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segunda-feira, 4 de maio de 2020

Liberação da cloroquina é benéfica para tratamento de COVID-19


Enquanto redigia este artigo, em 29 de abril, o Brasil ultrapassava a China em número de mortos por COVID-19. Com mais de 5 mil óbitos, a situação se agrava paulatinamente. Quase 90% dos leitos de UTI estão ocupados em todo o País e a taxa de contágio é a maior do planeta, segundo estudos internacionais. Estamos no limite e é urgente tomar decisões para conter esse avanço.

Desde a chegada da pandemia em território nacional, defendo o uso clínico da cloroquina e anticoagulantes. A decisão do Conselho Federal de Medicina (CFM), em 23 de abril, de liberar o medicamento para pacientes com sintomas leves ou já em estado crítico é louvável e de grande importância para conter o COVID.

Receito cloroquina há mais de 40 anos para pacientes com artrite reumatoide, lúpus hertematoso, malária e outras doenças e nunca tive um caso de efeito colateral, pelo contrário. Aliás, a prova da inocuidade do medicamento e que até agora era vendido sem prescrição médica. Ademais, a ação antiviral do é eficiente e deve ser explorada, ainda mais em tempos caóticos como o atual.

Acredito que a experiência da Medicina se aprende à beira do leito, não com decoreba. A maioria dos profissionais de saúde nunca prescreveu o medicamento. 

Quem é contrário, ou a maior parte deles, buscou informações com o dr. Google e se amedrontou por eventuais consequências de seu uso, que são raras mesmo. Entretanto, essas consequências podem ser até consideradas desprezíveis, dentro do contexto de benefícios e vantagens que traz para o combate ao coronavírus. 

Se utilizada logo nos primeiros sintomas do coronavírus e associada ao Zinco, Azytromicina e anticoagulantes, a droga tem o potencial de destruir o agente invasor. Ressalto, porém, que não deve nunca ser utilizada como prevenção, muito menos como automedicação. O médico é quem tem expertise para avaliar e conduzir sua utilização em cada quadro.

Em meio ao exercício de farmacologia que tomou conta do País nos últimos meses - onde indivíduos sem o mínimo de conhecimento saem por aí cheios de opiniões absurdas sobre medicamentos a serem utilizados durante a pandemia –, destaco, mais uma vez, o valor da experiência médica. 

A prescrição consciente da cloroquina e de anticoagulantes é urgente para aplacar o efeito devastador do COVID-19 no Brasil. Cabe ao médico ter o cuidado e a destreza necessários para sua prescrição.

Deixando de lado os jogos políticos que dificultaram a liberação do tratamento à base de cloroquina, a decisão excepcional do CFM levou em conta os interesses dos brasileiros. Eles são e sempre deverão ser a nossa prioridade enquanto profissionais da saúde.






Antonio Carlos Lopes - presidente da Sociedade Brasileira de Clínica Médica 


Uso racional de medicamentos enaltecido em meio à pandemia


Desde que o coronavírus se tornou um problema emergencial de saúde pública mundial, muitos pesquisadores vêm buscando encontrar a possível “cura” para a doença. Muitos estudos sobre medicamentos e vacinas estão sendo desenvolvidos em diversos países a fim de conseguir controlar a pandemia, que infelizmente já fez milhares de vítimas em todo o mundo. 

Correndo contra o tempo, os pesquisadores buscam solução em medicamentos já existentes no mercado, tentando assim reduzir os danos até que saiam os resultados das pesquisas, uma vez que os medicamentos que já se encontram à venda atualmente já passaram por diversos testes para garantir sua eficácia, toxicidade e possíveis efeitos colaterais. 

Porém, recentemente noticiou-se sobre a compra e uso indiscriminado de determinados medicamentos, que estão sendo pesquisados como possível tratamento para a covid-19, demonstrando o uso não racional destas drogas. Segundo a Organização Mundial de Saúde, uso racional de medicamentos é quando “pacientes recebem medicamentos para suas condições clínicas em doses adequadas às suas necessidades individuais, por um período adequado e ao menor custo para si e para a comunidade”. Será que em tempos de pandemia devido ao coronavírus, tem-se promovido esta prática?

