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terça-feira, 31 de maio de 2022

Infraestrutura vive sua tempestade perfeita


O Brasil está literalmente pavimentando a estrada do crescimento por meio dos investimentos em infraestrutura. No ano passado, a taxa de investimento do PIB chegou a 20% e boa parte disso se deve à ocorrência de novos leilões em infraestrutura, e não só em rodovias, como também em saneamento e no setor elétrico. A avaliação foi feita pela economista-chefe do Banco Inter, Rafaela Vitória, em fevereiro. O mais importante é que a política de investimento continua em 2022, com novos leilões, revertendo o desempenho apático de 2020 e sinalizando para grandes projetos, com destaque para o setor rodoviário, de grande interesse para nós.

Os dados oficiais da economista indicam que as privatizações e concessões devem superar os 6 mil quilômetros de rodovias federais e estaduais neste ano. Ela inclui na conta apenas os projetos em fase avançada de licitação, com leilão já agendado ou com edital a ser publicado. Estamos falando de projetos com potencial certeiro de concretização. Pode-se considerar uma previsão de R$ 76 bilhões em investimentos, com sete grandes leilões rodoviários nos próximos 30 anos. De acordo com Rafaela, as aplicações fazem parte das exigências dos editais e devem ser cumpridas pelas concessionárias que pretendem explorar os trechos.

O pacote de leilões inclui trechos inéditos, como os 271,5 quilômetros do bloco 3 de concessões rodoviárias do Rio Grande do Sul, além de parte dos 3,3 mil quilômetros das Rodovias Integradas do Paraná. Nesse último caso, os dados do Ministério da Infraestrutura (Minfra) indicam que as estradas paranaenses poderão gerar mais de R$ 43 bilhões em investimentos privados e o crescimento do setor de logística. Trata-se de um modelo que prevê uma redução tarifária que pode alcançar mais de 50%, em média, em relação aos preços atuais. E um projeto dividido em seis lotes, cujo destaque é a duplicação de 1,7 mil quilômetros de pista.

O aporte de investimentos privados em transportes – e isso não inclui somente o setor rodoviário – pode ser ainda mais turbinado com a aprovação da PEC da Infraestrutura, que mira os investimentos públicos no segmento. Com essa proposta de emenda à Constituição (PEC), pelo menos 70% dos recursos obtidos com outorgas onerosas de obras e serviços de transportes deverão ser reinvestidos no próprio setor. O texto da PEC especifica que os recursos deverão ser empenhados (reservados para pagamento) em até cinco anos após o efetivo recebimento dos valores das outorgas pagas pelas empresas.

Pelos cálculos oficiais, a PEC direcionará ao setor de infraestrutura de transportes pelo menos cerca de R$ 7 bilhões por ano, um número ligeiramente inferior aos R$ 8 bilhões que o governo federal investiu em infraestrutura de transportes em 2021, segundo o relator da proposta, senador Jayme Campos, do Mato Grosso.

A proposta oferece uma espécie de piso garantido que assegure um mínimo de continuidade aos programas de investimentos de transporte, de forma a evitar que as regras do teto de gastos, no futuro, comprimam seu orçamento para além do aceitável. Em termos mais claros: a pavimentação acontecerá via investimentos privados – com novas concessões – e com a retomada de investimentos públicos por meio dos recursos especificados pela PEC da Infraestrutura.

E, de novo: investimentos em infraestrutura têm relação direta com o PIB. Assim como a economista-chefe do Banco Inter, a opinião é defendida por Raul Velloso, consultor econômico e ex-secretário de Assuntos Econômicos do Ministério do Planejamento. Para ele, o país precisa voltar a investir pesadamente em infraestrutura, caso contrário, o PIB não decola. Ele também considera que a PEC da Infraestrutura “amarra” um novo pedaço das receitas federais ao investimento em infraestrutura, o que pode dar início a um processo de reposição das perdas orçamentárias por meio da nova vinculação. Mais do que isso: o Estado tem um papel importante ao investir em projetos que não terão prioridade do setor privado. Isso acontece em todo o mundo.

Apesar das notícias positivas, é importante lembrar que temos muito mais a investir no país. O relatório publicado no ano passado pelo Movimento Infra 2038 estima em R$ 339 bilhões o valor de investimento anual a ser perseguido até 2038 para elevar a qualidade, a disponibilidade doméstica e colocar a infraestrutura do Brasil entre as 20 melhores do mundo no ranking de competitividade global do Fórum Econômico Mundial (WEF)

São números concretos que sinalizam para a continuidade da atual política de concessões e privatizações, ao mesmo tempo que se fortalecem um Estado com investimentos inteligentes e focados. Nada é mais coerente com a proposição da Paving 2022, nosso evento de infraestrutura que retoma nesse ano a versão totalmente presencial. É nosso objetivo trazer essa discussão em várias frentes. Primeiro, ao reunir os atores de Infraestrutura – de governo e investidores - e, depois ao mostrar que temos soluções tecnológicas para a construção e reforma de estradas.

O Brasil reúne parque fabril e massa crítica em construção e vive uma “tempestade perfeita” em infraestrutura. A Paving 2022 vai atuar como um catalisador, ao reunir todo o ecossistema do setor no melhor momento possível. É hora de estarmos todos juntos e com o mesmo objetivo.

