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terça-feira, 20 de outubro de 2020

Psicopedagoga analisa como professores devem lidar com alunos em depressão

A psicopedagoga Regina Lima diz que profissionais no exercício de educar podem se deparar com sintomas de depressão nas crianças e jovens dentro da sala de aula. Por essa razão, a especialista diz que toda atenção é pouca e que se deve observar os primeiros sintomas no dia a dia.   


“Sabemos que o nosso corpo é bem inteligente e dá sinais; grita quando algo não vai bem. Algumas reações como o chamar atenção em excesso ou agir de forma distanciada de seus pares, isolando-se constantemente, assim como a falta de apetite, o sono constante, o desinteresse de algo que até então era importante e a irritação são alguns pressupostos observáveis”, explica Regina Lima.

A especialista, no entanto, lembra que o espaço escolar não tem a função do tratamento terapêutico. “Pode e deve, sim, lidar com as emoções dos alunos, mas o cuidar da saúde emocional compete somente ao profissional habilitado para essa função. O encaminhamento médico deve ser realizado para a identificação da doença, se houver, e para o tratamento da patologia”, destaca a psicopedagoga. 



Tratamento – Regina Lima ressalta que durante a fase de tratamento é necessário que haja acolhimento, tanto da família como da escola, desde a observação dos primeiros sintomas de fragilidade. “Os aspectos para o desenvolvimento emocional e a sua relação com a aprendizagem devem se dar de forma tranquila e ajustada com a preocupação familiar e escolar no favorecimento da qualidade de vida da criança”, observa a psicopedagoga.





Regina LimaProfessora e Especialista em Psicopedagogia e Altas Habilidades pela UERJ - Universidade Estadual do Rio de Janeiro. Trabalhou por mais de 40 anos como Coordenadora Educacional e Disciplinar lidando, ao longo desse período, diretamente com mais de 20.000 alunos. Liderou, por 12 anos um projeto que ajudou a educar crianças e adolescentes através de dinâmicas executadas em 24 disciplinas. É coautora do livro Inclusão Educacional - Pesquisa e Interfaces e associada à ABP - Associação Brasileira de Psicopedagogia.


O ano de 2020 ainda não aconteceu? A ironia de um ano que ficará marcado na história

O final do ano vem se aproximando e é natural que iniciemos reflexões sobre nossos momentos, nossas conquistas e nossas perdas ao longo destes 365 dias. E com 2020 não será diferente. Mas existe um elemento neste ano, em especial, que imputa e promove uma verdadeira aposta de cancelamentos e desejos para que ele seja apagado da memória de milhares de pessoas: a pandemia. Sim, tem sido um ano indescritível. Para muitos, antes de seu fim ele já terminou - se findou praticamente logo após ter iniciado. Terminou quando o Novo Coronavírus (Covid-19) se instalou e assolou todo o mundo. 

Após tantos meses, e com o ano chegando ao seu final, é natural sentirmos um misto de sensações: a ideia de finitude, emoções afloradas, a esperança pelo que o novo pode nos trazer de bom, com a entrada em uma nova fase da vida, além de angústias pinceladas de melancolia, saudosismos e depressão. A famosa depressão de fim de ano - que é decorrente de uma sensação de tristeza por revivermos na mente traumas passados ou um grande estresse ao longo dos últimos 365 dias. E com 2020 tudo isso não será diferente, mas especialistas de saúde mental acreditam que essa depressão poderá ser ainda mais devastadora. O estresse pós-traumático provocado pela pandemia, associado a perdas de milhares de pessoas, certamente irá proporcionar transtornos psíquicos jamais vistos em anos anteriores. 

É nesse momento de reta final de um ano que, naturalmente, paramos para pensar e fazer levantamentos sobre as nossas conquistas e nossas perdas ao longo dos meses. Nos enchemos de alegria com as transformações vivenciadas, as conquistas alcançadas, mas também colecionamos expectativas frustradas. Além disso, aumentamos a nossa culpa interna para justificar projetos ou idealizações em que não obtivemos o resultado esperado. Por isso, para muitos, o fim do ano assume muito mais um aspecto depressivo e triste do que festivo.

A pandemia do Novo Coronavírus, colocou os seres humanos em quarentena, paralisando o planeta. Decretou o distanciamento social e o isolamento, onde cada um deveria ficar em suas casas, e fez com que o mundo vivesse algo inexplicável e sem precedentes. A saúde psicológica da maioria das pessoas foi devastada, pois está diretamente ligada aos seus direitos de posse e às suas liberdades - ao tirar uma, ou as duas, as pessoas se desintegram emocionalmente. E é o que temos visto, já que estatísticas mostram um aumento considerável dos casos de transtornos mentais em função dos últimos acontecimentos. Em poucos meses, o vírus matou, e ainda está matando, milhões de pessoas. Centenas de milhares estão infectadas. Cientistas trabalham incessantemente em busca de uma vacina para contê-lo. A verdade é que o ano de 2020 está sendo o ano do mundo às avessas. Um ano extremamente difícil de descrever, o qual seu fim tem sido muito desejado. Claro que algumas pessoas ainda tentam se manter esperançosas, cheias de planos para 2021. Mas para a grande maioria, a atmosfera de esperança e sonhos vem adquirindo um aspecto mais pessimista. Querem apenas o término de 2020. Querem deletar da memória todo um ano, mesmo que isso seja impossível de ser feito.  

Mas é muito radical dizer que é um ano perdido, um ano que deve ser cancelado ou que não deveria ter existido. Tivemos, sim, atrasos e retrocessos. Muitos projetos ficaram estacionados. Mas 2020 também nos apresentou transformações e adaptações em todos os campos da vida. O que vamos fazer com as lições que aprendemos de forma tão inusitada? Apagamos e fingimos nunca ter ocorrido? Não podemos negar que foi um ano de grandes aprendizados. Aprendemos a incluir em nossos dias um novo modo de viver. Apesar das graves consequências sociais e emocionais da pandemia, estamos vivenciando gestos mais solidários. Pessoas que antes não olhavam para o lado, resolveram se mexer e ajudar, de alguma maneira, seu próximo. O caos mostrou um novo jeito de viver que, através das redes sociais e do online, nos aproximou mais das pessoas que amamos e que, por vezes estávamos distantes. Idosos estão mais inclusivos nas tecnologias e o contato foi facilitado por um mundo virtual que tomou novas proporções. Artistas se reinventaram para levar sua arte para a população, assim como médicos e profissionais de saúde mental também aderiram à telemedicina, proporcionando mais conforto e segurança aos seus pacientes. A colaboração com o próximo nunca foi tão intensificada.  Exemplos empáticos se espalham pelo mundo. Ações louváveis - afinal, cuidar é um ato glorioso que tende a tornar o mundo muito melhor.