O que temos visto aumentar diariamente, em meio ao cenário em que estamos vivendo, é a busca incessante por informações sobre medicamentos na internet, resultando no aumento da errônea prática da automedicação. 

Por sua vez, entende-se por automedicação o “ato de tomar medicamentos por conta própria sem uma orientação médica”. Este ato parece ser a solução nos momentos em que é preciso aliviar sintomas, como os de uma dor de cabeça ou uma dor muscular por exemplo. Mas, e quando a população começa a se automedicar com medicamentos destinados a doenças específicas, como é o caso do lúpus, artrite reumatoide e a malária?

Estamos falando da automedicação de hidroxicloroquina, popularizada em março, após ter sido divulgado o artigo intitulado “Efficacy of hydroxychloroquine in patients with COVID-19: results of a randomized clinical trial” sobre o uso de hidroxicloroquina para o tratamento da covid-19, realizado no Hospital Universitário da Universidade de Wuhan, na China, onde os pesquisadores ainda discutiam as evidências científicas. Após a divulgação deste trabalho nas mídias mundiais, viu-se a população fazendo filas nas farmácias para garantir acesso a este medicamento por conta própria, mesmo sem ter o diagnóstico de covid-19. Porém, os pacientes que realmente precisam dessa medicação, como pessoas com artrite reumatoide, por exemplo, podem ver sua patologia se agravando pela falta do uso da medicação ou ainda identificar o retorno de sintomas, como a queda de cabelo, dores articulares e aumento do processo inflamatório. 

Diante disso, a fim de conter o consumo indiscriminado do medicamento por pessoas que não possuem indicação de uso da hidroxicloroquina e da cloroquina e de modo a assegurar o tratamento de pacientes que fazem uso contínuo dessa medicação sem ameaça de desabastecimento, a Anvisa, por meio da RDC 351/2020 incluiu as duas drogas na Portaria 344/1998, que dispõe sobre medidas de controle para produção e venda de substâncias entorpecentes, psicotrópicas, precursoras e outras sob controle especial. 

Dessa forma, atualmente para comprar o medicamento e garantir o seu tratamento, o paciente deve apresentar uma receita de controle especial em duas vias com validade de 30 dias. Porém, a medida não é válida para programas públicos governamentais. Esta medida garantiu estoque para os pacientes que necessitam do medicamento, mas por outro lado aumentou o fluxo em clínicas e hospitais para que estes pacientes conseguissem a receita médica.

A venda descontrolada do medicamento gerou dois problemas: o primeiro foi o desabastecimento do produto nas farmácias, deixando pacientes que realmente precisam fazer uso contínuo do medicamento sem conseguir adquiri-lo. O segundo foi entender quem estava tomando este medicamento e tentar identificar quais efeitos poderiam aparecer. Um dos efeitos colaterais que pode ser causado pelo uso inadequado da hidroxicloroquina são batimentos cardíacos irregulares, que podem evoluir para arritmia cardíaca e eventualmente levar à morte. Ou seja: este medicamento só deve ser utilizado com prescrição e indicação médica. 

Houve ainda outro medicamento que, após ser anunciado como possível tratamento para a covid-19, também foi adicionado à portaria de medicamentos controlados para evitar o desabastecimento e o uso irracional desta droga. A nitazoxanida, conhecida pelo nome comercial de “Anitta”, é um antiparasitário (popularmente conhecido como vermífugo) e que agora também precisa de receita médica para poder ser adquirido. 

Por fim, ressalta-se que o uso de medicamentos deve sempre ser feito com orientação de um profissional de saúde, pois o seu uso indiscriminado pode trazer problemas graves à saúde. Use medicamentos apenas quando necessário, e não deixe quem realmente precisa sem poder utilizá-los. O dia 5 de maio é lembrado por ser o Dia Nacional do Uso Racional de Medicamento, data que tem como objetivo alertar a população quanto aos riscos à saúde causados pela automedicação.






Vinícius Bednarczuk de Oliveira - farmacêutico, Doutor em Ciências Farmacêuticas — Coordenador do Curso de Farmácia do Centro Universitário Internacional Uninter.



Patrícia Rondon Gallina - farmacêutica, MBA em Farmácia Estética — Professora do Curso de Farmácia do Centro Universitário Internacional Uninter.


