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quarta-feira, 22 de março de 2023

Câncer renal é tema da campanha Março Vermelho

São variados os tipos e subtipos de câncer de rim e a detecção precoce aumenta as chances de sucesso

 

A cada ano surgem mais casos de câncer renal, tema da campanha Março Vermelho. Somente nos Estados Unidos, a previsão para 2023, de acordo com estimativa realizada pela Sociedade Americana do Câncer, é de que cerca de 81.800 novos casos de câncer de rim em pessoas de todas as idades sejam diagnosticados. A mesma entidade prevê 15 mil óbitos registrados este ano naquele país por câncer renal.

“Tumores de rim representam cerca de 2% de todos os tumores malignos”, diz a Dra. Isabela Werneck, patologista associada à SBP. “É Importante ressaltar que tumores de rim são doenças heterogêneas e existem mais de 20 subtipos histológicos e é fundamental realizar o reconhecimento específico para definir o tipo de tratamento”, destaca a médica, que é também pesquisadora de tumores renais, entre outros.

“O câncer renal é um tipo de neoplasia que vem crescendo em incidência, em grande parte pelo maior acesso aos exames de imagem, uma vez que é um tipo de tumor que, muitas vezes, é silencioso e com poucos sintomas”, afirma o médico oncologista Dr. José Maurício Mota, especialista em tumores urológicos.  “Para nós, oncologistas, a presença dos patologistas ao nosso lado é fundamental pois precisamos, em grande parte das vezes, determinar qual é o subtipo histológico e subtipo molecular daquele tumor para conseguirmos propor a melhor abordagem terapêutica ao paciente”, observa. 

Dentre os principais sintomas deste tipo de câncer, vale destacar o sangramento na urina e dores na região lateral da barriga. Como se trata de um órgão localizado mais profundamente na barriga, os sintomas mais intensos e possibilidade de palpação do câncer só ocorrem quando a doença está mais avançada. Por isso, muitos casos só são descobertos já em metástase.

É imprescindível entender que os rins são órgãos vitais do sistema urinário, responsáveis por filtrar o sangue e eliminar os resíduos metabólicos do corpo. Além disso, eles também regulam o equilíbrio de água, eletrólitos e ácido-base no organismo, produzem hormônios que ajudam a controlar a pressão arterial e estimulam a produção de glóbulos vermelhos na medula óssea. 


Diagnóstico e prevenção

Como observado em uma série de casos, a causa do câncer de rim não é conhecida e fatores hereditários influem. Contudo, existem algumas maneiras de se reduzir o risco da doença. O tabagismo é responsável por uma porcentagem considerável dos casos, e parar de fumar pode reduzir seu risco, além disso, a obesidade e pressão arterial elevada também são fatores de risco para câncer de células renais. Dito isso, manter um peso saudável por meio de exercícios físicos e ter uma dieta rica em frutas e vegetais podem reduzir as chances de contrair a enfermidade.  

Em parte dos casos, a suspeita de câncer de rim é levantada por meio de exames de imagem. No entanto, é preciso realizar um estudo aprimorado com tomografia computadorizada e ressonância magnética, para assim, analisar os detalhes, como tamanho e a localização do tumor. Por fim, é importante destacar que a análise de biópsia feita por um médico patologista dá o diagnóstico definitivo se trata-se de um câncer e de qual tipo. 


Sociedade Brasileira de Patologia - SBP

 

Qual a idade ideal para retirar o siso? É recomendado fazer a cirurgia em todos os casos? Especialista tira essas e outras dúvidas sobre os terceiros molares


Ana Paula M Quinteiro também fala sobre o procedimento cirúrgico deste dentes


A extração dos dentes sisos é um assunto que gera muitas dúvidas. Muitos ficam na dúvida se devem ou não retirar os também chamados terceiros molares. A Mestre em Odontologia Ana Paula M Quinteiro explica sobre eles.

"Os sisos são heranças do homem primitivo. Naquela época, esse órgão era de extrema importância, pois, além de não haver instrumentos de corte, como as facas, os alimentos eram consumidos crus. Como consequência, os maxilares dos homens pré-históricos tinham um tamanho muito maior que o padrão atual. Com o passar dos séculos, as arcadas foram diminuindo de tamanho, acompanhando a evolução dos métodos de cocção dos alimentos e a adoção de uma alimentação mais pastosa pelos humanos. Com isso, o terceiro molar tornou-se praticamente obsoleto e sem espaço na cavidade bucal.

Nem sempre é necessário a extração dos sisos. A avaliação pelo cirurgião dentista é fundamental para dar este diagnóstico. Se os sisos estiverem em posição, ou com espaço suficiente, e se a higienização do paciente for satisfatória, não há motivos para a extração".

Embora a maioria das pessoas só procure o dentista depois de sentir a dor provocada quando o siso rasga a gengiva, a especialista indica que o melhor período para retirá-lo é, em média, entre os 15 e os 18 anos, antes dos sisos aparecerem na cavidade bucal, pois a raiz ainda estará em formação, facilitando sua remoção.

“Muitas vezes, os sisos se encontram numa posição desfavorável, ou seja, abaixo ou na metade do nível do osso da mandíbula ou maxila, deitado, sem espaço, “travam” o espaço dos outros dentes, fazendo com que, durante o seu uso (mastigação, fala, etc.), não haja espaço para a movimentação natural dos outros dentes da arcada, ocasionando seu desalinhamento, ou até mesmo inflamados ou infeccionados. Nessas situações, é indicado realizar a remoção”, esclarece a Dra Ana Paula.

A dentista esclarece que não é indicada a cirurgia de remoção caso os sisos estejam infeccionados. "Ela “abre caminho” para a entrada das bactérias bucais e, como consequência, desordens mais graves podem acontecer. Por isso, o ideal é deixar o processo que está agudo, fique crônico, que a inflamação/infecção local seja iniciada o tratamento com medicação sistêmica, para que em seguida se realize a extração", destaca.