A mudança na relação de higiene e cuidado, para se evitar doenças e promover uma melhor qualidade de vida, também se destaca dentro das novas rotinas. Portanto, um dos pontos fortes foram as soluções encontradas para suportar o isolamento social e estimulando a criatividade, o que demonstra que podemos adaptar a nossa capacidade de enfrentamento conforme o desafio proposto. Percebemos, a duras penas, que o decreto das prioridades e o modo operandis da comunicação global sofreram alterações drásticas, porém, ao mesmo tempo, muito favoráveis. Estamos aprendendo a planejar horários e a descontruir a necessidade de aceleração com os quais os conceitos de autodisciplina e autocontrole estão sendo melhor canalizados. Parâmetros de uma nova realidade trazida pela pandemia.

Nossa capacidade em ser resiliente está sendo colocada à prova a todo momento. Estamos sendo desafiados a fortalecer nossa percepção de mundo para que assim possamos lidar melhor com o invisível e com nós mesmos, visto que tudo aquilo que foge ao nosso controle certamente poderá desencadear inseguranças, além de transtornos, neuroses psíquicas e desajustes em nosso organismo. Mas constatamos, da pior maneira, que não temos o controle sobre nada. Descobrimos um novo universo que exige do indivíduo muito mais sanidade e equilíbrio, sem fugir da realidade, conciliando mundo interno com mundo externo de forma saudável. 

Em nossas reflexões do fim do ano de 2020, é muito importante levar esses pontos em consideração. Olhados por outro viés, muitos hábitos adquiridos em tempos de Covid-19 trouxeram a consciência do senso de urgência, o decreto das prioridades e a potencialização do senso de coletividade como estratégias de contribuição para a evolução humana. Tempos difíceis que contribuíram também para a aceitação e o reconhecimento dos nossos próprios limites, fortalecendo, assim, as relações interpessoais e trazendo ao consciente as aplicações do senso de pertencimento, da comunicação e da união - excelentes aliados na proteção de nossa sobrevivência física e mental. 

Portanto, 2020 não pode ser um ano perdido. Não vamos cancelar 2020. Não podemos negar que 2020 mostrou-nos um mundo diferente. Estamos num momento histórico, desafiador, inimaginável e, portanto, inesquecível, que marcará para sempre a todos que por ele passaram. É fato que o ser humano se transformou - se não todos, a sua grande maioria. A percepção de ruptura tem promovido a valorização dos detalhes e a busca por escolhas mais conscientes. Podemos administrar melhor essa sensação de impotência, que faz parte da condição humana, e fortalecer nossas esperanças em relação ao amanhã. Que possamos juntar todos os aprendizados dos últimos meses e transformar em lições, entendendo que apesar de tudo, podemos gerenciar nossas emoções e promover o nosso bem-estar - levando para o próximo ano as mudanças de hábitos e os novos posicionamentos que têm nos feito ser mais fortes, mais empáticos, mais cooperativos e menos imediatistas. Que possamos, assim, valorizar mais os pequenos detalhes, os afetos e, dentro da evolução humana, acrescentar ingredientes apimentados de harmonia, leveza e, principalmente, responsabilidades.  Assim sendo, resgataremos a esperança da chegada de um novo ano cheio de oportunidades e conquistas - com a chancela da plena certeza do nosso papel e de nossos valores.

 

 


Dra. Andréa Ladislau * Doutora em Psicanálise * Membro da Academia Fluminense de Letras - cadeira de numero 15 de Ciências Sociais * Administradora Hospitalar e Gestão em Saúde * Pós Graduada em Psicopedagogia e Inclusão Social * Professora na Graduação em Psicanálise * Embaixadora e Diplomata In The World Academy of Human Sciences US Ambassador In Niterói * Membro do Conselho de Comissão de Ética e AcompanhamentoProfissional do Instituto Miesperanza * Professora Associada no Instituto Universitário de Pesquisa em Psicanálise da Universidade Católica de Sanctae Mariae do Congo. * Professora Associada do Departamento de Psicanálise du Saint Peter and Saint Paul Lutheran Institute au Canada, situado em souhaites.


Não consegue ter relacionamentos amorosos? Psicóloga Amanda Fitas explica que isso pode estar ligado a autoestima

A profissional também dá dicas de como transformar aquele rolo em um grande amor_

 

São diversos os motivos que levam uma pessoa a ficar solteira. Por exemplo, pode ser porque ela não encontrou alguém especial, ou esteja curtindo o momento sozinhas. Alguns nem se afetam com isso, enquanto, para outros, esse cenário pode ser uma verdadeira frustração. Em muitos casos, as pessoas acabam por não querer relacionar-se com ninguém e os encontros acabam se resumindo a dates casuais. 

"Relacionamento amoroso é um desafio, ele exige muito da pessoa, podem até ter brigas e conflitos, que geram cargas emocionais pesadas. Muitas pessoas preferem ficar em uma vida mais confortável e acreditam que se não se submeterem a uma relação, serão mais felizes. A felicidade pode vir de um prazer de curto prazo ou trabalho, como conquistar uma carreira e dinheiro”, explica a psicóloga Amanda Fitas. 

A profissional destaca que esse medo de encarar uma relação amoroso pode estar ligado a autoestima, embora esse não seja um fator determinante. 

“Muitas vezes essa pessoa não acredita que vá manter uma relação, nem desenvolver habilidades. Ela não vê a relação como duradoura, que dará certo. Ela já parte do princípio que não vai dar ou que ela não é boa o suficiente para aquela pessoa, então isso pode influenciar. Mas isso não significa que todas as pessoas com autoestima não irão se envolver, porque a maioria arrisca. Não é determinante, mas a autoestima influencia”, pondera. 

É extremamente comum que a insegurança ligada a autoestima venha de um relacionamento antigos – e nem sempre amorosos. 

“Com muito autoconhecimento. A pessoa precisa olhar para suas fragilidades, sentimentos, feridas e desenvolver aquilo que dói. É necessário enfrentar o desconhecido, principalmente se a pessoa tem vontade de ter algo e reluta porque é uma eterna frustração interna, mas se ela se conhecer, descobrir como trabalhar naquilo que é dolorido, ela pode abandonar isso”, argumenta. 

Além das inseguranças pessoais, sempre existe aquele medo de estar numa página diferente da do parceiro. E se o outro estiver só interessado em sexo? 

“Nem sempre é tão claro saber se uma pessoa só quer se envolver sexualmente. É preciso ficar atento aos sinais – se a pessoa não desenrola muito assunto, sem curiosidade sobre a vida, sem planos, é provável que a situação seja mais sexualizada. Se uma pessoa quer um envolvimento mais sério, mas a outra pessoa só a procura ao longo do tempo com essa finalidade, não é um bom sinal. Não que isso seja uma regra, não podemos rotular o comportamento das pessoas, mas existem sinais que precisam ser analisados e esses são alguns que eu poderia citar”, pontua.  

