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quarta-feira, 22 de março de 2023

Enfraquecimento de instituições e falta de políticas locais fragilizam gestão de incêndios na Amazônia

Pesquisa mostra que a falta de envolvimento da comunidade também prejudica programas de controle do fogo na região conhecida como MAP (imagem: acervo dos pesquisadores)

 

Estudo recém-publicado no International Journal of Disaster Risk Reduction discute a governança de incêndios florestais na fronteira trinacional do sudoeste da Amazônia com a participação de representantes locais. A região, conhecida como MAP, engloba Madre de Dios, no Peru; o Estado do Acre, no Brasil; e Pando, na Bolívia.

“Morando no Acre, temos pouco ou nenhum protagonismo, principalmente quando se fala de meio ambiente. Vemos cientistas de outras regiões e até de outros países falando da Amazônia, chamando a atenção para o tema, mas nós, que moramos aqui, ficamos fora dessa governança. Trazer esse olhar local das vulnerabilidades e das capacidades da região é um ponto muito positivo do nosso estudo”, diz a socióloga Gleiciane Pismel, colaboradora do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) e primeira autora do artigo.

Com base em uma pesquisa on-line, realizada durante a pandemia da COVID-19 (entre 2020 e 2021), o trabalho mostra que 60% de 111 entrevistados consideraram o desmatamento a principal causa dos incêndios florestais que atingem a Amazônia, seguido da utilização do fogo na gestão agrícola (58%) e das secas (39%).

A percepção vai ao encontro dos resultados de estudos recentes sobre o assunto. O aumento das queimadas da floresta, associado ao avanço do desmatamento, tem sido uma das ameaças à conservação da Amazônia e de sua sociobiodiversidade (leia mais em: agencia.fapesp.br/40164/ e agencia.fapesp.br/39913).

Os entrevistados – gestores públicos, cientistas e representantes do terceiro setor – também apontaram como as principais vulnerabilidades na governança para conter os impactos do fogo na região as deficiências em instituições e órgãos de controle, associadas à redução de funcionários e limitação de recursos financeiros.

Além do enfraquecimento das instituições, as instabilidades de políticas públicas nacionais e locais apareceram como uma falha na governança. Em grande parte, essas ações apenas espelham propostas de medidas nacionais sem observar as peculiaridades de cada local. Outros pontos de atenção são a falta de participação da comunidade e os aspectos socioculturais do uso do fogo, principalmente em zonas de pastagem e agricultura próximas a áreas de preservação ambiental.

“Um dos elementos de maior risco aos serviços ecossistêmicos, além do desmatamento, é a questão da degradação por incêndios, pelo corte seletivo e pelo efeito de borda associado à entrada do fogo na floresta, como mostramos na Science. Por outro lado, há um número muito limitado de pesquisas que avaliam a governança, especificamente associada às queimadas, um tema crescente, emergente e urgente que a Amazônia vem enfrentando. Nesse sentido, buscamos reunir uma equipe multidisciplinar e transfronteiriça para analisar a questão”, diz à Agência FAPESP Liana Anderson, pesquisadora do Cemaden e autora correspondente do artigo.

Anderson se refere ao estudo The drivers and impacts of Amazon forest degradation Os fatores condutores e os impactos da degradação florestal na Amazônia, em tradução livre), que foi um dos destaques de capa da edição do final de janeiro da revista Science. Ele revelou que aproximadamente 38% da atual área da Amazônia sofre com algum tipo de degradação causada por quatro fatores – fogo, extração seletiva de madeira (em sua maioria ilegal), efeitos de borda (que são mudanças em regiões de floresta ao lado de zonas desmatadas) e secas extremas, cada vez mais frequentes em decorrência das mudanças climáticas (leia mais em: agencia.fapesp.br/40568/).

Vários olhares

Desenvolvido no âmbito do projeto MAP-FIRE, o estudo sobre governança de incêndios florestais teve o apoio da FAPESP por meio do Centro de Pesquisa para Inovação em Gases de Efeito Estufa (RCGI) e de Bolsa no Exterior – Pesquisa concedida ao pesquisador do Cemaden Victor Marchezini, que desde 2004 atua na área de sociologia dos desastres, buscando envolver as comunidades locais na prevenção de desastres ambientais.

O RCGI é um Centro de Pesquisa em Engenharia (CPE) constituído por FAPESP e Shell na Universidade de São Paulo (USP).

O projeto MAP-FIRE, criado em março de 2019 e ligado ao Laboratório de Ecossistemas Tropicais e Ciências Ambientais (Trees, na sigla em inglês), vem desenvolvendo um plano de adaptação de múltiplos atores para lidar com florestas sob risco crescente de incêndios extensivos, particularmente na região conhecida como MAP. Foram desenvolvidas pesquisas para conhecer os riscos de desastres, além de uma plataforma de monitoramento e alerta para apoiar o planejamento e a tomada de decisões relacionados à ocorrência de incêndios na área.