  

Guilherme Ramos – engenheiro, diretor da Paving Expo


segunda-feira, 30 de maio de 2022

No “Dia Mundial sem Tabaco”, médica-veterinária faz alerta para os efeitos do tabagismo em animais com tutores fumantes

  Dra. Karin Botteon, da Boehringer Ingelheim, esclarece que os Pets também podem se tornar “fumantes passivos” e desenvolverem problemas de saúde ao longo da vida


Na próxima terça-feira (31), comemora-se o “Dia Mundial sem Tabaco”, data criada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), em 1987, para alertar sobre doenças e mortes causadas pelo tabagismo. A Dra. Karin Botteon, gerente técnica da área de Pets da Boehringer Ingelheim, avisa que cães e gatos que convivem com tutores fumantes podem desenvolver diversos problemas de saúde, incluindo determinados tipos de câncer.

“Há muito tempo, a medicina reconhece que pessoas que convivem com fumantes tornam-se ‘fumantes passivos’, pois respiram o mesmo ar e inalam as toxinas dos cigarros. É natural, e comprovado pela literatura da medicina-veterinária, que o mesmo ocorre com os Pets”, afirma. “E mesmo que os tutores fumem em ambientes abertos e longe dos animais, os resíduos do tabaco ficam sobre a pele, roupas, móveis e chão, podendo entrar em contato com eles, causando intoxicação”.

As consequências para o contato frequente com tabaco são muitas. Cães que inalam fumaça de cigarros e que já tem doenças respiratórias pré-existentes podem ter os seus sintomas agravados. Além disso, eles tendem a apresentar alterações pulmonares semelhantes àquelas encontradas nos seres humanos fumantes. A raça e a anatomia também são fatores determinantes: cães de focinho longo tendem a acumular mais partículas na narina e não nos pulmões, o que os coloca em um risco aumentado de câncer nasal; já os cães de focinho muito curto não filtram tanto estas partículas que chegam mais facilmente aos pulmões, aumentando o risco de câncer deste órgão.

Já os gatos que convivem com fumantes têm de 2 a 4 vezes mais chance de desenvolver carcinoma de células escamosas na cavidade oral, um tipo extremamente agressivo de câncer. Além disso, eles também têm uma chance de até 3 vezes maior de desenvolver linfoma (similar ao linfoma Não-Hodgkin de humanos). O fato de os felinos se lamberem com frequência para manutenção da higiene também os coloca em exposição a partículas nocivas dos cigarros.

“É fundamental que os tutores tenham consciência de fatores ambientais que podem influenciar na saúde dos Pets, e o uso contínuo cigarro pode prejudicar diretamente a saúde de todos que convivem na mesma casa”, finaliza a Dra. Karin.

 

Boehringer Ingelheim Saúde Animal

 

Referências bibliográficas:

US Food and Drug Administration

VCA Hospitals


Junho Laranja - SBCP no combate contra acidentes com queimadura - Saúde

 Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica mobiliza campanha em apoio ao Dia Nacional de Luta Contra a Queimadura

 

Na data, comemorada em 6 de junho, a SBCP iluminará o Cristo Redentor, no Rio de Janeiro e o Palácio dos Bandeirantes, em São Paulo, entre outros monumentos, para alertar, conscientizar e proteger a população contra acidente com queimaduras

 

No dia 6 de junho, pare um minuto e olhe para importantes monumentos do país. Perceberá que o Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, a Associação Médica de Minas Gerais, em Belo Horizonte, a Associação Médica de Brasília, em Brasília, o Palácio dos Bandeiras e o Centro Cultural Fiesp, em São Paulo, entre outros monumentos ao redor do Brasil, estarão iluminados na cor laranja, em homenagem ao Junho Laranja, mês de prevenção aos acidentes com queimadura. A iniciativa da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica em iluminar esses monumentos tem como objetivo reforçar a importância do Dia Nacional de Luta contra Queimadura, instituído por lei em 2009, além de propagar orientações para prevenir e reduzir os acidentes com queimaduras. “Mediante ao elevado número de acidentes envolvendo queimaduras, que ocorre principalmente no ambiente domésticos e com crianças, a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica considerou de máxima importância apoiar o Junho Laranja e divulgar informações de prevenção contra esses acidentes, que muitas vezes poderiam ser evitados com atitudes simples”, afirma Lydia Masako Ferreira, presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, médica cirurgião plástica e professora titular da disciplina de Cirurgia Plástica pela Universidade Federal de São Paulo.

No Brasil, estima-se que por ano cerca de um milhão de pessoas são vítimas de acidentes com queimaduras. De acordo com os dados do Ministério da Saúde, 77% dos casos acontecem em casa e 40% com crianças de até 10 anos. Na última década, mais de 3 mil crianças, de 0 a 14 anos, morreram em decorrência de acidentes com queimadura e quase 221 mil foram hospitalizadas.

 

Tratamentos e agravantes

As sequelas, quando tratadas inadequadamente, podem limitar e comprometer seriamente a qualidade de vida da vítima. Nos casos de queimaduras mais extensas e profundas, os primeiros socorros e a condução do tratamento são essenciais para garantir a saúde do acidentado. “O paciente que sofreu uma queimadura mais profunda só abandona o risco de morte quando passa por cirurgia plástica que repara as lesões e evita infecções severas que podem resultar em problemas de saúde ainda mais comprometedores”, alerta Alfredo Gragnani Filho, médico cirurgião-plástico especializado em acidentes com queimaduras. 

Importante ressaltar que em várias unidades de atendimento, o principal agente causador das queimaduras é o líquido inflamável, em especial o álcool líquido, responsável por até 45% das causas de queimadura. A informação é especialmente importante uma vez que a liberação da venda de álcool líquido foi excepcionalmente autorizada no Brasil, devido à covid-19, aumentando os riscos de acidente. Diante do fato, a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica reforça seu apoio ao Junho Laranja e reitera a importância propagar informações corretas sobre a prevenção e a condução do tratamento. A seguir, mais informações sobre como prevenir, o que fazer em caso de queimaduras e um espectro da dimensão do problema.  