Amanda também dá dicas de como transformar aquele rolo em um grande amor, algo sério e duradouro.  

“A pessoa tem que enxergar que você ao lado dela é algo que suplementa. Ela precisa enxergar que você ao lado dela será melhor do que ela individualmente. Quando conseguimos comunicar para outras pessoas que, de fato podemos agregar em algo com a nossa personalidade, habilidades, temos muito a oferecer”, disse.  

A profissional enfatiza que isso não significa que você tem que se doar para outra pessoa, nem é preciso se desesperar, fazer de tudo, sufocar o outro, pelo contrário.  

“Se a pessoa consegue comunicar um valor e ao mesmo tempo essa disponibilidade de entrega, de tornar a vida do outro melhor, tem grandes chances de fazer com que a outra pessoa realmente queira transformar isso em algo sério. Mas tudo são possibilidades. Existem pessoas que mesmo você sendo muito maravilhoso, não vão querer ficar do seu lado. Por isso é sempre bom o autoconhecimento, para não sufocar o outro e se perder”, acrescenta.


"A velhofobia se tornou uma realidade cruel ainda maior nesta pandemia", diz pesquisadora

O idoso ficou mais vulnerável psicológica e socialmente durante a pandemia. Por ser do grupo de risco, essa parte da população sofreu forte impacto na saúde mental ao se ver mais sozinha e sem interação social ou contato com parentes e amigos. Mas, segundo a antropóloga Mirian Goldenberg, uma parcela dessa população está buscando e encontrando formas criativas de se adaptar à nova realidade. 


"Tenho acompanhado diariamente cerca de 20 nonagenários que tiveram muita dificuldade no início da pandemia. Agora, estão buscando formas criativas de se adaptar à nova realidade. Eles se sentem úteis, importantes e fazendo algo de significativo, mesmo dentro de suas casas", comenta.

Apesar desse cenário, a pesquisadora afirma que a grande maioria dos idosos está sofrendo violência física, verbal, psicológica, abuso financeiro e xingamentos durante a quarentena.

"A velhofobia se tornou uma realidade cruel ainda maior nesta pandemia", afirma.

Doutora em Antropologia Social, Mirian Goldenberg fará na próxima quinta, dia 22, a partir das 19h, a palestra online da Casa do Saber Rio "A invenção de uma bela velhice: projetos de vida e busca de significado". Aqui, ela analisa o tema. Confira: 



Quando se fica velho?

Culturalmente, ficamos velhos muito cedo no Brasil, principalmente as mulheres. Com 30 anos, minhas pesquisadas já estão em pânico com as rugas, cabelos brancos, dificuldade para emagrecer. Começam a ter medo de não casarem e não terem filhos. Subjetivamente, envelhecemos muito cedo aqui porque existe uma velhofobia no Brasil: preconceitos e violências contra os mais velhos, dentro e fora de nossas casas. Ficamos velhos aqui porque o pânico de envelhecer é enorme. Em outras culturas não é assim. 



É mais fácil envelhecer hoje que no tempo dos nossos avós? O que mudou?

É um paradoxo: é mais fácil e mais difícil. Mais fácil porque temos exemplos de muitos homens e mulheres que têm mais de 90 e são produtivos, ativos, independentes. Mais difícil porque a cultura da juventude, da beleza e do corpo perfeito, é cada vez mais disseminada no país. 



É possível a eterna juventude, não na questão física, mas do ponto de vista emocional?

Não acredito que ser jovem é melhor do que ser velho, pois como digo em todos os meus cursos, palestras e textos: todos nós somos velhos, hoje ou amanhã. Falar de ser eternamente jovem é alimentar a ideia de que a juventude é melhor do que a velhice, mais bela, mais produtiva, mais rica. Acho exatamente o contrário: só acreditando que todos são velhos, inclusive os jovens, iremos mudar a nossa representação sobre a velhice. Então, em vez de eterna juventude, não seria melhor falar de eterna velhice? 



Em tempos de pandemia, em que os idosos, por serem grupo de risco, precisam ficar em casa, com pouco contato com o mundo externo, envelhecer está mais difícil?

Tenho acompanhado diariamente cerca de 20 nonagenários, que tiveram muita dificuldade no início da pandemia. Agora, estão buscando formas criativas de se adaptar à nova realidade. Juntos, estamos fazendo uma série de atividades: grupo de estudos sobre "Os Lusíadas" de Camões, jogos de palavras, lives, tocando piano, leitura de autores como Clarice Lispector e Fernando Pessoa, por exemplo. Eles se sentem úteis, importantes e fazendo algo de significativo, mesmo dentro de suas casas. Mas a grande maioria dos velhos está sofrendo violência física, verbal, psicológica, abuso financeiro, xingamentos. A velhofobia se tornou uma realidade cruel ainda maior nesta pandemia. 



Como cuidar da saúde mental dos mais velhos para não surtarem durante o isolamento social e continuarem se reinventando?

Escutando, conversando, estando junto deles - mesmo que não fisicamente -, compartilhando atividades, respeitando seus desejos e limites. É o que tenho feito 24 horas do meu dia, desde 15 de março. Nunca estive tão próxima deles, nunca senti e recebi tanto amor como agora. 



Como as mulheres têm encarado o envelhecimento nos dias de hoje? A sociedade ainda impõe a elas uma cobrança maior que aos homens?

Em todos os países em que estive, são as mulheres as maiores responsáveis por cuidar de todos na família, da casa, no trabalho, dos amigos. As mulheres cuidam de todos, mas não têm tempo para cuidar delas mesmas. Elas se sentem exaustas, deprimidas, insatisfeitas, frustradas por não terem tempo para elas. O fato de cuidarem de todos e não terem tempo para elas faz com que se sintam invisíveis, transparentes, sem o reconhecimento que elas tanto desejam. Elas dedicam todo o tempo para cuidar dos outros e não recebem o menor reconhecimento ou agradecimento por isso. É como se fosse apenas uma obrigação que elas devem cumprir por serem mulheres. Elas não cuidam de si mesmas, não têm tempo para si, não têm liberdade para serem elas mesmas. Liberdade social e liberdade interior. As mulheres são cobradas para terem uma vida muito mais controlada sexualmente, amorosamente, profissionalmente e em todas as áreas da vida. Por isso elas invejam tanto a liberdade dos homens. Elas querem ser mais livres em todos os sentidos, inclusive livres para poderem realizar todo o seu potencial amoroso, sexual, criativo, produtivo. As mulheres não são livres para serem elas mesmas. 