“A pesquisa olha para os atores que estão no território de fronteira. Envolve representantes de organizações não governamentais, gestores públicos da região, além de cientistas interdisciplinares e transdisciplinares do Brasil, Peru e Bolívia como atores participantes em discussões de gestão de risco. Os desastres registrados ali não respeitam fronteiras político-administrativas, sendo necessário pensar em métodos inter e transdisciplinares para criar e fortalecer as ações de mitigação de riscos”, explica Marchezini, que atualmente faz pós-doutorado, com apoio da FAPESP, no Natural Hazards Center, da Universidade do Colorado-Boulder.

No trabalho, o grupo analisou as percepções sobre vulnerabilidades e capacidades na governança de incêndios florestais na região MAP sob quatro eixos: conhecimento do risco; monitoramento; educação e comunicação; e prevenção e resposta a desastres. As vulnerabilidades e capacidades foram avaliadas em oito dimensões: econômica, educacional, ambiental, organizacional, política, legal (jurídica), sociocultural e tecnológica.

A concepção da pesquisa teve como ponto de partida um workshop on-line realizado durante a pandemia com 668 participantes dos três países. “Quando olhamos para um problema socioambiental, temos de ter diferentes perspectivas. E é isso o que o projeto MAP-FIRE e esse artigo trazem. Além de ser uma equipe multidisciplinar, contamos com pesquisadores dos três países, incluindo a Galia Selaya, que é da Bolívia, e o Eddy Mendoza, do Peru”, diz Pismel.

Além do comprometimento dos serviços ecossistêmicos da floresta e da perda de biodiversidade, os incêndios florestais podem se transformar em desastres transfronteiriços principalmente devido aos efeitos da fumaça que cruza as fronteiras, comprometendo a saúde humana, interrompendo o transporte e afetando a economia regional.

As micropartículas de fuligem, facilmente inaláveis, contribuíram, por exemplo, com o aumento de internações hospitalares por problemas respiratórios em cinco Estados da Amazônia Legal brasileira entre 2010 e 2020. Nota técnica da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), divulgada em março de 2021, apontou que no período foram registradas 174 internações hospitalares diárias por doenças do aparelho respiratório no Pará e 57 por dia em Mato Grosso.

As queimadas também geraram elevado custo para o Sistema Único de Saúde (SUS), sendo que o valor gasto nos cinco Estados com hospitalizações de alta e baixa complexidade chegou a R$ 1 bilhão no período.


Alternativas

Segundo os pesquisadores, um caminho para uma melhor governança contra incêndios na percepção dos participantes passa pelo fortalecimento das capacidades organizacionais, por investimentos adequados às questões socioambientais de acordo com a realidade de cada país e região do MAP, além de a necessidade de aumentar o capital humano das organizações do ponto de vista quantitativo e também qualitativo.

No Brasil, as defesas civis municipais são compostas de uma a duas pessoas, a maioria por indicação política, sem valorização profissional. Grande parte dos municípios também não tem orçamento para desempenhar ações de gestão de risco de desastres.

Formular políticas públicas e leis que levem em consideração a realidade local, distribuindo responsabilidades e recursos entre os níveis nacional, regional e municipal, é outra necessidade destacada pelos pesquisadores.

“As pessoas que vivem na região, expostas ao fogo ou que o utilizam, acabam não sendo envolvidas em nenhum sistema de governança que as ajude a tomar decisão ou ser mais bem informadas. A melhoria na integração entre as instituições e na qualidade da comunicação dentro e entre elas pode ajudar. Assim como a educação ambiental e a necessidade de trazer a temática do fogo para o currículo escolar, conectando de forma muito clara com a realidade das pessoas que ali vivem”, afirma Anderson.

Para ajudar a preencher a lacuna do material educacional, os pesquisadores produziram um livro didático, voltado para a formação de professores, disponível on-line.

“O material foi uma forma de levar a temática para dentro da sala de aula, principalmente no contexto em que vivemos com o fantasma mundial das fake news. No Brasil, tivemos perda de infraestrutura, das capacidades organizacionais e, ao mesmo tempo, houve uma fragilização do conhecimento com as informações falsas. Quando você tem esse tipo de informação se disseminando na sociedade é muito difícil recuperar não só a confiança nas instituições que produzem informação e ciência, mas também reverter o pensamento. Às vezes a informação falsa chega, mas a contrapartida não vai com a mesma velocidade”, conclui Anderson.

O artigo Wildfire governance in a tri-national frontier of southwestern Amazonia: Capacities and vulnerabilities pode ser lido em: www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S2212420923000092.

 

Luciana Constantino
Agência FAPESP
https://agencia.fapesp.br/enfraquecimento-de-instituicoes-e-falta-de-politicas-locais-fragilizam-gestao-de-incendios-na-amazonia/40948/


Poupatempo faz neste sábado (25) último mutirão de março para renovação de CNH

Cerca de 11 mil vagas estão disponíveis para agendamento a partir desta quarta (22); documentos vencidos em julho de 2022 devem ser renovados até o fim deste mês  

 

O Poupatempo faz no próximo sábado (25) o último mutirão de março para a renovação da Carteira Nacional de Habilitação (CNH). São 10,9 mil vagas distribuídas em todos os postos do estado de São Paulo. A ação, que é uma parceria com o Detran.SP, tem como foco os motoristas com a habilitação vencida em julho de 2022 e que precisam regularizar a situação até o próximo dia 31.  