Ana Paula também esclarece se é possível a retirada dos quatro sisos de uma só vez. "É muito importante que o procedimento seja realizado por profissionais capacitados para este fim e que possam resolver as intercorrências, se necessário. A decisão de extração múltipla, após avaliação pelo cirurgião, é do paciente", pontua.

E para quem fez ou vai fazer a extração do terceiro molar, Ana Paula diz que é de extrema importância seguir as recomendações para que tudo corra bem após a cirurgia. "O pós-operatório deverá ser rigorosamente seguido pelo paciente, para que a cicatrização evolua sem intercorrências .O paciente deverá permanecer em repouso absoluto por três dias. A alimentação, nesse momento, será líquida ou pastosa, fria ou gelada. Evitar fontes de calor (sol, fogão, banhos muito quentes). Aplicação de compressas de gelo na área operada é de extrema importância para que evite/diminua o inchaço nas primeiras 24 horas. Evitar fumo, bebidas alcoólicas, cuspir ou bochechar. Em média, o atestado varia de 3 a 5 dias, dependendo do grau de complexidade do procedimento.Com relação às atividades físicas, recomenda-se esperar ao menos a remoção dos pontos, o que acontece em 7 dias após o procedimento cirúrgico. A cicatrização da gengiva ocorre de 7 a 21 dias. Já a cicatrização óssea e total remodelação da área demora de 03 a 06 meses após o procedimento. Como tal, não se assuste com o “buraco” existente no local. A gengiva irá preenchê-lo até que o osso termine de ser formado. Seguindo-se todas as orientações, a cirurgia tende a ser um sucesso, sem traumas e dores", finaliza.

 

Outono aumenta as crises alérgicas

Problemas podem ser tratados com homeopatia 

 

Segundo a Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI) com a chegada do Outono, o ar tende a ficar mais seco, ocasionando sintomas como espirros, coriza, obstrução nasal, coceiras no nariz, ouvido, garganta, tosse e falta de ar. Os alergênicos mais comuns, que são as substâncias de provocam a crise alérgica. São eles: pelos de animais, poeira, condições do ambiente como baixa umidade do ar que, nessa época do ano, podem ocasionar a concentração de substâncias que prejudicam o sistema respiratório. 

Para o farmacêutico homeopata Jamar Tejada (Tejard), da capital paulista a consequência mais comum entre os brasileiros é a rinite alérgica. O processo se inicia pelas reações que podem ser desencadeadas por uma crise alérgica, como: Coceira, espirros constantes, dificuldades respiratórias e nariz irritado com coriza. 

“A homeopatia tem como princípio fundamental tratar o doente e não a doença. São utilizadas microdoses do agente causador do problema para ativar nosso sistema de proteção no organismo contra os agentes causadores do mesmo. No caso de alergias, é preciso levar em consideração o caso de cada paciente, o nível da alergia, a resposta do corpo aos componentes que serão diluídos na composição, entre outras características que compõem o tratamento homeopático. A ideia é blindar o indivíduo das possíveis causas que o levaram ao processo alérgico”, explica o especialista. 

Na homeopatia o risco de efeitos colaterais é bem menor, o medicamento homeopático vai simular uma doença no organismo, geralmente mais forte que a natural, para que após os sintomas agravados haja a melhora do problema em questão e evitar assim que outros quadros alérgicos se iniciem. “É como se ativássemos a memória imunológica do organismo, na homeopatia é importante ainda que o acompanhamento prevaleça, assim como os cuidados com o ambiente em que vive e é frequentado pelo paciente”, alerta o farmacêutico homeopata. 

Para finalizar, Jamar deixa mais algumas dicas simples, porém essenciais: Descanso, alimentação balanceada e prática regular de exercícios físicos só vem a serem positivos independente de qualquer tratamento que venha sendo feito. 

“Essas pequenas ações contribuem para que o corpo permaneça forte no combate a qualquer tipo de doença e, consequentemente, responda de uma forma menos rígida para as crises alérgicas. As pessoas acreditam que a resposta ao tratamento homeopático é demorada, mas isso só acontece quando estamos com corpo em desiquilíbrio, quando menos intoxicado o organismo, mais rápido a resposta ao tratamento, por isso crianças sempre respondem de forma tão rápida”.
 


Jamar Tejada - Farmacêutico graduado pela Faculdade de Farmácia e Bioquímica pela Universidade Luterana do Brasil, RS (ULBRA), Pós-Graduação em Gestão em Comunicação Estratégica Organizacional e Relações Públicas pela USP (Universidade de São Paulo), Pós-Graduação em Medicina Esportiva pela (FAPES), Pós-Graduação em Comunicação com o Mercado pela ESPM, Pós-Graduação em Formação para Dirigentes Industriais com Ênfase em Qualidade Total - Engenharia de Produção pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul-(UFRGS) e Pós-Graduação em Ciências Homeopáticas pelas Faculdades Associadas de Ciências da Saúde. Proprietário e Farmacêutico Responsável da ANJO DA GUARDA Farmácia de manipulação e homeopatia desde agosto 2008.


Perda auditiva: qual a relação desse sintoma com infecção por Covid?

A infecção por Covid trouxe inúmeras sequelas para a população afetada, entre elas muitos pacientes têm se queixado de perda auditiva.


Embora a medicina tenha avançado muito desde o início da pandemia, pouco se sabe sobre todos os efeitos colaterais da Covid-19 e muitas sequelas novas ainda estão surgindo, desafiando os pesquisadores a entenderem de fato como esse vírus se comporta. 

De acordo com um estudo publicado no American Journal Otolaryngology, 20 pacientes com Covid que não apresentavam qualquer sintoma de perda auditiva antes da infecção, tiveram uma piora considerável nessa função após a doença. 

