“Logo no primeiro mês de tratamento, ela já perde
essa capacidade de transmissão. Então, o ideal é que o mais rápido possível seja
feito o diagnóstico e o tratamento”.
Quando o paciente termina o tratamento, existe o
risco de pegar a hanseníase novamente?
“Digamos que uma pessoa fez o tratamento, curou,
mas ela continua em um ambiente onde tem circulação de bacilo, então essa pessoa
pode adoecer. O importante é que o serviço examine todos os contatos da pessoa
que recebeu o diagnóstico, principalmente os familiares, buscando essa fonte de
infecção para quebrar a cadeia de transmissão. Talvez alguém próximo a ela está
transmitindo e não recebeu ainda o tratamento.”
Falando sobre transmissão, muitas pessoas acreditam
que podem pegar hanseníase por contato com objetos supostamente infectados,
beijos e até por animais. Isso é verdade?
“Precisa separar roupa, talheres, precisa ter medo
de compartilhar banheiro, coisas íntimas? Não precisa, porque a transmissão
ocorre por vias aéreas superiores. Segundo algumas crendices, o peixe de couro
transmite a hanseníase, outros dizem que o tatu transmite a hanseníase. É
preciso reforçar que o único reservatório do bacilo da hanseníase é a pessoa,
só é transmitida de pessoa para pessoa.”
Para finalizar, como a Hanseníase é uma doença
contagiosa, é recomendável que as pessoas evitem áreas ou regiões em que os
números de casos são altos?
“Não, porque o processo de adoecimento da
hanseníase é um processo longo. Eu preciso conviver com essa pessoa que esteja
doente, sem tratamento, e na classificação multibacilar. Centro-Oeste, Norte e
Nordeste são as regiões que têm uma incidência maior da doença, mas em todas as
regiões têm paciente com hanseníase. Então, se tem doente, é porque tem
transmissão naquele local.”
O atendimento para a Hanseníase é oferecido pela
rede pública de saúde de todo o Brasil. Todos os postos médicos do País têm
pelo menos um profissional preparado para o diagnóstico, e a única forma de
receber a medicação para o tratamento é pelo Sistema Único de Saúde. A doença
tem cura, então fique atento aos sintomas em si mesmo e nos conhecidos. É
possível extinguir a infecção. Para mais informações, acesse:
saude.gov.br/hanseniase.