Números das incidências no Brasil

40,7% dos casos ocorreram com homens

67,7% dos acidentes ocorrem no ambiente doméstico

52% das queimadoras acontecem em decorrência do uso de substâncias quentes

92% dos acidentes domésticos envolvem crianças e adolescentes de 0 a 15 anos *

 

Orientações para evitar acidentes

  • Mantenha fios elétricos sempre encapados e tomadas cobertas;
  • Evite que cortinas compridas ou tapetes fiquem sobre fios elétricos;
  • Não deixe ferro de passar roupa ligado sem supervisão;
  • Crianças devem manter-se longe da cozinha durante o preparo de alimentos;
  • Prefira utilizar os difusores do fogão de trás e deixe os cabos das panelas virados para trás e para dentro do fogão;
  • Preocupe-se em não carregar crianças no colo enquanto mexe em panelas ou manipula líquidos quentes;
  • Guarde fósforo, velas, álcool e demais produtos inflamáveis longe do alcance das crianças. Em especial, garrafas de álcool devem ser mantidas em locais de difícil acesso;
  • Nunca jogue álcool sobre chamas ou brasas;
  • Evite usar fogos de artifícios. Não deixe crianças perto de lareiras, fogueiras e não incentive a brincadeira com balões **

 

O que fazer em caso de queimadura

- Enxague o local com água corrente em temperatura ambiente

- Proteja a pele danificada cobrindo-a com gaze

- Retire anéis, pulseiras, relógios e acessórios caso a queimadura tenha sido nas mãos ou braços

- Dirija-se ao hospital ou posto de saúde mais próximo da sua casa

- Se não for possível se deslocar, acione o SAMU (192) ou o Corpo de Bombeiros (193) ***

 

Dúvidas frequentes

 

O que é uma queimadura?

Queimadura é toda lesão provocada pelo contato direto com alguma fonte de calor ou frio, produtos químicos, corrente elétrica, radiação, ou mesmo alguns animais e plantas (como larvas, água-viva, urtiga), entre outros. Portanto, ter origem causadora térmica, elétrica ou química. Possui três graus de acordo com a profundidade da lesão provocada. A de 1° grau atinge a superfície da pele, a de 2° se estende para a partes mais profundas da pele e a de 3° grau ultrapassa a barreira de pele e pode danificar músculos, tendões, órgãos e até os ossos.

 

Quais tipos de queimaduras merecem ser avaliadas por um médico?

Qualquer queimadura maior que 1 cm² ou maior que o tamanho da unha deveria sempre ser avaliada por um especialista para maior orientações, ou se uma lesão que não cicatrizou em até 21 dias também deve ser avaliada por médico, sempre evitando o autotratamento que muitas vezes prejudicam a restauração da lesão.

 

Qual médico procurar?

O profissional mais preparado e especializado para socorrer e tratar a queimadura é o cirurgião plástico. É ele que obtém, nos seis anos de especialização, os conhecimentos e as práticas mais eficazes para cuidar desses casos. Tanto é que a portaria do Ministério da Saúde de 2000 estabeleceu oficialmente que toda unidade de tratamento de queimadura teria de ser coordenada por um Cirurgião Plástico.

 

Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica

https://www2.cirurgiaplastica.org.br/


Dengue continua a crescer e casos tiveram aumento de 374% via telemedicina

Os diagnósticos de dengue via telemedicina aumentaram 374% de janeiro até o final de maio, se comparado ao mesmo período do ano passado, segundo levantamento da Conexa, maior player de saúde digital integral da América Latina. Em todo ano de 2021, foram computados cerca de 1.600 casos, quando em apenas cinco meses deste ano o número já ultrapassa 4.500. O mesmo levantamento havia sido feito no início do mês, dia 4, quando o crescimento já era alarmante, de 284%. Essa alta expressiva reflete o surto da doença no país, da ordem de 113%, em comparação com o ano passado, segundo o Ministério da Saúde. 

De acordo com Gabriel Garcez, diretor médico da Conexa, existem possíveis explicações para o surto deste ano: chuvas torrenciais que geram água parada, ambiente propício para o desenvolvimento do mosquito Aedes aegypti; os ciclos da doença, já que vêm em ondas e a última foi em 2019; e a população ter deixado de lado as medidas preventivas por estarem focadas na pandemia. “Não podemos esquecer que em 2021 o isolamento social contribuiu para o menor número de infecções, já que as pessoas se deslocaram e transitaram por menos locais.” A boa notícia é que o surto tende a diminuir com a chegada das estações mais frias do ano e a perspectiva é que acabe até o início de junho.  

Garcez pontua que, após o diagnóstico, além dos sintomas comuns da doença, como febre, dor de cabeça, muscular e nas articulações, cansaço e vermelhidão no corpo, é preciso estar atentos aos sinais de evolução para um quadro mais grave. O diretor médico reforça que cada pessoa pode ser infectada quatro vezes na vida, já que existem quatro sorotipos do vírus e após a primeira infecção, as demais costumam ser mais graves. É preciso estar alerta. “Os sintomas comuns são amplamente divulgados, mas os do agravamento não são tão conhecidos. Identificar rapidamente esses sinais pode impactar positivamente no desfecho do paciente. Caso a febre não passe, tenha dor na barriga, sangramentos e vômitos, procure um médico.” 