Desde o início de 2023, condutores com vencimento da CNH ao longo do ano precisam seguir o cronograma habitual de renovação, conforme a data prevista em cada documento.  

Quem tem a habilitação válida em março deve renovar em, no máximo, 30 dias após o vencimento. A renovação também pode ser feita nos 30 dias que antecedem a validade. 

Em 2022, o Poupatempo realizou 4,4 milhões de atendimentos para solicitações de renovação de CNH, sendo mais de 2,6 milhões (60%) de forma online.   

Por conta da Deliberação 243 do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), de 09/11/21, o prazo máximo para regularização das CNH’s vencidas entre maio e dezembro de 2022 vai até 31/08/2023, conforme abaixo: 

Mês/Ano de Vencimento 

Prazo Máximo 

Julho/2022 

Março/2023 

Março/2023 

Agosto/2022 

Abril/2023 

Abril/2023 

Setembro/2022 

Maio/2023 

Maio/2023 

Outubro/2022 

Junho/2023 

Junho/2023 

Novembro/2022 

Julho/2023 

Julho/2023 

Dezembro/2022 

Agosto/2023 

Agosto/2023 

 

Agendamento para o mutirão  

O agendamento para o atendimento presencial no Poupatempo é obrigatório e feito gratuitamente nos canais oficiais do programa – portal www.poupatempo.sp.gov.br, aplicativo Poupatempo Digital, totens de autoatendimento e assistente virtual "P", disponível também no WhatsApp pelo número (11) 95220-2974.   

A renovação simplificada deve ser feita preferencialmente de forma remota, seja via Poupatempo ou nos canais do Detran.SP. Para isso, o motorista só precisa seguir o passo a passo do atendimento online e realizar exame médico na clínica indicada. O novo documento será enviado pelos Correios ao endereço de cadastro da CNH. 

Os motoristas com CNH nas categorias C, D ou E precisam fazer o exame toxicológico em laboratório credenciado pela Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran) com antecedência. O exame é válido por dois anos e meio para quem tem menos de 70 anos e tem a mesma validade da CNH para aqueles com 70 anos ou mais. O condutor também pode solicitar a mudança de categoria nos canais digitais, inclusive durante o processo de renovação simplificada. 

 

Renovação da CNH  

Para renovar a CNH, basta acessar o portal www.poupatempo.sp.gov.br ou aplicativo Poupatempo Digital, clicar em Serviços > CNH > Renovação de CNH. Após confirmar ou atualizar os dados, o motorista agenda o exame médico em uma clínica credenciada indicada pelo sistema.  

Quem exerce atividade remunerada ou optar pela inclusão desta modalidade na CNH também precisa passar por avaliação psicológica e será direcionado a um profissional credenciado.  

Após a aprovação nos exames, é necessário pagar a taxa de emissão e aguardar as orientações que serão enviadas por e-mail pela Senatran para acessar a CNH Digital. Ela tem a mesma validade do documento físico e fica disponível pelo aplicativo Carteira Digital de Trânsito (CDT). O código de segurança para acessar a CNH digital também pode ser consultado nos canais eletrônicos do Poupatempo. 

 

Serviço: 

Mutirão para renovação de CNH: acontecerá em todas as unidades do Poupatempo, com mais de 10,9 mil vagas 

Datas: sábado (25/03) 

Horários: das 7h às 13h ou das 9h às 13h, de acordo com unidade escolhida. A consulta pode ser feita no site www.poupatempo.sp.gov.br. 

 

Desmascarando o "Meu Velho Rico App"

Reprodução Internet

Golpe online envolvendo App que promete homens velhos enviando Pix a mulheres somente em troca de conversa tem enganado milhares de pessoas pelo país


Nos últimos meses você muito provavelmente viu vídeos enganosos nas redes sociais sobre um app chamado "Meu Velho Rico", que promete a mulheres jovens pagamentos recorrentes via pix de homens mais velhos.

Na divulgação o site diz que a única coisa que a mulher precisa fazer é conversar com os homens mais velhos e em troca, receberão transferências de R$ 200, R$ 400, R$ 1 mil ou mais. Esse golpe vem levando essas mulheres a falência por todo o Brasil.

Reprodução Internet

Na verdade o site não é mais do que um sistema de golpistas arquitetado para extorquir os interessados. O golpe é feito através de vídeos com testemunhos de supostos usuários que compartilham suas inventadas histórias de sucesso, levando o público a uma página onde podem supostamente pagar para obter um passo a passo de como ter acesso ao conteúdo, alegando que se divulgassem "de graça” o app teria muitos acessos e as mulheres acabariam disputando os supostos velhos ricos, e por isso a cobrança pelo caminho das pedras, mas mesmo após a compra e cobrança efetuada, o serviço não é entregue e o dinheiro não é devolvido.

Consultamos o especialista em relacionamentos Caio Bittencourt que nos contou que “Existem sites de relacionamento com essa temática, um lugar onde mulheres vão para ter ao seu lado homens mais maduros e generosos que vão fazer de tudo por ela. São plataformas que prezam pela segurança do usuário e criam um ambiente seguro para que eles conversem entre si. Como exemplo dessas plataformas confiáveis temos o meumatch.com, o MeuPatrocínio.com e o BeSugar.com.br. Sites onde você vai encontrar de forma genuína uma pessoa incrível.”

