A pedido da
Central da Catarata (www.centraldacatarata.com.br),
o médico oftalmologista e diretor do Hospital de Olhos de São Paulo (HOSP),
Jorge Mitre, esclarece as principais dúvidas sobre a cirurgia. O especialista é
um dos parceiros do negócio de impacto social que tem o objetivo de oferecer
acesso às pessoas de baixa renda à cirurgia de catarata.
Maior sensibilidade à luz, visão embaçada, sensação
de neblina nos olhos, ajuste constante no grau dos óculos e percepção que as
cores estão desbotadas – esses são apenas alguns dos sintomas percebidos por
pacientes com catarata, doença responsável por 51% dos casos de perda de visão
no planeta. Para se ter uma ideia do avanço da doença, a cada cinco segundos,
uma pessoa se torna cega no mundo; no Brasil, a estimativa da Sociedade
Brasileira de Oftalmologia é que existam sete milhões de pessoas com a doença.
Embora o diagnóstico seja relativamente simples, a cura requer cirurgia. É aí
que se encontra o principal entrave. Com receio, muitos pacientes – sobretudo
os idosos –, adiam o procedimento. Para esclarecer as principais dúvidas dos
pacientes, a Central da Catarata entrevistou médico oftalmologista e diretor do
Hospital de Olhos de São Paulo (HOSP), Jorge Mitre.
Segundo o médico, postergar a decisão da cirurgia
envolve riscos significativos, entre eles o glaucoma. Dr. Mitre explica que a
catarata muito madura e envelhecida – ou seja, quando o paciente já tem a
doença por um longo período – é mais difícil de ser removida; para quebrar o
cristalino, demanda o uso de maior quantidade de energia no aparelho de faco.
“Isso gera mais inflamação e mais tempo para recuperar a visão. Um outro
problema que ocorre é o desenvolvimento do estrabismo. Quando o paciente já não
enxerga em um dos olhos, o outro naturalmente se desvia”, esclarece.
O primeiro passo para o sucesso na cirurgia de
correção da opacidade do cristalino é, segundo o oftalmologista, a escolha do
local para realização do procedimento e a confiança depositada no médico. Para
isso é preciso avaliar se a clínica possui bom nome no mercado – avaliação que
pode ser feita verificando a qualidade das cirurgias realizadas – e que tenha
um centro cirúrgico adequado, pois caso haja alguma complicação o médico poderá
sanar rapidamente.
Além disso, o oftalmologista, ainda em consulta,
deve esclarecer, com convicção, todas as dúvidas sobre o procedimento: como
será a anestesia, cuidados no pós-operatório, se causa dor, quando voltará a
enxergar, entre outros questionamentos. Desmistificando a catarata, o
tratamento humanizado aumenta ainda mais a confiança do paciente para
realização da cirurgia de catarata. “Quando isso acontece, o paciente chega
convicto no dia da cirurgia, pois ele já rompeu todas as barreiras do medo”,
conta o especialista.
Um longo trajeto para voltar a enxergar
São 1.967 quilômetros e 32 horas de viagem de
Biritinga, interior da Bahia, à cidade de São Paulo. A possibilidade de voltar
a enxergar – com segurança e um preço acessível –, motivou Maria das Graças Souza,
65 anos, a enfrentar o longo trajeto para realizar a cirurgia pela Central da
Catarata. A aposentada enfrentava dificuldades para costurar e realizar os
afazeres domésticos sozinha, mas a perda da visão revelou um problema ainda
mais sério. Durante o diagnóstico da catarata, os exames alertaram para alta
concentração de glicose no sangue.
Marlene Souza, filha da aposentada, conta que após
a cirurgia, a qualidade de vida da mãe melhorou muito; hoje, ela toma mais
cuidado com a alimentação e a saúde – e voltou a costurar sem o uso dos óculos.
“Assim que minha mãe saiu da sala de cirurgia, ela já voltou a enxergar.
Parecia uma criança, testando cada olho, enxergando as cores. Todos nós
choramos de felicidade ao ver ela enxergando novamente”, relembra emocionada.
Na percepção do dr. Mitre, além da catarata, os
pacientes chegam com outras doenças silenciosas. “É impressionante a patologia
que os pacientes apresentam e nem sabem. Recebemos diariamente pessoas que
estavam muito tempo sem opção para realizar a cirurgia; são pacientes idosos
que não têm convênio ou condições de serem operados em uma clínica particular,
por conta dos altos custos. Quando vamos examinar, com um diagnóstico mais
profundo, percebemos que eles têm problemas muito mais sérios que a catarata,
como a retinopatia diabética, degeneração macular ou deslocamento de retina;
são doenças que precisam ser solucionados imediatamente. E somente a cirurgia
de catarata não vai resolver o problema; a cirurgia, na verdade é o início de
um processo amplo de recuperação do estímulo e da oportunidade de ampliar esses
cuidados médicos”, revela o oftalmologista.
A catarata é a principal causa de cegueira em
pacientes com diabetes no Brasil; eles têm o risco duplicado de desenvolver a
doença, quando comparados com a população geral. Nesses pacientes, a catarata
aparece mais cedo e evolui mais rápido do que a versão senil da doença – que
acomete pessoas idosas. A consulta oftalmológica para os seniores é decisiva
para alterar as condições de saúde ocular e reduzir o número de deficientes
visuais por causas que poderiam ser evitadas. A dificuldade de enxergar causada
pela catarata é considerada um dos primeiros sinais durante o processo de
envelhecimento. Contudo os sintomas mais comuns dos pacientes com catarata são
muitas vezes negligenciados pelos idosos e pelos familiares.
“No envelhecimento, a sensação que o idoso tem é
que tudo está piorando na vida dele. Há redução na mobilidade, dores e já não
conseguem mais ler, ver tevê ou realizar as atividades corriqueiras que
gostava. Quando realizamos a cirurgia de catarata – e devolvemos a ele a visão
–, percebemos de imediato o impacto gerado na vida desse paciente”, afirma o
oftalmologista. Nesse contexto, o acesso a informações sobre como vencer o medo
e os desafios do atendimento são essenciais para que o problema da catarata não
comprometa a qualidade de vida.