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segunda-feira, 4 de maio de 2020

SBC Alerta: Fumantes infectados pelo novo coronavírus têm maior risco de complicações


Sociedade Brasileira de Cardiologia alerta que apesar de estudo francês sugerir o uso da nicotina para tratamento da COVID-19, é preciso entender que o tabagismo segue como grande inimigo da saúde populacional


Depois que pesquisadores franceses passaram a considerar o uso da nicotina como uma possível terapia para pacientes infectados pelo novo coronavírus, o assunto ganhou repercussão na mídia internacional e, também, no Brasil. Porém, a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) alerta para os graves problemas decorrentes da má interpretação deste estudo e do isolamento dessa abordagem em um cenário de pandemia por uma nova doença, ainda pouco conhecida.

A análise que embasa essa abordagem terapêutica, realizada por pesquisadores do Instituto Pasteur e do Hôpitaux de Paris, ambos em Paris, na França, observa um potencial efeito protetor da nicotina para a infecção pelo SARS-CoV-2 sem deixar de enfatizar que a substância é a droga responsável pelo vício em fumar e que o tabagismo tem graves consequências patológicas sendo um perigo para a saúde.

Dessa forma, a pesquisa não indica o ato de fumar como forma de prevenção ou tratamento, mas sim sugeree a realização de um ensaio terapêutico com o uso de adesivos de nicotina ou outros métodos como, por exemplo, a mastigação, em pacientes hospitalizados e como método preventivo para a população geral. O ensaio ainda não foi realizado para comprovar a efetividade da ação.

Somada a essa abordagem, a SBC alerta para um cenário que preocupa por confirmar a relação entre o tabagismo e a progressão da COVID-19. Uma revisão2 realizada pelo Centro de Pesquisa e Educação para Controle do Tabaco da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, identificou 12 estudos que, ao todo, analisaram 9.025 pacientes infectados pelo novo coronavírus. Desse montante, 878 (9,7%) apresentaram complicações, sendo que desses pacientes, 495 eram fumantes.

A pesquisa reafirma que tanto o tabagismo quanto o uso de cigarros eletrônicos aumentam a gravidade das infecções pulmonares e diz que fumantes têm 2,25 vezes mais chances de complicações graves decorrentes da COVID-19 do que não fumantes.

Além disso, é importante lembrar que o tabagismo é o maior risco controlável para doenças cardiovasculares, principal causa de óbitos no Brasil e que, segundo o Cardiômetro, resulta em mais de mil mortes por dia. Fumantes têm de 2 a 3 vezes mais risco de sofrer um AVC, doença isquêmica do coração e doença vascular periférica, e de 12 a 13 vezes mais risco de ter doença pulmonar obstrutiva crônica.

 

Saiba quais são os mitos relacionados ao raquitismo XLH


No Brasil, ainda não há um estudo epidemiológico que indique o número exato de indivíduos afetados por essa condição rara. Dor nos membros inferiores e deformidades são os principais sintomas

Existem diversos mitos relacionados a doenças - desde as enfermidades mais comuns até as mais raras. No caso do raquitismo hipofosfatêmico ligado ao cromossomo X, também conhecido como XLH, não é diferente. A nefrologista pediátrica Maria Helena Vaisbich, explica a doença e esclarece alguns equívocos.
"Esse tipo de raquitismo não é aquele comum, causado por falta da vitamina D. O XLH é de origem genética", pontua. De acordo com a especialista, a doença é causada por uma variante patogênica em um gene que sintetiza uma proteína importante do nosso organismo e responsável pela regulação do metabolismo de fosfato. "Em uma pessoa com o desenvolvimento normal, o processo ocorre da seguinte forma: vamos imaginar que no nosso rim existe um caminhão que fica responsável pelo transporte do fósforo. Quando o organismo precisa reabsorver o fósforo, sinal verde para o caminhão, que leva a substância até a corrente sanguínea. Já quando o fósforo está em excesso e o organismo não precisa reabsorver, é dado um sinal vermelho para o caminhão, que dispensa o fósforo na urina. Quem tem a doença, sofre com a desregulação dessa reabsorção. Ou seja, em uma situação que o indivíduo precisa reter o fósforo, ele acaba perdendo na urina", explica a nefrologista.
A especialista ressalta que apesar da manifestação da doença começar, geralmente, na idade pediátrica - quando a criança começa a querer ficar em pé e andar -, o tratamento não deve ser feito só até a criança parar de crescer. Isso é um mito. "Trata-se de uma doença crônica e permanente. Quando o paciente fica adulto e para de crescer, os problemas não estão resolvidos. O XLH tem alterações na idade adulta e os pacientes nessa faixa etária podem ter sintomas graves como calcificações de tendões e pseudofraturas, decorrentes de uma fragilidade óssea que inclusive aumenta o quadro de dor vivido por eles", explica.
Outro mito relacionado à patologia, está ligado ao tratamento. Atualmente, o Brasil já conta com um tratamento preciso, que age exatamente na proteína desregulada. "Antes disso, todo o tratamento feito, visava a normalização do fósforo no sangue. O paciente era tratado com doses elevadas de fósforo e de vitamina D. Hoje nós sabemos que este tratamento além de não ser uma solução definitiva para o paciente ele também pode trazer complicações como o depósito de cálcio no rim e, inclusive, levar à insuficiência renal crônica. Também pode ocasionar alterações na glândula paratireoide, que fabrica o hormônio PTH - que é bem importante para diversas funções do nosso organismo, entre elas, a manutenção da estrutura óssea", reforça.
Maria Helena também explica que na doença, como existe uma fragilidade do osso, ocorre uma deformidade, um encurvamento, principalmente dos membros inferiores. Com isso, os pacientes sentem muita dor ao andar. "O especialista precisa estar atento na forma de investigar essas deformidades para ter um diagnóstico precoce que, infelizmente, ainda não é uma realidade brasileira. Muitos pacientes acabam tendo um diagnóstico tardio, após passar por diversos especialistas. Frequentemente, param no ortopedista para operar a perna e corrigir um problema mesmo sem ter um diagnóstico fechado. Por isso, é importante aumentar o alerta para a classe médica", pondera a nefrologista pediátrica que também ressalta que nem todo paciente de XLH passará por procedimento cirúrgico.
A médica também reforça que, na fase pediátrica, ao menor indício, ao se deparar com suspeita, os pais devem procurar por um pediatra. "É importante que o médico esteja consciente do problema para poder conduzir a investigação. Se o especialista tem um paciente que começa a deambular, que sente dor e tem deformidade óssea, ele precisa investigar o metabolismo ósseo", finaliza.