O Biomedical Research Centre (BRC) de Manchester apresentou um relatório que aponta 24 estudos onde a relação entre a covid-19 e problemas de audição está presente em 7,6% dos pacientes pesquisados, outros 14,8% tiveram zumbido e 7,2% sintomas relacionados à vertigem. 

Mas outros fatores podem estar relacionados à perda auditiva, além da infecção em si. Um deles é a medicação utilizada no tratamento da doença, que pode causar problemas na audição ou piorar um quadro já existente.

A hidróxicloroquina sozinha ou combinado com o metronidazol são substâncias apontadas como ototóxicas, ou seja, que afetam os ouvidos. 

Diversos estudos mostraram que essa combinação de medicamentos pode causar alterações como perda auditiva, síndrome vestibular periférica e zumbido. 

Sobre a relação direta da perda auditiva com o vírus causador da Covid, algumas pesquisas apontam que o sintoma pode ocorrer em diferentes graus e tipos, acometendo um ou os dois ouvidos. 

Outro dado interessante é que o coronavírus pode afetar o sistema auditivo nervoso central, que impactará diretamente na qualidade de compreensão da fala. 

É provável que alguns sintomas que surjam na fase aguda da doença possam sumir sem a necessidade de um tratamento específico. Mas é recomendado que, em caso de percepção do sintoma de perda auditiva, que pode ser percebida semanas após a contaminação, o paciente procure o seu médico e relate o fato.

 

Dr. Jorge Rezeck - Médico no Hospital São Jorge e Clínica Unique. Membro titular da Sociedade Brasileira de Clínica Médica.


Estudo descobre mecanismo que evolui para metástase, mesmo após tratamento bem-sucedido do câncer de mama

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Pesquisa do Reino Unido também atesta eficácia sobre medicamento para a doença. Segundo a Sociedade Brasileira de Mastologia, as descobertas apontam novos caminhos para prevenção e tratamento



Um estudo publicado na Nature Cancer, uma das principais revistas científicas do mundo, revela uma descoberta relevante sobre o câncer de mama. Em experimentos realizados em laboratório, pesquisadores do Institute of Cancer Research, do Reino Unido, mostram que células de câncer de mama, mesmo após um tratamento bem-sucedido, ficam “adormecidas” no organismo por um período de 5 a 20 anos e ao “acordarem” evoluem para metástase no pulmão. A mesma equipe conseguiu bloquear, com sucesso, a evolução dessa recidiva, utilizando um medicamento para tratar leucemia mieloide crônica. “Como toda pesquisa séria, este estudo é uma luz no tratamento de uma doença importante como o câncer de mama”, afirma mastologista Rosemar Rahal, membro da diretoria da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM). “Tão significativo quanto descobrir mecanismos, como os que foram demonstrados pelos cientistas do Reino Unido, é evitar que a doença comece”, ressalta.

De acordo com o estudo recém-publicado na Nature Cancer, pacientes diagnosticadas com o tipo mais comum de câncer de mama, o tumor receptor de hormônio positivo (RH+), mesmo com o sucesso de um tratamento, podem desenvolver metástase anos após as intervenções iniciais. “Um grande questionamento que fazemos é por que razão estes tumores RH+, mesmo descobertos precocemente, em fase muito inicial, e tratados, ainda representam um risco para a volta da doença após 5 a 20 anos, chegando a um índice de ocorrências de até 17%”, destaca a médica Rosemar Rahal, da SBM. No Brasil, há cerca de 65 mil casos de câncer de mama ER+ a cada ano.

O estudo pré-clínico, realizado com camundongos pelos pesquisadores do Institute of Cancer Research, revelam que à medida que o organismo humano envelhece há o aumento de uma proteína nos pulmões chamada PDGF-C. De acordo com os cientistas, esta proteína determina se as células inativas do câncer de mama permanecem “adormecidas” ou “despertam”, evoluindo para um quadro de metástase.

Para a mastologista Rosemar Rahal, as investigações sobre o microambiente e as condições favoráveis para que os tumores “acordem” após um longo intervalo entre a detecção e o tratamento bem-sucedido do câncer de mama constituem revelações fundamentais para procedimentos e desenvolvimento de novas drogas.

Como estratégia para bloquear o aumento da proteína PDGF-C e evitar o processo de proliferação de células cancerígenas, os cientistas do Reino Unido aplicaram o medicamento imatinib nos camundongos, utilizado no tratamento de pacientes com leucemia mieloide crônica. Embora os resultados demonstrem sucesso, a médica destaca uma vez mais que, por se tratar de um estudo pré-clínico, ainda há muito a pesquisar sobre o mecanismo que resulta na metástase nos pulmões e também a respeito do medicamento. “Para chegarmos a uma droga usada com segurança e eficácia, há muito trabalho pela frente. Estamos falando de algo que não estará disponível no mercado em curto prazo”, afirma.

Além da utilização de drogas para o câncer, a médica ressalta que a pesquisa, especialmente no que se refere ao microambiente onde os tumores se desenvolvem após um longo período de dormência, indica caminhos para outros tipos de tratamento. “Temos, por exemplo, a imunoterapia, que constitui um grande avanço nos casos de câncer de mama e consideramos utilizar o próprio sistema imune do paciente neste microambiente como estratégia de combate da doença.”

Tão importante quanto as descobertas apresentadas pela ciência, segundo a mastologista, é evitar que o câncer de mama comece, com reforço de medidas de grande impacto na qualidade de vida, como alimentação, atividade física e controle de peso. “Estas atitudes no dia a dia também se refletem em sobrevida de pacientes tratadas por câncer de mama”, afirma.

