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domingo, 9 de abril de 2017

Médicos não precisam se apressar para cortar o cordão umbilical



Durante gerações, os obstetras foram rápidos em cortar o cordão umbilical de recém-nascidos. Isso está mudando, e a maioria dos pais expectantes deve atrasar um pouco o corte do cordão


Em janeiro, o Colégio Americano de Obstetras e Ginecologistas tornou-se a mais recente organização médica importante a recomendar formalmente que os médicos rotineiramente aguardem antes de cortar o cordão umbilical. Esperar pelo menos 30- 60 segundos permite que mais sangue volte para o recém-nascido durante o processo de nascimento, quando os vasos sanguíneos que levam o sangue ao bebê começam a se contrair e fornecem ferro extra, crítico para o desenvolvimento do cérebro do bebê.

Durante este tempo, o bebê pode ser limpo, coberto e pode descansar tendo contato pele-a-pele com o abdômen ou o peito da mãe, orienta o documento.  Em um nascimento cesariano, o cirurgião ou um assistente podem segurar o bebê durante este tempo. A recomendação anterior do grupo, publicada em 2012, aconselhou um atraso para bebês prematuros, mas disse que não havia evidências suficientes para recomendar o mesmo para aqueles nascidos a termo. “À medida que mais e mais evidências se acumulam nesse sentido, já é possível dizer que isso parece ser a coisa certa para todos os bebês, a termo e prematuros”, afirma o pediatra e homeopata Moises Chencinski (CRM-SP 36.349).

Outros grupos médicos já aprovam o corte tardio do cordão umbilical. A Academia Americana de Pediatria, assim como o Colégio Americano de Obstetras e Ginecologistas, recomenda esperar pelo menos 30-60 segundos antes de cortar o cordão umbilical, enquanto a Organização Mundial da Saúde aconselha pelo menos 60 segundos e o Colégio Americano de Enfermeiras-Parteiras de dois a cinco minutos.

Antes de meados de 1900, era uma prática comum esperar alguns minutos antes de cortar o cordão. Os obstetras começaram a cortá-lo imediatamente em parte por causa de uma crença equivocada de que isso reduziria o risco de hemorragia na mãe (pesquisa subsequente descobriu que não), uma tendência que se acelerou com a crescente especialização da medicina, com pediatras prontos para cuidar do recém-nascido enquanto o obstetra atende a mãe.

Mas pesquisas mais recentes desafiaram a prática comum de corte imediato. Um ensaio sueco de 2011 descobriu que apenas 0,6% dos bebês a termo com um atraso de três minutos no pinçamento do cordão eram deficientes em ferro aos 4 meses de idade, em comparação com 5,7% com pinçamento imediato. Aos 4 anos de idade, as crianças com clampeamento tardio do cordão apresentaram pontuações maiores nas habilidades motoras e sociais, uma diferença particularmente evidente entre os meninos, que podem ser mais suscetíveis à deficiência de ferro. Outra pesquisa, uma revisão sistemática de estudos, de 2013, concluiu consistentemente que esperar para cortar o cordão dá aos bebês uma taxa extra de ferro.

Deficiência de ferro

“A deficiência de ferro afeta cerca de 8- 14% dos bebês e crianças nos Estados Unidos; a prevalência é muito maior nos países em desenvolvimento. Um relatório de 2015 observou que a prevenção de deficiência de ferro é preferível ao tratamento dessa complicação. Mesmo os bebês que são bem cuidados e têm acesso a atendimento médico confiável, e cuja família tem comida suficiente, ainda podem apresentar deficiência de ferro”, explica o pediatra, que é membro do Departamento de Pediatria Ambulatorial e Cuidados Primários da Sociedade de Pediatria de São Paulo.

O corte retardado pode oferecer benefícios adicionais além de reduzir a probabilidade de que uma criança irá desenvolver deficiência de ferro. O sangue do cordão umbilical também contém imunoglobulinas e células-tronco, e os pesquisadores especulam que o corte tardio do cordão possa auxiliar a função imune e a cicatrização do tecido, embora isso não tenha sido bem estudado ainda.