Para Guilherme Weigert, CEO da Conexa, o aumento da procura por telemedicina para casos de dengue reflete a mudança de comportamento da sociedade em identificar a praticidade de uma consulta online, evitando filas em pronto atendimentos. “O teleatendimento é uma forma segura de consultar um especialista sem se preocupar com aglomeração e distância geográfica. É uma ferramenta útil e eficiente para cuidar da saúde da população.”   


Cuidados e prevenção 

Evitar locais que acumulem água parada em casa em pneus, garrafas e vasos de plantas é uma medida que deve ser tomada o ano todo. Neste momento, usar repelente e instalar telas nas portas também são recomendados.  

Se já estiver com a infecção, a principal medida é se hidratar bem e fazer repouso até os sintomas cessarem. Caso ache necessário, medicamentos podem ser indicados pelo médico para aliviar as dores e o desconforto.  

 

Conexa

 https://www.conexasaude.com.br/   


Dia Mundial sem Tabaco - Nada de sorriso amarelo

 Data representa um grande desafio para milhões de fumantes


O Dia Mundial sem Tabaco é assinalado em 31 de maio. Para a maioria dos fumantes, a data representa um grande desafio. Marcada por uma série de ações que visam a conscientização da população para os males do tabagismo, a ocasião pode ser encarada também como o “Dia D” para cuidar da saúde, da aparência ou até mesmo para abandonar o cigarro.    

O tabagismo afeta a saúde geral de várias formas. Seus efeitos podem se refletir no organismo, inclusive na boca. Além de ser responsável por uma série de doenças crônicas, como distúrbios cardiovasculares e reprodutivos, doenças respiratórias, neoplasias malignas em vários órgãos, doenças da pele, gastrointestinais e anormalidades na tireoide, o tabagismo afeta também a saúde bucal.


O tabagismo e as lesões bucais 

Reconhecido pelo Instituto Nacional de Câncer (INCA) como uma doença crônica causada pela dependência da nicotina presente nos produtos à base de tabaco, o hábito de fumar pode contribuir para o surgimento e progressão de lesões bucais, como o câncer de boca e a doença periodontal (DP).

O INCA estima que ocorrerão 4.330 novos casos de câncer de cavidade oral em cada ano do triênio 2020-2022, no Estado de São Paulo, sendo 3.260 em homens e 1.040 em mulheres. Na capital, o número total de novos casos estimados é de 690, sendo 450 homens e 240 mulheres. São Paulo é o estado com o maior número de mortes relacionadas ao câncer de boca. Em 2020, 1.492 pessoas morreram vítimas da doença no Estado, sendo 1.172 homens e 320 mulheres. 

O câncer de boca, segundo o cirurgião-dentista Dr. Fabio Alves, é um tumor maligno que atinge o lábio, estruturas como a língua, as gengivas, o céu da boca e parte da garganta. Dentre os causadores da doença, o tabagismo aparece como o principal fator etiológico (pode estar relacionado a 70% das novas ocorrências). Quando diagnosticado precocemente, o câncer de boca apresenta maior chance de tratamento e cura.

Já a doença periodontal, também conhecida como gengivite ou periodontite, caracteriza-se pela inflamação e destruição dos tecidos de proteção (gengiva) e suporte (osso, cemento e ligamento periodontal) dos dentes. Essa doença tem uma evolução mais acelerada principalmente em pacientes diabéticos, imunossuprimidos e fumantes. “Além dos fumantes abrigarem maior número de microrganismos potencialmente causadores de periodontite, o fumo modifica vários mecanismos da resposta imune do hospedeiro, como função dos neutrófilos, atividade dos fibroblastos, produção de anticorpos e de mediadores inflamatórios”, explica.


Sorriso amarelo - clareamentos e implantes dentários resolvem?

O hábito de fumar desperta algumas preocupações relacionadas também à estética e à autoestima. Os incômodos costumam ser driblados com recursos simples, como balas (para melhorar o hálito), e com medidas mais sofisticadas, como o clareamento dental (procedimento para remoção das manchas) ou até mesmo implantes dentários (usados na substituição dos dentes perdidos).

No entanto, o especialista chama a atenção para alguns detalhes sobre o clareamento, pois essas medidas podem ser temporárias. As principais substâncias encontradas no tabaco e relacionadas às alterações da pigmentação normal da boca, seja ela dente ou tecidos moles, são a nicotina e o alcatrão. O alcatrão presente no cigarro escurece os dentes e causa mau hálito. Esta substância dissolve-se na saliva e penetra facilmente nas fossetas e fissuras do esmalte.

Já a nicotina, além de pigmentar o dente, estimula a produção de melanina nas mucosas, causando manchas nos dentes e mucosas da boca. A dica, segundo o Dr. Fabio, é realizar a profilaxia por meio de consultas regulares ao cirurgião-dentista para fazer a limpeza e remoção das manchas. “Caso o paciente opte pelo clareamento, é importante lembrar que o procedimento de limpeza será temporário. Se a pessoa continuar fumando, haverá pigmentação novamente”, diz.

Já nos casos de implantes dentários, ele explica que os índices de sucesso variam de 91,8% a 95,6%, sendo que as lesões peri-implante são as principais causas de perda de implantes. Os índices de falência foram maiores em implantes localizados na maxila, em pacientes com doenças metabólicas, pacientes fumantes e com pobre higiene bucal.

