Dra. Bruna Durelli, médica nutróloga e fundadora da LevSer Saúde, esclarece dúvidas comuns e aponta riscos invisíveis por trás desses diagnósticos
De acordo com o Painel da Obesidade do Ministério da Saúde, em 2023, mais de 20% da população adulta brasileira já apresentava excesso de peso. No entanto, é cada vez mais comum encontrar dúvidas sobre o que, de fato, diferencia o sobrepeso da obesidade: embora ambos indiquem acúmulo de gordura corporal, os dois quadros possuem implicações clínicas distintas e exigem atenção específica.
De acordo com
o Atlas Mundial da Obesidade 2025, o Brasil tem hoje 31% da população adulta com obesidade e
a projeção é que esse número continue crescendo nos próximos anos. “A grande
questão é que, muitas vezes, as pessoas só buscam ajuda médica quando já
desenvolveram sintomas ou doenças associadas, como diabetes ou hipertensão. E
aí o cuidado se torna mais complexo”, explica a Dra. Bruna Durelli, médica
nutróloga especializada em obesidade e fundadora da LevSer Saúde.
A especialista
alerta: apesar de não ser uma condição irreversível, a obesidade é uma doença
crônica, inflamatória e multifatorial. O sobrepeso, por sua vez, pode ser um
alerta precoce para o risco de evolução do quadro, mas não deve ser minimizado.
“Ambos os diagnósticos exigem acompanhamento, cada um com sua estratégia, mas
sempre com foco na saúde e não apenas na balança”, destaca.
A seguir, a
nutróloga esclarece oito mitos e verdades comuns sobre o tema, com base em
evidências clínicas e nos mais recentes consensos médicos:
1.
Sobrepeso é só um estágio antes da obesidade.
Mito. “Embora o sobrepeso possa evoluir para obesidade se não
tratado, nem todo paciente com sobrepeso progride para esse estágio. Existem
pessoas que mantêm o sobrepeso de forma estável por anos, principalmente quando
adotam hábitos saudáveis. Mas isso não significa ausência de risco, é um sinal
de atenção”, pontua.
2. A
obesidade é uma doença crônica reconhecida.
Verdade. “A obesidade é reconhecida pela Organização Mundial da
Saúde (OMS) como uma doença crônica, complexa e multifatorial. Ela envolve
alterações hormonais, inflamação sistêmica e disfunções metabólicas que afetam
diretamente a qualidade e a expectativa de vida”, alerta.
3. O
IMC é suficiente para diagnosticar obesidade.
Mito. “O Índice de Massa Corporal (IMC) é uma ferramenta
útil, mas limitada. Ele não diferencia massa magra de gordura, por isso,
avaliamos também a circunferência abdominal, a composição corporal e
indicadores inflamatórios, que oferecem uma visão mais precisa do risco
metabólico”, esclarece.
4.
Pessoas com sobrepeso podem desenvolver doenças crônicas.
Verdade. “Mesmo sem atingir o IMC de obesidade, o excesso de
gordura corporal, especialmente a gordura visceral, já pode desencadear doenças
como hipertensão, resistência à insulina, esteatose hepática e apneia do sono.
O risco existe desde o sobrepeso, principalmente quando há predisposição
genética”, diz.
5.
Estar com peso normal garante saúde.
Mito. “Nem sempre. Pessoas com IMC dentro do ideal podem apresentar
alta gordura corporal e baixa massa muscular, o que caracteriza o chamado
‘obeso metabolicamente normal’. O ideal é olhar para além da balança e avaliar
a composição corporal, o estilo de vida e os exames laboratoriais”, reforça.
6. A
saúde mental é igualmente afetada no sobrepeso e na obesidade.
Verdade. “Ambos os quadros podem impactar negativamente a
autoestima, a imagem corporal e a vida social. Muitos pacientes relatam
sentimentos de inadequação, culpa e vergonha, o que pode levar ao isolamento e
dificultar o processo de mudança”, comenta.
7.
Exercício físico é suficiente para reverter o quadro.
Mito.
“Embora fundamental, a atividade física
sozinha não resolve a obesidade, pois se trata de uma doença multifatorial. O
tratamento pode envolver reeducação alimentar, suporte psicológico, medicação
e, em alguns casos, procedimentos como o balão intragástrico. A estratégia deve
ser personalizada”, afirma.
8. É
possível ter qualidade de vida mesmo com sobrepeso ou obesidade.
Verdade. “Com acompanhamento adequado, é possível sim melhorar marcadores metabólicos, controlar doenças associadas e viver com mais disposição e autoestima. O foco não é apenas o peso ideal, mas saúde real e sustentável”, finaliza a Dra. Bruna Durelli.
Dra. Bruna Durelli - Médica nutróloga e referência no tratamento da obesidade, Dra. Bruna Durelli é fundadora da LevSer Saúde, clínica com foco em cuidados integrativos, que combina atendimento médico especializado, suporte psicológico e estratégias personalizadas para promover saúde, autoestima e qualidade de vida de forma sustentável.
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