Prematuros

“Em bebês prematuros, o corte tardio do cordão tem benefícios adicionais, incluindo uma menor incidência de hemorragia intraventricular, ou hemorragia no cérebro, e uma infecção intestinal grave chamada enterocolite necrosante. Ambas são complicações comuns do parto prematuro”, diz o pediatra.

Embora muitos hospitais tenham adotado o clampeamento tardio do cordão para bebês prematuros, não se sabe quantos estão fazendo isso rotineiramente para bebês a termo.

O Colégio Americano de Obstetras e Ginecologistas afirma que os bebês com pinçamento retardado do cordão podem ser mais propensos a exigir tratamento para a icterícia do recém-nascido, um acúmulo de componentes sanguíneos (bilirrubinas) que provoca o amarelecimento dos olhos e da pele, embora esta preocupação seja baseada em estudos mais antigos que podem ter falhado.

“Se a mãe ou o bebê precisarem de atenção médica urgente, o clampeamento do cordão deve ser feito imediatamente, defende a entidade médica americana. Um desses cenários é quando o bebê não começa a respirar imediatamente e precisa ser transferido com urgência para uma mesa de aquecimento com o equipamento médico necessário”, conta Moises Chencinski.

Uma vez que os bebês começam a respirar, eles mudam a recepção de oxigênio pela placenta para obtê-lo através dos pulmões. “Você ouve aquele grito alto, e o que eles estão fazendo é abrindo a vasculatura, bem como as vias aéreas de seus pulmões e abrindo espaço para esse sangue extra. Alguns pesquisadores acreditam que pode ser benéfico deixar o cordão intacto - com sangue oxigenado ainda fluindo da placenta - pelo menos até que o bebê respire algumas vezes ou até ele parar de pulsar”, conta o pediatra.

Existem pelo menos 16 estudos em curso sobre os protocolos de corte do cordão umbilical em todo o mundo. Alguns estão investigando se a "ordenha" do cordão umbilical (segurando-o perto da mãe e depois empurrando o sangue em direção ao bebê) para acelerar a transfusão da placenta fornece benefícios enquanto ainda permite que o cordão seja cortado rapidamente, o que pode ser útil em nascimentos por cesariana ou situações de emergência. “Os primeiros minutos da vida são tão críticos para os bebês, que precisamos de mais pesquisas que assegurem um bom começo”, defende Moises Chencinski.





Moises Chencinski





Pascoa




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OAB Santo Amaro (Comissão de Defesa dos Direitos Animais)

sexta-feira, 7 de abril de 2017

Os significados da represália americana na Síria



O ataque dos Estados Unidos à base militar de Al Shayrat, perto de Homs, na data de ontem, no horário das 21h40 (hora de Brasília) e 4h40 do horário local, apresenta significados não apenas de ordem militares, mas também políticos.

Dentre os primeiros, embora seja ainda prematura qualquer conclusão mais contundente, chega-se a uma fase na guerra da Síria na qual passa a ser uma hipótese a ser considerada a eventual alteração do quadro do referido conflito, na medida em que a base atingida teria sido destruída, com suas aeronaves, e de onde teriam partidos os ataques com gás sarin que vitimaram populações civis no início da semana e, provavelmente, de onde partiriam futuros ataques.

Embora a Síria, com apoio de sua grande aliada Rússia, afirme que não cometeu ataques com armas químicas, sabe-se que já o fez ao longo desta guerra que já dura praticamente seis anos. Mais ainda, sabe-se que o espaço aéreo sírio é dominado pelas aviações síria e russa, e por ninguém mais. Some-se a tal fato que os primeiros exames necroscópicos das vítimas comprovam o uso de armas químicas contra tais vítimas.

