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quinta-feira, 16 de novembro de 2017

A tensão antes da prova


Se tem uma coisa que temos que lidar desde muito cedo, é com o nervosismo antes das provas. Desde muito pequenos somos avaliados e devemos lidar com isso. Porém, na grande maioria das vezes em que essas avaliações acontecem, o stress e o nervosismo tomam conta do nosso emocional, podendo até prejudicar os resultados.

E se em nós adultos o “estrago” pode ser grande, imagem para as crianças. Ir mal numa prova nem sempre tem haver com o fato dela não saber determinado conteúdo, mas com o estado emocional em que ela se encontra a realizar tal ato. A cobrança por parte dos pais, professores e até da sociedade é tão grande, que muitos não conseguem lidar e executar as tarefas como gostariam.

Tal ato é um misto de sentimentos, como o medo, a frustração e a preocupação. É um processo delicado em que o professor deve estar atento, já que para os alunos, o dia da avaliação é esperado com muita ansiedade, estresse e nervosismo. Para eles, essas avaliações muitas vezes são a identificação do julgamento do que é certo ou errado, é o que rotula, o que o diferencia dos colegas em sala.

E toda essa tensão pré-prova, pode acabar levando a criança a níveis de stress fora dos padrões para a idade. Podendo desencadear sintomas ainda mais graves com enjoo, diarreia, pressão baixa, taquicardia, sensação de desmaio, choro e sentimento de incapacidade. 

Infelizmente, uma criança que no dia de prova já acorda estressada, mal-humorada, fala para os pais que está nervosa, que não consegue comer, mesmo tendo estudado a matéria, não é rara hoje e deve chamar nossa atenção para a questão. 

Esses exemplos devem sim chamar a atenção do corpo docente para os atuais métodos avaliativos, será que eles são realmente eficazes? Ou será que podemos melhorá-los? Evitando assim que as crianças ou adolescentes e até o próprio professor sofra. 

O professor é a porta de entrada para o conhecimento, a abertura do novo, é ele que acompanha o aluno desde o primeiro ao último dia de aula. Se essa mediação acontecer de maneira tranquila, alguns problemas podem ser evitados. Agora, se esse docente não estiver preparado, acabará revelando alguns dos problemas já citados, os quais devem ser analisados e encaminhados para a solução adequada, evitando assim maiores prejuízos.






Ana Regina Caminha Braga (anaregina_braga@hotmail.com) - escritora, psicopedagoga e especialista em educação especial e em gestão escolar.




quarta-feira, 15 de novembro de 2017

UM SOCIALISTA NO ARMÁRIO



        Pretendia contar o número de empresas, institutos e fundações estatais existentes no Brasil, considerando União, Estados e municípios. Comecei com determinação, mas desisti. Levei um susto! Quem quiser sentir a pujança do estatismo nacional vá à página da Wikipedia que tem a lista. Estamos falando de muitas centenas, senão de milhares desses entes. O Brasil é um país socialista, que muitos, sacudindo bandeiras vermelhas, se esforçam para tirar do armário. Armário cheio de esqueletos.
        A União tem 148 empresas estatais! Trinta por cento, segundo editorial de O Globo do dia 19 de agosto de 2016, criadas durante os governos petistas. Anos de gritaria contra privatizações e discursos de que "Estão vendendo tudo!" me levaram, ingenuamente, a crer que de fato estivessem. Mas era berreiro na sala, para distrair, enquanto a cozinha produzia novas iguarias para o cardápio político. A mesma matéria de O Globo conta que entre o fatídico ano de 2003 e 2015, esses filhotes do amor petista pelo Estado pagaram R$ 5,5 bi em salários e totalizaram um prejuízo de R$ 8 bi. A mais engenhosa das novas estatais foi concebida no PAC 2. É a Empresa de Planejamento e Logística (EPL), que absorveria a tecnologia do trem-bala e executaria o projeto da ligação de alta velocidade entre Rio e São Paulo. A empresa, descarrilada desde sua criação em 2008, é totalmente dependente do Tesouro.
        O formidável e assustador conjunto das "nossas" estatais é parte ponderável dos problemas do Brasil. No entanto, o Instituto Paraná Pesquisas revelou, há três meses, que 61% dos brasileiros são contra privatizações feitas pelo setor privado. Pelo jeito, preferem as "privatizações" caseiras, as notórias apropriações, por partidos, sindicatos e líderes políticos, de tudo que for estatal. Se é para ser abusado que seja pelos de sempre. Trata-se de um vício do nosso presidencialismo. Quem governa comanda a administração e chefia o Estado, estendendo as mãos sobre o que puder alcançar em suas instituições.
        É nos estofados desses grandes gabinetes, que a "privatização" do Estado proporciona os melhores orgasmos do poder. Em outras palavras: a experiência política e administrativa nos evidencia que empresas estatais realmente devotadas ao interesse público são fenômeno incomum. Como regra, resultam submetidas às conveniências privadas que descrevi acima. São nichos de usufruto e poder que pouco têm a ver com o bem nacional. Dentro desses domínios nascem as maiores reações a qualquer transferência que conduza ao desabrigo do Tesouro e às aflições do livre mercado. A ninguém entusiasma a ideia de remover o acento da poltrona e alinhá-lo à reta da competitividade.
        A doutrinação socialista cumpre seu papel, ensinando que estatal é sinônimo de público, de social, e imune a interesses privados. Empresas estatais seriam como santuários de desprendimento e abnegação. Sim, claro. O Mensalão não existiu e a Lava Jato, você sabe, foi criada para impedir a alma mais honesta do Brasil de retornar à presidência.
        E quando um partido sai, vem o outro para fazer a mesma coisa? - perguntará um leitor estrangeiro. Nem sempre, prezado visitante. Se o serviço for bem feito, a privatização partidária de um ente estatal pode ser anterior e se perpetuar além do governo desse partido. Quem duvida olhe para o Ministério de Educação e para as universidades públicas. Ali se educa a nação para amaldiçoar a iniciativa privada, amar o Estado, abrir o armário, e fornecer, nos ambicionados concursos públicos, respostas de acordo com o que pensa a banca.