Mito ou verdade: o melasma pode piorar durante a quarentena?


Veja o que diz a dermatologista Luciana Garbelini


A quarentena pressupõe dias em casa e menor contato com o sol. Mas se engana quem pensa que doenças de pele como o melasma podem piorar apenas durante períodos consideráveis de exposição aos raios ultravioleta. Por isso, a dermatologista Luciana Garbelini, da Clínica Luciana Garbelini de São Paulo, explica mais sobre o quadro e ressalta algumas atitudes que levam a sua piora mesmo estando em casa ou em ambientes fechados.

Condição que afeta as mulheres com mais frequência, mas também pode ser visto em homens, o melasma é uma alteração da pigmentação da pele exposta ao sol que se caracteriza pelo surgimento de manchas acastanhadas. Essas marcas costumam acometer a face e geralmente aparecem na maçã do rosto, testa, buço ou queixo. Porém, a Dra.Luciana destaca que também pode haver ocorrência extrafacial, embora raro, com acometimento dos braços, pescoço e colo. “Outra característica além da coloração é que as manchas são simétricas”, acrescenta. 

Não há uma causa definida para o melasma, como explica a dermatologista. “Muitas vezes esta condição está relacionada ao uso de anticoncepcionais hormonais, à gestação e, principalmente, à exposição solar.” Luciana também ressalta que o fator desencadeante mais prevalente é a exposição à luz ultravioleta (solar) e, até mesmo, à luz visível (lâmpadas, computador e celular). “A predisposição genética também influencia no surgimento do melasma, já que pelo menos 40% das mulheres relata outro familiar, mãe ou irmã, com a mesma condição”, comenta a médica. 

Durante o período da quarentena e a mudança de rotina, é possível que muitas pessoas tenham alterado a disciplina de cuidados com a pele, tanto em relação ao uso dos tratamentos com cremes clareadores (diurnos e noturnos), como com o uso do protetor solar. Esta é uma das principais formas de cuidado quando se fala de melasma. Além do mais, o protetor cor de base tem proteção superior e pelo fato de estar em casa nem todos optam por essa escolha. “Deve ser repassado a cada quatro horas e em casa a maioria desconsidera essa necessidade.” Só esse pequeno cuidado já pode ajudar muito.

Dra.Luciana ainda aponta para pesquisas mais recentes sobre o tema que consideram que o estresse físico e emocional tenham influência em manifestações inflamatórias da pele como o melasma. “Sendo, nesse momento, um fator relevante a ser considerado”, explica a doutora. 

Para que os sinais não piorem é importante o acompanhamento médico e durante esse período manter os cuidando e a mesma rotina de tratamento que estava em andamento. “Usar protetor solar com cor de base mesmo dentro de casa e repassar a cada três ou quatro horas. Evitar o sol e fontes de calor (forno ou fogão, sauna, banho muito quente). Não se arriscar em tratamentos caseiros e milagrosos,” finaliza.






Dra. Luciana Garbelini - Dermatologista Formada pela Universidade de Santo Amaro. Residência médica em Dermatologia na Universidade de Santo Amaro, Pós-graduada em Estética Avançada no Instituto Superior de Medicina. Membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia.


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