De outro lado, do ponto de vista político, podemos vislumbrar os seguintes significados:

  1. Trump deixa claro que sua gestão adotará postura distinta em relação à administração Obama quanto ao uso de armas de destruição em massa na guerra da Síria;
  2. Trump enfrenta queda de popularidade e com o ataque de ontem reforça sua imagem perante seu eleitorado;
  3. O presidente norte-americano deverá enfrentar alguns questionamentos em vista de não ter consultado o Congresso americano;
  4. A ação foi também um recado para Síria, Irã, Coréia do Norte e qualquer país que venha – ou tenha intenção de – utilizar armas de destruição em massa, demonstrando a nova postura que os EUA adotarão e que se distancia de promessa de campanha de Trump, no sentido de reduzir o envolvimento norte-americano na guerra da Síria e buscar maior isolamento dos Estados Unidos no conflito.
  5. Rússia e China foram previamente avisados. Dentre as várias opções disponibilizadas pelo Pentágono ao presidente Trump, a escolha recaiu sobre a menos agressiva do ponto de vista militar, sem invasão do espaço aéreo sírio e sem enfrentamento com tropas ou aviões russos de combate.
  6. A ONU, mais uma vez, teve ressaltada sua fragilidade, na medida em que a ação unilateral norte-americana foi precedida de reunião do Conselho de Segurança, frustrada quanto à busca por uma solução conjunta relativa ao ataque com armas químicas que matou civis (incluindo crianças), no dia anterior. Há necessidade de reformulação das estruturas deliberativas das Nações Unidas, especialmente o Conselho de Segurança.

Finalmente, é preciso aguardar a reação russa e síria no palco de operações, bem como se houve algum benefício não apenas aos grupos combatentes seculares, mas também aos fundamentalistas religiosos, como o chamado “Estado Islâmico”.



Flávio de Leão Bastos Pereira - especialista em Diretos Humanos, coordenador e professor de Direito da Universidade Presbiteriana Mackenzie.




Medida provisória altera regras sobre contribuiçãoprevidenciária das empresas brasileiras



 ·        Mudança na forma de recolhimento patronal entrará em vigor a partir de 1 de julho; especialista informa que empresas pagarão mais impostos com a medida.


Com a proposta de aumentar a arrecadação, o Governo Federal alterou a forma de recolhimento sobre a contribuição previdenciária das empresas brasileiras. A medida entrará em vigor a partir de 1 de julho e fará com que as organizações, novamente, tenham apenas uma única opção para a contribuição, sendo 20% sobre a folha de salário dos funcionários. Anteriormente, poderiam optar também pela modalidade a partir da receita bruta, com tributação que poderia variar de 1% a 4,5%.

Alguns setores, no entanto, foram excluídos da desoneração da folha salarial, como: tecnologia da informação, hoteleiro, rodoviário e ferroviário de cargas, além do comércio varejista, das empresas jornalísticas, de radiodifusão sonora e de sons e imagens. Já, as empresas de transporte rodoviário, ferroviário e metroviário de passageiros poderão pagar o imposto com alíquota de 2% sobre a receita bruta e da construção civil e de obras de infraestrutura, com 4,5%.

Segundo a especialista em Direito Tributário, Dra. Cintia Rolino Leitão, do escritório Ogusuku&Bley, a medida provisória, elaborada pelo Governo Federal, deverá impactar no orçamento das empresas brasileiras, porque acarretará no aumento do valor a ser pago à Receita. “Em 2015, houve alteração da legislação da desoneração sobre a folha de pagamentos, passando a existir a possibilidade da escolha: o imposto incidiria sobre a renda bruta ou a folha de pagamento. Os empresários optavam pelo mais vantajoso. Agora, quem possui uma grande folha de pagamentos e optou pelo recolhimento sobre a receita para o ano de 2017, acabará por contribuir com o maior valor”, analisa.

A contribuição previdenciária patronal, tal como será estabelecida no meio deste ano, não é novidade, visto que é a forma originária do recolhimento. Acontece que, em 2011, o Governo Federal aprovou alguns benefícios à categoria empresarial, inclusive autorizando, de forma isolada, a desoneração sobre receita bruta. Em 2015, contudo, houve aumento da alíquota para o pagamento sobre a receita e as organizações puderam escolher entre essa (desoneração) e a antiga forma de tributação. Agora, em 2017, com o intuito de adquirir mais recursos, o governo retornou com a regulamentação original.





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