Percival Puggina - membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A tomada do Brasil. integrante do grupo Pensar+.



Poderes unidos em defesa da corrupção sistêmica



A Lava Jato, nos seus dois primeiros anos (2014 e 2015), parecia que iria atacar apenas a corrupção individual e empresarial. No máximo, dizia-se, ela chegaria à corrupção petista, que tinha o domínio das entranhas putrefatas da Petrobras. As elites corruptas chegavam a afirmar que se o grande líder petista fosse preso, tudo estaria de bom tamanho.

Em maio de 2016 divulgou-se o famoso áudio gravado pelo ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, onde se ouvia o alerta de alguns velhos coronéis da política brasileira: “é preciso estancar a sangria”. Pelo estrondo dos relâmpagos os caciques com larga experiência na arte da rapinagem do dinheiro público sabem bem a força energética dos raios que se aproximam das suas cabeças.

O sistema corrupto atordoado, que nos rouba R$ 600 milhões por dia (R$ 200 bilhões por ano), contentou-se no princípio com as combatentes defesas individuais dos réus. Os criminalistas espernearam de todas as maneiras, defenderam a integridade do Estado de Direito e protestaram contra o fim da “omertà” (que é o silêncio da máfia).

A mídia repercutia as inflamadas censuras contra o novo sistema jurídico e probatório, inaugurado com as sequenciadas e contundentes delações premiadas.

Até outubro de 2016 (data das eleições municipais) as investigações da Lava Jato achavam-se centradas na corrupção endêmica e institucional do PT. Em novembro de 2016 surgiram os primeiros vazamentos das delações da Odebrecht, que revelavam provas incontroversas de uma corrupção sistêmica transversal contaminante de praticamente todos os tradicionais partidos. Entrou em colapso o velho jeito de fazer política e negócios com o Estado.

Vimos, a partir daí, o sepultamento definitivo do mito de que a corrupção emana exclusivamente do Estado e dos seus agentes. A velha tese do patrimonialismo só do Estado (sustentada por Sérgio Buarque de Holanda, Raymundo Faoro etc.) caiu por terra. A corrupção sistêmica envolve tanto o mercado (grandes empresários e bancos) como agentes do Estado, cujas fortunas, em grande medida, provêm do surrupiamento do dinheiro de todos em favor de poucos (das oligarquias).

Desde o último trimestre de 2016, depois de já consumada a troca do governo, iniciou-se a defesa sistêmica da corrupção enraizada nas vísceras fétidas das elites dirigentes e governantes. As defesas individuais, fundadas no direito processual regido pelo liberalismo clássico, tornaram-se insuficientes para a preservação da corrupção sistêmica.

Para se alcançar a impunidade das classes dirigentes corruptas do País, todos os poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário) foram acionados para o desencadeamento de uma grande operação abafa, capaz de assegurar o “status quo”.

Em 7/12/16 o STF, curvando-se à pressão do poder político, manteve o réu Renan Calheiros na presidência do Senado. Depois assegurou-se o foro privilegiado em favor de quem fora protegido pela criação de um ministério especial.

A colonização do TSE, evidenciada no escandaloso julgamento em favor da chapa vitoriosa em 2014, foi a senha definitiva para a continuidade da operação abafa, que viria a estarrecer a nação com os privilégios concedidos a um senador gravado pedindo propinas a uma grande empresa um dia chamada de “campeã nacional”.

No âmbito dos poderes Executivo e Legislativo muita coisa já foi feita para a sobrevivência da corrupção sistêmica: corte orçamentário da polícia federal, desmantelamento da força-tarefa de Curitiba, escolha e nomeação de ministros e procuradores “de confiança”, troca do diretor-geral da polícia federal, discussão da nova lei de abuso de autoridade, proposta legislativa que proíbe as delações premiadas para presos, congelamento da emenda que acaba com o foro privilegiado, preservação da morosidade do STF para permitir que corruptos disputem as eleições de 2018 etc.

A luta Lava Jato “versus” sistema corrupto não será ganha por nocaute, e sim, por pontos (diz o ministro Ayres Britto). Daí a importância da cidadania vigilante, seja para apoiar a Lava Jato, seja para promover a faxina geral dos corruptos que nos governam nas próximas eleições.

Quem não confia na capacidade emancipadora do povo brasileiro tem ao menos o dever de fazer sua parte, para que o futuro do País não seja mera continuação do seu nefasto passado colonizador.  





LUIZ FLÁVIO GOMES - jurista. Criador do movimento Quero Um Brasil Ético. Estou no F/luizflaviogomesoficial





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