Consumo de medicamentos e vitaminas aumenta em até 198% durante a pandemia no Estado de SP



Entre eles estão o paracetamol, dipirona sódica, hidroxicloroquina e vitaminas C e D. Na Semana do Uso Racional de Medicamentos, os Conselhos de Farmácia farão uma campanha para orientar a população sobre os riscos da automedicação, além disso o Conselho Regional de Farmácia de SP fará uma campanha e live que permitirá a interação da população.


No próximo dia 5 de maio comemora-se o Dia Nacional do Uso Racional de Medicamentos. Um levantamento realizado pela consultoria IQVIA, apontou o aumento significativo nas vendas de alguns medicamentos e vitaminas relacionados à covid-19 nos três primeiros meses desse ano em relação ao mesmo período do ano passado.

São eles o ácido ascórbico (vitamina C), associado por fake news à prevenção da doença, que teve um crescimento de 198,23%; o paracetamol, com 83,56% a mais em sua comercialização e a dipirona sódica, com aumento de 51%. O ibuprofeno, que por um breve período foi relacionado ao agravamento de casos da doença, teve uma queda nas vendas de 2,95%. Outros, também atribuídos à capacidade de curar a covid-19, como a hidroxicloroquina e colecalciferol (vitamina D) tiveram crescimento de vendas de 53,03% e 23,74% respectivamente (dados relativos ao Estado de São Paulo).

E nesse cenário de pandemia, crise histórica da saúde e aumento exponencial de automedicação, os conselhos de Farmácia realizam mais uma campanha sobre a importância do uso racional de medicamentos para a proteção à saúde. A data é alusiva ao tema e nesse ano traz um recado simples e direto: “não entre em pânico e antes de usar qualquer medicamento, consulte o farmacêutico”.

Live - O Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo (CRF-SP) fará uma live voltada à população sobre o uso correto e seguro de medicamentos. O bate-papo contará com os farmacêuticos e diretores do Conselho, Dra. Danyelle Marini e Dr. Marcelo Polacow, a partir das 18h do dia 05/05, no canal do youtube do CRF-SP (https://www.youtube.com/user/crfspcanal). Entre os assuntos estão os riscos do uso de medicamentos sem orientação, inclusive dos que não exigem prescrição médica, como o paracetamol, que dependendo da dose, pode causar hepatite tóxica. Já a dipirona pode oferecer risco de choque anafilático e o ibuprofeno é relacionado a tonturas e visão turva. O uso prolongado da vitamina C pode causar diarreias, cólicas, dor abdominal e dor de cabeça. E, com a ingestão excessiva de vitamina D, o cálcio pode depositar-se nos rins e até causar lesões permanentes.

Os riscos são mais graves em relação à hidroxicloroquina, medicamento indicado para tratar doenças como o lúpus eritematoso. Da mesma forma que a cloroquina (indicada para a malária, porém disponibilizada apenas na rede pública), a hidroxicloroquina pode causar problemas na visão, convulsões, insônia, diarreias, vômitos, alergias graves, arritmias (coração batendo com ritmo anormal) e até parada cardíaca. O uso de hidroxicloroquina ou cloroquina em pacientes internados com teste positivo para o novo coronavírus ainda não tem evidências representativas. Portanto, se justifica apenas com supervisão e prescrição médica, atualmente, com retenção de receita.

Campanha – A campanha será veiculada nas mídias tradicionais e também nas redes sociais dos conselhos de Farmácia e lembrará os ícones da profissão, como o farmacêutico baiano Rodolfo Marcos Teófilo, graduado pela Faculdade de Medicina da Bahia em 1875 e radicado no Estado do Ceará. Sem apoio do poder público, Rodolfo Marcos Teófilo enfrentou duas epidemias de varíola, que vitimaram milhares de pessoas em Fortaleza e cidades do interior cearense, no final do século XIX e início do século XX. Em 1862, aprendeu as técnicas de produção da vacina e em 1901 passou a imunizar a população, contando com ajuda da sua esposa e de um auxiliar. Cuidou sozinho da vacinação em massa pelos bairros pobres de Fortaleza até 1903.







Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo (CRF-SP)
 www.crfsp.org.br


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