Rosemar Rahal destaca ainda outro ponto importante. “No Brasil, há uma grande divergência sobre o acesso ao tratamento”, enfatiza. “Seja no sistema privado ou público, a Sociedade Brasileira de Mastologia entende que todas as mulheres, indistintamente, têm o direito ao diagnóstico precoce e a todo o tratamento disponível nas redes de saúde do País”, conclui.

 

Março amarelo: três benefícios que os exercícios físicos trazem para o controle dos sintomas da endometriose

Mais de 7 milhões de mulheres são afetadas pela doença no Brasil. Especialista da Bio Ritmo explica como a atividade física pode ser aliada no tratamento

 

Doença crônica que afeta mulheres em idade reprodutiva, a endometriose, atinge mais de 7 milhões de brasileiras. No mundo, são 176 milhões de diagnósticos da doença, de acordo com a Organização Mundial de Saúde. O mês de março é destinado a campanhas de conscientização do Março Amarelo, responsável por trazer à sociedade discussões sobre a doença, conscientizar o público feminino a entender como é feito o diagnóstico e tratamento. Alguns dos sintomas podem ser notados quando há dores muito intensas durante a menstruação, entre outros fatores. 

 

Pensando nessa conscientização, a porta-voz Letícia Klimas, gerente de ginástica da Bio Ritmo, explica a importância da atividade física como um aliado ao tratamento, e traz dicas sobre treinos eficazes para o controle dos sintomas da endometriose, trazendo resultados positivos ao corpo. 

 

Efeito anti-inflamatório

 

“A prática de atividade física pode reduzir os sintomas da endometriose, pois tem efeitos protetores contra doenças inflamatórias, além de atuar na redução de níveis de estrogênio (hormônio feminino que estimula o endométrio a se desenvolver)”, explica Letícia. O exercício libera endorfina, substância vasodilatadora e analgésica, que auxilia na sensação de bem-estar e prazer e pode ajudar no alívio das dores causadas pela doença.

 

Melhora do sono e da constipação

 

Além disso, o exercício traz outros benefícios, como melhora do humor, do sono e da constipação. A prática regular mantém o corpo em equilíbrio, ajudando inclusive na manutenção dos níveis de insulina, de gordura corporal e, consequentemente, do peso.

 

Benefícios da atividade física para o corpo todo

 

A atividade física ajuda no alongamento, na flexibilidade, no fortalecimento muscular e na melhora da postura, itens essenciais para o gerenciamento de dores crônicas. “Embora os exercícios físicos possam promover o alívio de sintomas da endometriose, a atividade mais indicada varia de acordo com o nível de dor apresentado pela mulher. Ela pode praticar exercícios de força, aeróbios e de alongamento, dependendo de como está se sentindo no dia”, comenta a gerente da Bio Ritmo. Letícia ainda explica que em dias de dor intensa, o ideal é apostar em exercícios de alongamento, como Yoga ou Pilates, pois é comum que, por causa das dores e contrações musculares, a mulher acabe ficando mais encolhida.

 

Letícia Klimas alerta, no entanto, que nenhuma portadora da doença deve praticar exercícios sem acompanhamento médico e de um profissional esportivo. “Cada caso possui sua particularidade e cada paciente vai precisar de um acompanhamento diferente. O exercício físico é um aliado importantíssimo quando bem direcionado e com atenção multidisciplinar”, conclui Klimas.

Bio Ritmo

 

Datas mundiais celebram nesta semana a importância das florestas e da água

Florestas Melhoramentos | Foto: Divulgação

Com 79 milhões de m2 de florestas dedicadas à preservação e mais de
800 nascentes, Melhoramentos reforça a preservação do meio ambiente

 

Nesta semana, duas datas especiais são celebradas com o objetivo de mostrar a importância da preservação dos recursos naturais. O “Dia Internacional da Floresta” (21/3) e o “Dia Mundial da Água” (22/3) foram definidos pela Organização das Nações Unidas (ONU) com o objetivo de promover a conscientização sobre os ecossistemas florestais e as fontes de água. 

A Melhoramentos - companhia de capital aberto que controla empresas do setor editorial, negócios de base florestal renovável e imobiliário -- conta com uma área de 148 milhões de m2, sendo grande parte dessas propriedades localizada ao redor de São Paulo (Caieiras, Cajamar e Bragança Paulista) e no Sul de Minas (Camanducaia). Desse total, 79 milhões de m2 são áreas de florestas dedicadas à preservação. Também do total das áreas nativas, 3.740 hectares são classificados como Florestas de Alto Valor de Conservação (FAVC). 

As mudas utilizadas na formação das florestas da Melhoramentos são produzidas no viveiro da unidade de Caieiras (SP), com capacidade de produzir cerca de um milhão de mudas por ano. 

Desde 2011, a Melhoramentos Florestal tem o certificado FSC® (Forest Stewardship Council®), sob o código de licença FSC-C102403, que garante as práticas de gestão responsável e o uso racional das florestas, buscando manter em equilíbrio os interesses econômicos, sociais e ambientais. 

As práticas de conservação das matas nativas e das nascentes nas propriedades da empresa, além dos corredores ecológicos, mantidos por meio dos plantios em mosaicos, propiciam a existência de espécies raras e em extinção nas florestas da companhia. Este é o caso do macaco muriqui-do-sul, encontrado por biólogos em uma área protegida pela empresa na região de Monte Verde em Camanducaia, sul de Minas Gerais. 

Cachoeira em área preservada Melhoramentos | Foto: Divulgação
Recursos Hídricos - A Melhoramentos contabiliza em suas áreas 819 nascentes catalogadas, todas monitoradas e preservadas. A empresa realiza monitoramentos periódicos para avaliação das condições ambientais ou existência de qualquer alteração na qualidade das águas disponíveis nas bacias hidrográficas presentes nas suas áreas de manejo. 

