Apesar de representar cerca de 6% do PIB brasileiro e empregar
mais de 7 milhões de pessoas, a construção civil ainda opera, em muitos
aspectos, como no século passado. Obras geridas em planilhas, atrasos
recorrentes, desperdícios de materiais e a ausência de dados confiáveis seguem
como marcas registradas de um setor que resiste à transformação digital — e
cultural.
Mas para que a construção civil finalmente entre no século XXI,
não basta digitalizar processos: é preciso mudar a forma como o setor enxerga
eficiência, inovação e diversidade.
Um dos primeiros passos é abandonar a ideia de que tecnologia é
custo. Quando bem aplicada, a inovação é o principal caminho para aumentar a
produtividade e garantir mais previsibilidade nas entregas — algo crítico para
investidores, incorporadoras e clientes finais. Modelos BIM, sensores
conectados por IoT, plataformas de gestão de obra e dados integrados permitem
prever atrasos, controlar orçamentos com mais rigor e até antecipar riscos
estruturais.
Outro ponto essencial é a inclusão de novos perfis de liderança,
especialmente das mulheres. A construção civil ainda é marcada por uma cultura
masculina e hierárquica, mas a presença feminina vem crescendo e mostrando que
diversidade não é só uma questão de justiça social — é também um diferencial
competitivo. Lideranças femininas tendem a trazer olhares mais colaborativos,
foco em processos e uma escuta ativa que impulsiona a inovação. É nesse
contexto que surge uma nova geração de empresas lideradas por mulheres que não
apenas constroem obras, mas também reconstroem modelos de negócio, relações de
trabalho e propósito.
Também é preciso enfrentar a fragmentação da cadeia. A construção
civil envolve uma enorme rede de fornecedores, prestadores e subempreiteiros, o
que dificulta a padronização de processos e a adoção de tecnologias em escala.
Mas o que hoje é visto como obstáculo pode ser a chave para criar ecossistemas
mais ágeis, colaborativos e inteligentes, com apoio de construtechs e proptechs
que atuam em nichos específicos para resolver problemas reais.
O futuro do setor não será definido por quem constrói mais rápido
ou mais barato, mas por quem entrega com mais inteligência, sustentabilidade e
previsibilidade. E isso só será possível com dados no centro da operação,
equipes diversas liderando projetos e tecnologia conectando os elos de uma
cadeia ainda analógica.
Entrar no século XXI não é uma questão de tempo, é uma questão de
decisão. E quem decidir agora, sairá na frente.
Daniela Lopes - Chief Sales Officer da We Are Group, empresa especializada na execução de ambientes corporativos e comerciais de alto padrão. Mais informações no site.
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