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quinta-feira, 25 de maio de 2023

O vício em drogas: conseguimos perceber quando alguém está viciado?

Um problema cada vez mais comum, o vício em drogas é um processo de sofrimento para muitas famílias, no entanto, não é irreversível; especialista explica a condição

 

O tempo todo ouvimos, na televisão e nos jornais, sobre o vício em drogas. Seja em filmes que romantizam os casos, como Scarface ou até mesmo nas inúmeras reportagens que vemos diariamente sobre a “Cracolândia” e o tráfico de entorpecentes. No entanto, o lado humano é pouco observado nesses casos, assim como a maneira que o vício nessas substância afeta a vida de cada uma dessas pessoas, que certamente não queriam estar nessa posição. 

A dependência de químicos pode afetar pessoas de qualquer idade, gênero ou classe social, para se ter uma ideia, o Ministério da Saúde registrou no último ano 400 mil atendimentos a pessoas com transtornos devido ao uso de drogas. Porém, muito mais do que números, famílias são perdidas pelo abuso de drogas. Recentemente, ganhou repercussão na mídia a história da técnica de enfermagem Vanessa Sales que, ao tentar ajudar sua filha viciada, também se viciou pela substância conhecida como K9, uma droga sintética que faz com que os usuários fiquem travados como zumbis. 

Segundo a psicóloga e especialista em Psicologia Clínica pela PUC de SP, Vanessa Gebrim, o vício em drogas está ligado ao sistema de recompensas do nosso cérebro. “O principal mecanismo que desencadeia o vício é o sistema de recompensa cerebral junto à neuroadaptação. Nosso cérebro sofre alterações anatômicas quando viciado, assim como mudanças em seu funcionamento químico e na comunicação entre os neurônios, que está associada ao aprendizado. Isso é possível graças à plasticidade do cérebro. Assim,  o vício transforma os circuitos neurais, reorganizando-os de forma a atribuir mais valor àquilo que lhe dá prazer”, explica. 

 

A cronologia de um vício  

Para os familiares, amigos e a própria pessoa nessa situação, pode ser difícil reconhecer um vício no início, é comum o discurso de “posso parar quando quiser”, ainda assim alguns fatores indicam que uma pessoa pode estar passando por uma adicção. “Falta de motivação para estudar e trabalhar, mudanças no comportamento, irritabilidade, olhos vermelhos, muito tempo longe de casa ou perda de objetos de valor podem indicar o uso desenfreado de psicoativos”, enumera a psicóloga. 

Os piores efeitos, contudo, estão na pessoa que está passando por esse momento, que vai precisar de uma rede de apoio e ajuda para lidar com as consequências. “o indivíduo apresenta sintomas físicos diante da abstinência da substância química.Por outro lado, a dependência psicológica refere-se a um estado de mal-estar que se manifesta após a pessoa interromper o uso de uma droga. Ou seja, a ausência de determinada substância promove uma reação negativa no cérebro. Quando uma pessoa está sob o efeito da droga acontece uma diminuição da tensão, da ansiedade, elevação da euforia e outras sensações agradáveis. Porém, o cérebro condiciona esses efeitos à presença da substância no organismo”, revela.  

Além disso, a vida social e profissional é afetada profundamente. “Vários são os impactos no desempenho profissional. Os mais comuns são: perda da qualidade de trabalho e diminuição da produtividade e outros impactos na vida  pessoal  e social como o descontrole emocional, menor capacidade de raciocínio e concentração, destruição dos neurônios, que diminuem a capacidade de pensar e realizar atividades, desenvolvimento de doenças psiquiátricas, como depressão ou esquizofrenia e isolamento da família e sociedade”, diz Vanessa.

 

Reinserção na sociedade  

Para passar por isso, o trajeto é longo, mas possível, é necessário muita força para ficar longe dos estímulos e evitar recaídas. “A dependência química é considerada uma doença crônica, progressiva, sem cura, porém, tratável. Apesar da possibilidade de tratamento, a recaída durante o período de recuperação pode atingir de 40% a 60% dos pacientes. O dependente químico precisa de uma fase terapêutica contínua, a qual proporcionará resultados a longo prazo”, mostra.  

Além de esforço, é essencial que o círculo social também esteja engajado em reverter o quadro, quando mais cedo medidas forem tomadas, melhor. “Os familiares têm o papel de dar apoio, sem julgamentos, e ajudar o paciente na sua reabilitação. No entanto, há casos em que a família pode facilitar o tratamento ou prejudicá-lo — se for conivente com as ideias do dependente de burlar nesse processo, por exemplo. Também é fundamental que as pessoas saibam lidar com a codependência, ou seja, o desenvolvimento dos mesmos sintomas de quem sofre com o vício”, finaliza Vanessa Gebrim.

