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quinta-feira, 4 de setembro de 2025

04 de Setembro - Dia da Saúde sexual

 


 Estresse e ansiedade estão entre os maiores vilões da saúde sexual feminina

No Dia da Saúde Sexual, especialistas explicam como a sobrecarga mental e emocional reduz o desejo e apontam caminhos para recuperar o equilíbrio.

 

A sobrecarga de trabalho, dentro e fora de casa, a pressão financeira e o desafio de conciliar múltiplas tarefas e a rotina de cuidados com crianças e idosos estão entre os fatores que mais têm impactado a saúde emocional das mulheres brasileiras, segundo o relatório “Esgotadas”, da ONG Think Olga. De acordo com o documento, 86% das brasileiras afirmam carregar um excesso de responsabilidades e quase metade (48%) enfrenta uma situação financeira apertada. Além disso, 28% se declaram como a principal provedora do lar e 57% das mulheres entre 36 e 55 anos relatam ser responsáveis pelo cuidado direto de alguém.


Esse cenário de esgotamento físico e mental tem reflexos diretos na saúde sexual. O estresse crônico eleva os níveis de cortisol e compromete a produção de hormônios sexuais como estrogênio e progesterona, afetando a libido, provocando fadiga, insônia e, muitas vezes, dificuldades de excitação e dor durante a relação. A ansiedade, por sua vez, gera insegurança, insônia e tensão muscular, o que prejudica a lubrificação natural e torna o sexo desconfortável. Já a depressão reduz a motivação e o prazer, intensificando a distância emocional no relacionamento. Em muitos casos, os medicamentos usados no tratamento do transtorno também contribuem para a queda do desejo.


Segundo a ginecologista da Afya Educação Médica em Brasília, Dra. Tatiana Chaves, a saúde íntima da mulher não pode ser desvinculada de sua rotina e condições de vida. Para ela, a sobrecarga mental desequilibra o ciclo hormonal e drena a energia física necessária para o desejo sexual. “O cansaço extremo e a sobrecarga mental desequilibram o ciclo hormonal e drenam a energia física necessária para o desejo sexual. Quando a mulher está exausta, o corpo simplesmente ‘desliga’ para o prazer”, afirma.


A médica acrescenta que a sexualidade feminina historicamente foi negligenciada. “A sexualidade da mulher por muitos séculos foi deixada de lado. Temos poucas décadas onde ela começou a ser vista como importante. A jornada tripla, com trabalho, casa e filhos, faz do sexo a última prioridade. Muitas mulheres podem passar anos sem sexo e não sentir falta, porque para a maioria delas não é uma prioridade”, explica.


No consultório, Dra. Tatiana costuma provocar suas pacientes à reflexão: “Por que você lava as louças da sua cozinha, que não traz prazer, mas não prioriza o sexo, que pode trazer prazer e conexão com seu parceiro? O tempo e o esforço são praticamente os mesmos”. Para ela, a questão está ligada à gestão de prioridades e de tempo. O corpo da mulher responde a tudo que a mente dela deseja. Organização de tempo é algo precioso e uma tarefa bem difícil para as mulheres, principalmente, as que trabalham fora de casa.


A psicóloga Renata Caveari, coordenadora de Psicologia do Centro Universitário Afya Itaperuna, reforça que a saúde sexual feminina não se limita ao corpo. Para ela, envolve também aspectos emocionais, relacionais e até socioculturais. A saúde sexual não está restrita apenas ao funcionamento físico ou biológico. Ela envolve também fatores emocionais, psicológicos, relacionais e até socioculturais. Quando falamos em saúde sexual, precisamos considerar o ser humano de forma integral, valorizando não só o corpo, mas também o equilíbrio emocional e o contexto em que essa mulher está inserida”, explica.


Segundo a especialista, o desejo sexual está diretamente relacionado ao bem-estar emocional. Quando a mente está dominada por preocupações, medo ou tristeza, reduz-se a disponibilidade psíquica para o prazer e a intimidade. Esse é um dos motivos pelos quais ansiedade e depressão costumam impactar negativamente a vida sexual. Ela lembra que estudos já mostraram prevalência de disfunção sexual entre 58% e 83% das mulheres com depressão, o que reforça a influência direta do estado emocional sobre a sexualidade.


A psicóloga da Afya Itaperuna também ressalta que autoestima corporal elevada e uma postura assertiva - a capacidade de expressar desejos e respeitar limites - estão associadas a níveis maiores de desejo, satisfação e orgasmo. Além disso, quando as tarefas e responsabilidades do lar são distribuídas de maneira equilibrada, observa-se mais harmonia sexual e redução das diferenças de desejo entre os parceiros. Trabalhar a autoestima, aprender a lidar com a culpa e distribuir responsabilidades são passos fundamentais para que a mulher se sinta mais presente consigo mesma e com o parceiro, algo que tem impacto direto na intimidade”, orienta.


O silêncio, porém, ainda é um desafio. Muitas mulheres evitam falar sobre suas dificuldades por medo de não corresponder, de frustrar o parceiro ou até de perder afeto. Renataalerta que esse silêncio só amplia o distanciamento. Falar sobre dificuldades sexuais é um ato de coragem e de cuidado consigo mesma. Quando a mulher encontra espaço para se expressar sem julgamentos, abre-se a possibilidade de viver uma intimidade mais verdadeira e saudável”, finaliza.

 

Afya
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