De acordo ainda com o cirurgião-dentista, os efeitos do fumo na osteointegração de implantes não são totalmente esclarecidos, contudo, os pacientes que fumam têm mais problemas na gengiva e consequentemente têm mais chances de perder os dentes. “Essa perda não se dá por cárie, a perda se dá por problemas gengivais, isso porque perde-se o suporte de tecido do dente que é a gengiva (periodonto) e o mesmo se dará no caso dos implantes, pois, sem suporte da gengiva, haverá uma durabilidade menor do procedimento”, esclarece.


Fumante passivo

Atualmente, conhecem-se vários efeitos deletérios do fumo passivo. Embora o efeito do mesmo no desenvolvimento da doença periodontal ainda não esteja bem estabelecido, o Dr. Fabio lembra que o fumante passivo está exposto a um ambiente (casa, trabalho ou qualquer local público) com fumaça do cigarro e, consequentemente, também está suscetível aos malefícios do tabaco. “Pessoas expostas cronicamente à fumaça do cigarro podem desenvolver asma, bronquite, doenças cardiovasculares e câncer no pulmão”, diz.  


Os riscos do cigarro eletrônico

A venda de cigarros eletrônicos é proibida no Brasil, no entanto, a versão moderna ganha cada vez mais adeptos, o que gera mais preocupações, pois eles também têm suas peculiaridades e seus riscos.       

Segundo o cirurgião-dentista, são poucos os estudos que abordam os diferentes formatos, mas já se sabe, por exemplo, que uma hora de cigarro eletrônico equivale a 10 cigarros convencionais fumados. A comparação é importante, pois as versões eletrônicas chamam a atenção por emitir menos fumaça e pela discrição, já a ameaça está na alta concentração de nicotina, provocando o vício de forma mais intensa.

Como orientação final, o Dr. Fabio lembra que todos nós devemos consultar um cirurgião-dentista regularmente para avaliação da boca. “Manchas ou placas brancas/vermelhas, feridas que não cicatrizam podem ser sinais do câncer de boca e o diagnóstico precoce é fundamental para um tratamento eficaz e cura destas doenças”, finaliza.

 

Conselho Regional de Odontologia de São Paulo - CROSP

www.crosp.org.br


Aneurisma cerebral afeta três vezes mais as mulheres, especialmente após os 40 anos de idade

Fatores de risco, como histórico familiar, fumo, hipertensão e diabetes, além do nível de estrogênio, que diminui consideravelmente após a menopausa e enfraquece a parede arterial, aumentam a chance de desenvolver o aneurisma cerebral  

 

Os aneurismas cerebrais não são uma exclusividade das mulheres, mas, levando-se em conta alguns fatores, são mais frequentes no gênero feminino. O principal aspecto a se considerar é a idade. Estudos apontam que durante a infância e a adolescência, os aneurismas são mais comuns em homens. Entre os 20 e 30 anos, a distribuição é parecida entre os dois gêneros. Mas, o cenário muda após os 40 anos de idade, quando a doença passa a ser mais frequente nas mulheres, chegando à proporção de 3:1. “E é justamente a partir dessa faixa etária que os casos são mais abundantes, porque os fatores de risco que causam a doença, bem como que levam ao rompimento do aneurisma, já estão instalados. E a situação é preocupante”, alerta o Dr. Renato Tosello, Neurorradiologista Intervencionista, especializado em doenças cerebrovasculares e doutorando na área pela UNIFESP – Universidade Federal de São Paulo.

Segundo Dr. Tosello, existe um consenso médico em apontar, como fatores de risco para o aneurisma cerebral, a hipertensão arterial, dislipidemia, tabagismo, diabetes e rins policísticos, além de histórico familiar da doença. Mas, no caso das mulheres, além dos hábitos, histórico familiar e as outras comorbidades, diferentes elementos devem ser levados em consideração. Um deles é o nível de estrogênio, que diminui consideravelmente após a menopausa e enfraquece a parede arterial, devido a redução do colágeno e da elastina reduzindo a elasticidade da parede da artéria, o que aumenta o risco de desenvolver o aneurisma cerebral.

 

Prevenção 

Sabendo que estão mais suscetíveis a ter um aneurisma, as mulheres devem ter atenção máxima em determinados aspectos da saúde. Para a prevenção dos aneurismas cerebrais, necessita-se de um controle rigoroso da pressão arterial, ao redor de 120 x 80 mmHg, manutenção dos níveis normais da glicemia (açúcar no sangue), colesterol e triglicérides, associado a uma alimentação saudável à base de vegetais, frutas, fibras e carnes magras, assim como praticar regularmente exercícios físicos, não fumar e não ingerir bebida alcoólica em excesso.

Pessoas com história familiar positiva para aneurisma cerebral devem visitar um Nerorradiologista Intervencionista periodicamente para o rastreamento, pois o risco de desenvolver esta doença é maior do que naquelas sem história familiar. “O exame de detecção do aneurisma é simples, e pode ser feito pela angiotomografia ou pela angiorressonância magnética arterial do crânio, que podem salvar a vida do paciente, porque é possível fazer o diagnóstico precoce e realizar um procedimento preventivo, que evitará o rompimento do aneurisma. É a neurocirurgia endovascular, minimamente invasiva, também chamada de embolização”, explica Dr. Tosello.

 

O Aneurisma Cerebral 

Tendo tudo isso em mente, é importante entender o que é a doença. O aneurisma cerebral é uma “dilatação” que se desenvolve em um local de fragilidade da parede de um vaso sanguíneo (artéria ou veia) que irriga o cérebro. Frequentemente, se forma na bifurcação das artérias intracranianas. Por causa da dilatação, a parede do vaso fica mais enfraquecida e afilada à medida que aumenta de tamanho, como se fosse a borracha de uma bexiga que vai ficando mais fina e frágil enquanto se enche de ar até romper. Ao se romper e sangrar, o aneurisma causa um AVC hemorrágico sendo o do tipo subaracnóide, o mais comum.