Por mais sedutor que meu o "Meu Velho Rico” possa ser, esses golpes procuram pessoas com pouca instrução ou conhecimento online para cometer crime. Tome muito cuidado ao acessar sites que prometem dinheiro fácil, e principalmente que utilizam linguagem tão informal e até pejorativa.

 

Acordo entre EUA e Portugal favorece brasileiros com passaporte português

No Brasil, aproximadamente 400 mil pessoas têm cidadania portuguesa.


Os Estados Unidos adicionaram Portugal à lista de países com Tratado de Comércio e Navegação. Até então, o país era o único da Europa que não possuía este tipo de acordo com os estadunidenses.

A medida recentemente anunciada pelo governo dos EUA traz benefícios aos brasileiros, uma vez que os cidadãos portugueses (incluso os que possuem dupla cidadania), podem fazer a solicitação de vistos nas modalidades E1 e E2, a principal para quem deseja investir e morar nos Estados Unidos. Ao todo, aproximadamente 400 mil brasileiros possuem passaporte português e agora terão direito a solicitar os vistos nas modalidades citadas.

Deste modo, a partir desta resolução, investidores com cidadania portuguesa podem solicitar o visto E2 se tiverem a partir de 100 mil dólares para investir. Este visto se estende a cônjuge e filhos que sejam menores de 21 anos.

Segundo a advogada de imigração Andrea Canona, do escritório Andrade Canona em Miami, o congresso americano aproveitou a passagem da extensa legislação orçamentária do fim de 2022 para adicionar Portugal nesse tratado.  “Essa inclusão veio como uma feliz surpresa, já que amplifica oportunidade de vistos para brasileiros que possuem cidadania portuguesa.  Os vistos E1 e E2 para portugueses estarão disponíveis a partir do começo do ano fiscal, em primeiro de outubro deste ano”, informa Canona.

A advogada ainda explica que os vistos E1 e E2 são vistos temporários, que podem durar até 5 anos e serem renovados enquanto houver o investimento e tratado em vigor com os Estados Unidos.

Na perspectiva econômica, Daniel Ickowicz, que atua como diretor de vendas da Elite International Realty, consultoria imobiliária comandada por brasileiros e sediada na Flórida, aponta que esta modalidade de visto é uma porta de entrada para os grandes investidores nos EUA. “O visto E2 é um dos caminhos para quem sonha em viver nos Estados Unidos. São diversos os setores os quais o investidor pode aplicar, entre eles, o imobiliário, que oportuniza venda e aluguel de imóveis em curto, médio e longo prazo. Esse visto faz com que os estrangeiros auxiliem no aquecimento da economia e coloquem os olhares de mais investidores na área, um ciclo que beneficia muitas camadas”, afirma Ickowicz.

Com mais uma possibilidade de entrada dos brasileiros nos EUA, vale ressaltar que o visto E2 funciona como visto de investidor não-imigrante renovável, não como green card.

 

Crise dos bancos tradicionais pode impulsionar o setor cripto


Após um ano de montanha-russa para o valor das criptomoedas em 2022, o inverno cripto parece ter passado e o valor das criptomoedas teve um período de estabilidade. De acordo com a CoinsPaid, o mercado de criptomoedas sinalizou uma saída do "inverno cripto" ao registrar U$2.9 bilhões no volume de transações das criptomoedas nos dois primeiros meses de 2023. A empresa já havia registrado um crescimento anual de 89% em valor de transações e mais de 100% em volumes em 2022 quando comparado ao mesmo período de 2021. Um outro ponto de destaque para o ecossistema de pagamentos criptográficos da Estônia foi o aumento no quadro de funcionários durante o ano passado: houve um crescimento de 65% no staff.

Agora, com a crise do sistema financeiro após a falência do SVB, o cenário cripto parece estar experimentando um dos momentos mais propulsores desde o colapso da FTX.

"Temos boas expectativas para o desenrolar do cenário para o mercado de criptomoedas e acreditamos que estamos entrando em uma nova fase de crescimento e maturidade do mercado como um todo. Acreditamos que os ativos digitais tenham potencial para ganhar destaque em meio aos impactos que o sistema financeiro tradicional tem sofrido - já que a economia digital visa dar mais autonomia aos usuários e as pessoas possam criar um ceticismo em relação aos bancos tradicionais. Todo o ecossistema da CoinsPaid foi desenvolvido para oferecer soluções seguras e intuitivas para os usuários que querem utilizar criptomoedas como forma de pagamento", afirma Max Krupyshev, CEO e co-fundador da CoinsPaid.

O mês de março começou positivo para as criptos com as principais moedas mostrando uma consistente recuperação e, após o socorro do governo americano ao banco SVB, levou o BTC a ter uma alta de aproximadamente 18% (dia 13) e com expectativa que esse novo impulso beneficie também outras moedas. 

Além disso, a CoinsPaid, líder europeia em processamento de criptomoedas, destaca o aumento de 19% no volume de transações globais das stablecoins ano passado, ultrapassando US$ 7,2 trilhões - com investidores olhando para essas moedas como um porto seguro - e o crescimento do Tether (USDT) em aproximadamente 15% no volume de transações dentro de sua plataforma nos dois primeiros meses de 2023 e uma estabilidade no volume de transações para as demais criptomoedas transacionadas pelo ecossistema até o final de fevereiro. 

