Especialista
explica por que o diagnóstico de cardiopatia grave exige critérios técnicos
rigorosos e não pode se basear apenas em um evento cardíaco isolado
Sofrer um
infarto é, sem dúvida, um evento que transforma a vida de qualquer pessoa. O
susto, a internação, a reabilitação e o receio de novas complicações passam a
fazer parte do cotidiano de quem enfrenta essa condição. No entanto, ao
contrário do que muitos imaginam, ter sofrido um infarto não assegura
automaticamente o direito à isenção do Imposto de Renda nem a benefícios
previdenciários, como aposentadoria por invalidez ou auxílio-doença.
O fator determinante, nesses casos, é o diagnóstico de cardiopatia grave, uma
condição clínica bem definida por critérios específicos — e que vai muito além
de um único episódio cardíaco. A explicação é do cardiologista Dr. Amauri
Giovelli (CRM 28757/PR). Segundo ele, é cada vez mais comum ações judiciais
reclamando este direito baseado exclusivamente no histórico de infarto, sem
comprovação de que o paciente apresenta comprometimento cardíaco severo,
conforme exigem as diretrizes médicas.
“A cardiopatia grave pode, sim, garantir a isenção de Imposto de Renda e outros
benefícios previdenciários. Mas o que ocorre, muitas vezes, é que pacientes e
advogados entram com pedidos com base apenas no fato de o paciente ter sofrido
um infarto. Claro que o infarto é algo sério, mas, isoladamente, ele não
caracteriza a condição. A pessoa precisa estar clinicamente muito comprometida
para se enquadrar nos critérios”, afirma o médico.
Diagnóstico técnico e regulamentado
Para fins legais, o diagnóstico de cardiopatia grave deve seguir os parâmetros
estabelecidos por diretrizes da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC).
Essas diretrizes definem que a condição deve envolver limitações funcionais
severas, risco contínuo à vida e prognóstico reservado, mesmo após tratamento
médico adequado.
São considerados quadros de cardiopatia grave, por exemplo:
• Insuficiência cardíaca em estágio avançado;
• Redução acentuada da fração de ejeção do coração (função de bomba cardíaca);
• Arritmias com risco elevado de morte súbita;
• Casos que requerem transplante cardíaco ou uso de dispositivos de assistência
circulatória.
“Não se trata apenas de ter sofrido um problema no coração, mas de como ele
compromete a vida da pessoa no dia a dia. Um infarto no passado, por si só, não
configura cardiopatia grave. É necessária uma avaliação clínica detalhada, com
exames atualizados, para determinar o grau de comprometimento funcional”,
reforça o Dr. Giovelli.
Avaliação médica é decisiva
A Lei nº 7.713/1988, que regulamenta a isenção de Imposto de Renda para
portadores de doenças graves, aliada à diretriz da SBC sobre cardiopatia grave,
torna o papel do perito médico e dos assistentes técnicos fundamental para
orientar corretamente operadores do Direito e decisões judiciais.
Na prática, o laudo pericial tem por objetivo demonstrar, de forma objetiva,
técnica e em linguagem acessível, se a pessoa examinada apresenta ou não os
critérios clínicos necessários à concessão do benefício pleiteado. É o
instrumento que esclarece aos envolvidos no processo – magistrados, advogados e
partes interessadas.Estamos falando de medicina baseada em evidências,
reconhecidas pelas sociedades médicas.
"isso é o que garante decisões justas e transparentes. O sistema assegura
que o benefício chegue a quem realmente precisa, evitando distorções que podem
comprometer sua sustentabilidade", conclui o cardiologista que atua em
avaliações médicas periciais.
Dr. Amauri Giovelli - CRM 28757/PR - Cardiologista pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (RQE 24.407), com residência em Medicina de Família e Comunidade (RQE 1.315), Dr. Amauri Giovelli possui pós-graduação em Medicina Legal e Perícias Médicas pelo Instituto IFH e Faculdade Unimed.
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