O que é velhofobia? Acha que ela aumentou em tempos de pandemia?

A calamidade que estamos enfrentando evidenciou a face mais perversa de alguns políticos e empresários: a velhofobia. Estamos assistindo horrorizados a discursos sórdidos, recheados de estigmas, preconceitos e violências contra os mais velhos. "Vamos todos nos contaminar para criar imunidade e esta epidemia acabar logo. Só irão morrer alguns velhinhos doentes". "Deixem os jovens trabalharem. Não vamos parar a economia para salvar a vida de velhinhos". "Só velhinhos irão morrer, eles iriam morrer mesmo, mais cedo ou mais tarde".

Esse tipo de discurso revela uma situação dramática que já existia antes da pandemia. Os velhos são considerados inúteis, desnecessários e invisíveis. Homens e mulheres mais velhos, que já experimentam uma espécie de morte simbólica, ficam desesperados ao constatar que são considerados um peso para a sociedade. No entanto, a forte reação contra esses sociopatas prova que os mais velhos são muito valiosos e importantes para os brasileiros. Faremos tudo o que for necessário para demonstrar que os nossos velhos não são um peso, muito pelo contrário. São eles que estão nos ajudando a encontrar força e coragem para sobreviver física e mentalmente. São eles que estão nos ensinando a ser pessoas mais amorosas e generosas. São eles que estão cuidando de nós, como fizeram durante toda a vida.

Muitos dos que disseminam o discurso de ódio e de extermínio dos mais velhos já passaram dos 60 anos. É urgente que eles aprendam uma lição importante: a única categoria social que une todo mundo é o ser velho. A criança e o jovem de hoje serão os velhos de amanhã. Os velhofóbicos estão construindo o seu próprio destino como velhos, e também o destino dos seus filhos e netos: os velhos de amanhã. Será que estes genocidas serão tão amados e protegidos como são os nossos velhos ou serão tratados como "velhinhos descartáveis"?


Meu filho não tem limites e na quarentena piorou. O que faço?

Por que é tão difícil a tarefa de dar limites aos filhos? Como resolver essa situação? Educar os filhos tem sido uma tarefa cada vez mais árdua. Pais e mães se perguntam: como podemos ser pais melhores? Sem saber como agir, se angustiam e vão cedendo na tentativa de fazer o melhor. Em tempos de pandemia, o estresse ficou mais intenso.

Quem de vocês vive com os filhos, quer pequenos, quer adolescentes com uma crise de autoridade, uma verdadeira inversão de papéis? Quem nunca viveu dificuldades relacionais com eles? Quem não sentiu culpas por que trabalha muito e deixa de estar com eles, por que viaja a trabalho, por que está cansado e fica pouco disponível para o relacionamento? Quem não foi liberando, facilitando, deixando para lá coisas ou circunstâncias e o filho foi “entendendo”, absorvendo, que a vida é fácil e, assim, foi sendo atendido e ficando sem limites.

Eu sei onde dói na vida de vocês, circunstâncias como essas. É como se tivessem perdido a autoridade de ser pai, de ser mãe.

Trabalhamos numa velocidade que (quase) impede a reflexão sobre o significado de nossa vida. Dormimos cada vez mais tarde e acordamos cada vez mais cedo. Estamos sempre muito ocupados, temos pouco tempo disponível para os filhos e, esperamos, simplesmente, que se comportem bem. Isso é enlouquecedor.

Alguns pais quase só dizem sim, porque temem que os filhos os considerem chatos e por não suportarem serem “odiados” ainda que momentaneamente, porque tem de  “aparecer na fita” como pais bacanas, afinados com o que eles querem, agradam-os incondicionalmente para ganhá-los e não o inverso, como no passado.

Também causa mal estar viver situações como: desespero por não ser mais a autoridade na dinâmica familiar, pelos conflitos que ocorrem com o marido ou esposa quanto à divergências na educação deles e até sobre a interferência dos avós. Por fim e muito importante, vocês permitem que eles vivam frustrações? Permitem que fiquem tristes?

Voltando ao título expresso, “limites e limites na quarentena piorou”, precisaremos pensar a criança em dois momentos distintos, pois são olhares diferentes para entender a falta de limites deles e a sua dificuldade para colocar limites neles:

1.         Limites, sem quarentena

2.         Limites, na quarentena.

E por que há diferença nesses dois contextos? O que a criança nos comunica em termos de ter ou não ter limites, nesses dois tempos?

Entendendo o que é limite!

Quando pensamos em limites, logo vem à cabeça a imagem de algo que nos freia, que mostra que chegamos a um ponto e não devemos avançar. Não ter limites, refere-se a não atender as regras estabelecidas para a boa convivência.

É aquilo que nossos filhos vão desenvolver ao longo da vida para saber até onde podem ir ou podem fazer. Esse trabalho é feito pelos pais, porque somos nós que sabemos os limites dos filhos. Dizer “não” é essencial e não é traumático, ao contrário disso, faz bem porque é assim que se aprende as regras. Portanto, serve como um norte aos filhos, vida afora. Os limites começam a ser estabelecidos desde o nascimento, quando a mãe vai definindo a rotina. A criança que conhece limites se sente mais segura por ter no adulto o seu referencial para a vida e tudo começa em casa com a aprendizagem das tarefas (escovar os dentes, guardar os brinquedos, arrumar a mochila da escola, por exemplo).

Contudo, a criança vai lhe testar e poderão chegar a se confrontar. Como agir?

Ensine a criança que há consequências para as decisões que tomamos, boas ou ruins.  Muitas vezes, os próprios pais acabam perdendo a linha por não achar o equilíbrio. Às vezes, são permissivos ou extremamente rígidos, com medo de perder o controle dos filhos. Geralmente, pais mais autoritários enfrentam a revolta dos filhos e os permissivos acabam tendo de lidar com sintomas de ansiedade, porque sem limites a criança se sente perdida, angustiada e expressam pelo comportamento seu mal-estar.


1.         Ausência de limites, antes da quarentena

Em tempos de pandemia, torna-se diferente uma criança não ter limites daquela criança que não tem limites em qualquer outro tempo. Atualmente, o mundo vive uma crise relacional, crise de autoridade e aqui estamos falando sobre a crise na relação pais e filhos.


Limites e a vivência de frustrações

Quando a criança não pode realizar o seu desejo, tem de parar e viver o sentimento de frustração, porque o limite está estreitamente ligado a ter de passar pela frustração, pelo pare, não poder continuar atuando da maneira que deseja.

Mas, por que isso acontece? Qual é a causa dessa dificuldade? Seria a frouxidão dos vínculos? A correria? O cansaço? O estresse? A busca do ter, a necessidade de turbinar o curriculum, o culto ao corpo? Parece que quase tudo tem substituído o encontro, o afeto nas relações. São promessas, viagens mirabolantes, presentes espetaculosos e tudo vira uma vida de glamour. Atenção, precisa ter afeto, acolhimento, troca.

