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quarta-feira, 1 de outubro de 2025

Portugal endurece regras de cidadania e imigração: o que muda para brasileiros

Propostas de alteração da Lei da Nacionalidade e da Lei dos Estrangeiros devem ser votadas em outubro e impactam diretamente o planejamento migratório de quem deseja viver no país


O Governo português apresentou propostas de alteração à Lei da Nacionalidade e à Lei dos Estrangeiros, que estão em discussão no Parlamento e devem ser votadas em outubro. As medidas buscam endurecer os critérios de acesso à cidadania e à entrada e permanência de imigrantes, em resposta ao crescimento recorde da imigração nos últimos anos. Entre 2017 e 2023, a população estrangeira legal em Portugal mais que dobrou, ultrapassando 1 milhão de pessoas, sendo cerca de 35% brasileiros. 

As principais mudanças previstas incluem o aumento do tempo de residência legal exigido para naturalização, passando de cinco para sete anos no caso de cidadãos da CPLP, como os brasileiros, e de dez anos para estrangeiros de fora da comunidade lusófona. Além disso, será necessário comprovar conhecimentos de língua, cultura e civismo português, ampliando as exigências atuais. Outra mudança relevante é a alteração do jus soli: filhos de estrangeiros nascidos em Portugal só terão direito automático à nacionalidade se os pais tiverem pelo menos três anos de residência legal. O Governo também propôs o fim do regime especial para descendentes de judeus sefarditas e a limitação da nacionalidade por descendência a até bisnetos. 

No que se refere à Lei dos Estrangeiros, a proposta prevê que a entrada no país só poderá ocorrer mediante visto de residência obtido no país de origem, encerrando a possibilidade de regularizar a situação já em território português, inclusive para cidadãos da CPLP. O visto de procura de trabalho será restrito a profissionais altamente qualificados, e o reagrupamento familiar passará a exigir no mínimo dois anos de residência, salvo exceções em casos de filhos em comum ou situações de incapacidade. Os imigrantes reagrupados também deverão frequentar cursos de língua e cultura portuguesa, além de comprovar a matrícula de filhos menores em escolas locais. Para reforçar a fiscalização, será criada a Unidade Nacional de Estrangeiros e Fronteiras (UNEF), integrada à Polícia de Segurança Pública. 

Segundo o Governo, as mudanças não têm como objetivo travar a imigração, mas organizar os fluxos e garantir condições de integração mais adequadas. Ainda assim, a repercussão entre brasileiros em Portugal e no Brasil tem sido intensa, com um aumento expressivo na procura por escritórios de advocacia e consultorias especializadas para acelerar processos de cidadania antes da aprovação das alterações. 

Para Tammy Cavaleiro, Head of Legal da Você Português e especialista em imigração, o momento exige atenção redobrada de quem planeja viver em Portugal. “O aumento do prazo para naturalização de cinco para sete anos terá grande impacto, principalmente para quem já estava se organizando para pedir a cidadania em breve. 

Além disso, a exigência de visto de residência obtido ainda no Brasil mudou completamente a forma como muitos vinham para Portugal, especialmente através do acordo da CPLP. É essencial que os interessados em imigrar planejem cada passo com antecedência e busquem orientação especializada”, afirma. 

Tammy afirma que, apesar das restrições, Portugal continua enxergando os brasileiros como peça fundamental para a economia e para suprir o déficit demográfico do país. “Portugal continua precisando de mão de obra estrangeira, e os brasileiros são vistos como parceiros estratégicos nesse processo. O que muda é que a entrada e a integração precisarão seguir critérios mais rigorosos, o que exige preparação legal, documental e até cultural dos candidatos”, explica. 

A votação final das propostas está prevista para outubro de 2025. Caso aprovadas, as mudanças entram em vigor após publicação no Diário da República e devem gerar um aumento imediato nos pedidos de nacionalidade feitos ainda sob as regras atuais.



Você Português
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