“Entendemos que o que houve com o SVB levante certos questionamentos sobre o mercado cripto, no entanto, quando observamos o número crescente de possibilidades de uso e o número de pessoas aderindo a criptomoedas, reforça o potencial deste mercado como um todo e traz luz a necessidade da regulamentação. E, apesar do ocorrido com o SVB e também com o Signature, isso deve acelerar o processo regulatório não só para a proteção do sistema financeiro, mas como proteger aqueles que possuem criptomoedas”, comenta Krupyshev.

Além do suporte por parte do governo, as instituições financeiras privadas também devem se atentar à segurança de seus ecossistemas que, com o avanço tecnológico, pode se tornar obsoleta. De acordo com Krupyshev, a CoinsPaid passa por uma auditoria de segurança anual por vários especialistas independentes em segurança o que a posiciona entre uma das empresas mais seguras por conta da avaliação constante - os testes incluem métodos manuais e ferramentas automatizadas.

As recentes crises envolvendo a FTX e SVB reforçam a necessidade das instituições de garantir a segurança de suas operações e credibilidade para seus clientes em meio a um possível contexto de recessão global. Isso remete a situações semelhantes a “bolha da tecnologia” no início dos anos 2000 e a crise do mercado financeiro em 2008, onde tanto o sistema financeiro quanto o de tecnologia passaram por uma situação semelhante pela falta de controle e caráter especulativo.



Qual a relevância dos dados de volume de transações para a América Latina?

As criptomoedas devem enfrentar alguns desafios nos próximos meses não só pela crise do SVB, mas por isso acelerar debates sobre a regulamentação  nos EUA. Além disso, somado a proposta de regulamentação de criptomoedas em Hong Kong, outros países, especialmente os da América Latina, que nos últimos anos tem tido um forte crescimento na adesão das criptomoedas, também devem se movimentar neste sentido como uma forma de também proteger seu sistema financeiro de uma situação semelhante ao ocorrido com o SVB.


Caminhos do crédito sustentável passam por investimentos em previdência privada

Não é de hoje o consenso em torno do fato de que o aumento na proporção de pessoas idosas e o prolongamento do curso de vida oferecem, por um lado, novas oportunidades e, por outro, novos desafios para as sociedades em termos de políticas públicas. Neste sentido, a Quinta Conferência Regional Intergovernamental

sobre Envelhecimento e Direitos das Pessoas idosas, realizada em dezembro pela Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL), jogou luz sobre o tamanho dessas duas dimensões da questão.


Segundo um estudo realizado pelo órgão, em 2022 viviam na região cerca de 662 milhões de pessoas, sendo que 13,4% (88,6 milhões) têm mais de 60 anos. Em 2030, esta proporção aumentará para 16,5% da população total; em 2050, as pessoas idosas representarão 9 pontos percentuais a mais, até chegar a um quarto (25,1%) da população total.


Uma das preocupações mais importantes relacionadas a estes números é a necessidade de prover fontes de receitas saudáveis para atender às demandas da vida social dessas pessoas ao longo dos anos. Neste sentido, o melhor caminho conduz ao desenvolvimento do chamado crédito sustentável, que está diretamente ligado à utilização de uma reserva investida a longo prazo que se torna um meio factível e viável de viver melhor o presente, sem abrir mão de um futuro próspero.


No Brasil fica cada vez mais latente a necessidade de ampliar os esforços na direção da previdência privada. Só para se ter uma ideia, mesmo administrando um patrimônio que somado chega a R$ 1 trilhão, as Entidades Fechadas de Previdência Complementar (EFPCs) ainda estão distantes do potencial que poderiam alcançar. Afinal, segundo a pesquisa Raio X do Investidor Brasileiro, feita pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), apenas 3% dos aposentados brasileiros têm a previdência privada como parte do seu sustento.


Sua reduzida inserção na vida dos brasileiros gera desperdícios de oportunidades como, por exemplo, o uso dos fundos de pensão na forma de fontes para a captação de crédito a juros menores. Cerca de 15% do patrimônio administrado pelas EEPCs brasileiras, ou seja, R$ 150 bilhões, podem ser disponibilizados em linhas de crédito para os participantes. Porém, apenas 2,1% (R$ 21 bilhões) estão sendo empregados para esta finalidade atualmente.


Esses recursos poderiam ser usados para financiar automóveis, imóveis (aquisição e reformas), bens de consumo, viagens, faculdades, em condições muito melhores que as ofertadas para este público atualmente, com prazos muito superiores e taxas bem menores do que as cobradas no mercado tradicional. 


Isto seria possível porque o próprio patrimônio do participante acumulado no fundo de previdência serve como garantia do empréstimo. 


O mais recente levantamento feito pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) revela que quatro em cada dez brasileiros adultos (40,10%) estavam negativados em dezembro de 2022. Este percentual equivale a 65,06 milhões de pessoas.  


Quando se observa o tipo de dívida mais comum, se nota que o maior crescimento ocorreu justamente no setor de bancos, que registrou crescimento de 33,68%, seguido das contas de água e luz (11,57%).