Frases como “não reprimam seu filho...seja amigo de seus filhos...liberdade sem medo”, passaram a ser praticadas de modo tão linear que pais e filhos passaram a ter os mesmos direitos. Como assim? Autoridade é necessária, autoritarismo não*.

* Autoridade: quando os pais ouvem, dialogam, combinam o que vão fazer. O posicionamento dos pais se efetiva pela coerência de suas palavras e ações. É primordial que os filhos reconheçam a autoridade dos pais para a própria formação.

* Autoritarismo: quando os pais têm a palavra onipotente, intransigente, apenas ele sabe e não importa o saber dos outros. No passado, a relação pais-filhos era baseada na posição autoritária. Hoje a proximidade é muito maior e os laços de amizade são construídos desde o nascimento da criança.

Observamos, hoje, a falência da autoridade dos pais em casa, do professor em sala de aula, do orientador na escola. A tarefa de educar os filhos em primeiro lugar é da família, depois é da escola. Se a família não cumpre a parte dela, a escola, tão somente, não dará conta.

Para colocarmos limites será preciso termos limites. Se ficamos frouxos para assumirmos essa importante ação, os filhos vão ocupando o lugar do pai\mãe, o seu lugar na dinâmica da casa, pois de fato você está se retirando do seu lugar de importância e está mandando a mensagem de que ele pode ser aquele que determina a dinâmica doméstica.

Embora reclamem, as crianças dependem do controle dos adultos. Quando não tem esse controle, sentem-se poderosas e, ao mesmo tempo, perdidas. Lhes faltam referenciais, parâmetros. Hoje, há muitos pais com medo dos próprios filhos.

Os papéis se inverteram e se instalou a crise de autoridade. Acontece que muitos pais foram dizendo sim para quase tudo e, consequentemente, foram ficando frouxos, frágeis e quando diante da necessidade de dizer não, dizem sim.

Em minha prática clínica como psicóloga, tenho visto o esforço que uma grande parte de pais e mães faz para serem os "melhores amigos" de seus filhos, dando-lhes de tudo.  Por que isso tem acontecido? No passado, o autoritarismo deixou os filhos com medo dos pais e, no presente, os pais por se mostrarem frágeis, são percebidos pelos filhos com menosprezo por vê-los perdidos, como eles. Pais que agem dessa maneira é porque não têm os próprios limites, estabelecidos.

A educação tolerante demais traz consequências. Os filhos precisam sentir que os pais são seus pontos de referência, seus modelos para a formação de identidade.


2.         Ausência de limites no período da quarentena

Em tempos de pandemia, pais e filhos estão confinados, portanto, estão muito juntos. Mas, tudo o que antes da pandemia desejava-se tanto (ficar mais com os filhos), na quarentena tornou-se um problema, porque a falta de limites\regras das crianças apareceu muito mais.

Antes da pandemia, na correria do dia a dia, a falta de limites era tamponada por compensações (presentes, viagens, permissões, concessões), agora ficou exposta a tal ponto que os pais estão exauridos, surtados, descabelados porque lidar com todas as imposições que a pandemia traz não está fácil (espaços para o home office do marido, da esposa, das aulas virtuais de cada filho, tarefas domésticas, lições, perdas de vidas e financeiras, por exemplo). A nova rotina ou ainda, na confusão de uma nova rotina, o estresse gerado está no topo. E com filhos sem limites, tudo só piora.

Se a comunicação com os filhos, estiver ruidosa, ou seja, se entre você e seus filhos, as regras não são claras, coerentes e justas, o caos se faz. Imaginem a cena: todos em casa, rotina estabelecida (ou não) e cumprida (ou não). Observa-se momentos tensos, nervosos, queixas múltiplas. Aí, você se dá conta que algo está errado. Pode ser a comunicação entre vocês, cheia de falhas. Estabeleça regras, critérios, horários, dê limites. A tendência é se tornar em ambiente harmônico, todos pelos mesmos propósitos ou quase isso.

Em tempos de pandemia, haja vivências de frustrações para todos, adultos e crianças. Festas\casamentos, viagens, planos adiados ou desistidos, liberdade impedida, entre outros. Um mar de incertezas e, nesse contexto, todos ficam sob domínio da angústia e a criança, por não saber expressar em palavras seus temores, o fazem através do corpo. Se mostram agitadas, desobedientes, com hábitos de sono e alimentares alterados, choro fácil, intolerante, agressiva ou arredia, dentre outros. Se elas não aprenderem a ter limites, agora está muito pior.


Pensando nos motivos

A criança perdeu, ainda que temporariamente, muitas coisas e está mais assustada que os adultos, por não entenderem tão claramente e por assistir, diariamente, as reações dos pais que podem estar sob forte impacto de estresse\pânico. Os filhos também estão estressados por toda essa atmosfera de preocupações (perdas de liberdade, de visitar ou receber os amigos, distanciamento dos avós, professores, passeios, por exemplo). Enfim, as crianças ficaram estressadas, assustadas pelo o que pode estar acontecendo de tão grave (na TV, cenas de caixões funerários em profusão). Como assim? Os adultos também fazem isso o tempo todo, sem perceber. Como? Com o chefe, com os próprios pais, com os amigos, no casamento. Ficam procurando culpados (na China, na política, no vizinho...).

A criança projeta a raiva por tudo isso, incertezas\angústias\inseguranças nos pais e, por não conseguir revolver essa “batata quente” sozinha, repassa para o corpo através de comportamentos, como: agitação, agressividade, ansiedade.

Contudo, os limites foram impostos, mundialmente. As frustrações foram aumentadas e algumas crianças, por serem (quase) sempre muito atendidas, nem sabiam que limites existem. Imaginem comer muito, mais do que o sistema digestivo dá conta. Então, você fica atolado de alimentos e passa mal. Algo parecido está acontecendo com as crianças, que estão passando mal com tanta angústia. Elas estão agitadas e agita a todos, por não conseguirem entender os sentimentos delas. “Ué, agora não pode mais? Como assim? E essa “batata quente” (isolamento, afastamento, quarentena), como eu faço?”

Nessa linha, os comportamentos externalizados por elas através do corpo deverão ser entendidos para serem atendidos como manifestação de angústia que precisam digerir. Assim, vão entrando em contato com limites que jamais tiveram.

