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sexta-feira, 14 de março de 2025

Dia Mundial do Sono: Academia Brasileira de Neurologia alerta sobre o impacto do sono na qualidade de vida

Nesta sexta-feira, 14 de março, é celebrado o Dia Mundial do Sono, que visa conscientizar sobre a importância do sono saudável 

 

De acordo com estudos da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), 72% dos brasileiros têm pelo menos alguma queixa relacionadas ao sono. São cerca de 73 milhões de pessoas com dificuldade para dormir ou sono de má qualidade, o que pode acarretar problemas de memória, concentração, humor e nas atividades diárias. 

A Academia Brasileira de Neurologia tem um papel fundamental na promoção do conhecimento sobre o sono. O Departamento Científico de Sono se dedica ao estudo do ciclo sono-vigília e dos transtornos que afetam a qualidade do descanso. 

O sono é um estado comportamental natural e obrigatório para o equilíbrio e bom funcionamento de todos os órgãos e sistemas. Os distúrbios do sono são aquelas condições que interferem nesse equilíbrio e, consequentemente, na saúde e qualidade de vida. 

A medicina reconhece seis grandes grupos de distúrbios do sono: insônias, distúrbios de hipersonia (sonolência excessiva, como na narcolepsia), distúrbios respiratórios (apneia do sono), transtornos de movimento, transtornos de ritmo circadiano (como jet lag e desajustes dos trabalhadores de turno) e parassonias (comportamentos anormais durante o sono, como sonambulismo e terror noturno). 

Cada vez mais surgem evidências científicas do impacto negativo dos transtornos do sono em doenças cardiovasculares (casos da doença arterial coronariana, das arritmias e da hipertensão arterial), doenças metabólicas e endocrinológicas (como obesidade e alterações do crescimento), doenças neurológicas (dores, alterações cognitivas, epilepsia, déficit de atenção e AVC), doenças gastrointestinais (como refluxo gastroesofágico), psiquiátricas (transtorno afetivo bipolar, depressão e ansiedade, entre outros), urológicas, entre outras. 

O neurologista com atuação em medicina do sono é o profissional adequado a lidar com os distúrbios do sono, pois é ele quem recebe treinamento clínico específico e aprende as bases do funcionamento cerebral e suas consequências no comportamento humano. Esse treinamento permite ao neurologista cuidar das repercussões sistêmicas das doenças do sono e as bases neurológicas permitem que faça diagnósticos diferenciais e investigue outras possíveis causas para as manifestações do paciente. 

O Dia Mundial do Sono foi criado pela World Sleep Society para conscientizar sobre o impacto do sono na qualidade de vida. No Brasil, a data é celebrada desde 2008 e reforça a necessidade de diagnosticar e tratar distúrbios do sono.

 

Exames

Embora uma boa parcela dos transtornos de sono possa ser diagnosticada através da anamnese, por vezes exames complementares são necessários no diagnóstico dos transtornos de sono. 

Um dos principais exames usados para o diagnóstico dos transtornos do sono é a polissonografia, realizado durante uma noite inteira de sono. O paciente é encaminhado ao laboratório de sono, onde vários fios são conectados ao paciente em um computador que registra todos os fenômenos importantes relacionados ao sono. 

O exame fornece dados claros sobre as fases de sono pelas quais o indivíduo passou naquela noite, sobre o padrão respiratório, evidenciando a presença de ronco e/ou apneia, sobre quantas vezes o indivíduo despertou, sobre como variou a oxigenação do sangue durante toda a noite, sobre a presença e tipo de arritmias cardíacas, sobre movimentos das pernas, etc. Permite fazer, por exemplo, o diagnóstico diferencial entre a síndrome da apneia obstrutiva do sono e outros distúrbios do sono com quadros clínicos semelhantes, como apneia central, síndrome dos movimentos periódicos dos membros e narcolepsia. 

Infelizmente a polissonografia ainda não é uma realidade amplamente acessível à população, pois tem custo elevado, requer pessoal altamente treinado e equipamentos sofisticados, portanto é importante a conscientização de gestores, especialmente da saúde pública, para a expansão da oferta dessa ferramenta diagnóstica.

 

Hábitos saudáveis 

Os tratamentos atuais para os Distúrbios do Sono incluem: procedimentos cirúrgicos; técnicas pouco invasivas como os aparelhos intraorais e CPAP (Contínuos Positive Airway Pressure ou Pressão Aérea Positiva Contínua), algumas opções medicamentosas, modificações do estilo de vida como controle do peso e atividade física regular e mudanças comportamentais, dentre elas a Higiene do Sono. 

A higiene do sono consiste em propor algumas mudanças de hábitos simples que podem ajudar a dormir melhor, como estabelecer horários regulares para dormir e acordar, evitar cafeína e estimulantes antes de dormir ou em excesso durante o dia, reduzir o uso de telas à noite, manter o quarto confortável, silencioso e escuro e reservar a cama para dormir (e não para trabalhar ou ficar no celular).

 

 Estágios do Sono 

Durante o sono alternamos diferentes estágios, que se alternam e ciclam cerca de quatro a cinco vezes numa noite de sono adequada. São eles:

 

Estágio Não-REM 1

Fechar os olhos é o primeiro passo para o estágio ou fase 1 do sono se iniciar. Este estágio representa a transição da vigília para o sono e pode durar de alguns segundos até três minutos. O primeiro estágio é caracterizado por relaxamento muscular, respiração uniforme, movimentos oculares lentos e intermitentes. Uma parte das pessoas diz ter consciência nesta fase e podem registrar os sons que ocorrem no ambiente e lembrar-se deles depois, por isso é considerado um estágio de quase sono ou mesmo de transição.

 

Estágio Não-REM 2

A partir deste estágio temos o sono bem caracterizado, isto é, já é necessário um estímulo mais forte para que o indivíduo desperte. Essa fase ocorre ao longo da noite, somando de 45% a 55% do tempo total do sono.

 

Estágio Não-REM 3

O estágio 3 também é chamado de estágio delta, constituindo de 15% a 25% do tempo de sono e. É considerado o estágio mais profundo, no qual há uma diminuição dos débitos cardíacos, frequência cardíaca e a pressão arterial média e as ondas cerebrais estão mais lentas que nos outros estágios.

 

Estágio REM

O sono REM tem seu primeiro período na noite cerca de 60 a 90 minutos após ter-se iniciado o sono e perfaz cerca de 25% de todo o sono. Este estágio é caracterizado pelos movimentos rápidos dos olhos e maior variabilidade dos parâmetros fisiológicos como frequência cardíaca e frequência respiratória.  Os ciclos de sono REM são mais concentrados na no final da noite. Assim, no caso de privação de sono, é o estágio mais penalizado. Como o sono REM é um componente essencial na consolidação de nossa memória, sua supressão nesse caso ajuda a explicar os déficits a curto e longo prazo da privação sustentada de sono (dormir menos do que o corpo precisa). 

É no estado de sono REM que habitualmente acontece a maior parte dos sonhos, podendo ser definido como uma fase em que todos os músculos do organismo, exceto o diafragma e músculos oculares, encontram-se em extremo relaxamento (hipotônicos).

 

Encontro do DC do Sono da ABN

Entre os dias 22 e 23 de agosto de 2025, em Brasília, será realizado o primeiro encontro do Departamento Científico do Sono, da Academia Brasileira de Neurologia, no qual profissionais poderão trocar conhecimento e experiências sobre essa área tão importante da neurologia.


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