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quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018

A luta contra a febre amarela



O ano de 2018 mal começou e os relatos de casos da febre amarela têm provocado dúvidas e ansiedade na população. Isso porque a doença, provocada por um vírus cuja circulação está em expansão, já contaminou 213 pessoas e matou 81 desde julho de 2017, de acordo com o mais recente monitoramento do Ministério da Saúde, divulgado em 30 de janeiro de 2018. A doença é uma das mais temidas nas Américas.
As primeiras manifestações da enfermidade são febre alta, calafrios, cansaço, dor de cabeça, dor muscular, náuseas e vômitos por cerca de três dias. A forma mais grave da doença é rara e costuma aparecer após um breve período de bem-estar (até dois dias), quando podem ocorrer insuficiências hepática e renal, icterícia (olhos e pele amarelados), hemorragias e cansaço intenso. A maioria dos infectados se recupera bem e adquire imunização permanente contra a febre amarela, entretanto, as taxas de letalidade dos casos graves, no Brasil, oscilam entre 40 e 60%.
Combatida por Oswaldo Cruz no início do século 20 e erradicada dos grandes centros urbanos desde 1942, a enfermidade voltou a assustar os brasileiros nos últimos dois anos, com a proliferação de casos, especialmente no verão. A principal arma contra a doença continua sendo a vacinação. A vacina atenuada contra o vírus da febre amarela, utilizada no Brasil desde 1937, tem altos índices de segurança e eficácia. Sua produção é baseada na tecnologia de replicação de vírus em ovos embrionados, na qual cada ovo produz em torno de 400 doses da vacina.
No Brasil, a vacinação é recomendada para toda a população, exceto para quatro grupos de pessoas:
  • crianças menores que seis meses de idade;
  • mulheres grávidas,
  • pessoas com histórico de hipersensibilidade aos componentes de vacina ou ovo;
  • pessoas com imunidade mais baixa por conta de doenças ou do vírus HIV.
Isso ocorre porque a atual vacina utiliza o vírus atenuado — em que o vírus está vivo, mas enfraquecido e sem possibilidade de produzir a doença. Para imunizar as pessoas que não podem tomar a atual vacina, diversas pesquisas lançam mão da biotecnologia para desenvolver vacinas com a tecnologia do DNA recombinante, em que haveria inserção de genes no genoma do vírus. Um destes projetos está sob o comando da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) de Pernambuco. O centro estuda a eficácia de um imunizante preparado com base no material genético do vírus e deve iniciar em 2019 os testes clínicos. Para a diretora-executiva do Conselho de Informações sobre Biotecnologia (CIB), Adriana Brondani, essa estratégia já é utilizada contra outras doenças. “A biotecnologia, que já é uma aliada na produção de vacinas contra a dengue e a hepatite B, tem grande potencial para diversificar os métodos de combate à febre amarela”.
Macacos x febre amarela
Assim como os seres humanos, os macacos são hospedeiros do vírus da febre amarela e não reservatórios da doença. Mas, se para nós a doença pode ser detida por meio da vacinação, para os macacos, não há vacinas e a enfermidade é fatal. As mortes de primatas indicam áreas de maior risco de transmissão do vírus e orientam as campanhas de vacinação. a morte dos animais pela doença é um alerta aos órgãos de saúde sobre a necessidade de vacinação da população humana nos arredores. Ou seja, eles permitem aos gestores de saúde implementar estratégias preventivas, antes de o vírus atingir populações humana.
Sem os macacos, estamos desprotegidos para perceber a chegada e os deslocamentos dos vírus”, alerta o biólogo Júlio Cesar BIcca Marques, em entrevista à revista Pesquisa Fapesp. Os macacos não transmitem o vírus diretamente às pessoas e acabam sendo vítimas duas vezes: da doença, à qual as espécies são muito sensíveis, e da perseguição das pessoas, que acham erradamente que eles transmitem a doença. Segundo a Sociedade Brasileira de Primatologia (SBPr), o Brasil vive um dos períodos de maior mortandade de primatas da história devido à febre amarela silvestre no país. O quadro pode levar à extinção de espécies, prejudicando todo o meio ambiente.