 

Vanessa Gebrim - Pós-Graduada e especialista em Psicologia pela PUC-SP. Teve em seu desenvolvimento profissional a experiência na psicologia hospitalar e terapia de apoio na área de oncologia infantil na Casa Hope e é autora de monografias que orientam psicólogos em diversos hospitais de São Paulo, sobre tratamento de pacientes com câncer (mulheres mastectomizadas e oncologia infantil). É precursora em Alphaville dos tratamentos em trauma emocional, EMDR, Brainspotting, Play Of Life, Barras de Access, HQI, que são ferramentas modernas que otimizam o tempo de terapia e provocam mudanças no âmbito cerebral. Tem amplo conhecimento clínico, humanista, positivista e sistêmico e trabalha para provocar mudanças profundas que contribuam para a evolução e o equilíbrio das pessoas. Mais de 20 anos de atendimento a crianças, adolescentes, adultos, casais e idosos, trata transtornos alimentares, depressão, bullying, síndrome do pânico, TOC, ansiedade, transtorno de estresse pós traumático, orientação de pais, distúrbios de aprendizagem, avaliação psicológica, conflitos familiares, luto, entre outros

 

 

Como o estresse afeta a saúde oftalmológica

Freepik


O estresse crônico pode ter efeitos adversos sobre os olhos e a visão. Nessa circunstância, o organismo libera hormônios como o cortisol, que podem levar a alterações nos vasos sanguíneos dos olhos, resultando em pressão ocular elevada e diminuição do fluxo sanguíneo para a retina. Isso pode aumentar o risco de desenvolvimento ou agravamento de condições oculares, como glaucoma, olho seco, degeneração macular relacionada à idade (DMRI) e retinopatia diabética. 

Segundo o Dr. Marcelo Brito, médico oftalmologista, alguns sinais precoces de que o estresse está afetando a saúde ocular podem incluir visão embaçada, sensibilidade à luz, olhos secos, vermelhidão ocular, coceira e desconforto. Além disso, também pode contribuir para o desenvolvimento de sintomas de tensão ocular, como dores de cabeça, fadiga ocular e dificuldade de concentração visual. 

Recomenda-se buscar ajuda de um médico oftalmologista sempre que houver preocupações com a saúde ocular, especialmente se os sintomas mencionados anteriormente persistirem ou piorarem ao longo do tempo. O oftalmologista poderá realizar um exame ocular completo para avaliar a condição dos olhos e diagnosticar possíveis problemas relacionados ao estresse. 

“O tratamento envolve uma abordagem multifacetada. Além de tratar quaisquer condições oculares subjacentes, é importante gerenciar o estresse de forma global. Recomenda-se adotar práticas de autocuidado, como a prática regular de exercícios físicos, técnicas de relaxamento, como a meditação ou yoga, adotar uma alimentação equilibrada, estabelecer uma rotina de sono adequada e limitar a exposição prolongada a dispositivos eletrônicos”, indica o médico oftalmologista. 

Para finalizar, o Dr. Marcelo Brito compartilha algumas ficas para lidar com o estresse e preservar a saúde: 

Estabelecer uma rotina saudável: Priorize uma rotina regular de sono, alimentação balanceada e atividade física adequada. Esses hábitos saudáveis ajudam a fortalecer o organismo e a lidar melhor com o estresse.

Praticar técnicas de relaxamento: Encontre técnicas de relaxamento que funcionem para você, como meditação, respiração profunda, ioga ou atividades que proporcionem prazer e redução da tensão. 

Estabelecer limites: Aprenda a dizer "não" quando necessário e estabeleça limites claros em relação ao trabalho, vida pessoal e uso de tecnologia. Defina momentos de pausa e reserve tempo para atividades que proporcionem descanso e relaxamento. 

Buscar apoio social: Compartilhar preocupações com amigos, familiares ou profissionais da saúde pode aliviar o peso do estresse. Ter uma rede de apoio sólida é fundamental para lidar com desafios emocionais. 

Praticar hobbies e atividades prazerosas: Encontre tempo para se envolver em atividades que tragam alegria e satisfação, como hobbies, leitura, ouvir música, arte, entre outros. Essas atividades podem ajudar a desviar o foco do estresse e promover bem-estar. 

Procurar ajuda profissional: Se o estresse estiver afetando significativamente sua qualidade de vida e saúde, considere buscar a ajuda de um profissional de saúde mental, como psicólogo ou psiquiatra, para obter orientação e suporte adequados. 

Lembrando sempre que o cuidado com a saúde ocular e o controle do estresse devem ser abordados em conjunto para promover uma visão saudável e uma vida equilibrada

 

Fonte: Marcelo Brito - Médico Oftalmologista

CRM: 18871/RQE:415

Instagram: @dr.marcelobrito

 

Autismo e bullying: quais os sinais de que uma criança autista está sofrendo com comportamentos agressivos?

Unsplash
Pesquisa mostra que 77% das crianças com autismo relatam ter sofrido bullying no ambiente escolar

 

Crianças e adolescentes no espectro do autismo são algumas das principais vítimas do bullying, violência que pode vir tanto de forma física quanto psicológica (através de palavras de ameaça e provocações). Segundo Bruna Manzolli, terapeuta parceira da Genial Care, “isso é recorrente porque pessoas no espectro, ou neurodivergentes, apresentam comportamentos atípicos, ou seja, atitudes que não são esperadas de acordo com a sociedade típica, e por isso são julgadas”. 

Infelizmente, o bullying ainda é um comportamento agressivo que se faz presente, principalmente, no ambiente escolar, ou até mesmo em pequenos grupos de amigos e atividades extracurriculares. Dados do IBGE mostram que mais de 40% dos estudantes adolescentes admitiram já ter sofrido com a prática de “bullying”, de provocação e de intimidação. Além disso, uma pesquisa canadense indicou que 77% das crianças com autismo relataram ter sofrido bullying no ambiente escolar.

