No
mundo todo, a infertilidade atinge um em cada seis casais – sendo o aborto
prematuro a complicação mais comum da gravidez. Pesquisadores da Universidade
de Warwick, no Reino Unido, defendem o princípio de que quem está tentando
engravidar deve valorizar mais do que nunca uma boa noite de sono. De acordo
com o professor britânico Jan Brosens, o útero tem seu próprio relógio
biológico, que precisa estar sincronizado com o relógio biológico do corpo da
mãe para criar condições ideais ao crescimento e desenvolvimento fetal. O sono
é considerado parte essencial dessas condições ideais.
O
pesquisador afirma que a incapacidade dessa sincronização pode explicar pelo
menos em parte por que algumas mulheres têm dificuldade em seguir com a
gravidez durante os nove meses. Especificamente, a falta de sincronização
‘desliga’ os genes do relógio biológico em células que revestem o útero –
podendo comprometer a gravidez. Essas informações podem ajudar os pesquisadores
e especialistas em fertilidade a desenvolver estratégias para otimizar o
ambiente fetal e assim ajudar as mulheres que querem engravidar, mas estão
enfrentando dificuldades.
Na
opinião da especialista em Medicina Reprodutiva Suely Resende, diretora da
unidade de Campo Grande (MS) do Fertility Medical Group, a
falha na sincronização do relógio biológico da mãe com o do embrião pode ter
consequências indesejadas. “Esse tipo de estudo oferece mais informações sobre
por que algumas mulheres não conseguem levar uma gestação a termo. Combater o
estresse e dormir bem são atitudes fundamentais para quem está tentando
engravidar. Hoje em dia, praticamente todos dormimos menos do que deveríamos.
Mas, para uma paciente em tratamento, perder duas ou três horas de sono por dia
pode resultar em maior dificuldade para engravidar. Quem dorme pouco, por
exemplo, tem níveis de leptina mais baixos. Além de controlar o apetite, esse
hormônio também pode impactar diretamente a ovulação”.
Outro
problema mencionado pela especialista é o trabalho noturno. Quem troca o dia
pela noite, trabalhando madrugada adentro e tentando dormir quando o sol está
brilhando, acaba tendo mais dificuldade, também, para engravidar, já que os
ciclos menstruais dessas mulheres são mais irregulares. “Nosso relógio
biológico é bastante influenciado pelo ritmo circadiano, com base nas variações
de luz, temperatura e condições climáticas entre o dia e a noite. Mulheres que
trabalham em turnos noturnos costumam ter esse ritmo alterado, o que tem
influência direta sobre a produção de determinados hormônios, como a melatonina
(que controla o sono) e o cortisol (que controla o estresse). Mais uma vez,
isso acaba desregulando o relógio biológico de muitas mulheres”.
Dra. Suely Resende -
mestra em Medicina pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São
Paulo, diretora da unidade de Campo Grande (MS) do Fertility Medical Group - http://fertilitycampogrande.com.br/
- http://www.sciencedaily.com/releases/2015/04/150401161630.htm
- http://www.fasebj.org/content/early/2015/01/06/fj.14-267195