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terça-feira, 1 de abril de 2025

O que acontece no cérebro quando…?

O que acontece dentro do cérebro em cada instante do dia dispara uma verdadeira orquestra neuroquímica e elétrica que molda o modo como o cérebro se porta em sensações, reações e transformações. Da alegria à tristeza, do café da manhã ao exercício físico, o neurocirurgião, neurocientista e professor livre-docente da USP Dr. Fernando Gomes explica a reação do órgão a cada emoção para entender esses bastidores invisíveis da mente e como funciona a fisiologia cerebral em diferentes situações do cotidiano.

 

Na alegria

“Há uma liberação de neurotransmissores ligados ao prazer e ao bem-estar, como a dopamina, serotonina e endorfinas. Essa combinação cria a sensação de recompensa, reforça comportamentos positivos e até fortalece o sistema imunológico”, explica Dr. Fernando.


Na tristeza

“A tristeza tem um padrão neuroquímico diferente. Há redução dos níveis de serotonina e dopamina, e a atividade do córtex pré-frontal diminui. Isso afeta nossa motivação e processamento de decisões”, explica o neurocientista.


No estresse

O cérebro entra em modo de alerta. “A amígdala cerebral é ativada e sinaliza o hipotálamo, que libera cortisol e adrenalina. Isso acelera o coração, aumenta a atenção, mas em excesso pode prejudicar a memória, o sono e a imunidade”, destaca.


No trabalho

Foco e produtividade ativam o córtex pré-frontal, região associada ao planejamento, controle inibitório e resolução de problemas. “Se houver prazer na tarefa, há também aumento da dopamina. Mas quando há sobrecarga, o cérebro entra em fadiga mental”, alerta o médico.


Nos estudos

O cérebro entra em modo de neuroplasticidade. “Novas conexões sinápticas se formam, especialmente no hipocampo, que é responsável pela consolidação da memória. Aprender é literalmente transformar o cérebro”, afirma Dr. Fernando.


Ao se alimentar

Além da digestão, há um impacto emocional. “Comer libera dopamina, especialmente se for algo que gostamos. O hipotálamo regula a fome e a saciedade, e o intestino, considerado o ‘segundo cérebro’, também envia sinais importantes para o sistema nervoso central”, revela.


Na academia

“A atividade física melhora o fluxo sanguíneo cerebral, estimula a liberação de endorfinas e até promove a neurogênese — formação de novos neurônios. Por isso, quem se exercita com regularidade pensa melhor, dorme melhor e tem menor risco de depressão”, pontua.


Ao dormir

O sono não é um desligamento, mas sim uma fase crucial para o cérebro. “Durante o sono profundo, o cérebro realiza uma ‘faxina’ com o sistema glinfático, que remove toxinas. Também consolida memórias e regula o humor”, explica o professor. 

O cérebro é moldável, responsivo e incrivelmente ativo — mesmo em repouso. Entender como ele reage às emoções e atividades cotidianas é o primeiro passo para viver com mais consciência, saúde e equilíbrio. “Viver bem é, antes de tudo, viver com o cérebro a seu favor”, finaliza o médico.


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