  Fonte: Conselho de Informações sobre Biotecnologia (CIB)




 

Celulite orbitária em crianças é emergência médica



Não, você não leu errado. A celulite também pode atingir os olhos e, se isso acontecer com uma criança, o perigo é maior. A celulite orbitária é uma emergência médica. Segundo a oftalmopediatra, Dra. Marcela Barreira, a celulite ocular, normalmente, surge após um quadro de sinusite ou de conjuntivite, pois é causada pela mesma bactéria.

“Alguns estudos apontam que a existência de sinusite, inclusive, é o fator de risco mais comum. Entretanto, a celulite orbitária pode tanto atingir os tecidos ao redor dos olhos, como a região atrás dos olhos, causando danos ao nervo óptico e, em outros casos, danos neurológicos. E essas duas condições são os principais perigos associados a essa doença”, comenta a médica.

Quando não identificada e tratada rapidamente, pode levar a um prejuízo visual grave. Para se ter uma ideia, antes dos antibióticos, 20% das pessoas com celulite orbitária perdiam a visão. E mesmo atualmente esse número não é pequeno: 11%. Além da perda visual, uma grande preocupação é que o quadro pode evoluir para uma meningite, com comprometimento neurológico grave

“Como os olhos, os seios da face (os espaços que ficam no interior da face e do crânio), a mucosa nasal e o cérebro estão localizados muito próximos uns dos outros, a celulite, se não tratada rapidamente, pode evoluir para um quadro de meningite”, comenta a médica.  E é por isso que a celulite orbitária é uma emergência médica e deve ser tratada com antibióticos, muitas vezes com necessidade de internação para administração endovenosa”, explica Dra. Marcela.   


Como diferenciar a celulite orbitária de outras condições?
 
A melhor maneira de fazer isso é observar a criança e entender melhor os sintomas. Uma alergia ocular, por exemplo, pode causar inchaço e vermelhidão, que também são sintomas da celulite orbitária.

"Entretanto, o quadro da celulite orbitária é infeccioso, então a criança terá outros sintomas associados, como febre, dor, calor no local e pode ficar mais prostrada, mais quieta do que o normal. Caso isso aconteça, os pais devem procurar um pronto socorro imediatamente”, explica Dra. Marcela. 


Crianças são as principais vítimas
 
Embora a celulite também possa acometer os adultos, ela é mais comum em crianças e adolescentes entre 7 e 12 anos, porque eles ainda não estão com o sistema imunológico totalmente formado. Ainda não se sabe porque, mas meninos têm duas vezes mais chance de ter o problema do que meninas.

O diagnóstico, geralmente, é feito com a ajuda de exames de sangue, que vão confirmar ou não a infecção, testes de visão – por exemplo, o movimento dos olhos, pressão ocular e como as pupilas da criança reagem à luz – e até exames neurológicos, dependendo do caso.

“O ideal é que a criança seja internada para administrar antibiótico na veia, cuja ação é mais rápida. Quando tratada a tempo, a celulite orbitária é curada e não deixa sequelas”, finaliza a oftalmopediatra.







Apneia do sono: obesidade, álcool e adenoide estão entre as causas da doença



Mudanças no estilo de vida podem contribuir para prevenção

 
Apneia é um termo que significa “falta de ar”. Ela pode se manifestar durante o sono por pausa ou diminuição temporária da respiração (de 10 a 20 segundos em cada episódio), em geral com vários episódios ao longo da noite. Ocorre um bloqueio transitório parcial ou total da via aérea, em geral superior, que é o canal por onde passa o ar que respiramos. Existem diversas causas para apneia do sono, que podem ocorrer isoladas ou em associação.