Desse modo, sugiro aos pais que, além de colocar limites, as ajude a digerir a ‘batata quente”. Será preciso traduzir, decodificar a comunicação que ela está fazendo e transformar em algo que seja alcançável, palatável para ela. Como? Acolhendo, ouvindo-a, respeitando esse momento que ele não sabe dominar (“Vamos passar por isso juntos...imagino que está doendo muito em você ficar longe da vovó, do vovô, dos seus amigos, de sua professora...estamos vivendo tudo isso juntos...eu estou com você...”). Assim, o descontrole, tédio, dificuldades de aprendizagem, comportamentos agressivos, birra, tenderão a se acalmar porque a criança foi respeitada em seus sentimentos. Ela pediu ajuda e você compreendeu e parou para ajudá-la. Fácil? Não, não é fácil, pois os pais precisam estar sob equilíbrio emocional. Podem pedir ajuda a um psicólogo, que auxiliará nesse “caminho das pedras”.

Pais, diga-lhe: “sei que as aulas virtuais estão mais difíceis para você e, provavelmente, para seus amigos mais do que as aulas na escola. Estamos vivendo um momento novo e complexo e juntos estamos passando por ele...”. Lhe dê todas as explicações para ele se acalmar e assim, você, também se acalmará.

Não é simples e não é rápido, mas trará muita eficiência à comunicação na relação pais e filhos e lhes aproximará, sendo a colocação de limites primordial.

Em minha prática clínica como psicóloga, tenho visto o esforço que uma grande parte de pais e mães faz para serem os "melhores amigos" de seus filhos, dando-lhes de tudo.  Por que isso tem acontecido? No passado, o autoritarismo deixou os filhos com medo dos pais e, no presente, os pais, por se mostrarem frágeis, são percebidos pelos filhos com menosprezo por vê-los perdidos, como eles. “Filho, não faça isso... olha, se você fizer, vou ficar triste... eu já avisei, hein, vou ficar triste, não faça isso...”. Nessa linha, ficam todos débeis, pois é um discurso de quem está frágil, de quem está pedindo clemência ao filho para ser respeitado, atendido.

Certa vez, recebi, em meu consultório, um casal que disse: “Ah doutora, já tentamos de tudo, só falta falar com um pai de santo... nossa filha não nos atende mesmo... ela quer receber tudo pronto, não adianta, tem de ser do jeito dela. A pirralha manda na gente” (SIC).

Esses são conteúdos que os casais trazem para os consultórios de Psicologia e até para as escolas. São discursos da desesperança de pais desadaptados a seus papéis. Na tentativa de serem reconhecidos positivamente pelos filhos o tempo todo, fazem de tudo para a criança, perdendo-se na colocação dos limites. Assim, não sancionam as próprias regras. E o que resta? Arbitrariedade!

Outro casal diz: “Meu filho não faz nada sozinho, chora se não lhe damos tudo pronto”. Então, pergunto: Como vocês respondem às “exigências” dele?

Assim, ele está aprendendo o que estão lhe ensinando, como se fosse um reizinho cheio de súditos a lhe servir. Logo, para que fazer esforço? Já pensaram em lhe dar a oportunidade de fazer algo por si mesmo? Será preciso autorizá-lo a fazer algo sozinho, mesmo que fique mal executado para os critérios do adulto, incialmente.

Todas essas são manifestações de pais inseguros, que sentem temor de ver seus filhos crescerem, já que eles próprios não conseguem ficar “sem eles”. Alguns pais, por não terem podido viver os períodos da infância e/ou da adolescência de modo satisfatório, adaptado, interessante, projetam nos filhos suas inseguranças, suas frustrações pelo que não puderam viver, por algum motivo. Assim, tendem a se perder na função de ajudá-los rumo ao crescimento emocional, pelo temor de ficarem sozinhos, de não suportarem ver no filho o que eles próprios não conseguiram realizar. Então, é como se transmitissem a mensagem “não cresçam” ou “não suportaria...”. 

E mais, “Meu filho não mente”. Ahn? Você é quem está mentindo para si mesmo. Mentir é uma defesa para modificar a realidade objetiva, de acordo com o desejo de cada um. Claro que seu filho mente, pode ser uma mentira importante ou algo menor, mas mente e quanto a lição de casa? É compromisso da criança, não relativize a falta de compromisso dos filhos. Você como pai tem o compromisso de trazê-lo à escola no horário estabelecido, não atrasado; diga-lhe que tem de pagar a escola para que ele possa frequentá-la, a escola tem de ser competente para que ele aprenda e qual é o papel dele? É comparecer, não faltar, não se atrasar e se seguir as regras do ambiente escolar para receber o conhecimento proposto.

Enfim, os limites provocam em nós a revisão dos próprios limites. Para dar limites é preciso ter limites.


Tem solução?

Se os pais passarem a flexibilizar muito, os filhos se perdem. A criança não deve ter tudo o que quiser, pois quando crescer acreditará que o mundo lhe dará tudo o que deseja. Assim, não conseguirá suportar a frustração pelo NÃO ouvido por não ter sido o candidato selecionado para a vaga de emprego, por não ter sido o(a) escolhido(a) pela garota(o) que lhe interessa ou, simplesmente, por ter perdido a vaga no estacionamento. Enfim, pela contrariedade vivida, pela frustração não tolerada.

Esse cenário poderá ser evitado, se os pais atuarem como modelos pertinentes, coerentes do discurso às ações. Assim, evitaremos que os jovens se afoguem nas drogas, no roubo, no sexo irresponsável, numa sociedade que parece ir sem destino, “sem lenço e sem documento” (Veloso, 1967).

Então, experimente seguir esses quatro pilares:

1º) reveja os seus limites;

2º) dê limites (para dar limites é preciso ter limites);

3º) permita vivências frustrantes (para se fortalecer e enfrentar os desdobramentos...).

4º) seja exemplo.

 

... e tenha ações práticas:

  • crie normas coerentes de disciplina; estabeleça normas claras;
  • aplique as consequências imediatamente;
  • explique com clareza/aja com firmeza;
  • incentive a independência da criança, estimulando atividades autônomas;
  • participe da vida escolar dela (respeito: horários, lição de casa, regras...);
  • alerte-o sobre a possibilidade das drogas;
  • tranquilize-o quanto a dizer não;
  • reforce os valores éticos;
  • dê-lhe amor/afeto/segurança/ambiente familiar saudável;

 

A educação tolerante demais traz consequências. Os filhos precisam sentir que os pais são seus pontos de referência, seus modelos para a formação de identidade.

Estudos mostram que o narcisismo dos jovens norte-americanos cresceu nos últimos 15 anos e que os Estados Unidos podem passar por problemas sociais, quando estes jovens chegarem à idade adulta e assumirem cargos de poder. O estudo detectou traços de "autorrespeito exagerado" e de um "infundado senso de merecimento".  São os jovens da "Geração N", aqueles que não têm noção de limite, pois acham que são merecedores de tudo; não sabem se esforçar para conseguir algo, não sabem como agir em situações adversas e são criados por pais narcisistas que competem entre si e não respeitam limites. Sob essa ótica, só podemos esperar a ocorrência de situações impactantes, haja vista os atentados recorrentes à escolas nos Estados Unidos.