Ao falar sobre o assunto após o Mutirão de Negociação e Orientação Financeira, que foi realizado em novembro e alcançou a marca de 2,325 milhões de contratos renegociados pelos bancos, o presidente da Febraban, Isaac Sidney, declarou que o endividamento, por si só, não é ruim, pois o crédito, especialmente o crédito responsável e sustentável, é o motor da atividade econômica. Mas o endividamento de risco, no qual as pessoas perdem a capacidade de honrar seus compromissos e de viver dignamente, merece toda atenção e precisa ser enfrentado de forma estrutural.


A boa notícia é que este enfrentamento finalmente começa a surgir. As startups ligadas à previdência, por exemplo, chamadas de pensiontechs, seguem sua missão de encontrar gargalos no sistema e oferecer disrupção. As principais oportunidades destes inovadores se dão pelo fato de as entidades fechadas de previdência complementar atuarem num ecossistema altamente regulado, o que gera mais dificuldade para a adoção de uma jornada mais agressiva de transformação digital.


Estas empresas estão iniciando um movimento de implementação de tecnologia e inovação junto aos fundos de pensão que pode destravar, por conta do próprio mercado e sem a necessidade de intervenção governamental, uma oferta de crédito muito mais saudável e sustentável ao consumidor brasileiro. A média das taxas praticadas na oferta de crédito por meio dos fundos de pensão pode ficar ao redor de 1,5% ao mês, enquanto o custo médio do consignado (INSS), considerado o mais barato do mercado, se encontra em torno de 1,9%.


Somente com o total de participantes de planos de previdência complementar fechada que o País possui atualmente, seria possível dar acesso a este tipo de crédito a cerca de 3,8 milhões de pessoas. Elas poderiam fazer empréstimos mais baratos, garantindo sua sustentabilidade financeira agora, sem abrir mão da poupança para a aposentadoria. 


Isso prova que previdência privada é um dos mais óbvios sinônimos de crédito sustentável e sua inserção massificada na economia popular não pode mais esperar.

 

 

Alexandre Teixeira - CEO o co-founder da uFund, pensiontech especializada na transformação digital e modernização do ecossistema das Entidades Fechadas de Previdência Complementar.

 

Os desafios do agronegócio em 2023 e a influência pública no desenvolvimento do setor

 

Como será para o agronegócio brasileiro, especificamente para a região Sul, enfrentar desafios referentes à economia, às políticas públicas e ao clima em 2023, diante das expectativas do novo governo


Durante o início do ano passado, o Sul do país sofreu com a forte estiagem e inúmeros prejuízos provocados pelo período de seca. Frente a uma pesquisa feita pela Agência Brasil, 138,8 mil propriedades do Rio Grande do Sul foram afetadas com a estiagem de janeiro de 2022, deixando mais de 5 mil famílias sem acesso à água e 96 municípios em decreto confirmado de situação de emergência.

As safras de milho e soja de 2022/2023 no estado do Rio Grande do Sul estão sendo acometidas pela estiagem. Segundo dados da Rede Técnica Cooperativa, RTC/CCGL, os prejuízos de quebra de safra, neste mês de janeiro, totalizaram 53%, se comparados à expectativa inicial de produção; no mês passado, os prejuízos alcançaram os 42%. Infelizmente, e até agora, 11% da área destinada à soja ainda não foi semeada e a área semeada, que compreende 15%, ainda não foi emergida, consequência resultante da falta de chuva, com a ausência de solo adequado para a semeadura, desenvolvimento e estabelecimento da cultura.

A ocorrência desses extremos afeta seriamente o setor agro da região. A colheita de grãos, por exemplo, sofre com a redução de safra quando a estiagem a alcança, tal qual as milhares de toneladas que deveriam ser colhidas. Já com as chuvas, as regiões de colheitas ficam alagadas e o solo encharcado, impossibilitando os produtores de entrarem com suas máquinas nas lavouras. Situações como essas são um imperativo para os representantes brasileiros acordarem com o novo governo tratativas quanto a um auxílio de crédito emergencial, para que os produtores e cerealistas retomem a rotina de safra com normalidade e recuperem sua fonte de renda.

Frente a uma pesquisa realizada pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil, CNA, os grãos de soja lideraram as vendas externas em 2022, somando US$46,6 bi em receita, o que sugere 20,8% a mais do que os resultados de 2021, vendendo, principalmente, para a China (31,9% dos embarques), União Europeia (16,1%) e Estados Unidos (6,6%). No entanto, entre janeiro e dezembro de 2022, os maiores aumentos registrados nas exportações foram os da índia (128,3% +), Irã (121,7% +) e Japão (66,3% +).

Estes resultados permitiram ao agro brasileiro fechar 2022 com exportações recordes que somaram US$159,1 bi e um crescimento de 32% frente aos resultados obtidos no ano anterior e o maior superávit já computado, totalizando US$141,8 bi.

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, instituição do governo brasileiro que cuida do agronegócio, tem a função de gerir políticas públicas de estímulo e incentivar o agro a regular e normalizar todos os serviços vinculados ao setor.