 

        A Lei nº 13.185, em vigor desde 2016, classifica o bullying como intimidação sistemática, quando há violência física ou psicológica em atos de humilhação ou discriminação. A classificação também inclui ataques físicos, insultos, ameaças, comentários e apelidos pejorativos, entre outros. 

        O bullying pode causar danos graves à saúde emocional e mental, resultando em baixa autoestima, ansiedade, depressão, transtornos alimentares, insônia, entre outros problemas. “Infelizmente, muitas pessoas ainda têm preconceito em relação ao autismo. Isso porque muitas vezes não compreendem ou não tem conhecimento acerca do TEA, e caem em pré-conceitos que estão enraizados há anos. Crianças e adolescentes diagnosticadas com transtornos do neurodesenvolvimento, como o autismo, vivenciam vários tipos de desafios na escola. Isso pode ser devido à dificuldade da comunicação e também ao relacionamento com outras crianças”, ressalta Bruna Manzolli. 

        Segundo a especialista, crianças e adolescentes com outros tipos de transtornos do neurodesenvolvimento, como o Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), Síndrome de Tourette e Deficiência Intelectual, também estão mais propensas a serem vítimas do bullying; em comparativo com pessoas não neurodiversas. 

É comum que algumas pessoas fiquem com medo de denunciar que estão sofrendo bullying, ou que não consigam se comunicar a respeito da agressão que estão recebendo. Por este motivo, é muito importante observar possíveis sinais.

 

Sinais de que uma pessoa autista é vítima do bullying

Alguns sinais de que alguém pode estar sofrendo bullying incluem:

 

     Mudanças no comportamento ou humor: por exemplo, quando de repente a pessoa que tende a entrar e sair da escola de forma tranquila começa a demonstrar aversão pelo ambiente, com choros e comportamentos não esperados para seu perfil, mudança na socialização com pessoas que se sente confortável, começa a ter comportamentos evitativos, de fuga e se isola ou fica quieta, além do esperado.  isso pode ser um sinal de que algo está errado. Também podem ocorrer mudanças de humor, como irritabilidade, tristeza ou ansiedade;


     Queda no desempenho escolar: o desempenho escolar cair repentinamente pode ser um sinal de que está sofrendo bullying, pois sente muita distração ou incapacidade de se concentrar;


     Lesões físicas inexplicáveis: se alguém apresentar ferimentos inexplicáveis, como hematomas, arranhões ou cortes, isso pode ser um sinal de que ele está sendo agredido;


     Perda de interesse em atividades que antes eram prazerosas: se alguém de repente perder o interesse em atividades que antes adorava, pode ser um sinal de que ele está se sentindo desmotivado ou triste;


     Alterações no padrão de sono ou alimentação: quando surgem problemas de sono ou apetite, isso reflete diretamente em comportamentos de ansiedade e depressão, resultado de traumas gerados pelo bullying.

 

“É importante dizer que esses sinais não garantem necessariamente que a criança ou adolescente com autismo esteja sofrendo bullying, mas podem indicar que algo não está certo. Se os cuidadores suspeitarem de algo, é possível buscar abertura para uma conversa e oferecer apoio. Porém, para algumas pessoas com autismo que possuem dificuldades de socialização, nem sempre é possível avançar para esse lado e outras estratégias precisam ser implementadas”, pontua Bruna Manzolli.


Como ajudar pessoas autistas vítimas de bullying?

Com o bullying geralmente acontece no ambiente escolar, é preciso cobrar um posicionamento da própria unidade de ensino. Se mesmo com conversas e denúncias a escola não está tomando medidas adequadas para proteger a criança e o adolescente, você pode seguir os seguintes passos:

 

     Peça à escola que apresente um plano de ação, com etapas específicas e detalhadas das decisões que a escola irá tomar para resolver o problema e proteger a criança e o adolescente;


     Mantenha registros detalhados de todos os incidentes de bullying que você souber, incluindo a data, hora e local. Compartilhe essas informações com a escola para que eles possam entender a extensão do problema;


     Seja persistente: se você sentir que a escola não está levando o problema a sério, continue a contatar a escola para que haja uma resolução. E-mails ou chamadas telefônicas regulares são importantes para acompanhar o progresso e verificar se o plano de ação está sendo implementado;


     Se a escola não tomar medidas adequadas para resolver o problema, é possível buscar ajuda externa, como um conselheiro escolar, um advogado ou uma organização que lida com questões de bullying.

 

 

Genial Care

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Estudo associa episódios de apneia do sono em bebês a maior risco de hipertensão na vida adulta


Em experimentos com ratos, pesquisadores da Unesp observaram
 que períodos de baixa oxigenação nos primeiros meses de
 vida podem levar à desregulação do sistema nervoso autônomo
simpático, que é responsável por controlar funções como frequência cardíaca
 e pressão arterial. Descoberta aponta caminhos para a busca de novos tratamentos (
foto: freepic.diller/Freepik)




Bebês que passam por períodos de baixa oxigenação nos primeiros meses de vida – decorrentes, por exemplo, de episódios de apneia durante o sono – tendem a desenvolver problemas respiratórios e hipertensão arterial já na fase jovem e ao longo da vida adulta.

Pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (Unesp) demonstraram, pela primeira vez, que nesses casos o aumento da pressão arterial se dá devido a uma desregulação no sistema nervoso autônomo – que funciona de modo involuntário para controlar a pressão sanguínea, os batimentos cardíacos e a respiração, entre outros fatores. O estudo, publicado na revista Sleep Research Society, foi feito em modelo animal e demonstrou que o aumento da pressão arterial está associado a uma hiperatividade dos neurônios do sistema nervoso simpático (o ramo do sistema nervoso autônomo que é ativado em situações de estresse).

“Descobrimos que ratos que passaram por episódios de hipóxia intermitente no período pós-natal apresentavam maior atividade neuronal na parte final do tronco encefálico [bulbo] durante a vida jovem e adulta. Isso provavelmente se dá devido a uma adaptação do cérebro decorrente do período de baixa oxigenação durante uma fase crítica do desenvolvimento. Entre as adaptações está o aumento da atividade do sistema nervoso autônomo simpático, provavelmente por causa da maior expressão de uma proteína denominada fator induzível por hipóxia [HIF-1α] em neurônios do bulbo”, conta Daniel Zoccal, professor da Faculdade de Odontologia de Araraquara (FOAr-Unesp).

Segundo o pesquisador, a maior expressão da proteína HIF-1α pelos neurônios do bulbo gera uma série de alterações na leitura de outros genes que, dentre várias ações, controlam a atividade celular. Como consequência, os neurônios com maior expressão de HIF-1α apresentaram maior atividade, acarretando em vasos sanguíneos de menor calibre e, portanto, maior pressão arterial. Esse fenômeno corresponde ao que os cientistas chamam de epigenética, ou seja, modificações bioquímicas nas células ocasionadas por estímulos ambientais que promovem a ativação ou o silenciamento de genes sem provocar mudanças no genoma do indivíduo.

Além de demonstrar pela primeira vez os mecanismos envolvidos na relação entre episódios de baixa oxigenação na vida pós-natal e hipertensão na fase jovem e adulta, o trabalho, apoiado pela FAPESP, pode trazer desdobramentos clínicos importantes.

“Embora a hipertensão tenha uma prevalência alta – cerca de 30% da população mundial –, sua origem ainda precisa ser mais bem compreendida. Sabe-se apenas que há um risco associado a fatores como obesidade, sedentarismo, problemas renais e consumo de sal, por exemplo. Com o achado, podemos investigar novos tratamentos”, afirma Zoccal à Agência FAPESP.

A descoberta também joga luz sobre a importância dos primeiros anos de vida do indivíduo para o desenvolvimento de doenças. “É preciso olhar com mais cuidado para a respiração dos bebês até como uma forma de prevenir o desenvolvimento de doença na vida adulta”, diz. Episódios de apneia em recém-nascidos podem ocorrer com mais frequência em prematuros, quando o sistema nervoso central e o sistema respiratório ainda não estão completamente maduros, ou em bebês com hiperplasia de adenoide ou de amídalas, alguma deformidade anatômica ou obesidade.

Para o pesquisador, descrever todo o processo de como se dá a hipertensão arterial pela baixa oxigenação no período pós-natal (até cerca dos dois anos de idade em humanos) pode também auxiliar na busca de tratamento para aqueles pacientes que não respondem bem aos medicamentos anti-hipertensivos – cerca de 20% dos pacientes hipertensos.

Estudos anteriores já haviam demonstrado que pacientes hipertensos, especialmente os que não respondem a tratamento medicamentosos, têm um aumento da atividade elétrica na interface entre os nervos simpáticos e os vasos sanguíneos. “Os vasos sanguíneos desses indivíduos têm menor calibre, o que resulta no aumento da pressão arterial”, diz.

Baixa oxigenação

No estudo, os pesquisadores induziram a hipóxia em ratos durante os dez primeiros dias de vida. Nesse período, os animais passaram por episódios de hipóxia de curta duração, com a redução do oxigênio de 21% para 6% durante 30 segundos. Isso aconteceu a cada nove minutos, durante o período de sono dos animais.

A simulação gerava seis episódios de apneia do sono por hora, o que equivale a um caso de apneia do sono moderada. “Na clínica, existem casos de apneia severa em que o paciente chega a experiências de 30 ou até 60 episódios por hora”, explica o pesquisador.

Depois de duas semanas, as simulações realizadas ao longo de oito horas por dia cessaram e os animais passaram a respirar normalmente. Quando os animais completaram 40 e 90 dias de vida – o que em humanos seria comparável a 13-16 e 40-50 anos respectivamente –, os pesquisadores avaliaram parâmetros fisiológicos como pressão arterial e frequência cardíaca.

Em ambas as idades, os ratos que passaram por períodos de hipóxia intermitente na fase pós-natal apresentaram um aumento consistente da pressão arterial – entre 10 e 20 milímetros de mercúrio (mmHg ) acima do grupo-controle. De acordo com os resultados, a média da pressão arterial em ratos jovens foi de 84±7 mmHg no grupo-controle, enquanto no grupo que passou por hipóxia intermitente foi de 95±5 mmHg. Já a média para os animais adultos ficou em 103±10 mmHg para o grupo-controle e 121±9 mmHg para o grupo que passou por episódios de baixa oxigenação. Vale destacar que os índices de pressão arterial tanto em roedores quanto em humanos são semelhantes.