Também faz avaliações ambientais pré e pós-operação nas unidades florestais, bem como nas áreas destinadas à conservação, por meio de visitas técnicas para diagnóstico dos possíveis impactos provenientes das operações ou mesmo por ocorrências naturais. 

Toda água captada na fábrica, na unidade Levantina, localizada em Camanducaia (MG), é utilizada no processo de obtenção de fibras de alto rendimento que compõe o papel cartão - matéria prima essencial para o setor de embalagens. A área industrial realiza o monitoramento do ponto de lançamento do efluente tratado, assim como da entrada e saída na Estação de Tratamento de Efluentes (ETE).

 

Conscientização para adultos, jovens e crianças - Com o objetivo de promover a importância das florestas e da água, a Melhoramentos realiza atividades voltadas para a comunidade no entorno da sua unidade em Camanducaia (MG). Os eventos serão realizados gratuitamente em 25 de março, sábado, às 9h, na Fazenda Levantina, de forma simultânea para adultos, jovens e crianças. 

No auditório, será realizada uma palestra por especialistas da empresa sobre o uso responsável dos recursos naturais. Enquanto isso, as crianças podem se divertir e aprender na biblioteca comunitária “Alfried Theodor Weiszflog” com a contação da história sobre o livro “O camelo, o burro e a água”, de Sérgio Merli, e oficinas recreativas com a temática de sustentabilidade, abordada no livro "Manual para Super-heróis, o início da Revolução Sustentável", da atriz e escritora Laila Zaid.


Companhia Melhoramentos de São Paulo


Dois hábitos do dia a dia que poluem e escondem um imenso gasto de água, segundo a ciência

Unsplash

O Dia Mundial da Água é comemorado nesta quarta-feira (22) — e a esta altura, “fechar a torneira” já se tornou um dos símbolos associados à data. No entanto, para além da água corrente na pia, estudos científicos revelam hábitos e produtos presentes no dia a dia dos brasileiros que escondem um gasto ainda maior de água e causam poluição dos recursos hídricos.

“Se olharmos para as nossas refeições diárias, por exemplo: quando consumimos produtos de origem animal, estamos aumentando imensamente a nossa pegada de água”, explica Taís Toledo, diretora de políticas alimentares da ONG internacional Sinergia Animal.

Queijo e carne bovina, assim como peixes e camarões criados em cativeiro, estão entre os alimentos que mais consomem água para serem produzidos. Para se ter ideia, a produção de 1 kg de queijo requer 5.605 litros de água, enquanto 1 kg de tofu demanda apenas 149 litros — quase 38 vezes menos.

Um único litro de leite de vaca equivale a um gasto de mais de 628 litros de água. A Water Footprint Network estima que adotar uma dieta à base de plantas por um mês, no Brasil, tem o potencial de economizar 1.811 litros de água, o que é equivalente a tomar 13 banhos longos consecutivos de 15 minutos cada.

Para Toledo, o fato da população não conseguir associar visualmente os produtos de origem animal com a grande quantidade de água que eles “escondem” é um desafio. “Quando as pessoas colocam uma peça de queijo no carrinho do supermercado, provavelmente a água não é a primeira coisa que vem à mente — mas deveria ser”, sugere.

Além de usar uma quantidade expressiva de água, a pecuária também é responsável por poluir recursos hídricos com o despejo de nutrientes em excesso e agrotóxicos. Esses componentes químicos podem gerar as chamadas “zonas mortas”, grandes extensões de água com pouco ou zero oxigênio, além de causarem danos aos animais aquáticos e à saúde humana através do consumo de água ou comida contaminada. O uso de antibióticos pela pecuária intensiva também já foi relacionado à contaminação de lençóis freáticos por meio dos dejetos dos animais. “Uma prevalência generalizada de bactérias resistentes a antibióticos foi documentada em nível global”, afirma a UNESCO.

“A grande quantidade de poluição de plástico causada pela indústria pesqueira também surpreende. Para se ter uma dimensão do problema, lavar roupas e outros tecidos gera 3,2% de toda poluição plástica no meio ambiente, mas redes e equipamentos de pesca poluem o dobro disso — somando até 7,2%”, aponta Toledo.

Mas não podemos desconsiderar nossos guarda-roupas tão rapidamente — pelo contrário. A produção e consumo de roupas é o segundo hábito destacado pela Sinergia Animal entre os que escondem uma grande pegada de água. 

Um relatório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) mostra que a indústria da moda e acessórios consome cerca de 215 trilhões de litros de água todo ano. Por volta de 21% são usados na produção de matéria-prima, devido aos altos níveis de água necessária para irrigar plantações, especialmente as de algodão, enquanto 24% são gastos nos processos de alvejamento, tingimento e acabamento das peças, chamados de “banhos”. De acordo com o PNUMA, só os corantes de tecido são os segundos maiores poluentes de água no mundo. 

Os números impressionam. Misturados na água, até 8.000 produtos químicos são usados pela indústria têxtil para fazer com que um par de jeans tenha um aspecto “desgastado”, que um lençol tenha o toque macio ou que uma coleção inteira fique nas cores certas da estação. Alguns desses produtos são altamente tóxicos e costumam ser descartados na natureza sem tratamento suficiente — trata-se de uma combinação alarmante de sais, metais pesados, toxinas carcinógenas e corantes que afetam trabalhadores da indústria têxtil no mundo todo e poluem valiosas fontes de água potável.

Após entrar nas casas das pessoas, as roupas continuam prejudicando o meio ambiente silenciosamente. Em um relatório abrangente, a Fundação Ellen MacArthur estimou que a cada ano o equivalente a mais de 50 bilhões de garrafas plásticas é despejado nos oceanos em forma de microfibras plásticas provenientes da lavagem de roupas e tecidos.