Pais, permitam que as crianças vivam as próprias experiências, que busquem outros vínculos, promovendo o desenvolvimento. Se os pais os ajudarem nessa tarefa, no crescimento, provavelmente o filho formará os próprios critérios a partir dos já vividos com os pais. Nessa convivência, pais e filhos vão errando, acertando, aprendendo de modo a poder crescer ou perpetuar as dificuldades que os enfrentamentos mobilizam.

Limites possibilitam a convivência com o outro. Não os ter, não significa ser livre. Enfim, os limites provocam a revisão dos próprios limites, pois para dar limites é preciso ter limites.

 


Profa. Dra. Joana d´Arc Sakai - psicóloga clínica e escolar. Especialista em Psicanálise de Crianças e Adolescentes,  mestra e doutora em Psicologia Escolar e do Desenvolvimento Humano pela Universidade de São Paulo (USP) e atua na área educacional em instituições de ensino em assessoria educacional. É ex-supervisora de estágios clínicos em Psicoterapia Psicanalítica e ex-docente titular nas Faculdades de Psicologia e Medicina da Universidade de Santo Amaro; professora convidada para cursos de pós-graduação. Atende, em consultório próprio, crianças, adolescentes, adultos e supervisão clínica para estudantes e profissionais da área. Ministra palestras sobre temas pertinentes às áreas de Educação e Psicologia e corporativos, sobretudo os dirigidos à mulher. Ministra cursos in company (Escola de Pais), além de ser escritora e psicopedagoga.


Sono desregulado prejudica aprendizagem, alertam neurocientistas

Isolamento social mudou o padrão de sono dos estudante; saiba como isso interfere nos estudos

 

Uma pesquisa publicada recentemente pelo Journal of Child Psychology and Psychiatry aponta que 70% das crianças e adolescentes com menos de 16 anos estão indo para a cama mais tarde desde que a pandemia do novo coronavírus começou. As consequências da perda do padrão de sono podem ser muito graves para a capacidade de aprendizagem nessas faixas etárias, segundo especialistas.

Adriessa Santos, coordenadora da pós-graduação em Neurociência do Instituto Singularidades e especialista em Neurociência e Educação, explica que o processo de aprender uma nova habilidade ou conteúdo precisa das horas de sono para se fortalecer. Quando uma pessoa está aprendendo algo novo, o cérebro começa a realizar conexões para absorver e gravar os conteúdos com que seus cinco sentidos entram em contato. Essas conexões são chamadas de sinapses. De acordo com a especialista, depois que as sinapses são feitas é preciso garantir que elas sejam fortalecidas de modo a fixar aquele novo aprendizado. E o sono é um ingrediente indispensável para isso.

Para Michele Muller, pesquisadora, escritora, especialista em neurociência clínica e neuropsicologia educacional e mestre em Ciências da Educação, "a sociedade subestima um pouco essa questão. As aulas começam cedo demais ou os pais não levam muito a sério o horário de ir para a cama, por exemplo. A criança, enquanto dorme, acaba ensaiando aquilo que aprendeu durante o dia. Então, tanto para a saúde física quanto para a saúde mental e para a aprendizagem, o sono é uma questão que precisa ser levada muito a sério", alerta. Adriessa concorda. "Não aprendemos dormindo, mas sem dormir  não aprendemos. O dormir é um pilar fundamental na consolidação da aprendizagem", diz.

Isso porque, da mesma forma que as sinapses podem ser fortalecidas, também podem ser enfraquecidas. Assim, garantir que o cérebro tenha as horas necessárias de sono para que os conteúdos aprendidos se tornem mais fortes é também uma forma de ajudá-lo a aprender. Outra boa estratégia, orientam as especialistas, é insistir algumas vezes nos conteúdos abordados com os alunos. Isso pode ser feito, por exemplo, iniciando as aulas seguintes revisitando os conceitos e oferecendo novas formas de o aluno ter contato com os mesmos assuntos.

As conexões - ou sinapses - são diferentes para cada pessoa. De acordo com os princípios da neurociência, as inúmeras conexões feitas pelo cérebro durante o processo de aprendizagem podem ser determinantes para que alguém tenha maior ou menor facilidade para aprender.

Michele opina que tratar a educação sob a perspectiva da neurociência pode contribuir para que os alunos aprendam mais e melhor. "Durante muito tempo, focamos a educação no conteúdo, no que a criança tem que aprender", afirma, ressaltando que, hoje, sabe-se que o mais importante é focar na maneira como a criança aprende. "Muitas vezes, o conteúdo não é dado de uma forma que faça sentido para quem está aprendendo. Então, a neurociência nos ensina a dar sentido ao conteúdo para quem está aprendendo".

Isso significa repensar a forma de ensinar, fazendo com que os conteúdos sejam mais interessantes para as crianças e adolescentes. Michele explica que uma boa estratégia para isso é despertar a curiosidade dos alunos. "As crianças vão se engajar na aprendizagem se elas estiverem interessadas no assunto - e os interesses variam de acordo com cada um. A curiosidade é super necessária para a retenção da informação porque, quando a gente está em um estado curioso, uma série de neurotransmissores entra em ação para que a atenção fique focada e o conhecimento fique retido", sintetiza.

Como destaca Adriessa, a capacidade de fazer e desfazer conexões - chamada de neuroplasticidade - é sempre única. "Gêmeos idênticos, por exemplo, têm o mesmo material genético e, se expostos à mesma aprendizagem, as conexões que eles formam serão diferentes". Assim, segundo ela, pode-se concluir que todas as pessoas têm formas únicas de aprender. Então, a aprendizagem personalizada não tem fórmulas prontas, receitas que podem ser aplicadas a todos os alunos e que terão sempre os mesmos resultados.

Essas e outras observações de Michele e Adriessa sobre as contribuições da neurociência para o futuro da Educação estão disponível no 10º episódio do podcast PodAprender, cujo tema é “Como utilizar a neurociência a favor da educação“. O programa pode ser ouvido no site http://sistemaaprendebrasil.com.br/podaprender/, nas plataformas Spotify, Deezer, Apple Podcasts, Google Podcasts e nos principais agregadores de podcasts disponíveis.


Emoções negativas e suas consequências


Especialista comenta sobre a influência do pensamento negativo para a saúde e resultados insatisfatórios na vida

 

Já imaginou como os seus sentimentos influenciam diretamente suas ações e quais são seus resultados? No que eles impactam? As chamadas “emoções negativas” possuem papel fundamental na forma como cada indivíduo consegue lidar com o mundo. E o reflexo delas podem influenciar não só o presente, como o futuro, as relações e, até mesmo, aspectos sobre a saúde física e mental do corpo.