“No estudo, não avaliamos quando os animais se tornam hipertensos, apenas verificamos que na fase jovem os ratos já apresentavam alterações relacionadas à pressão arterial e, na fase adulta, estavam hipertensos”, explica o pesquisador.

Depois de concluir que a hipóxia intermitente gerava aumento de pressão arterial nos animais, os pesquisadores foram investigar a contribuição do sistema nervoso simpático nesse processo.

Vale lembrar que o sistema nervoso autônomo é dividido em duas partes: o sistema simpático e o parassimpático. De forma geral, o sistema simpático é responsável pelas alterações no organismo em situações de alerta, preparando o organismo para enfrentar ou fugir de uma ameaça. Envolve, portanto, maior gasto de energia. Cabe a esse ramo aumentar a frequência cardíaca e a pressão arterial, liberar adrenalina, dilatar os brônquios, dilatar as pupilas, aumentar a transpiração. Já o sistema nervoso parassimpático normaliza o funcionamento dos órgãos internos depois da situação de alerta.

Ao colocar eletrodos em contato com os nervos simpáticos dos ratos jovens, os pesquisadores observaram que os animais que passaram por hipóxia intermitente apresentavam uma quantidade maior de impulsos elétricos trafegando pelos nervos simpáticos em comparação com os animais que não passaram por episódios de baixa oxigenação. Em roedores adultos, foi utilizada uma abordagem farmacológica que obteve o mesmo resultado do estudo com ratos jovens.

“Utilizamos uma droga que inibe as ações do sistema nervoso simpático e, dependendo da resposta de queda da pressão arterial, foi possível inferir que a atividade simpática estava aumentada”, diz.

Os pesquisadores da Unesp também analisaram a atividade dos neurônios do bulbo, uma região do cérebro que controla as funções vegetativas do corpo, como batimento cardíaco, respiração e a atividade simpática para os vasos sanguíneos.

“Focamos nossa análise na superfície ventral do bulbo, região essencial para gerar a atividade simpática e manter a pressão arterial em valores normais [em humanos cerca de 12/8 mmHg]. E observamos que, entre os animais que tinham passado por hipóxia intermitente pós-natal, existe uma maior taxa de disparo dos neurônios nessa região. Isso mostrou uma disfunção nesse grupamento do bulbo, causada pela exposição à hipóxia intermitente que mantém a atividade simpática aumentada, elevando a pressão arterial”, explica.

Os pesquisadores também observaram que, além de apresentarem maior atividade, os neurônios do sistema nervoso simpático expressavam mais a proteína HIF-1α. “Essa descoberta permitiu que associássemos todo esse processo a uma possível causa epigenética", conta.

Zoccal ressalta que a proteína HIF-1α foi objeto de estudo dos vencedores do Prêmio Nobel de Medicina de 2019. Os laureados descobriram que, quando os níveis de oxigênio estão baixos, a quantidade desse fator aumenta e induz adaptações celulares que garantem a sobrevivência das células e do organismo durante condições de hipóxia. Por outro lado, a concentração de HIF-1α diminui quando os níveis de oxigênio estão normais.

O estudo focou nos efeitos da hipóxia intermitente pós-natal sobre a pressão arterial decorrentes de uma disfunção no sistema nervoso simpático. No entanto, sabe-se que alterações nesse sistema podem acarretar outras modificações. Isso porque a atividade simpática controla muitas funções do organismo, entre elas a temperatura corporal e, consequentemente, o metabolismo.

“Em outro estudo que publicamos, usando o mesmo modelo experimental, notamos que os animais que passam pela hipóxia apresentavam menor peso que o do grupo-controle, o que pode ser uma consequência do aumento da atividade simpática. Também observamos que esses animais passaram a apresentar irregularidades respiratórias, com um padrão fora do comum de aceleração e desaceleração da respiração em repouso. Portanto, além de hipertensos, vimos que os animais podem apresentar problemas respiratórios e prováveis alterações metabólicas”, conclui.

O artigo Sympathetic dysregulation induced by postnatal intermittent hypoxia pode ser lido em: https://academic.oup.com/sleep/advance-article-abstract/doi/10.1093/sleep/zsad055/7067763?redirectedFrom=fulltext.

E o estudo Postnatal intermittent hypoxia enhances phrenic and reduces vagal upper airway motor activities in rats by epigenetic mechanisms está disponível em: https://physoc.onlinelibrary.wiley.com/doi/full/10.1113/EP087928.

 

Maria Fernanda Ziegler
Agência FAPESP
https://agencia.fapesp.br/estudo-associa-episodios-de-apneia-do-sono-em-bebes-a-maior-risco-de-hipertensao-na-vida-adulta/41466/


Associado a estresse e ansiedade, Bruxismo atinge 30% da população mundial e deve ser tratado com atenção

Hábito ranger, apertar e bater os dentes pode causar disfunções de articulação temporomandibular, comprometendo a mastigação e a fala. Especialista do Hospital Paulista alerta sobre os sintomas e explica quais são os tratamentos


A disfunção da articulação temporomandibular, ou DTM, é um conjunto de alterações que atinge a nossa articulação temporomandibular, musculatura e estruturas associadas. Esta alteração está presente na população mundial e pode se manifestar com dores de cabeça, estalos ao abrir e fechar a boca, dor na região dos ouvidos, musculatura da face, zumbido – e até mesmo travamentos na mandíbula, por exemplo.  