 

Sintomas 

O aneurisma normalmente não causa sintomas enquanto está pequeno, não comprime tecido cerebral ou nervos adjacentes e mantém sua parede íntegra (ou seja, quando não há ruptura).

Dependendo da localização e do tamanho do aneurisma, ele pode pressionar o tecido cerebral e os nervos ao seu redor, podendo gerar alguns sintomas como dor de cabeça; dor acima e atrás de um olho; dilatação da pupila de um olho; mudança na visão ou visão dupla e dormência de um lado do rosto e do corpo.

Se a pessoa não procura assistência médica, mas o aneurisma cresce e um dia se rompe e sangra, os sintomas podem variar conforme a seriedade do quadro.

Das pessoas que sofrem de aneurisma roto cerca de 40 – 50% morrem e ao redor de 20 – 25% ficam com algum déficit neurológico moderado ou grave.

 

Por que o diagnóstico ainda é pequeno 

Os diagnósticos precoces do aneurisma cerebral são poucos porque, justamente, não existe uma recomendação médica para um check-up neurológico preventivo – um erro que pode custar uma vida. “A cada dia, percebemos que é necessário fazer uma correlação entre doenças e as cardiológicas estão diretamente ligadas às cerebrais. Por isso, é importante realizar um checkup cardiológico e um neurológico anualmente”, aconselha o Dr. Tosello.

 

Clínica Tosello

 

27% das brasileiras já sofreram aborto, diz estudo

Principalmente as mulheres dos 35 aos 39 anos, com 41% das participantes.

 

Cerca de 23 milhões de gestações em todo o mundo terminam em aborto espontâneo a cada ano, em média 15% do total; conforme demonstram estimativas publicadas na revista médica The Lancet em 26 de abril de 2021. E conforme observou a Famivita em seu mais recente estudo, 27% das brasileiras já sofreram aborto. Principalmente as mulheres dos 35 aos 39 anos, com 41% das participantes. E dos 30 aos 34 anos, com 36% delas.

Os dados por estado demonstram que o Amapá é o estado com o maior número de mulheres que já sofreram aborto, com 45% das respondetes. No Rio de Janeiro e em Santa Catarina, pelo menos 29% já tiveram alguma perda. Em São Paulo e Minas Gerais, 28% e 26%, respectivamente, já sofreram aborto. O estado com o menor percentual de abortos é o Paraná com 21% das participantes.

Após sofrer tão grande perda, a mulher precisa entender que não está sozinha. Porém, nem sempre o seu entorno consegue proporcionar este tipo de ajuda. Por isso, o atendimento psicológico pode ser de grande ajuda. Assim, ela terá o acompanhamento e direcionamento adequados para conseguir superar a sua perda, e continuar suas tentativas, se assim o desejar.

Porém, nem todas as brasileiras têm condições financeiras para buscar ajuda psicológica após sofrer um aborto. Afinal, não é assim fácil e rápido encontrá-lo no sistema de saúde pública. E é por isso que os atendimentos online podem ser uma ótima opção. Com a consulta psicológica para tentantes, a mulher pode fazer todas as sessões em casa, basta ter um dispositivo com acesso à internet. Além disso, o custo das sessões é acessível e abaixo dos preços no mercado.


Como identificar a artrose do quadril? Ortopedista explica

É possível identificar a artrose do quadril logo nos primeiros sintomas? O médico ortopedista especialista em quadril e cartilagem, David Gusmão, explicou que sim. 

Na situação inicial, a pessoa começa a ter sintomas após práticas como a atividade física, em especial atividades físicas que contenham mais rotação da articulação do quadril. 

“Podemos falar do exemplo do futebol, do tênis, ou até mesmo atividades na academia. Todas podem gerar esse desconforto. O importante é saber que o desconforto vai começar após uma prática esportiva e normalmente, o local que a pessoa desenvolve sintomas, é na parte da frente da união da coxa com o tronco.”

Conforme o médico, os outros pontos de dor podem ser na parte lateral, na parte do glúteo, na parte da lombar e na parte do joelho. “Esses outros pontos podem tornar a identificação da dor mais difícil, mas quando a dor aparece na virilha o culpado realmente é o quadril.”

Dr. Gusmão ainda afirmou que em um estágio um pouco mais avançado, “a pessoa começa a ter dor ao ficar agachado, sentar em um banquinho mais baixo, colocar meias, colocar sapatos, cortar a unha dos pés, entrar e sair do carro. Em viagens longas a pessoa se sente meio travada da articulação do quadril, as pernas também ficam travadas e ela precisa levantar do carro e dar uma caminhada para aliviar. Isso é uma coisa bem comum de acontecer.”

O médico ponderou que os movimentos que foram descritos são movimentos que têm alguma amplitude maior da movimentação da articulação do quadril. “Em uma situação mais avançada o paciente começa a ter muita dor ao caminhar na região da virilha, dor ao subir e descer escadas, dor ao se levantar de uma cadeira depois de um certo tempo sentado… E na medida que o tempo vai passando a pessoa começa a mancar. A partir disso, a pessoa manca porque não está tendo dor, mas sim porque está tendo fraqueza naquela musculatura que comanda o quadril.”

Já em um caso ainda mais avançado, segundo David, a pessoa começa a ter uma diminuição de comprimento da perna que está sendo afetada pelo desgaste.