Como setor essencial, o agronegócio brasileiro é mantido em ascensão, com abastecimento garantido, por meio das especificidades deste ministério, especificamente. O atual governo, através do ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, e do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, desejam focar este primeiro ano na produção e comercialização de alimentos. Ambos os ministérios conversam com o objetivo de compartilhar orçamento para políticas públicas de apoio à comercialização da produção nacional e ao desenvolvimento da produção dos pequenos e médios produtores.

Como suporte ao agronegócio, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento é de vital importância para o setor, pois além de integrar o poder executivo, também é responsável pela segurança alimentar não só do Brasil, como de inúmeros países do mundo. Ainda de acordo com a CNA, o agronegócio, hoje, representa 20% do PIB brasileiro; isso equivale a R$1,55 Tri e significa influência e importância diretas retidas na economia do país. Também é responsável por 10% da exportação de produtos agrícolas a nível mundial, pois foi considerado o maior exportador e produtor de soja em grãos e o terceiro maior exportador e produtor de milho do mundo.


Políticas públicas para o setor do agronegócio

O Brasil mantém no setor do agronegócio a alavanca para o seu desenvolvimento econômico, garantindo o abastecimento do mercado interno, gerando e expandindo ainda mais exportações, empregos, renda, energia e divisas, o que resulta no estímulo de crédito ascendente, e projetando o Brasil à frente da economia.

Quando desafios acontecem, o Ministério interpela as ocorrências diminuindo os entraves que possam dificultar o desenvolvimento do setor. Este é o desafio da Federação, além do embate com o clima, das limitações referentes à manutenção do financiamento, das compras governamentais e do investimento público. São os pontos responsáveis por deixar o agro brasileiro, principalmente da região Sul do país, com um pé atrás com esse novo governo e com um grande receio quanto aos próximos passos que o país dará, em continuidade às exportações e comercialização dos grãos cultivados e colhidos em terras locais.

Há uma maneira de melhorar as relações entre o agronegócio e o governo atual e tem relação direta com o ato de clarear o trabalho em conjunto com as políticas públicas que objetivem deixar as empresas do setor em evidência. Como manobra, esta decisão pode ser considerada inteligente, já que o agro é uma grande parte segmentada da economia brasileira, com aberturas consideráveis ao mercado externo. Outra discussão levantada tem relação à tributação das exportações no setor. Em suma, são as políticas públicas que determinarão o relacionamento do agro, e consequentemente do homem do campo, com o governo. As próximas esperas têm relação direta com a autonomia da política agrícola no país e de como a gestão do agro agregará esses extremos - relações entre governo e lideranças do agro. 

Segundo uma pesquisa feita pela Revista Exame, o setor agro espera um aumento de produção de 10% e um crescimento de 0,6% do PIB nacional, em 2023. Isto deverá ocorrer por meio do incentivo às ações privadas, de investimentos no setor e da economia aquecida. No entanto, o maior desafio para 2023 será acumular esforços com o objetivo de continuar o desenvolvimento do agro tecnologicamente.

Tecnologias funcionais que impactam o mercado agrícola consagram-se como uma vertente importantíssima no setor do agronegócio. A inovação de novas funcionalidades garante a eficiência na produção, melhorando a rastreabilidade, a sustentabilidade e a qualidade de grãos e produtos comercializados.

O futuro do agronegócio é promissor e significativo, o que faz com que a garantia ininterrupta do funcionamento do setor seja uma importância que, sem sombra de dúvida, deve ser mesclada aos interesses do novo governo e aos investimentos tecnológicos no setor.



Cristian Dias -formado em Agronegócio, Head comercial e de negócios na Agroraiz 360.

Nota: questões geopolíticas e outras linhas “polêmicas” não foram levadas em consideração, porque trazem nuances além da capacidade dos autores.


Dia Mundial da Água: preservar para não faltar!

 

Pensando no Dia Mundial da Água, quero destacar as nascentes de águas, popularmente conhecidas como mina d’água, fio d’água ou, ainda, olho d’água. Como elas surgem e como devemos tratá-las, preservá-las? Elas são de fundamental importância para o meio ambiente e para a própria viabilidade da existência humana.

 

As nascentes surgem através dos lençóis freáticos, os quais podem ser definidos como reservas de águas subterrâneas. Esses lençóis se formam através da água da chuva, absorvida pela terra e pelas rochas, isto é, através desse processo formam-se grandes “bolsões d'água”. E é através dos lençóis freáticos que surgem as nascentes de água, podendo surgir de duas maneiras: de forma natural, quando ela brota e segue seu caminho até desaguar nos rios, ou através da extração de água, a qual é realizada de forma mecânica através da colocação de tubulações com bombas para que a água seja retirada do lençol freático.

 

Isto posto, nota-se a importância da preservação das nascentes naturais e, para isso, é de extrema necessidade que tenhamos alguns cuidados para que a fonte de água não venha a secar ou ser contaminada.

 

A água dos lençóis freáticos é pura e sem contaminação, mas para que assim seja mantida, é de grande valia evitarmos o uso de produtos químicos próximo à área das nascentes, pois esses produtos podem penetrar no solo, ocasionando, desta forma, a contaminação da água. Devemos nos atentar, ainda, para os descartes de resíduos eletrônicos, pilhas e semelhantes próximos à área da fonte, bem como à necessidade de realizarmos o descarte adequado de todo resíduo humano, para que possamos evitar a contaminação do solo e, consequentemente, das nascentes.

