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domingo, 17 de agosto de 2025

Pensar integrado salva vidas: como a Saúde Única pode prevenir surtos e proteger a coletividade

 

Especialista explica como a relação entre humanos, animais e meio ambiente impacta diretamente na saúde pública, na prevenção de doenças e na qualidade de vida  

 

Muito além do cuidado com pets ou rebanhos, a Medicina Veterinária tem um papel fundamental na saúde pública. Esse protagonismo se fortalece com o conceito de Saúde Única (One Health), a abordagem que reconhece a interdependência entre a saúde humana, animal e ambiental.  

“Vivemos em um ecossistema interligado. Quando há desequilíbrio no meio ambiente ou na sanidade dos animais, isso impacta diretamente a saúde humana. Um exemplo claro são as zoonoses, doenças que transitam entre espécies e podem causar sérios surtos se não forem controladas”, explica Gisele Ventura, coordenadora das Agrárias e professora do curso de Medicina Veterinária da Una Jataí.  

A especialista também alerta para o avanço sobre habitats naturais, que aumenta o contato com patógenos desconhecidos. “Quando um vírus salta de uma espécie silvestre para outra, ele precisa se adaptar. Esse processo pode gerar mutações que desencadeiam novas doenças. Foi o que vimos em pandemias recentes”, diz. 

 

Desafios que pedem atenção coletiva 

Entre as zoonoses em alta no Brasil, a leishmaniose é uma das mais preocupantes. “Essa doença não tem cura, é transmitida por mosquitos e afeta cães, gatos e humanos. Está diretamente ligada a ambientes com acúmulo de lixo e ausência de saneamento”, destaca Ventura.  

Outro desafio é a resistência antimicrobiana, quando antibióticos perdem eficácia. “As bactérias compartilham mecanismos de defesa entre si, tanto em humanos quanto em animais. Por isso, o uso desses medicamentos deve ser sempre com prescrição médica ou veterinária, para evitar esse efeito em cadeia.” 

 

Papel da vigilância sanitária e da população 

Gisele Ventura também aponta que o trabalho do médico veterinário vai muito além dos consultórios e clínicas. “Estamos na linha de frente da vigilância sanitária, no controle de alimentos, na prevenção de zoonoses e na elaboração de políticas públicas. Nosso papel é evitar que doenças cheguem ao ser humano — e isso começa no campo, nas feiras, nos abrigos, nas cidades.”  

A professora reforça que pequenas atitudes da população também fazem diferença, como manter ambientes limpos, vacinar animais domésticos, não abandonar pets e denunciar surtos de doenças. “Medidas básicas de higiene, como lavar as mãos e armazenar alimentos corretamente, ajudam a evitar doenças como leptospirose e raiva. No caso de mordidas, por exemplo, lavar o local com água e sabão e procurar um posto de saúde é essencial”, orienta.  

A pandemia de Covid-19 escancarou a necessidade de uma abordagem interdisciplinar e preventiva da saúde. “Foi um alerta global. Precisamos cuidar da saúde de forma contínua, principalmente com cuidados sanitários e higienização”, afirma Ventura.  

Além disso, a informação é uma ferramenta poderosa. “Campanhas educativas, ações comunitárias e conteúdos confiáveis ajudam a combater fake news e a construir uma sociedade mais consciente. Quando a população entende o impacto das suas atitudes no todo, ela se torna parte ativa da solução”, conclui. 

 

Centro Universitário Uma


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