“A água é um recurso finito. Se queremos proteger nossos recursos hídricos, precisamos começar a fazer mudanças tanto a nível industrial, quanto em nossos lares — como, por exemplo, adotar uma dieta à base de plantas”, propõe Toledo. 

 

Sinergia Animal
Animal Charity Evaluators (ACE).


Dia Mundial da Infância: Brasil ainda tem longo caminho a percorrer para viabilizar acesso à educação infantil

Com o objetivo de promover melhorias em todos os âmbitos que dizem respeito ao desenvolvimento de crianças e adolescentes, principalmente educacional e social, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) instituiu 21 de março como o Dia Mundial da Infância. Essa data não deve ser mais uma no calendário, mas precisa nos levar a uma reflexão profunda sobre mudanças para melhor acolhimento dos pequenos.

Vivemos em uma realidade de extremos em que, de um lado, estamos no auge da tecnologia, com ferramentas inovadoras que ajudam professores e alunos a avançarem no ensino e aprendizado; do outro, números preocupantes de crianças que estão fora das escolas, sem direito a ensino.

Pesquisa divulgada pela Unicef em setembro de 2022 aponta que 11% das crianças e adolescentes não frequentam a escola, ou seja, 2 milhões delas estão sem acesso ao ensino básico. Os motivos variam entre ter que trabalhar fora, não conseguirem acompanhar o ensino em sala de aula ou por considerarem a escola desinteressante e pouco útil.

Esses números são alarmantes e mostram um cenário de total urgência. Além do mais, os motivos alegados pelos entrevistados confirmam que o país precisa se mobilizar para tornar o ensino mais acessível e menos burocrático, assim como também, as escolas, um ambiente mais acolhedor. Nesse sentido, embora tenhamos muitas questões envolvidas, uma das formas de amenizar a evasão escolar é treinar os docentes para que sejam mais envolvidos com o desenvolvimento dos alunos que com questões burocráticas impostas pela legislação vigente. Essa aproximação fará com que o professor identifique melhor os déficits de aprendizados dos alunos e dê a ajuda necessária para o seu progresso. A família também desempenha um papel fundamental para que a criança exerça o seu direito ao ensino.

Que nos próximos anos o Dia Mundial da Infância possa ser celebrado com mais crianças e adolescentes se desenvolvendo nas escolas, sentindo-se acolhidos e, acima de tudo, usufruindo de seus direitos como cidadãos.

 

Regina Alves -pedagoga e fundou, em 1984, a Rede Decisão, grupo educacional brasileiro responsável pelas operações escolares de 21 unidades de educação básica em São Paulo, Minas Gerais e Paraná, com 12 mil alunos.

 

 

O dia Mundial da Água e o nosso saneamento

O dia Mundial da Água é comemorado em 22 de março e é uma data que tem como objetivo conscientizar a população sobre a importância da preservação dos recursos hídricos. A água é um bem essencial para a vida e sua escassez pode trazer consequências graves para o meio ambiente e para a sociedade. 

No Brasil, o acesso à água potável e ao saneamento básico ainda é um desafio. Segundo dados do Instituto Trata Brasil, cerca de 35 milhões de brasileiros não têm acesso à água tratada e 100 milhões não têm acesso ao saneamento básico adequado. A falta de saneamento básico é um problema que afeta diretamente a qualidade da água, uma vez que grande parte dos esgotos é despejada em rios, lagos e oceanos sem tratamento prévio.

A Universalização do Saneamento no Brasil é uma questão urgente e deve ser tratada como uma prioridade. O acesso à água potável e ao saneamento básico adequado é um direito humano e é essencial para garantir a saúde e o bem-estar da população. Além disso, investir em saneamento básico é fundamental para a preservação do meio ambiente e para a promoção do desenvolvimento sustentável. 

Para alcançar a universalização do saneamento básico, é necessário um esforço conjunto do governo, da iniciativa privada e da sociedade civil. É preciso investir em infraestrutura, ampliar a cobertura de redes de água e esgoto e incentivar a participação da população na gestão dos recursos hídricos. Além disso, é necessário conscientizar a população sobre a importância da preservação dos recursos hídricos e incentivar o uso racional da água. 

Em resumo, o Dia Mundial da Água é uma data importante para lembrar a todos sobre a importância da preservação dos recursos hídricos e da necessidade de se investir na Universalização do Saneamento no Brasil. É fundamental que a população se engaje nessa causa e que todos trabalhem juntos para garantir um futuro sustentável e com acesso a recursos hídricos de qualidade para todos.

 

Estela Testa - presidente do Sistema Nacional das Indústrias de Equipamentos para Saneamento Básico e Ambiental da ABIMAQ (SINDESAM) e CEO da Pieralisi do Brasil

 

Selo institucional celebra diversidade religiosa e racial

 

Os Correios lançaram, ontem (21), na Câmara dos Deputados, em Brasília/DF, o selo institucional em homenagem ao Dia Nacional das Tradições das Raízes de Matrizes Africanas e Nações do Candomblé. O lançamento coincide com o Dia Internacional contra a Discriminação Racial, introduzido no calendário de comemorações nacionais por meio da Lei 14.519/23.   

O lançamento, que reafirma o compromisso da estatal com a diversidade, inclusão e igualdade, contou com as presenças do presidente dos Correios, Fabiano Silva, do ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania, Silvio Almeida, dos deputados federais Vicentinho e Érika Kokay, da coordenadora-geral de Políticas para Comunidades Tradicionais do Ministério da Igualdade Racial, Eloa Silva de Moraes, além de representantes das Tradições das Raízes de Matrizes Africanas e Nações do Candomblé, como Mãe Adriana e Ôòni Adéyeye Ênitan Babatunde Ogunwusi-Ojaja II, rei de Ifé, cidade iorubá localizada no sudoeste da Nigéria, além de demais autoridades e convidados.  