Dra. Jeanne Oiticica, médica otorrinolaringologista e Chefe do Grupo de Pesquisa em Zumbido do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, explica que dentre os mecanismos que podem contribuir para apneia do sono estão:

  • Desvio de septo nasal - o septo nasal é uma parede constituída por osso e cartilagem, que separa a narina direita da esquerda, tem cerca de oito cm de comprimento, atravessa o centro da face, indo da ponta do nariz até a altura das orelhas;
     
  • Hipertrofia de cornetos nasais - estruturas esponjosas que crescem e retraem dentro do nariz, importantes no aquecimento e na umidificação do ar que respiramos;
     
  • Adenoide - tecido de aspecto amoriforme que cresce no fundo do nariz, na sua transição com a garganta;
     
  • Amígdalas volumosas - estruturas que se localizam a cada lado da língua e que também possuem aspecto amoriforme;
     
  • Língua volumosa;
     
  • Palato mole rebaixado - tecido muscular mucoso que fica no fundo da garganta logo acima da língua;
     
  • Úvula longa - tecido em forma de campainha ou penduricalho que existe no fundo da garganta;
     
  • Retroposicionamento da língua - língua posicionada muito ao fundo da garganta;
     
  • Micrognatia - mandíbula pequena;
     
  • Genética - distúrbios na formação do colágeno por exemplo;
     
  • Flacidez - falta de tônus e rigidez no tecido;
     
  • Excesso de tecido na garganta;
     
  • Obesidade;
     
  • Abuso de álcool;
     
  • Uso de determinados medicamentos.

Os portadores de apneia do sono acordam cansados, podem apresentar sonolência diurna excessiva, cochilo fácil durante o dia, fadiga crônica, cefaleia, boca seca, irritabilidade, oscilações de humor, ganho de peso, ranger de dentes, respiração ruidosa ou ofegante, respiração pela boca e roncos.

A doença pode surgir em qualquer faixa etária, mas é bem mais comum em adultos pelas comorbidades (diabetes, hipertensão arterial, dislipidemia) associadas ao avançar da idade, incluindo ainda obesidade, sedentarismo, hábitos de vida inadequados.

“O principal risco da apneia é que ela pode matar. A pausa temporária da respiração, que ocorre várias vezes durante o sono, determina uma restrição à adequada oxigenação do corpo. Essa falta de oxigênio pode atingir tecidos vitais como coração e cérebro, levar a infarto cardíaco ou derrame cerebral (AVC) ”, alerta Dra. Jeanne.

Quando a apneia tem como causa o aumento das tonsilas (faríngea e amigdaliana), ou o bloqueio da passagem de ar pelo nariz (desvio de septo nasal, hipertrofia de conchas nasais), ela repercute no crescimento e formação do arcabouço ósseo da face e pode levar à mordida aberta anterior, palato ogival, hipodesenvolvimento do terço médio da face, entre outros.



Tratamento -  O primeiro passo é determinar a causa da apneia e corrigi-la. “Por exemplo, se a causa for obesidade e sobrepeso, o tratamento é feito a partir do controle de peso. Se a causa for um determinado medicamento que a pessoa estiver usando, suspende-se o medicamento, é claro, se isto for possível. E assim por diante. Existem ainda inúmeros tratamentos disponíveis incluindo aparelho intraoral (serve para tracionar a língua para frente durante o sono impedindo que ela caia para trás e bloqueie a passagem do ar que respiramos pela via aérea), procedimentos cirúrgicos (septoplastia, turbinectomia, uvulopalatofaringoplastia, glossectomia parcial, avançamento maxilo-mandibular), CPAP (aparelho que proporciona pressão positiva nas vias aéreas durante o sono para evitar que estas colapsem) ”, detalha a médica.

Algumas mudanças de hábitos podem contribuir para a prevenção da apneia, como alimentação regrada, exercícios físicos regulares, evitar tomar medicamentos sem prescrição médica e adotar estilo de vida mais saudável.
 






Dra. Jeanne Oiticica - Médica otorrinolaringologista, concursada pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Orientadora do Programa de Pós-Graduação Senso-Stricto da Disciplina de Otorrinolaringologia da Faculdade de Medicina da USP.
Chefe do Grupo de Pesquisa em Zumbido do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. Professora Colaboradora da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Responsável do Ambulatório de Surdez Súbita do hospital das Clínicas – São Paulo.






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