“A maneira de diagnosticar é através do exame físico com um médico especialista em quadril onde o paciente fica deitado, a coxa dobrada em relação ao tronco 90° e a gente faz o movimento de rotação da perna pra ver como é que está a amplitude e movimento do quadril. A partir disso, fazemos dois exames, um exame de raio-x e um exame de ressonância nuclear magnética para se determinar a presença ou não e o grau do desgaste que o paciente se encontra, porque o tratamento vai ser completamente dependente de qual o grau de artrose que está presente no quadril”, finalizou.  

 

David Gusmão - Médico Ortopedista, especialista em Quadril e Cartilagem. Formado em Medicina pela PUC do Rio Grande do Sul e com diversas especializações nos Estados Unidos e Europa. A sua missão é preservar a função do quadril com as melhores e mais modernas técnicas da medicina.

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Menopausa: estudo aponta benefícios de tratamento por medicina alternativa

A menopausa é uma época da vida da mulher que ocorre entre os 45 e 55 anos de idade e corresponde ao período que se inicia após um ano da última menstruação. Ela representa o fim do ciclo menstrual e da produção de hormônios.

Esse momento atribulado de transição produz diversas mudanças físicas e neuropsicológicas com a manifestação de vários sintomas que prejudicam o bem-estar da mulher. Por essa razão, muitas mulheres buscam diferentes formas de tratamentos convencionais e alternativos para aliviar os sintomas.

Dentre esses tratamentos, a medicina ortomolecular apresenta uma opção para o alívio dos sintomas de maneira natural e individualizada.

Com o objetivo de explicar os benefícios desse tratamento, o PhD, neurocientista e biólogo, Chefe do Departamento de Ciências e Tecnologia da Logos University International, UniLogos, nos Estados Unidos,
 Prof. Dr. Fabiano de Abreu Agrela, produziu mais um estudo, pela mesma universidade, pontuando algumas informações, que foi publicado na revista científica multidisciplinar Cognitionis

“A medicina alternativa pode ser definida como uma intervenção na saúde do paciente que está fora dos padrões convencionais da medicina formal, não é discutida por médicos e não é encontrada em hospitais. Ela é diversa, englobando diferentes aspectos da saúde (física, mental e emocional) e sua aceitação varia de acordo com a cultura que ela está inserida. Em muitos países ela não só é aceita como coexiste com a medicina formal”, pontuou.

Conforme o PhD, pesquisas mostram que a terapia apresenta benefícios imprescindíveis para uma quantidade considerável de doenças graves como diabetes, doenças cardiovasculares, hipertensão, deterioração das funções cognitivas relacionadas com o envelhecimento e ou outras doenças neurodegenerativas, melhora a imunidade, entre outras.

“Alem delas, a terapia é beneficial para problemas ‘menores’, de menor escala, mas que causam desconforto e debilidades no dia-a-dia. O foco é trabalhar com nutrientes que se encontram no corpo de maneira natural e são extremamente necessárias para o organismo e que por razões diversas e individuais estão em uma quantidade insuficiente para uma boa saúde”, argumentou.

Fabiano aponta ainda que a medicina ortomolecular busca por meio de um tratamento natural o equilíbrio bioquímico do corpo, através uma dieta rica em vitaminas e mineral além de suplementos naturais, promovendo uma melhor saúde para mulher.

Com a ajuda de um profissional, também segundo ele, esse tratamento se mostra seguro e efetivo no alívio dos sintomas da menopausa e é imprescindível que profissionais de saúde compreendam essa fase de forma sistêmica, levando em consideração, os hábitos de vida e de alimentação, as especificidades dos sintomas apresentados e as experiências de mulheres nessa fase.

“Somente assim, com ações pontuais de prevenção, recuperação e promoção da saúde e bem-estar físico e neuropsíquico, será possível neuroeducar a mulher para essa fase. Visto que só assim, se conscientizando a respeito dessa etapa de vida é que encontram saída para agir diante dos sintomas apresentados de modo mais autônomo e tranquilo”, finalizou.



Dr. Fabiano de Abreu Agrela - diretor do Centro de Pesquisas e Análises Heráclito (CPAH), Cientista no Hospital Universitário Martin Dockweiler, Chefe do Departamento de Ciências e Tecnologia da Logos University International, Membro ativo da Redilat - La Red de Investigadores Latino-americanos, do comitê científico da Ciência Latina, da Society for Neuroscience, maior sociedade de neurociências do mundo nos Estados Unidos e professor nas universidades; de medicina da UDABOL na Bolívia, Escuela Europea de Negócios na Espanha, FABIC do Brasil e investigador cientista na Universidad Santander de México. Registros profissionais: FENS PT30079 / SFN C-015737 / SBNEC 6028488 / SPSIG 2515/5476.


Técnica baseada em inteligência artificial permite detectar a doença de Chagas usando imagens de celular


Pesquisadores brasileiros desenvolveram um algoritmo capaz de identificar o protozoário Trypanosoma cruzi em fotos de amostras de sangue obtidas com câmeras de dispositivos móveis. Método de baixo custo foi descrito na revista PeerJ e pode ser reproduzido (imagens: acervo dos pesquisadores)·          

 

Quando o imunologista Helder Nakaya visitou o Instituto Evandro Chagas, em Belém (PA), em 2017, havia uma comoção porque um dos melhores microscopistas da entidade estava se aposentando à época. Com isso, grande parte daquele conhecimento que permitia identificar rapidamente e com precisão cepas do protozoário Leishmania se perderia.