Bastante associada a situações de estresse e ansiedade, essa disfunção envolve a articulação temporomandibular (ATM), que conecta o osso mandibular ao osso temporal do crânio - localizado próximo aos ouvidos e responsável pela abertura e fechamento da boca, mastigação e fonação.  

O bruxismo, por sua vez, é caracterizado por atividades do músculo da mastigação, sendo controlado pelo sistema nervoso central, ou seja, independente da nossa vontade. Ele se manifesta pelo hábito de ranger, apertar, bater os dentes, por exemplo, e pode levar uma disfunção de ATM. “Importante ressaltar que Bruxismo não é DTM”, destaca a Dra. Juliana Mussi, cirurgiã bucomaxilofacial do Hospital Paulista - especializado no tratamento desse tipo de disfunção.  

Ela explica que embora seja muito associado ao período de sono, o Bruxismo também pode acontecer durante a vigília, ou seja, quando estamos acordados. “No caso da vigília, ele está diretamente relacionado com períodos de estresse, ansiedade e concentração. Já no caso do bruxismo do sono, o estresse, em especial, pode afetar o nosso descanso, fazendo com que ele fique mais superficial e com microdispertares, aumentando assim chance de incidência desse transtorno involuntário”.  

Dados da OMS apontam que 30% da população mundial sofre de Bruxismo.  

O transtorno é caracterizado por atividades do músculo da mastigação, que ocorrem de forma involuntária. "O hábito de ranger, apertar, bater os dentes pode ocasionar a disfunção da nossa articulação temporomandibular, musculatura e estruturas associadas. Além de muita dor em regiões da face e ouvidos, a DTM ainda pode comprometer a fala e a mastigação, caso não tratada", alerta. 

 

Mulheres propensas  

As mulheres, segundo a médica, são as que mais recorrem ao tratamento especializado. “A estimativa é que 80% do público que atendemos seja de mulheres. Isso pode ser explicado por estudos que apontam o estrogênio (hormônio sexual feminino) como um possível fator de alteração do metabolismo ósseo e da cartilagem da articulação temporomandibular, bem como do mecanismo regulador da dor”, observa.  

Quanto ao diagnóstico, ela explica que se dá por meio de avaliação clínica, onde é verificada a articulação e a musculatura e através de exames de imagens, como por exemplo ressonância magnética.  

Os tratamentos para DTM são divididos em dois grupos: o clínico e o cirúrgico. O primeiro, segundo Mussi, é o indicado para a grande maioria dos pacientes. “Ele pode envolver ações como fisioterapia, agulhamento seco, acupuntura, uso da placa de mordida, laserterapia e o envolvimento de uma equipe multidisciplinar para avaliação dos aspectos psicológicos por exemplo. Em alguns casos, ainda de acordo com a especialista, também é feito o uso de medicamentos para dores agudas e crônicas.  

Quanto aos procedimentos cirúrgicos, Mussi explica que, dependendo do quadro clínico, é possível aplicar soluções menos invasivas. É o caso das infiltrações de substâncias dentro da articulação e a artroscopia.  “Trata-se deum procedimento minimamente invasivo e sem cortes, que permite investigar o interior de uma articulação com uma microcâmera, fazer o diagnóstico e realizar o procedimento necessário para melhora da condição articular”, explica.  

Já nos mais graves, segundo ela, a opção é pelas chamadas ‘cirurgias abertas’, que são mais invasivas e ocorrem quando há necessidade de acessar a articulação. 

 

Hospital Paulista de Otorrinolaringologia 


Dia Nacional da Redução da Morte Materna alerta para a importância de diagnosticar os riscos precocemente

Hemorragia, acretismo placentário, pré-eclâmpsia e sepse, além de saúde mental no puerpério estão entre as principais causas. Com protocolos bem definidos, maternidades do Grupo Santa Joana se destacam ao manter suas taxas equiparadas aos melhores centros mundiais, sendo que na Instituição é de 5 óbitos maternos a cada 100 mil nascimentos.

 

De acordo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a morte materna pode ocorrer durante a gestação ou até 42 dias após o término da gravidez devido a qualquer causa relacionada ou agravada pela gravidez ou por medidas tomadas em relação a ela. Entre as principais causas estão pré-eclâmpsia, hemorragia, acretismo placentário e sepse. Entretanto, recentemente a lista cresceu com a entrada do cuidado com a saúde mental das mulheres no puerpério. Para alertar e conscientizar sobre o tema durante o período gestacional e pós-parto, bem como os meios de diagnosticar os riscos precocemente, em 28 de maio é celebrado o Dia Nacional de Redução da Morte Materna.

“O tema se tornou preocupação mundial pelo fato de que, na maioria das vezes, pode ser evitável e, também, por todas as repercussões que traz para aquela família que vive uma situação como essa quanto para a sociedade. Sabe-se que os nascidos de mães que morreram no parto vivem menos. Por isso, é tão importante a discussão, conscientização e ações em prol da redução da morte materna”, salienta Dra. Mônica Maria Siaulys, diretora Médica do Grupo Santa Joana.