Para o presidente dos Correios, Fabiano Silva, neste ano em que os serviços postais brasileiros completam 360 anos, o lançamento filatélico confirma apoio da estatal ao respeito à pluralidade nacional. “Ao lançarmos esta importante emissão, os Correios se unem aos esforços do governo federal no combate à intolerância religiosa. O Brasil que queremos ajudar a construir baseia-se no respeito mútuo, no direito de ser e expressar o que se é, livremente, em qualquer perspectiva. E nada mais simbólico que a filatelia e o selo, meio tão antigo quanta a história da humanidade, para nos lembrar que, independentemente do ângulo que escolhemos olhar, temos todos raízes em comum”.  

Escolhido pela Organização das Nações Unidas (ONU), o dia 21 de março tem como referência o “Massacre de Shaperville”, que ocorreu em 1960, na África do Sul. O episódio remete à violenta repressão policial contra a manifestação pacífica de 20 mil sul-africanos, que protestavam contra a determinação imposta pelo governo da época, de limitar os locais onde a população negra poderia circular. O massacre resultou na morte de 69 pessoas. 

 

Sobre o selo – A arte, criada pelo designer Gabriel Gabiru traz a representação do mar, que para muitas tradições africanas, divide o plano espiritual do plano carnal. Na imagem, a espiral sai do continente africano, passa pelo Brasil e retorna para a África, em um movimento de vai e vem. A peça destaca ainda doze búzios, que já tiveram o poder de moeda para muitas nações africanas e que, somada à circularidade, remetem ao oráculo Yorùbá, a resposta afirmativa das divindades de que tudo está no caminho certo.   

"A ideia foi criar uma imagem viva, que simbolizasse uma história em movimento. A cobra que come o próprio rabo representa a nossa circularidade dos entendimentos, que se aprofundam e retomam a cada olhar", conta o artista, que utilizou a técnica de ilustração digital.  

A emissão estará disponível, sob encomenda, a partir do mês de abril na loja virtual e nas principais agências do país.    


Enfraquecimento de instituições e falta de políticas locais fragilizam gestão de incêndios na Amazônia

Pesquisa mostra que a falta de envolvimento da comunidade também prejudica programas de controle do fogo na região conhecida como MAP (imagem: acervo dos pesquisadores)

 

Estudo recém-publicado no International Journal of Disaster Risk Reduction discute a governança de incêndios florestais na fronteira trinacional do sudoeste da Amazônia com a participação de representantes locais. A região, conhecida como MAP, engloba Madre de Dios, no Peru; o Estado do Acre, no Brasil; e Pando, na Bolívia.

“Morando no Acre, temos pouco ou nenhum protagonismo, principalmente quando se fala de meio ambiente. Vemos cientistas de outras regiões e até de outros países falando da Amazônia, chamando a atenção para o tema, mas nós, que moramos aqui, ficamos fora dessa governança. Trazer esse olhar local das vulnerabilidades e das capacidades da região é um ponto muito positivo do nosso estudo”, diz a socióloga Gleiciane Pismel, colaboradora do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) e primeira autora do artigo.

Com base em uma pesquisa on-line, realizada durante a pandemia da COVID-19 (entre 2020 e 2021), o trabalho mostra que 60% de 111 entrevistados consideraram o desmatamento a principal causa dos incêndios florestais que atingem a Amazônia, seguido da utilização do fogo na gestão agrícola (58%) e das secas (39%).

A percepção vai ao encontro dos resultados de estudos recentes sobre o assunto. O aumento das queimadas da floresta, associado ao avanço do desmatamento, tem sido uma das ameaças à conservação da Amazônia e de sua sociobiodiversidade (leia mais em: agencia.fapesp.br/40164/ e agencia.fapesp.br/39913).

Os entrevistados – gestores públicos, cientistas e representantes do terceiro setor – também apontaram como as principais vulnerabilidades na governança para conter os impactos do fogo na região as deficiências em instituições e órgãos de controle, associadas à redução de funcionários e limitação de recursos financeiros.

Além do enfraquecimento das instituições, as instabilidades de políticas públicas nacionais e locais apareceram como uma falha na governança. Em grande parte, essas ações apenas espelham propostas de medidas nacionais sem observar as peculiaridades de cada local. Outros pontos de atenção são a falta de participação da comunidade e os aspectos socioculturais do uso do fogo, principalmente em zonas de pastagem e agricultura próximas a áreas de preservação ambiental.

“Um dos elementos de maior risco aos serviços ecossistêmicos, além do desmatamento, é a questão da degradação por incêndios, pelo corte seletivo e pelo efeito de borda associado à entrada do fogo na floresta, como mostramos na Science. Por outro lado, há um número muito limitado de pesquisas que avaliam a governança, especificamente associada às queimadas, um tema crescente, emergente e urgente que a Amazônia vem enfrentando. Nesse sentido, buscamos reunir uma equipe multidisciplinar e transfronteiriça para analisar a questão”, diz à Agência FAPESP Liana Anderson, pesquisadora do Cemaden e autora correspondente do artigo.

Anderson se refere ao estudo The drivers and impacts of Amazon forest degradation Os fatores condutores e os impactos da degradação florestal na Amazônia, em tradução livre), que foi um dos destaques de capa da edição do final de janeiro da revista Science. Ele revelou que aproximadamente 38% da atual área da Amazônia sofre com algum tipo de degradação causada por quatro fatores – fogo, extração seletiva de madeira (em sua maioria ilegal), efeitos de borda (que são mudanças em regiões de floresta ao lado de zonas desmatadas) e secas extremas, cada vez mais frequentes em decorrência das mudanças climáticas (leia mais em: agencia.fapesp.br/40568/).

