Embora muitas vezes relacionado a problemas bucais, o mau hálito persistente pode indicar condições sistêmicas como diabetes, infecções respiratórias e distúrbios gastrointestinais. Especialista explica quando é preciso investigar
O mau hálito, ou halitose, é frequentemente associado à má higiene bucal, boca seca ou doenças na gengiva. No entanto, o que nem todos sabem é que o odor alterado da respiração pode ser também um indicativo de doenças sistêmicas mais sérias, especialmente quando persiste apesar dos cuidados básicos com a saúde oral.
“Na maioria dos
casos, a halitose tem origem local, como saburra lingual, inflamação gengival
ou baixa produção de saliva”, afirma a Dra. Lígia Maeda, otorrinolaringologista
especialista em halitose do Hospital Paulista. “Mas há situações em que ela
funciona como um sinal de alerta do organismo, indicando a presença de uma
condição clínica subjacente”, completa.
Quando o mau hálito pode indicar algo mais sério?
Entre os quadros
clínicos que podem se manifestar por meio do mau hálito, a especialista
destaca:
- Diabetes
descompensado: a presença de hálito cetônico (com odor adocicado ou
semelhante a frutas fermentadas) pode ser um indício de cetoacidose
diabética, uma complicação grave e potencialmente fatal.
- Infecções
pulmonares ou sinusais crônicas: secreções acumuladas nos seios da face ou
nos pulmões podem alterar o cheiro do ar expirado.
- Doenças
gastrointestinais: refluxo ácido, gastrite ou disfunções hepáticas podem
provocar odores característicos na respiração.
“O ponto de
atenção é quando o mau hálito persiste apesar de boa higiene oral, hidratação
adequada e acompanhamento odontológico ou otorrinolaringológico básico”,
explica Dra. Lígia. “Se o quadro vem acompanhado de sintomas como perda de
peso, fadiga, febre ou alterações digestivas, é fundamental investigar.”
Avaliação multidisciplinar é essencial
Devido à variedade de possíveis causas, o diagnóstico da halitose persistente muitas vezes exige uma abordagem integrada. “Quando não encontramos uma causa evidente na cavidade oral, encaminhamos o paciente para avaliação com endocrinologista, gastroenterologista ou pneumologista, dependendo dos sintomas associados”, diz a médica.
A especialista
também reforça que o mau hálito não deve ser ignorado ou tratado apenas com
enxaguantes bucais e balas refrescantes. “Essas estratégias mascaram o
problema, mas não resolvem a origem. O ideal é identificar a causa e tratar o
que está por trás do sintoma”, orienta.
Autocuidado e atenção aos sinais
Para evitar preocupações desnecessárias, Dra. Lígia recomenda observar a persistência do odor, sua intensidade e se há outros sintomas associados. Em muitos casos, o problema é reversível com mudanças simples, como reforço na escovação da língua, hidratação ou tratamento odontológico. “Mas quando a halitose resiste às medidas básicas e interfere na qualidade de vida ou no convívio social, vale a pena investigar mais a fundo”, conclui.
Hospital Paulista
de Otorrinolaringologia

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