Segundo o Ministério da Saúde, no Brasil a morte materna subiu significativamente e atualmente é de 107 óbitos maternos a cada 100 mil nascimentos enquanto que nos melhores centros mundiais essa taxa é de aproximadamente 10 a cada 100 mil. No Grupo Santa Joana esse número é ainda mais baixo, sendo de 5 a cada 100 mil, e é fruto de um trabalho sólido de prevenção da mortalidade materna construído ao longo das últimas décadas.

O que contribui para garantir esses índices e com melhores desfechos clínicos para as pacientes é uma somatória de fatores como: contar com equipes multiprofissionais qualificadas e continuamente capacitadas em habilidades técnicas e não técnicas para atuarem com alto desempenho; ter infraestrutura hospitalar adequada com equipamentos e monitores que permitem a avaliação mais precisa dos impactos das diferentes doenças na saúde da mãe e do seu filho; oferecer estrutura de apoio como laboratório e banco de sangue e protocolos de assistência que otimizam o atendimento de gestantes, principalmente daquelas que apresentam gestações de alto risco. O acompanhamento de perto e contínuo nas gestantes de alto risco é fundamental para a melhora dos resultados maternos e neonatais. As maternidades do Grupo Santa Joana contam com as Unidades de Semi-Intensiva e Unidades de Terapia Intensiva onde as gestantes e seus bebês são monitorados 24 horas por dia por uma equipe multidisciplinar e altamente especializada em doenças que ocorrem durante a gestação e puerpério.


Programa de Redução de Mortalidade Materna no Centro de Simulação Realística

Para manter as baixas taxas nos hospitais e maternidades da Instituição, que contempla o Santa Joana, Pro Matre e Santa Maria, foi implantado há oito anos o Programa de Redução de Mortalidade Materna realizado no seu Centro de Simulação Realística. Ao longo dos anos, o Grupo construiu protocolos baseados nas melhores evidências que otimizam o atendimento das pacientes, organizando o cuidado multidisciplinar. Dessa maneira, as equipes trabalham em sintonia, de maneira coordenada e seguindo a mesma conduta por meio de uma linguagem única.

“Buscamos sempre aperfeiçoar  e trazer melhorias contínuas e, por isso, nossas maternidades seguem protocolos para  diferenciar as gestantes com maior risco de hemorragia ou pré-eclâmpsia, o que contribui na antecipação de decisões. A adoção desses protocolos colaboram para a agilidade no atendimento, onde as decisões precisam ser tomadas, muitas vezes, em segundos. E isso também demonstra nossa preocupação com a redução da morbidade materna ao conseguiremos alcançar desfechos clínicos cada vez melhores e baixas taxas de transfusão de sangue, por exemplo”, destaca a médica.


Educação continuada

Para garantir agilidade e coordenação no cuidado, é fundamental contar com uma equipe treinada. E o Grupo Santa Joana sempre foi pioneiro em investir em educação continuada de seus profissionais. Há treinamentos obrigatórios que fazem parte da rotina dos colaboradores da Instituição, além de constantes atualizações e eventos, onde há oportunidade de troca de experiências com referências mundiais.

O Grupo Santa Joana conta, ainda, com o Centro de Simulação Realística especializado em saúde materno-infantil. Utilizando bonecos que sangram, choram e até entram em sepse, as equipes treinam situações críticas para que cada colaborador saiba exatamente a sua tarefa quando a situação for real. “Oferecemos treinamento constante para nossa equipe com conteúdo educacional de alta qualidade, que contribui para a discussão de temas como prevenção, antecipação de riscos e diagnóstico precoce, bem como conseguimos simular no Centro o controle de diversas variáveis da mortalidade materna”, conta Dra. Mônica.

Também, a mudança de comportamento da sociedade tem sido ponto de atenção para todas as instituições de saúde. Nota-se o aumento crescente das gestações tardias e fertilizações em vitro (FIV), além de outras comorbidades e suas sequelas, elevando, principalmente, os casos de pré-eclâmpsia e hemorragia.

Outras iniciativas do Grupo Santa Joana envolvem a educação para pacientes, dentre elas o pioneiro Curso de Preparação de Gestantes para o Parto Normal, no qual a gestante e acompanhante podem visualizar o parto normal em um robô (simulador) e conhecer em detalhes todo seu processo, além do Curso de Gestante.


O que pode causar cada uma das complicações na gestação e levar à morte materna

A pré-eclâmpsia, por exemplo, pode levar a complicações para a mãe e o bebê, incluindo hemorragia cerebral, insuficiência hepática, renal, problemas cardiovasculares e parto prematuro. Por isso, é importante que as mulheres recebam orientações sobre os sintomas e tratamento dessa condição, bem como sejam monitoradas adequadamente durante a gestação. Mais ainda, usando conceitos da obstetrícia de alta precisão, certas gestantes podem ser identificadas durante o pré-natal como suscetíveis ao alto risco de ocorrência de pré-eclâmpsia, mesmo antes de ter algum sinal da doença. Diante disso, medidas preventivas podem ser propostas para diminuir a chance de acontecer e, se ocorrer, que se apresente de uma forma mais amena e em uma idade gestacional mais avançada, impactando menos a saúde do feto.