 

Além dos cuidados citados, para preservar uma nascente deve-se criar uma área de proteção, isto é, nesta área devem ser plantadas árvores, para que as mesmas protejam o solo do excesso de sol. As árvores também funcionam como uma espécie de “esponja” para as nascentes, pois por meio delas ocorre a captação de água da chuva e, através das raízes dessas árvores, ocorre a distribuição de água para o solo, mantendo, portanto, o lençol freático alimentado.

 

Através dos cuidados citados acima, conseguimos ajudar a natureza para que ela realize seu curso natural, sem prejudicar o desenvolvimento das nascentes naturais, mantendo ao nosso alcance um dos bens mais preciosos da natureza, que é a água.

 

A água não é um recurso inesgotável e, por este motivo, precisamos utilizá-la com cautela, para que a mesma não entre em processo de escassez. Por isso: evite lavar calçadas e quintais com mangueiras, basta varrê-los; feche bem as torneiras após o uso, para que não haja vazamentos; desligue o chuveiro quando estiver no processo de ensaboamento, bem como evite banhos demorados; não deixe as crianças brincarem com água, desperdiçando-a; conserte todos os vazamentos de água presentes em sua casa; reaproveite a água da máquina de lavar roupas para lavar quintais e calçadas, se necessário.

 

Precisamos ter consciência de que a água é um recurso natural de extrema importância para o planeta, indispensável para milhares de seres vivos na terra. Consequentemente, faz-se necessário a divulgação de seus benefícios e dos cuidados que devemos ter para protegê-la, de forma que a mesma não venha a faltar, bem como para que possamos utilizá-la de forma racional, tendo, assim, a possibilidade de vivermos em um ambiente saudável e com recursos naturais, sem corrermos risco de escassez.

 

 

Bruno Gonçalves Dias Monteiro - engenheiro e encarregado de produção e qualidade da água na Mineradora Canção Nova


Novo Código Florestal: avanços e falhas em uma década

O ano de 2022 foi repleto de marcos na história do Brasil e do mundo e também o ano em que a Lei de Proteção da Vegetação Nativa, também conhecida como novo "Código Florestal", completou 10 anos da sua aprovação. A lei teve significativo efeito no cenário ambiental e agrário do Brasil. Há muito o que se discutir sobre o saldo da lei nessa primeira década da sua aprovação. Em linhas gerais, a implantação do SICAR (Sistema Nacional de Cadastro Ambiental Rural) é um dos pontos altos para a questão fundiária e o monitoramento das propriedades rurais. A proposta do CAR é integrar as informações ambientais das propriedades e posses rurais, compondo base de dados para controle, monitoramento, planejamento ambiental e econômico e combate ao desmatamento.

A espacialização das propriedades rurais via CAR rapidamente se tornou um mecanismo substancial para o monitoramento das cadeias agropecuárias. Esse dado, declarado pelos próprios produtores, complementa os dados fundiários do INCRA, que realiza um trabalho vigoroso para gerar e disponibilizar informações georreferenciadas de limites de imóveis rurais. Os dados do CAR gerados na última década tornaram-se fundamentais para que os diferentes setores consigam localizar as propriedades no espaço e possam fazer análises em massa sobre os territórios em relação à sua adequação ambiental.

Para trabalhar com os dados do CAR, é preciso estar ciente das suas limitações. A sobreposição de várias fazendas é um dos problemas mais comuns. Essas inconsistências têm sido tratadas em nível estadual e municipal por meio da avaliação pelas secretarias competentes. Atualmente, são mais de 631 milhões de hectares cadastrados, dos quais 38% passaram por algum tipo de análise e apenas 2% tiveram a análise de regularidade ambiental concluída. Ainda há muito a ser feito, porém não há dúvidas de que a implantação do CAR foi um importante passo em direção a um monitoramento agrário mais efetivo no Brasil. 

Os cadastros realizados irregularmente também têm sua importância ao apontar tendências nos territórios: imóveis cadastrados em áreas de florestas não destinadas são parte da chamada grilagem 2.0. O mesmo ocorre com cadastros em terras indígenas, que somam mais de 12 milhões de hectares, e em unidades de conservação, que somam mais de 5 milhões de hectares. Esses cadastros podem direcionar ações dos órgãos ambientais quanto à prevenção de invasão de territórios protegidos e grilagem de terras públicas.

Por fim, o CAR é um dos instrumentos que integram o Programa de Regularização Ambiental (PRA). A consolidação de uma base de dados nacional torna factível a regularização ambiental em larga escala e para todos os biomas. Os produtores têm a oportunidade de aderir ao PRA e regularizar as multas e passivos ambientais das suas propriedades. Até o momento, 51% dos imóveis rurais cadastrados solicitaram adesão ao PRA.

Diante disso, é importante destacar que a criação do CAR e de um sistema com capacidade de integrar dados ambientais para um país com proporções continentais foi uma iniciativa arrojada e inovadora, justamente o que os setores ambiental e agrícola precisam.


Flavia Pacheco - Analista de Suporte ao Cliente da EarthDaily Agro


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