Cida Montijo, escritora e especialista em terapia integrativas, esclarece que toda essa conexão acontece porque as emoções estão diretamente ligadas aos pensamentos, e muitos arquétipos, estão armazenados no subconsciente, que é basicamente, responsável por tudo que define cada ser humano. 

“Tudo o que projetamos externamente é apenas a ponta do iceberg em relação ao que está em nosso subconsciente, aos modelos que construímos e vamos carregando ao longo da vida. Portanto, o que é considerado pequeno, por exemplo, pode ser sinal de algo mais complexo está começando a surgir, porém sem ainda a devida consciência do fato. Ao final, vemos somente um resultado não tão favorável quanto gostaríamos e não temos claro como tudo ocorreu daquela maneira.” 

 

Consequências 


A vibração emocional negativa está atrelada ao nível de consciência da contração, segundo pesquisa do Dr. Hawkins, mais exatamente ao nível da consciência do medo - “Por ser algo ligado ao pensamento e assim às emoções, nosso corpo e nosso sistema imunológico, bem como nossas células, ressentem-se profundamente, manifestando-se através de doenças psicossomáticas. Deste modo, é comum que doenças surjam a partir do estresse ou da tristeza profunda”, destaca.

Exatamente por isso, as emoções negativas devem ser tratadas, quando se tornam conscientes, para evitar esse tipo de situação. “Para todos nós é normal sentir essas vibrações negativas, em algum momento, é claro. Porém, há maior risco quando essas emoções se tornam frequentes, pois elas desequilibram nossos chacras, que afetam nosso corpo, nossa mente, nossa alma. Portanto, é preciso sempre estar em busca de meios para evitá-las”, diz.

A melhor forma de fazer isso é incentivando exatamente o oposto: as boas vibrações. “É necessário se autoconhecer e descobrir tudo aquilo que te faz bem. Essas são ocasiões que nunca são demais e podem ajudar em todos os aspectos da vida. Busque formas de lazer, de relaxamento e saiba o momento de parar para recarregar suas energias”, acrescenta.

 

 

Fonte: Cida Montijo - escritora e consultora empresarial. Formada em Letras, atuou como professora de português e espanhol. É graduada em pedagogia empresarial pela PUC. Migrou para a área de consultoria empresarial e recursos humanos. Criou um programa de consultoria em gestão empresarial, com experiência dentro e fora do Brasil. É especialista terapias integrativas. Autora do livro “Emoções e suas frequências – Salto quântico para o equilíbrio”.


Sociedade igualitária começa na infância

 Pediatra alerta para a necessidade de dialogar sobre a diversidade com as crianças


A intolerância contra gênero, raça, religião e orientação sexual tem sido cada vez mais combatida e repelida pelas sociedades de todo o mundo. No entanto, ainda temos muito a trilhar para podermos ter uma sociedade mais igualitária para todos.

"E o que estamos fazendo para que nossos filhos cresçam em uma sociedade mais justa e igualitária?", essa é a pergunta do Dr. Paulo Telles, pediatra pela Sociedade Brasileira de Pediatria que lembra uma frase importante de Nelson Mandela: "ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor da sua pele, por sua origem ou religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender e, se podem aprender a odiar, podem ser ensinadas a amar".

Não existe receita pronta, quando se trata da criação de filhos, mas cabe aos pais conversar, discutir e até mudar sua postura para dar exemplos positivos aos pequenos. O primeiro passo, segundo o pediatra, está em reconhecer que existe o problema.

"Muitas vezes noto que o problema ainda não está escancarado. Ainda ouço que se trata de ‘mimimi’, quando, na verdade, estamos falando de um crime! Reconhecer a falha é essencial para que a sociedade se organize e tenha condições de achar soluções. Todos precisam deixar de lado os preconceitos para que possamos evoluir."

E o assunto não precisa ser abordado de forma sisuda. Mesmo nas mais tenras idades, as crianças são capazes de compreender e o pediatra sugere explicar conceitos de racismo, xingamento, injúria e estereótipos de forma lúdica. "Também temos que dar o exemplo e colocar os conceitos na primeira infância, no núcleo familiar e dentro das escolas", afirma.

Estamos inseridos em uma sociedade que se estruturou a partir de ideias preconceituosas, com atitudes de discriminação e relações que se estruturaram a partir da ideia de superioridade de um grupo sobre o outro. Mudar isso é essencial e começa com a convivência com a diversidade e isso também passa pelas histórias que contamos aos nossos filhos.

O médico também cita algumas maneiras preconizadas pela Unicef para contribuir para uma infância livre de discriminação:

1. Eduque as crianças para o respeito ao que é diferente. A diferença está nos tipos de brinquedos, nas línguas faladas, nos costumes entre amigos e pessoas de variadas culturas, raças e etnias e enriquecem nosso conhecimento.


2. Textos, histórias, olhares, piadas e expressões podem ser estigmatizantes com outras crianças, culturas e tradições. Indigne-se e esteja certo se isso acontecer!


3. Não classifique nunca o outro pela cor de pele -- o essencial você ainda não viu. Lembre-se de que racismo é crime.


4. Se seu filho foi discriminado, abrace-o, apoie-o. Mostre que a diferença entre as pessoas é legal e que cada um pode usufruir de seus direitos igualmente. Toda criança tem o direito de crescer sem ser discriminada.


5. Denuncie! A discriminação é uma violação de direitos.


6. Proporcione e estimule a convivência de crianças de diferentes raças e etnias nas brincadeiras, nas salas de aula em casa e em todos os lugares.


7. Valorize e incentive o comportamento respeitoso e sem preconceito.


8. As escolas são grandes espaços de aprendizagem. Em muitas, as crianças estão aprendendo sobre a história e a cultura dos povos indígenas e da população negra. Ajude a escola de seus filhos a adotar essa postura.


"Como pediatra, sigo esperançoso de que crianças bem orientadas e educadas conseguirão fazer esta diferença e mudar o final da história. Cabe a cada pai iniciar essa mudança dentro de sua casa para que tenhamos uma sociedade melhor para todos", conclui.

 


Dr. Paulo Nardy Telles - CRM 109556 @paulotelles • Formado pela Faculdade de medicina do ABC • Residência médica em pediatra e neonatologia pela Faculdade de medicina da USP • Preceptoria em Neonatologia pelo hospital Universitário da USP • Título de Especialista em Pediatria pela SBP • Título de Especialista em Neonatologia pela SBP • Atuou como Pediatra e Neonatologista no hospital israelita Albert Einstein 2008-2012 • 18 anos atuando em sua clínica particular de pediatria, puericultura.


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