Já o acretismo placentário é a condição clínica na qual a placenta se adere à parede uterina. Em alguns casos, torna-se impossível seu descolamento após o parto, podendo evoluir para uma hemorragia de difícil controle e potencialmente danosa à vida, onde decisões terão que ser tomadas em segundos para mudar o desfecho cirúrgico. Como nesse grupo específico de pacientes a realização de histerectomia (cirurgia para remoção permanente do útero) pode ser frequente, discute-se muito a necessidade de apoio do grupo da saúde mental. Segundo dados da literatura, as pacientes que são submetidas à histerectomia em idade fértil são mais vulneráveis a desenvolver transtorno do estresse pós-traumatico (TEPT). Diante disso, o cuidado com a saúde mental das pacientes obstétricas se tornou ainda mais importante. Desde 2020, o Santa Joana é a única instituição brasileira credenciada junto à Sociedade Internacional de Espectro de Acretismo Placentário (IS-PAS), grupo internacional voltado ao estudo desta patologia.

Como nesse grupo específico de pacientes a realização de histerectomia (cirurgia para remoção permanente do útero) pode ser frequente, discute-se muito a necessidade de apoio do grupo da saúde mental. Segundo dados da literatura, as pacientes que são submetidas à histerectomia em idade fértil são mais vulneráveis a desenvolver transtorno do estresse pós-traumatico (TEPT). Diante disso, o cuidado com a saúde mental das pacientes obstétricas se tornou ainda mais importante. Desde 2020, o Santa Joana é a única instituição brasileira credenciada junto à Sociedade Internacional de Espectro de Acretismo Placentário (IS-PAS), grupo internacional voltado ao estudo desta patologia.

Outra que está entre as principais causas de morte materna no mundo é a Sepse na gestação. De acordo com a OMS, a sepse é uma disfunção orgânica resultante de infecção durante a gravidez, parto, pós-parto e pós-aborto. Também segundo a Organização Mundial da Saúde, 10,7% dos casos de mortalidade materna em países de baixa renda se deve à sepse, enquanto que nos países de alta renda esse número cai mais da metade, representando 4,7% dos casos. Em 2022, o Santa Joana, Pro Matre e Santa Maria se tornaram as primeiras maternidades brasileiras a receberem a certificação do Programa de Distinção no Tratamento da Sepse, desenvolvido pelo Instituto Qualisa de Gestão (IQG) em parceria com o Instituto Latino-Americano de Sepse (ILAS).

 

Grupo Santa Joana



Diástase da musculatura abdominal: cirurgia plástica como solução

Você sabe o que é diástase muscular do abdômen? A diástase muscular é o afastamento das fibras do músculo central do abdômen, o músculo reto abdominal. Este afastamento pode se dar por obesidade. Mas, comumentemente, observamos esta situação em pacientes que já tiveram gravidezes anteriores, em que o aumento do volume abdominal pelo crescimento do bebê faz com que haja o afastamento dos músculos. Muitas vezes, as pacientes com diástase muscular têm um abdômen mais redondo, mais projetado, não por flacidez ou excesso de gordura, mas sim por este afastamento dos músculos, que faz com que o abdômen se torne mais globoso.

O músculo reto do abdômen é composto por duas bandas verticais que se unem na linha média da região central abdominal por meio da chamada linha alba, formando uma espécie de cinta interna.

O que ocorre com esta musculatura durante a gestação? Por volta do terceiro trimestre de gravidez, o abdômen se expande para comportar o bebê. Para isso, é necessário que os dois feixes do músculo reto abdominal se afastem. A linha alba, tecido formado por colágeno, continua a unir os dois lados.

De fato, a linha alba tem capacidade para se expandir e também voltar à forma original. Em muitos casos, no entanto, a separação das bandas persiste, e passado muito tempo após o parto, resulta na deformação estética do abdômen.

Pacientes que apresentam diástase abdominal convivem com uma situação singular quando se esforçam para sentar, levantar ou tossir. Nestas circunstâncias, é visível uma protuberância vertical no meio da musculatura. A pele também assume uma aparência murcha e fina.

Além da preocupação estética, o cirurgião plástico deve sempre levar em consideração outras condições relatadas pelo paciente. A lista é extensa, mas em geral há queixas de fraqueza abdominal, dificuldade para levantar objetos ou de realizar atividades do dia a dia, como caminhar, dor durante a relação sexual, dores na lombar, pelve ou no quadril, incontinência urinária e prisão de ventre.

O diagnóstico da diástase, realizado pelo especialista, consiste em avaliar fisicamente o paciente e solicitar vários exames, entre eles a ultrassonografia, para mensurar a abertura da musculatura.

Para a correção da diástase abdominal é necessário um acesso, que pode ser realizado via abdominoplastia. Podemos fazer a abdominoplastia sem necessariamente realizar a plicatura ou amarração desses músculos. Ou seja, são pontos fixados nos dentres musculares laterais, trazendo esta reposição central. A associação com a abdominoplastia vai ajudar a retirar o excesso de pele e de gordura.

Da mesma forma que se consideram vários critérios para a realização do procedimento, é fundamental levar em consideração a qualificação e a idoneidade do cirurgião plástico. A primeira providência é verificar a participação do profissional na Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP). Neste caso, o paciente estará diante de um especialista que cumpriu um rito acadêmico de formação e habilitação em residências médicas que lhe permite exercer o ofício com plenitude e responsabilidade.

 

Juliano Pereira - CRM 141574 - Cirurgião plástico, membro especialista e titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica. Coordenador do Departamento de Cirurgia Plástica da Sociedade de Medicina e Cirurgia de Campinas (2018-2020 / 2021-2023).


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