Pesquisa vai
disponibilizar gratuitamente exame de ultrassom para detectar riscos de
prematuridade.
Comemorado todo dia 17 de novembro, o Dia Mundial
da Prematuridade foi criado para chamar a atenção para um problema que atinge
15 milhões de crianças todos os anos ao redor do mundo. No Brasil, 340 mil
bebês nascem prematuros todo ano, o equivalente a 931 por dia ou a 6 prematuros
a cada 10 minutos. Mais de 12% dos nascimentos no país acontecem antes da
gestação completar 37 semanas, o dobro do índice de países europeus. Os
problemas da prematuridade vão além do baixo peso, um prematuro precisa de
cuidados especiais na UTI, o que aumenta em três vezes o risco de morte e
sequelas futuras para sua vida adulta.
“Com o objetivo de diminuir as taxas de parto
prematuro, gestantes de todo o Brasil entre a 18ª e a 23ª semana já podem
contar com um exame gratuito de ultrassom para detectar ao menos um desses
riscos: o encurtamento do colo de útero. Este exame é um ultrassom transvaginal
que mede o colo do útero e identifica alterações que podem levar a um parto
prematuro”, explicou Fernando Maia, gerente da Medicina
Fetal do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente
Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz) e pesquisador responsável no IFF.
O ultrassom leva cerca de cinco minutos e a
gestante recebe o resultado na hora. Se nenhuma alteração for identificada, ela
é aconselhada a seguir com seu pré-natal regular, se o encurtamento do colo do
útero for detectado, a gestante receberá acompanhamento especial para evitar o
trabalho de parto prematuro. “Serão fornecidas cápsulas de progesterona, um
hormônio que a mulher já produz naturalmente, ou um anel de silicone para
fechar o colo e diminuir a possibilidade de um nascimento antes da hora. Ambos
são inseridos na vagina até o final da gestação. As participantes receberão
acompanhamento regular da equipe até o parto”, elucidou médico.
A iniciativa faz parte de uma pesquisa científica
liderada pela Unicamp, que tem como seu pesquisador principal Rodolfo Pacagnella, chamada de “Progesterona
e Pessário cervical para Prevenir Parto Prematuro ou Estudo P5”, que pretende
entender as melhores formas de se evitar o nascimento prematuro no Brasil e no
mundo. “Além de evitar o nascimento prematuro do bebê, as gestantes
participantes contribuirão com a pesquisa científica que pretende prevenir o
problema no país”, esclareceu Fernando Maia. O estudo terá duração de dois anos
e espera beneficiar 30 mil mulheres em todo o país.
Para o médico, a participação do Instituto na
pesquisa reafirma o interesse do IFF em entender as causas da prematuridade sob
diversas perspectivas. “Outra boa notícia é o início das atividades do
ambulatório de Alto Risco para Prematuridade, liderado pelo médico obstetra
Marcos Nakamura. O ambulatório busca concentrar as gestantes sabidamente de
alto risco para prematuridade, com vistas a assistência altamente especializada
e pesquisa no tema”, disse ele.
O estudo P5 é um dos 12 projetos de pesquisa brasileiros
em prematuridade que estão sendo financiados pelo Ministério da Saúde, CNPq e
Fundação Bill & Melinda Gates desde 2014. Eles fazem parte do programa
Grandes Desafios Brasil: Prevenção e Manejo de Nascimentos Prematuros,
iniciativa lançada em 2013 com o objetivo de investir em pesquisas capazes de
entender as causas de nascimentos prematuros e oferecer soluções inovadoras
para reduzi-los no Brasil e no mundo.
O exame de ultrassom será disponibilizado em 17
hospitais espalhados pelo Brasil, todos vinculados ao Sistema Único de Saúde
(SUS). Mulheres entre a 18ª e 23ª semana de gestação que aceitarem participar
da pesquisa podem realizar o ultrassom transvaginal para medir o colo do útero
e identificar alterações que podem levar a um parto prematuro, basta agendar o
exame por meio do site: www.prevenindopartoprematuro.com.br. No Rio de Janeiro os
exames serão agendados pelo SISREG.