Vários olhares

Desenvolvido no âmbito do projeto MAP-FIRE, o estudo sobre governança de incêndios florestais teve o apoio da FAPESP por meio do Centro de Pesquisa para Inovação em Gases de Efeito Estufa (RCGI) e de Bolsa no Exterior – Pesquisa concedida ao pesquisador do Cemaden Victor Marchezini, que desde 2004 atua na área de sociologia dos desastres, buscando envolver as comunidades locais na prevenção de desastres ambientais.

O RCGI é um Centro de Pesquisa em Engenharia (CPE) constituído por FAPESP e Shell na Universidade de São Paulo (USP).

O projeto MAP-FIRE, criado em março de 2019 e ligado ao Laboratório de Ecossistemas Tropicais e Ciências Ambientais (Trees, na sigla em inglês), vem desenvolvendo um plano de adaptação de múltiplos atores para lidar com florestas sob risco crescente de incêndios extensivos, particularmente na região conhecida como MAP. Foram desenvolvidas pesquisas para conhecer os riscos de desastres, além de uma plataforma de monitoramento e alerta para apoiar o planejamento e a tomada de decisões relacionados à ocorrência de incêndios na área.

“A pesquisa olha para os atores que estão no território de fronteira. Envolve representantes de organizações não governamentais, gestores públicos da região, além de cientistas interdisciplinares e transdisciplinares do Brasil, Peru e Bolívia como atores participantes em discussões de gestão de risco. Os desastres registrados ali não respeitam fronteiras político-administrativas, sendo necessário pensar em métodos inter e transdisciplinares para criar e fortalecer as ações de mitigação de riscos”, explica Marchezini, que atualmente faz pós-doutorado, com apoio da FAPESP, no Natural Hazards Center, da Universidade do Colorado-Boulder.

No trabalho, o grupo analisou as percepções sobre vulnerabilidades e capacidades na governança de incêndios florestais na região MAP sob quatro eixos: conhecimento do risco; monitoramento; educação e comunicação; e prevenção e resposta a desastres. As vulnerabilidades e capacidades foram avaliadas em oito dimensões: econômica, educacional, ambiental, organizacional, política, legal (jurídica), sociocultural e tecnológica.

A concepção da pesquisa teve como ponto de partida um workshop on-line realizado durante a pandemia com 668 participantes dos três países. “Quando olhamos para um problema socioambiental, temos de ter diferentes perspectivas. E é isso o que o projeto MAP-FIRE e esse artigo trazem. Além de ser uma equipe multidisciplinar, contamos com pesquisadores dos três países, incluindo a Galia Selaya, que é da Bolívia, e o Eddy Mendoza, do Peru”, diz Pismel.

Além do comprometimento dos serviços ecossistêmicos da floresta e da perda de biodiversidade, os incêndios florestais podem se transformar em desastres transfronteiriços principalmente devido aos efeitos da fumaça que cruza as fronteiras, comprometendo a saúde humana, interrompendo o transporte e afetando a economia regional.

As micropartículas de fuligem, facilmente inaláveis, contribuíram, por exemplo, com o aumento de internações hospitalares por problemas respiratórios em cinco Estados da Amazônia Legal brasileira entre 2010 e 2020. Nota técnica da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), divulgada em março de 2021, apontou que no período foram registradas 174 internações hospitalares diárias por doenças do aparelho respiratório no Pará e 57 por dia em Mato Grosso.

As queimadas também geraram elevado custo para o Sistema Único de Saúde (SUS), sendo que o valor gasto nos cinco Estados com hospitalizações de alta e baixa complexidade chegou a R$ 1 bilhão no período.


Alternativas

Segundo os pesquisadores, um caminho para uma melhor governança contra incêndios na percepção dos participantes passa pelo fortalecimento das capacidades organizacionais, por investimentos adequados às questões socioambientais de acordo com a realidade de cada país e região do MAP, além de a necessidade de aumentar o capital humano das organizações do ponto de vista quantitativo e também qualitativo.

No Brasil, as defesas civis municipais são compostas de uma a duas pessoas, a maioria por indicação política, sem valorização profissional. Grande parte dos municípios também não tem orçamento para desempenhar ações de gestão de risco de desastres.

Formular políticas públicas e leis que levem em consideração a realidade local, distribuindo responsabilidades e recursos entre os níveis nacional, regional e municipal, é outra necessidade destacada pelos pesquisadores.

“As pessoas que vivem na região, expostas ao fogo ou que o utilizam, acabam não sendo envolvidas em nenhum sistema de governança que as ajude a tomar decisão ou ser mais bem informadas. A melhoria na integração entre as instituições e na qualidade da comunicação dentro e entre elas pode ajudar. Assim como a educação ambiental e a necessidade de trazer a temática do fogo para o currículo escolar, conectando de forma muito clara com a realidade das pessoas que ali vivem”, afirma Anderson.

Para ajudar a preencher a lacuna do material educacional, os pesquisadores produziram um livro didático, voltado para a formação de professores, disponível on-line.

“O material foi uma forma de levar a temática para dentro da sala de aula, principalmente no contexto em que vivemos com o fantasma mundial das fake news. No Brasil, tivemos perda de infraestrutura, das capacidades organizacionais e, ao mesmo tempo, houve uma fragilização do conhecimento com as informações falsas. Quando você tem esse tipo de informação se disseminando na sociedade é muito difícil recuperar não só a confiança nas instituições que produzem informação e ciência, mas também reverter o pensamento. Às vezes a informação falsa chega, mas a contrapartida não vai com a mesma velocidade”, conclui Anderson.

O artigo Wildfire governance in a tri-national frontier of southwestern Amazonia: Capacities and vulnerabilities pode ser lido em: www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S2212420923000092.

 

Luciana Constantino
Agência FAPESP
https://agencia.fapesp.br/enfraquecimento-de-instituicoes-e-falta-de-politicas-locais-fragilizam-gestao-de-incendios-na-amazonia/40948/


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