“Fiquei intrigado achando um desperdício perder toda a expertise acumulada por décadas. Foi aí que começamos a pesquisar e tentar treinar o computador com a sabedoria do profissional para atuar na identificação de microrganismos e com baixo custo”, explica Nakaya à Agência FAPESP.

Cinco anos depois, um grupo de pesquisadores, sob a coordenação de Nakaya e do cientista Mauro César Cafundó de Morais, publicou o resultado de um estudo mostrando que é possível usar inteligência artificial para detectar o Trypanosoma cruzi, protozoário causador da doença de Chagas, em imagens de amostras de sangue obtidas com celular e analisadas em microscópio óptico.

O algoritmo desenvolvido pelo grupo está disponível em artigo publicado sexta-feira (27/05) na revista científica PeerJ. A pesquisa recebeu apoio da FAPESP (projetos 20/12017-9 e 15/22308-2) e reuniu profissionais de várias áreas, desde biologia até matemática e computação.

“Conseguimos um bom resultado de aprendizagem da máquina. Tendo o algoritmo funcionado bem para doença de Chagas, ele poderá ser adaptado para outros propósitos que dependam de imagens, como análise de amostras de fezes, dermatologia e colposcopia”, diz Nakaya, que é pesquisador do Hospital Israelita Albert Einstein, da Plataforma Científica Pasteur-USP, do Instituto Todos pela Saúde e do Centro de Pesquisa em Doenças Inflamatórias (CRID), um Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPID) da FAPESP sediado na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRP-USP).

Uma forma de diagnóstico da doença de Chagas é feita por microscopistas treinados que detectam os parasitas em amostras de sangue. Para isso, é preciso um microscópio profissional, que pode ser acoplado a uma câmera de alta resolução, mas isso muitas vezes deixa o método caro e de difícil acesso para pessoas de baixa renda.

Classificada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma das doenças tropicais negligenciadas (DTNs), a de Chagas é considerada uma condição infecciosa crônica, cuja prevenção está ligada ao modo de transmissão, ou seja, ao controle do inseto barbeiro. Isso demanda resposta das redes de atenção à saúde.

Endêmica em 21 países das Américas, a infecção pelo Trypanosoma cruzi afeta aproximadamente 6 milhões de pessoas, com incidência anual de 30 mil casos novos na região, levando, em média, a 14 mil mortes por ano. Além disso, estima-se que cerca de 70 milhões de pessoas vivam em áreas de exposição ao barbeiro e corram o risco de contrair a doença.

No Brasil, mesmo com a tendência de queda das taxas de mortalidade, houve uma média de 4 mil óbitos a cada ano decorrentes da doença na última década.


‘Ensinando’ a máquina

Os pesquisadores desenvolveram uma abordagem de aprendizado do computador baseada na chamada random forest (floresta aleatória, em tradução livre), criando um algoritmo para detecção e contagem de tripomastigotas do Trypanosoma cruzi em imagens obtidas com a câmera de telefone celular. Os tripomastigotas são a forma morfológica do protozoário presente na fase extracelular e encontrada no sangue de pacientes com a doença aguda.

Foram analisadas micrografias de amostras de esfregaço de sangue registradas em imagens com uma resolução de 12 megapixels. Foi extraído um conjunto de parâmetros morfométricos (forma e tamanho), cor e medições de textura de 1.314 parasitas.

Nessa etapa, os cientistas João Santana SilvaPaola Minoprio e Ricardo Gazzinelli, especialistas em parasitas, ajudaram a “ensinar” a máquina a reconhecê-los, especialmente o Trypanosoma. Também colaboraram os pesquisadores da USP Roberto Marcondes César Jr. e Luciano da Fontoura Costa, especialistas em aprendizado de máquina e processamento de imagem.

Depois, as amostras foram divididas em conjuntos de treino e teste, e, então, classificadas usando o algoritmo random forest. Os resultados foram valores de precisão e de sensibilidade considerados altos – ficaram em 87,6% e 90,5%, respectivamente. Foi analisada a área sob a curva Característica de Operação do Receptor (curva ROC, na sigla em inglês), uma representação gráfica que ilustra o desempenho ou a performance de um sistema classificador binário à medida que o seu limiar de discriminação varia.

Assim, o grupo conseguiu automatizar a análise de imagens adquiridas com um dispositivo móvel, obtendo uma alternativa para reduzir custos e aumentar a eficiência no uso do microscópio óptico.

“A ideia é gerar imagem e analisá-la em microscópio que possa ser enviado a lugares remotos do Brasil para o próprio aplicativo dizer se é ou não doença de Chagas. Por isso é importante termos também um microscópio robusto e de baixo custo que possa automaticamente coletar as imagens”, complementa Nakaya.

Segundo o pesquisador, a proposta é deixar o algoritmo aberto para que a comunidade científica contribua com outros dados e recursos. Um dos desafios agora é conseguir microscópios de baixo custo, como o equipamento produzido em papel https://foldscope.com/ e inventado pelos cientistas Manu Prakash e Jim Cybulski, na Stanford University (Estados Unidos), mas que acabou não tendo resultados esperados na aplicação com os parasitas.

O artigo Automatic detection of the parasite Trypanosoma cruzi in blood smears using a machine learning approach applied to mobile phone images pode ser lido em: https://peerj.com/articles/13470/.

 

 

Luciana Constantino

Agência FAPESP 

https://agencia.fapesp.br/tecnica-baseada-em-inteligencia-artificial-permite-detectar-a-doenca-de-chagas-usando-imagens-de-celular/38741/


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